sexta-feira, 24 de maio de 2013

A IDADE DO TEMPO


Eu tenho a idade do tempo.

Dias existem em que me sinto leve como uma criança; e outros em que pesam sobre meus ombros todos os anos do mundo, todo o cansaço de todas as jornadas.

Vivem em mim a luz intensa do sol e a escuridão profunda de uma noite fechada; minha alma voa com as nuvens pelo céu, ou mergulha nos abismos mais desolados.

Em meu coração convivem a esperança do lavrador que semeia e o desânimo daquele que se vê perdido no deserto, perambulando a esmo sob o sol inclemente.

Sou como a flor, que abre as suas pétalas à carícia da brisa; mas os meus pés descalços, magoados pelas pedras do caminho, anseiam às vezes pelo fim da jornada.

Vivo os meus sonhos, mas não esqueço as mil pequeninas mortes que me foram trazidas pelas desilusões; as suas cicatrizes formam a armadura que me protege o coração.

Eu tenho a idade do tempo.

Tenho a grandeza do Universo e a pequenez do átomo; a impetuosidade do oceano e a placidez do lago; sou a água cristalina do regato e a água estagnada do pântano.

Ouço em minha alma a canção das estrelas, encontro na beleza o encanto da perfeição; sinto que no Amor está o sentido da Vida, no Conhecimento a plenitude de Ser.

Em cada alvorecer e em cada crepúsculo, vejo o renascer da vida e a paz do merecido descanso; em cada sorriso e em cada lágrima, descubro as sementes do aprendizado.

Entretanto, em minha alma ressoa também a amarga música do sofrimento. Ouço os gemidos dos feridos, o pranto dos abandonados, o silêncio gritante dos excluídos.

Sinto a dor de cada sonho morto; a solidão e o frio da noite nas ruas desertas, a agonia e o desespero da fome, a infinita desesperança dos órfãos.

Convivem em mim o ódio e o amor, a luxúria e a ternura, o egoísmo e o altruísmo, o desejo de vingança e o perdão, a descrença e a fé, o orgulho e a humildade.

Sou a minha própria loucura e a minha própria sanidade; sacrifico as minhas certezas, para que novas dúvidas possam nascer e levar-me a outros caminhos.

Eu tenho a idade do tempo. 

E o tempo da Eternidade. 

                                                    Inspirado pela bela foto do site 1.000 Imagens.  

55 comentários:

  1. Lindo demais, Árabe! Sabe? Viver no limite das emoções, faz parte da vida dos poetas. Porque eles vivem intensamente cada momento. O meio termo não existe e assim, ou estão eufóricos demais, ou numa tristeza profunda. Sofrem as dores do mundo e se alegram com os sorrisos. Apreciam o luar e se vêm na lua e se deprimem quando ela se esconde...
    E nessas fases, escrevem coisas maravilhosas! Como esse poema.
    Adorei a imagem! Gostei da musica também!
    Bom fim de semana! Beijos

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  2. Lindo demais e bem reflexivo, como sempre! abração,tudo de bom,chica

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  3. Este teu texto muito reflexivo...

    Fiquei a pensar, pois ter a idade do tempo é realmente o que temos e quase nem nos apercebemos.

    Caminhamos ao sabor desse mesmo tempo, com agruras e felicidades . com tristezas e sorrisos.

    Muito bom

    Bom fim de semana

    Bjgrande do Lago

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  4. Olá amigo Árabe...
    Texto belo e entremeado de luz e sombras...sombras estas daqueles que fomos no passado e de suas dores,luz do que ainda podemos ser.
    Parabéns.

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  5. vives na dualidade do tempo entre o sentir de humano e alma etérea
    beijinhos

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  6. Não vou comentar...só afirmar que o texto é muito lindo, como tudo que vc escreve.exige uma grande reflexão.

    abraço
    paz e bem

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  7. Sei bem o que escreveste... sei bem o que é ter a idade do tempo...
    Beijos...

