AS JANELAS DE MINHA ALMA
São assim, talvez, as janelas de minha alma.
Quebradas pelas pedras, que ao longo dos anos lhes foram atiradas. Rotas as cortinas, que antes cobriam os contornos da realidade e me permitiam admirar a silhueta dos meus sonhos.
Gastas como os meus olhos, velhas como eu mesmo me sinto. Porque, em verdade, não sente o homem o desgaste do corpo, senão quando na alma se instala a velhice.
E, entretanto, jamais foi tão clara a minha visão. Nem tão atilada a minha mente, nem tão longos os meus vôos. Jamais as ideias me levaram tão longe, nem foram tão vivas as minhas lembranças.
Assim como o preso, que usa a imaginação para vencer as paredes da sua cela, o homem aprende, ao longo dos anos, a usar a experiência, para compensar as limitações da idade.
Pois quem vai mais longe não é o caminhante que tem as pernas mais fortes, mas aquele que melhor as sabe utilizar. Como o fruto mais doce não é o maior, mas o que melhor foi cultivado.
O tempo, que nos ensina a valorizar o vigor da juventude, também nos ajuda a perceber o quanto significa a experiência da velhice. Embora já não sejam tão ágeis, são mais firmes os meus passos.
O tempo, que leva as nossas alegrias e tristezas, também nos traz as lembranças que as perpetuam. E, se joga por terra as esperanças, em nosso coração preserva a saudade.
Não foram apenas dias de sol e luz, que minha alma viu passar por suas janelas. Também por elas desfilaram chuvas e tempestades; noites sem estrelas e sem lua, de completa escuridão.
Hoje, sei que não guardei apenas os momentos felizes; bom ou mau, cada instante está na minha saudade. E talvez seja mais difícil, para o homem, libertar-se das suas dores, do que abandonar as suas alegrias.
Pois o bem facilmente se vai, mas o mal resiste. Como o aroma abandona a flor, para espalhar-se pelo ar; mas a ferrugem reclama o áspero atrito da lixa, para renunciar ao ferro que corrói.
Deixai, portanto, que minha alma se assente às suas janelas. E que não se deixe intimidar pelos vidros quebrados, ou entristecer pela cortinas puídas, já a que a uns e outras não pode substituir.
Porém, que seja capaz de lançar os seus olhos para além dos limites de sua prisão. E viajar pelas mais altas montanhas e pelos mais profundos vales, ao vento cálido da manhã ou na brisa fresca do anoitecer.
Para que das minhas viagens eu vos possa contar.
Texto sugerido pela fantástica foto do site 1.000 Imagens.
Quebradas pelas pedras, que ao longo dos anos lhes foram atiradas. Rotas as cortinas, que antes cobriam os contornos da realidade e me permitiam admirar a silhueta dos meus sonhos.
Gastas como os meus olhos, velhas como eu mesmo me sinto. Porque, em verdade, não sente o homem o desgaste do corpo, senão quando na alma se instala a velhice.
E, entretanto, jamais foi tão clara a minha visão. Nem tão atilada a minha mente, nem tão longos os meus vôos. Jamais as ideias me levaram tão longe, nem foram tão vivas as minhas lembranças.
Assim como o preso, que usa a imaginação para vencer as paredes da sua cela, o homem aprende, ao longo dos anos, a usar a experiência, para compensar as limitações da idade.
Pois quem vai mais longe não é o caminhante que tem as pernas mais fortes, mas aquele que melhor as sabe utilizar. Como o fruto mais doce não é o maior, mas o que melhor foi cultivado.
O tempo, que nos ensina a valorizar o vigor da juventude, também nos ajuda a perceber o quanto significa a experiência da velhice. Embora já não sejam tão ágeis, são mais firmes os meus passos.
O tempo, que leva as nossas alegrias e tristezas, também nos traz as lembranças que as perpetuam. E, se joga por terra as esperanças, em nosso coração preserva a saudade.
Não foram apenas dias de sol e luz, que minha alma viu passar por suas janelas. Também por elas desfilaram chuvas e tempestades; noites sem estrelas e sem lua, de completa escuridão.
