A ALEGRIA E O CAMINHO

Buscai a alegria de viver, em todos os vossos dias.

Se o vosso emprego vos estressa, abandonai-o. Se o vosso relacionamento vos angustia, abandonai-o. Se o convívio com os vossos irmãos vos desagrada, abandonai a sociedade.

Lembrai-vos, entretanto, de que necessitais trabalhar. Porque está escrito que é com o suor de seu rosto que o homem ganha o alimento que o sustenta pela vida.

E necessitais de um relacionamento. Porque os dias são vazios e as horas demasiadamente longas, para aquele que a ninguém abriga em seu coração e em seu leito.

E necessitais viver entre os vossos irmãos. Porque nenhum homem é uma ilha, e apenas o convívio e a amizade podem afastar a solidão que vos atormentaria a alma.

Atentai, antes, para as verdadeiras causas da vossa tristeza. Porque não é sensato o homem que abandona as coisas da sua vida, acreditando livrar-se assim dos seus problemas.

Ao pássaro não adianta abandonar o seu ninho, por temer que através dos galhos venha o ataque do gato traiçoeiro. Gatos e galhos haverão, qualquer que seja a nova árvore.

Cabe-lhe, sim, vigiar em todo o tempo. E, todavia, tão logo se encerra a noite inquietante, é com verdadeira alegria que o seu canto harmonioso saúda a primeira luz do dia.

Vigiai a vós mesmos, portanto. Pois não é amputando a perna sadia, que se livrará o paciente do cansaço que lhe impede o andar; nem gritando, que o surdo ouvirá a própria voz.

É dentro de vós, que se escondem as raízes dos vossos problemas. E a cada um cabe buscar as suas soluções; como ao agricultor cabe arrancar a erva daninha de sua seara.

Sábio é o homem que de si arreda tudo aquilo que o possa inquietar. Pois este dormirá e despertará com os anjos e na paz interior encontrará o Paraíso e ouvirá a voz do Universo.

E conhecerá a alegria de viver. Leve lhe será o tempo, e para ele as horas voarão; mais belas lhe parecerão as paisagens, mais harmoniosa a música e mais intensas as emoções.

Certificai-vos, porém, das verdadeiras causas das vossas angústias; para que não abandoneis em vão o vosso emprego, nem o vosso amado, nem os vossos irmãos, quando é em vós mesmos que reside o problema.

Porque pedras existem todas as estradas. E, se descalços necessitais seguir, não é afastando as pedras que evitareis magoar os vossos pés; nem abandonando o vosso caminho.

Mas aprendendo a caminhar.