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  8. Olá amigo e bom Árabe um poema reflexivo maravilhoso! Direi genial e inspiradíssimo! Como diz uma amiga acima hoje não vou comentar para que as minhas palavras não desvirtuem o que escreveu. Apenas interiorizar. Muito obrigada. Um beijinho e uma boa semana. Ailime

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  9. Outro belíssimo texto!
    E, na verdade, temos todos, a idade do Tempo!
    Forte abraço!

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  10. Olá, amigo. Saudades do lindo espaço! Ando ausente. Desculpe, pois me perdi de vc. È uma belissima reflexção!Reconhecer e emocionar com a idade do tempo. Obrigada Àrabe por partilhar essa emoção! Um ótimo fim de tarde e feliz semana. Grande abraço! Adorei.

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  11. Será que essa reflexão toda sobre o tempo tem algo haver com a chegada de mais um aniversário do blog?
    ...o mistério do tempo que cabe num segundo e explode na imensidão do viver.
    Beijos e parabéns pelo blog que é um verdadeiro oásis.
    Joelma

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  12. Em cada um de nós convive a dualidade. E você coloca tão bem no texto.
    abraço

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  13. Eu não consigo habituar-me "ao tempo", a estes tempos.

    Bem conseguido o seu texto, Se na prática, o consegue, PARABÉNS.

    Sabe, eu queria um tempo diferente...!

    Boa semana.

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  14. Pois é meu querido amigo, um texto
    bem escrito, como nos habituou, que
    fala sobre o tempo.Estava a ler e
    a rever-me. Eu também gostaria
    nesta fase da m/vida, mais próxima
    do final, estar a viver um outro
    tempo, pelo menos "mais calmo" mas
    os políticos de cá, não o deixam,
    resolveram "massacrar-nos todos os
    dias".
    Desejo que o amigo esteja bem.
    Um beijinho
    Irene Alves

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  15. OI ÁRABE!
    ASSIM SOMOS NÓS, POR MOMENTOS SÁBIOS E NOUTROS MEROS APRENDIZES, MAS, QUE ESTEJAMOS SEMPRE ABERTOS, Á NOVOS CONHECIMENTOS E ASSIM EVOLUIRMOS COMO TEM DE SER, PARA NOSSA EVOLUÇÃO.
    ABRÇS~
    http://zilanicelia.blogspot.com.br/

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  16. Estupenda maneira como findas tão excelente lição, Swami.


    Bem hajasa, meu amigo!

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  17. Estou absolutamente sem palavras diante desse texto grandioso!

    E creia, Árabe... deixar-me sem palavras não é fácil.

    Gratidão!!!

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  18. Grato, Olhos de Mel; e eu, realmente, acredito que é preciso viver cada momento. Com todo o coração. Boa semana!

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  19. Obrigado, Chica. Boa semana, amiga!

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  20. É isso, sim, Garça amiga: o nosso verdadeiro Eu tem a idade do tempo... com todas as tristezas e todos os sorrisos de incontáveis jornadas. Boa semana

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  21. Isso, Wania! Somos seres de luz, ainda que às vezes as sombras surjam em nós. Boa semana!

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  22. Vivemos, Luna... e a prova está no que escrevemos, eu creio. Boa semana!

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  23. Obrigado, Gal. E, acredite, também a mim esses textos fazem refletir. Boa semana, paz e bem.

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  24. Assim é, não, Arco-Íris? Creio que essa é a idade do nosso verdadeiro Eu! Boa semana.

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  25. Obrigado, Ailime, por sua gentileza e amizade de sempre. Boa semana!

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  26. De fato, mestre e amigo Vieira Calado... todos a temos! Obrigado e boa semana; meu abraço.

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  27. Uma grande alegria a sua presença, Cidinha; obrigado. Boa semana!

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  28. Talvez, Joelma... quem sabe? Mas, se assim for, acredite, é inconsciente. O tempo é, para mim, um tema recorrente e fascinante. Obrigado, boa semana!

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  29. Obrigado, Paula. E você tem razão: ela existe, em cada um de nós! Boa semana.

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  30. Acho que esse é um desejo latente em todos nós, Luz: o tempo dos nossos sonhos. E, acredite, talvez não consiga, mas eu tento! Boa semana, obrigado.