Hoje, sei que não guardei apenas os momentos felizes; bom ou mau, cada instante está na minha saudade. E talvez seja mais difícil, para o homem, libertar-se das suas dores, do que abandonar as suas alegrias.
Pois o bem facilmente se vai, mas o mal resiste. Como o aroma abandona a flor, para espalhar-se pelo ar; mas a ferrugem reclama o áspero atrito da lixa, para renunciar ao ferro que corrói.
Deixai, portanto, que minha alma se assente às suas janelas. E que não se deixe intimidar pelos vidros quebrados, ou entristecer pela cortinas puídas, já a que a uns e outras não pode substituir.
Porém, que seja capaz de lançar os seus olhos para além dos limites de sua prisão. E viajar pelas mais altas montanhas e pelos mais profundos vales, ao vento cálido da manhã ou na brisa fresca do anoitecer.
Para que das minhas viagens eu vos possa contar.
Texto sugerido pela fantástica foto do site 1.000 Imagens.
64 Comentários:
Querido Árabe; profundo, belo e nostálgico. Eu entretanto lhe digo que aquele que sabe lançar os seus olhos para além dos limites de sua prisão, consegue ultrapassar essas limitações e ver um mundo melhor.
Se o tempo nos leva a agilidade, nos traz a sabedoria de passo a passo, conquistar novos horizontes. Porque sábio é aquele que sabe desacorrentar seus próprios pés, em busca da felicidade.
Lindo demais! Bom fim de semana! Beijos
Olá querido Árabe.
Excelente reflexão. Concordo com ela, afinal, pra que agilidade nas pernas para quem já tem a experiência do caminho!?!
Beijinhos
Profundo e belo!
é o tempo que nos amadurece, que nos faz ver a vida na sua plenitude, as pernas podem fraquejar mas por dentro estamos mais fortalecidos
bjs
ჱܓOlá, amigo!
。°✿
Amei...
Somente seu talento!...
Bom fim de semana!
Beijinhos.
Brasil
✿✿♪
✿
♫° 。✿ ✿ჱܓ
Como sempre, adorei.
Mas é possível lembrar que os vidros das janelas podem ser trocados, e, desse modo concertados. Claro, as pedras que foram jogadas jamais serão esquecidas, mas o alívio de ter parado de sentir medo delas é bom.
As cortinas podem ser re-costuradas e limpas. Claro, se verá a marca da linha, e verá por onde a agulha passou, pela imperfeição da descostura.
Uma janela sempre terá seus concertos, mas a lembrança nunca será deixada de lado.
oi meu querido,
mesmo quebrados
os cacos que restam conseguem nos mostrar a sua
transparência,
e o puído das cortinas refletem como o tempo passou,
mãos a obra,
trocar os vidros e fazer novas cortinas...
beijinhos
Meu querido irmão,
Da janela eu vejo o horizonte, a liberdade posso ver...
Parafraseando RC, é assim que me vejo muitas vezes.
Talvez minha alma querendo ir longe.
Mas aqui quero estar e estar ao lado de almas amigas e sintonizadas num mesmo horizonte de plenitude.
Um fraterno abraço, bom domingo.
Nossa, que lindo.
Nunca parei para pensar assim, deste modo... o que se pode ver das janelas da minha alma.
Na verdade deu até vontade de escrever sobre... Quem sabe num próximo post meu.
Se o fizer, vou citar seu blog como inspirador!
rsrsr
bjinhos
Se todos pudéssemos ter esta clareza e visão, seríamos muito mais felizes. Que suas janelas continuem a abrigar a alma límpida que tempo algum poderá manchar. Um beijo!
Querido Árabe
Como sempre belo e maravilhoso texto. Abençoados (e são poucos) aqueles que conseguem alcançar um Universo pleno, batalhando contra forças que lhes bloqueiam o Eu. A Força que há em nós em muito ajuda.
Boa Semana. Beijos
Oi Árabe!
Ah... o tempo! Senhor impiedoso (por vezes) de nossas vidas - leva e traz com a maior displicência.
Lindo texto meu amigo, cheio de verdade e de saudade. Adorei!
beijo grande querido, boa semana!
