A CANÇÃO DO TALVEZ
É preciso levantar o ferrolho, descerrar a cortina e abrir a janela.
Para que a luz e o vento possam entrar em nossas vidas, trazendo a mudança e – quem sabe? – a realização dos nossos sonhos.
Mas insistimos em fechar os nossos olhos, e apenas sonhar com a luz que um dia virá pela janela. Como se a cortina se fosse mover por si mesma, ou simplesmente desaparecer.
A verdade é que existe um mundo lá fora. E muitas vezes não o vemos, porque nos voltamos para dentro de nós: para os nossos desejos, os nossos medos e a nossa insegurança.
Distinguimos a sombra das folhas, através do tecido. Mas não conhecemos o seu verde, nem o seu aroma nem o seu contato. Não vemos as gotas de orvalho que as enfeitam na madrugada.
Se existem as folhas, é certo que existe a planta; uma árvore, talvez. Nela, provavelmente, cantam os passarinhos; e o sol, que a aquece, tocará docemente os nossos rostos.
Ou, talvez, lá fora a tempestade caia sobre o mundo. E possamos deixar a chuva escorrer por nossos cabelos e molhar os nossos corpos; e sentir o cheiro delicioso da terra molhada.
Talvez seja dia claro, e a brisa da manhã nos afague como a caricia de uma mão amante; ou talvez já termine o dia, e o crepúsculo comece a tingir o mundo com as cores da saudade.
Existirão pessoas, talvez. E nos abrirão os seus braços, e nos receberão em seus corações; e o seu carinho nos ajudará a vencer as nossas tristezas e voltar a sorrir.
Ou – quem sabe ? – estarão, talvez, tão encerradas em seus próprios medos, que nem perceberão a nossa presença. E a nós caberá estender-lhes a mão, para que recomecem a caminhada.
É possível, também, que a ninguém encontremos. E, ainda assim, mais leve se tornará a solidão; porque fomos capazes de descerrar as nossas cortinas e buscar os nossos irmãos.
É em nós, que muitas vezes está a solidão. Porque costuramos as nossas cortinas, trancamos as nossas janelas e descemos os nossos ferrolhos, para nos afastarmos do mundo.
E assim nos perdemos de nós mesmos.
Mais um texto sugerido pela bela foto do 1000 Imagens.
62 Comentários:
Querido Árabe; nas doces e sábias palavras me vi algum dia. Mas felizmente, Deus me deu a oportunidade de romper as barreiras que me cercavam e desvendar meus olhos para o mundo. Apesar do medo e da insegurança, me agarrei a tudo que pude, mas descobrir um mundo maravilhoso, que não conseguia enxergar. É preciso sim! Querer, ter coragem e decidir. Se não encontrarmos o que esperávamos, pelo menos tentamos. Mas só assim poderemos descobrir coisas maravilhosas, que não pensávamos existir.
Lindo poema, Árabe! Tudo nessa vida será, ou não. Mas Deus proverá o que mais necessitarmos. Basta ter fé.
Bom fim de semana!
Beijos
como tens razão vivemos fechados no que somos, não nos abrimos ao novo e perdemos a oportunidade de sermos "felizes"
beijinhos
muito verdadeiro e real que até doi....
mais um texto que nos obriga a uma certe reflexão...
deixo um beij
Árabe, infelizmente... cada vez mais me deparo com pessoas de portas e janelas fechadas, que apesar de gritarem por ajuda ainda não conseguem, se quer descerrar as cortinas. Infelizmente ou felizmente... aprendi que apenas podemos estender a nossa mão e convidá-las a sair, porque o passo... esse tem de ser dado por elas. Sem pressões, sem imposições, porque o que para nós parece um simples passo para eles pode ser gigantesco, pois gigantes são seus medos.
Boa semana!
Quando estava ainda em actividade profissional , trabalhei muito a Mudança em minhas Acções de Formação no sentido de ajudar as pessoas a aceitá-la ainda que seja perturbante.
Por isso, apreciei demais este teu texto, Swami.
Um abraço de estima.
Obrigada! Seu texto me remete sempre ao tempo que amor era uma coisa sincera e maravilhosa!
Bjão amigo!
Caríssimo Árabe,
Seu nome é Swami?
Estou aqui, amigo, para convidá-lo a ver uma homenagem que prestei ao poeta Antônio Lídio, que, como você mesmo afirma, "tudo adquire uma nova dimensão em sua poesia"!
Essa homenagem está em meu blog educacional:
botoesmadreperola.blogspot.com
Sua presença muito me honrará!
Aguardo-o, assim que puder.
Abraços, e laços amigos!
Espetáculo de interpretação da imagem.
Se ficarmos no TALVEZ, tantas coisas perdemos na vida,não? ou não? Talvez?rsrs
abraços,chica
Deixei para comentar seu texto de propósito.
Para fazer uma releitura desse tesouro riquíssimo, que veio de encontro ao que estou vivendo e experienciando em minha vida atual, como uma porta agora sem ferrolhos, como uma janela abrindo-se diante de meus olhos!