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  31. Infelizmente, Irene, assim acontece. Mas todos os homens passam... e o tempo permanece. :) Boa semana, amiga; obrigado.

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  32. Bem dito, Zilani: por vezes sábios e em outras aprendizes. Mas a vida é um eterno aprendizado! Boa semana.

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  33. São, minha amiga de sempre, bem hajas por tua gentileza e amizade! Boa semana.

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  34. Obrigado, De. Pela gentileza e pela presença constante, sou eu que te agradeço. Boa semana!

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  35. Lindo muito lindo
    Acho que todos temos um pouco da idade do tempo, mas eu achei incrível ler esse post, mais uma vez te parabenizo
    Deixo um abraço com carinho
    Bjuss
    Rita!!!

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  36. Maravilhoso!!! Sem mais comentários. Amigo, que a paz habite sua alma!

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  37. Nossa idade passa pelo tempo da vida...
    Abraço Lisette.

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  38. Bela prosa poética. Eu penso que só se libertará de suas amarras quando se soltar das armaduras que cultua. Não há como viver intensamente sem expor o peito à novas feridas. E muitas vezes elas são causadas em reação às suas próprias investidas, as quais nem percebe...
    Parabéns pelo texto!

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  39. Meu amigo absolutamente linda sua reflexão... a eternidade é nosso tempo... abraço

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  40. bem escrito sem dúvida.
    eu acho que todos sem sabermos temos a idade do tempo.
    obrigada por este momento.
    um beijo

    :)

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  41. Oi, Árabe!!
    O próprio tempo tem vários modos de ser visualizado, pois dependendo do ângulo, tem-se muito tempo ou pouco tempo, passa rápido ou devagar... tudo depende do ponto de vista, nosso ou do universo.
    Somos essa dualidade que caminha entre dois extremos. Nada de mais, nada de menos... essa é a normalidade! O estranho é ser de menos ou ser de mais.
    Beijus

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  42. Temos, Rita. E isso nos traz a Eternidade. Bom fim de semana, amiga!

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  43. Assim é, Lisette... e a Vida é eterna! Bom fim de semana.

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  44. Grato, Aldrey, volte sempre; o oásis é nosso. Bom fim de semana!

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  45. Isso, Claudinha: viver é expor o peito a novas feridas... e novas realizações; assim exige o Aprendizado. Bom fim de semana!

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  46. Alegria em rever-te, Madalena; grato pela amizade e gentileza, bom fim de semana!

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  47. Temos, Piedade... e às vezes o sentimos. Grato pelas gentis palavras, bom fim de semana.

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  48. Isso, Luma! Em nós, é normal a dualidade. Bom fim de semana, amiga!

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  49. Caro amigo

    A idade do tempo
    é um texto fascinante.
    É um compromisso
    com a eternidade
    e a esperança.

    A vida é feita
    dos sonhos que nos habitam.

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  50. Assim é, Aluisio. Vivamos os nossos sonhos. Meu abraço, bom fim de semana!

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  51. Amigo árabe, sinto que a sua vida não é fácil.
    Parece ter certezas, alegrias e muitas desilusões.
    Saberá alguém quem o árabe verdadeiramente é?
    Saberá alguém o que o comove e o que lhe alegra?
    Será que nesta passagem da vida no Tempo, alguém compreende essa sua dualidade?
    Muitas dúvidas, e apenas uma resposta.
    Um abraço.
    Salamalek
    Eduardo Leblanc

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  52. Grato, amigo Eduardo, pela sensibilidade e pelo acerto deste comentário, que apenas hoje vi. Na verdade, todos enfrentamos esta dualidade da vida: alegrias e sofrimentos. Creio que a solução é tentar transformar ambos em aprendizado... é a forma de nos tornarmos melhores, com o tempo. Meu abraço, bom fim de semana!

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  53. Sim, "no Amor está o sentido da Vida".
    Embora "convivam" em nós "o ódio e o amor, a luxúria e a ternura, o egoísmo e o altruísmo, o desejo de vingança e o perdão, a descrença e a fé, o orgulho e a humildade".

    Só no Amor está o nosso Caminho.

    Bj

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