Amigo,
Que o Criador permita que teus olhos sempre contemplem com sabedoria a tua “estrada” , que mesmo com alguns estilhaços dos vidros quebrados, com as cortinas rotas eles consigam vislumbrar a maravilha do viver!
Que tua inspiração seja sempre assim, eterna como é nossa alma.
Um abraço carinhoso dessa tua amiga.
Cris Fuly
Linda foto que te inspirou tão profundamente a falar assim.
Simplesmente maravilhoso,Árabe! abraços, linda semana,chica
Janelas da minha alma...
É muito importante fazer uma
leitura da vida, dos sentimentos,
dos ensinamentos...e de nós
próprios.
Gostei deste texto,aliás eu gosto
sempre dos seus textos.
Um beijinho amigo
Olá:
Pois temos tantas janelas...
Qual é a que devemos preservar?Todas, não é?Mas algumas podem ser encerradas,colocnado um ferrolho enfurrejado, para não conseguirmos abri-las mais.Lá ficam.
As de vidro partido, ainda se podem aproveitar...sempre entra a brisa...
Gostei muito do texto.Tocas sempre nos pontos fundamentais, que nos deixa a pensar.Também não se podia esperar outra coisa.É essa a tua missão.
Quanto a post vou pensar num, ok?:)))
Beijinho doce e obrigada pelas visitas e força.
Fez chorar esse coração do Deserto...
Bela semana, habib.
Bauces
As janelas das nossas almas nos revelam, por vezes, facetas que até desconhecemos.
Amigo, adoro tudo que escreves porque o fazes com profundidade e com mensagens que nos levam a muitas reflexões.
Obrigada pelo carinho da visita!
Beijos!!!
Oi amigo, um texto muito sábio. Realmente só mesmo o tempo que nos ensina a valorizar o vigor da juventude, também nos ajuda a perceber o quanto significa a experiência da velhice. Embora já não sejam tão ágeis, são mais firmes os meus passos. Parabéns pelo texto, gostei muito. Desejo um ótimo começo de semana. Tem atualização no meu bloguito. Um beijo pra ti!
Claro, as más lembranças, infelizmente, acabam sendo mais fortes que as boas. Mesmo assim, podemos ao menos guardar com mais carinho as boas...
Grato, Olhos de Mel. Pela gentileza e pelo belo comentário. :) Boa semana!
Certíssimo, Parole: muitas vezes, a experiência compensa a redução da agilidade: é como se o caminho se tornasse mais curto. :) Boa semana!
Grato, MM, pelas gentis palavras. :) Boa semana!
Assim é, Luna: a experiência nos fortalece. E muito! :) Boa semana.
E eu, Inês, a sua gentileza. De sempre, aliás! :) Boa semana.
Belo comentário, Catalina. Obrigado! :) E boa semana.
Vamos lá, então, Rô... todos os dias, não, amiga? :) Boa semana!
Assim é, irmão Antonio Lidio: caminhemos juntos; mais leve se torna o caminho. :) Meu abraço, boa semana!
... e será uma honra, MáH, acredite! :) Boa semana.
É verdade, Claudinha: não mancha; apenas marca. :) Obrigado, boa semana!
Assim é, Isa: tudo depende da Força que há em nós. :) Boa semana, amiga!
Obrigado, Tina. pela gentileza e amizade. :) Boa semana, amiga!
Grato, Cris, pelas gentis palavras; boa semana, minha amiga!
Obrigado, Chica; boa semana. E a foto é mesmo linda, não? :)
É importante, sim, Irene... em todos os dias, precisamos fazer essa leitura. :) Obrigado, amiga; boa semana!
Aguardo, Doce Amor. E obrigado... pela visita e pelo acertado comentário. :) Boa semana!
Bela semana, Khalit. A você e ao sensível coração do deserto. :)
Assim é, Vanuza: sempre nos surpreendem com novas ideias e facetas. :) Boa semana, amiga; obrigado!
Vou conferir, Smareis... e obrigado! :) Boa semana.
Podemos, Pensador... e devemos! :) Boa semana, amigo; meu abraço.