Amigo, eu estou:
dançando a dança do Talvez, cantando a canção do Talvez, entoando um hino covarde ao Talvez!!!
Sei, tenho plena consciência de que, se continuar nesse doce e famigerado ritmo...vou perder meu grande e verdadeiro Amor!
Obrigada pela profundidade e filosofia de tuas palavras, amigo! Obrigada pela enorme e impagável ajuda que me deste!
Outros tantos abraços e outros tantos laços pra ti!
Graça Lacerda
botoesmadreperola.blogspot.com
"É em nós, que muitas vezes está a solidão. Porque costuramos as nossas cortinas, trancamos as nossas janelas e descemos os nossos ferrolhos, para nos afastarmos do mundo.
E assim nos perdemos de nós mesmos." Árabe, digo-te com toda a sinceridade..fiquei surpreendida com este texto. pela positiva..não sei se pela positiva. Espero que entendas o que te quero dizer, acho que escreveste duma forma..lindíssima, mas fico surpreendida e triste com o que escreveste, porque é algo..tão real e às vezes é tão dificil de desfazer essas cortinas e deixar o sol entrar. principalmente quando já estiveram abertas e outra pessoa nos obrigou a fechar.
as minhas já estão abertas até meio..falta outra pessoa acabar de as abrir.
beijinho**
Árabe,
Suas palavras aquecem minha vida em direção da evolução. Belo texto que nos fazem pensar em tudo o que está dentro de nossas vidas. Mais uma vez eu te agradeço por isso.
Abs
E como é saudável uma lufada de ar fresco!
Renovar é preciso...
Uma semana de renovações, amigo!!!Bjss
Achei o blog muito interessante de verdade.
vou seguir ok?
me identifico por que sou uma garota de familia arabe tambem e q tem orgulho de dizer isso.bjks
Caro Amigo,
quantas cortinas nos impedem de enxergar o nosso verdadeiro eu?!
linda partilha,
obrigado
abraços fraternos,
Gisele
Verdade, a solidão pode ter muito mais a ver com nosso estado de espírito do que com a condição real do momento.
Lindo texto *-*
Assim é, Olhos de Mel: precisamos derrubar as barreiras que nos afastam do mundo... e que, muitas vezes, nós mesmos criamos. :)Grato, boa semana!
Bem dito, Luna... quantas oportunidades perdemos! :) Boa semana.
Precisamos refletir, sim, Piedade... sempre é tempo de abrirmos as cortinas. :) Boa semana!
Com certeza, Angel... quanto maiores se tornam os nossos medos, mais obscurecem a nossa visão. :) Boa semana!
Assim é, São: é necessário aceitar as mudanças; só assim, elas trabalharão a nosso favor. :) Boa semana, amiga; fica bem!
Ainda é, Vanessa... e sempre será, acredite! :) Boa semana.
Excelente post...tao verdadeiro e sublime! As vezes o TALVEZ parece o caminho mais facil...e nos perdemos de nos!
Beijo doce
Swami, amiga Graça, é fruto da gentileza da amiga São; ela, sim, uma verdadeira mestra de Vida. :) Já tive o prazer de participar da homenagem ao Antonio Lidio... e muito agradeço o honroso convite! Obrigado.
Com certeza, Chica! Ou talvez? :) Boa semana, amiga.
Deixei, também, para responder diretamente ao comentário, Graça, e dizer que a sabedoria está em nós; as palavras apenas a fazem despertar. Mas é uma alegria imensa, quando sabemos úteis as nossas palavras. :) Grato, boa semana!
Entendo, Phoenix, e quero parabenizar você, pela coragem de reabrir as cortinas. Em breve a reabertura estará completa, pode acreditar. :) Boa semana!
Grato, amigo Wagner! Meu abraço, boa semana.
Realmente, Vanuza... e como é preciso! :) Boa semana, amiga.
Grato, Nargela, pelas gentis palavras. Boa semana e volte sempre, sim; o oásis é nosso!
Grato, Gisele. E é uma bela pergunta, sim: quantas... e quantas vezes? :) Boa semana, amiga!
Verdade, sim, MáH... e grato pela gentileza, amiga! :) Boa semana.
Assim é, minha romântica amiga: quantas vezes o medo do talvez nos leva a perder-nos dos nossos caminhos! :) Grato, boa semana.
Sem dúvida.Tens toda a razão.Mas também há pessoas que nos afastam.E muitas vezes sentimo-nos sós, por causa disso.Falo mais por causa das pessoas já de certa idade.Quantas vezes não nos fastamos delas...
Ainda quanto ao perdão...
E se não sentirmos mágoa? O perdão deixa de fazer sentido, não é?Ou seja, magoam-te (isso é visto como mágoa) mas isso passa-te completamente ao lado.Em circunstancias normais sentirias mágoa (e de que maneira),mas deixas simplesmente de sentir.Será isso insensibilidade?