Lançar este olhar e sentir e compartilhar e ter cumplicidade com as dores e os sonhos do outro é para poucos.
Belíssimo texto.
abraço
profundo e sábio. como é seu estilo.
para reflectir.
um beij
Ainda bem que eu aprecio as chuvas e tempestades.
Gosto do tom nostálgico da chuva e do tempo nublado.
Talvez seja eu, a cada dia que passa, morrendo um pouco mais, me acostumando com os problemas da vida sem perder a cabeça.
Daniel
Ah,se os nossos olhos fossem capazes de alcançar para além dos limites...Intenso e desejado.Um abraço.
Olá, amigo!
Estou de volta à Blogsfera...saudades!
Esperando sua querida visita...
Bjs!
Saudações amigas
Desculpa, raramente comento, pois encontro aqui prova muito boa
Saudações amigas
Querido Árabe,
Outro texto que vale mesmo a pena o ler.
As janelas da alma vêem mais do que os olhos vê...vêem além dos limites.
O tempo as quebrou,as cortinas estariam desgastadas,mas, elas saberiam contar as historias que fizeram uma vida.E mesmo maltratadas por uma vida que muitas vezes é ingrata,as janelas da alma passam a ver melhor do que já viam.
Beijos em teu coração
Rachel
As janelas quebradas e os tecidos rasgados fazem parte do aprendizado.
O desgaste que o tempo impõe também é temporário... e ilusório.
Pois a essência não possui janelas... ela se expande por todo Universo.
E a alma não carrega ilusões... carrega sonhos... e sabe que tem a eternidade para vivê-los.
Beijosss...
Compartilhar, sim, Paula; é preciso... sempre. :) Bom fim de semana!
Gentil e amigo, Piedade... bem ao seu estilo! :) Obrigado. Bom fim de semana.
Também gosto das chuvas e tempestades, Daniel. E enfrentar os problemas da vida sem perder a cabeça, somos nós... amadurecendo a cada dia. :) Meu abraço, bom fim de semana.
... e são, Tita. Pelo menos, os do coração! :) Bom fim de semana.
Uma alegria a sua presença, VaNê... que retribuirei em breve. :) Bom fim de semana!
Fica à vontade, amigo Valente; o oásis é nosso. :) Meu abraço, bom fim de semana!
Que bom estar à janela e conseguir ultrapassar , aqueles limites da prisão em que tão bem se soube aproveitar as pernas, mesmo não sendo realmente as mais fortes.
Se for esquecida a degradação da janela certamente que a visão será mais límpida.
Gostei da foto
Bom fim de semana
Bjgrande do Lago
Assim é, Rachel: a cada dia, mais um pouco se descerram as janelas da alma. :) Bom fim de semana, amiga!
Belo comentário, Dê!:) Bom fim de semana.
Com certeza, Garça amiga; sempre, precisamos limpar as nossas janelas. :) Bom fim de semana!
"E talvez seja mais difícil, para o homem, libertar-se das suas dores, do que abandonar as suas alegrias."
Adorei. Fantástico árabe...parece sempre que as dores pesam mais do que as alegrias.
(desculpa a ausência, tenho estado com exames e é o meu último ano na faculdade:))
Uma alegria a tua presença, Phoenix. E não te preocupes: o principal é o resultado dos exames! :) Capricha aí, bom fim de semana.
Sábio o tempo!
Lancemos sempre o nosso olhar para fora dessas janelas quebradas.
Beijos
Querido Árabe, o que dizer se as suas palavras deixam-me sem palavras?
É esplêndido!
Gosto de olhar o mundo pela janela do meu quarto; imagino quantos horizontes existem além do meu, quantas galáxias bailam acima de minha cabeça.
O que mais importa é invisível aos olhos, mas é bom que existam janelas que possam nos transportar além de nós mesmos(opa, essa frase vou usar no meu blog).
Excelente semana querido amigo!
beeijo
É necessário, Fa menor, para que possamos ver o Universo que nos cerca. :) Boa semana!
Grato, Vanessa, pela gentileza e use mesmo: a frase ficou ótima! :) Boa semana.
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