Beijinho doce
Meu irmão querido,
Assalamaleikum!
Verdades incontestáveis nesse sublime post.
Tu deixa uma lição, porque és sábio e agraciado!
Quero a cada dia de minha vida, trilhar por essas verdades. É difícil, é trabalhoso, mas é assim que deve ser... Nada é fácil!
Um fraternal abraço.
Quem sabe este mundo que existe lá fora se nos mostre e se torne mais interessante que o de dentro das cortinas de nossas almas? É sábio ponderar, suas palavras são sábias.
Beijos!
Quem sabe, Doce Amor? Talvez seja a impaciência da juventude, que nos afasta das pessoas de mais idade. :) Quanto ao perdão, creio que justamente a sensibilidade nos faz esquecer a mágoa. :) Boa semana!
Bem o disseste, irmão Antonio Lídio: não é fácil, mas é preciso.:) Grato pela gentileza, meu abraço e boa semana. Saalam Aleikum!
Isso, Claudinha... talvez seja. E sempre vale a pena tentar, não? :) Boa semana!
Bom Dia, Amigo Árabe,
Muito importante a sua mensagem.
Caiu como uma luva!
"É preciso levantar o ferrolho, descerrar a cortina e abrir a janela."
Saudações.
É certo que em nós reside muita vez a solidão, mas tememos abrir a tal janela ou simplesmente afastar as cortinas.
Porquê? simplesmente porque o caminho percorrido deixou marcas profundas...Tão profundas que permitiu que se instalasse o medo e o receio e talvez (erradamente) fechamos todas as portas de entrada ao verde e luz que podem amenizar a caminhada.
Um post para reflexão
Bom resto de semana
Bjgrande do Lago
Oiê! Um beijo!
Um dia as janelas iram se abrir e virá o sol, beijo Lisette.
passei e deixo um beij
Querido árabe,é uma tarefa árdua esta de fazer da nossa vida um sim e largar o talvez que povoa as nossa atitudes.Permanentemente o tento e tantas vezes me fico pelo meio termo.Belo desafio esta reflexão.Obrigado e um abraço.
Sempre uma alegria a tua presença, Bernardete.:) Obrigado, amiga, e bom resto de semana!
E uma bela reflexão, Garça amiga. :) Bom resto de semana!
Grato pela gentileza, amiga Vanessa. :) Bom resto de semana!
Virá, Lisette. Ele sempre vem, para todos nós. :) Volte sempre, o oásis é nosso. Bom resto de semana!
Grato, Piedade, pela amizade e gentileza. :) Bom resto de semana!
Sabe, Tita? Tentar é o mais importante... e o primeiro passo para conseguir. :) Bom resto de semana!
as coisas quando escritas parecem mais fáceis.
mas vividas...
abraço e bom fim de semana.
Me tocou profundamente, meu querido...
O que acabei de ler, e posto de forma tocante e sensível, me faz pensar que vim ver um amigo e acabei encontrando uma das respostas.
Você é maravilhoso, meu amigo!
Ter coragem de ir acima da insegurança e dos medos... para que o "Talvez" mostre as suas possibilidades.
Se não enfrentarmos o "Talvez", em um tempo futuro seremos envenenados pela dúvida: "E se...?"
E se eu tivesse ousado?
Acho que foi Goethe quem disse "Existe gênio, poder e magia na audácia."
Bom final de semana, Árabe!
Nossa!...que belo texto...Me identifiquei tanto...Ando tentando abrir minhas cortinas...mas não é nada fácil...
Ler vc me fez refletir mais um pouqinho...Obrigada...
Beijos e bom fds!
Assim é, Augusto. Mas a verdade é que precisamos vivê-las. :) Meu abraço, bom fim de semana.
Grato, Keila. E venha sempre, amiga; a sua presença é uma grande alegria. :) Bom fim de semana!
Bem observado, De: esse "e se..." é uma das piores companhias que podemos ter pela vida. :) Bom fim de semana!
Não é, Ana. Mas tenho certeza de que você vai conseguir! :) Bom fim de semana.
Diante deste texto, do fluir da ideia, é preciso dizer o quanto você escreve bem antes mesmo de mergulhar no tema.
O tema me traz um pensamento que por sinal ontem eu pensava nele - que é sofrer por ter medo de sofrer...e aí sofremos muito mais, porque nos fechamos. Feito você traz, nos fechamos com cortinha, ferrolhos, portas...nos fechamos em nós mesmos.
E chega um momento que fica até difícil de vermos a nós mesmos, ao outro, as belezas da vida.
Ah, seu texto, adorei.
abraço.
Grato, Paula, pela gentileza das suas palavras. :) Boa semana!
Verdade. quantas vezes nos afastamos não nos dando uma outra oportunidade, a nós e aos outros que nos são próximos.
Afastemos as cortinas que nos separam do mundo.
Bjos
Precisamos, Fa menor... e como precisamos! :) Boa semana, amiga.
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