DIA DAS MÃES

É o primeiro Dia das Mães sem você.

E isso me parece difícil; quase inacreditável. Acho que, em algum lugar de nosso pensamento, a gente acredita, contra toda a lógica, que a nossa mãe vai viver para sempre.

E vai, de certa forma. Em tudo que nos ensinou, em tudo que passamos juntos. Nos sacrifícios que fez por nós, no carinho que nos deu, nos momentos em que nos pegou no colo e sorriu.

Também, nos instantes em que ralhou conosco; ou nos aplicou algum corretivo. Nenhuma vida em comum é feita só de alegrias; mas os momentos que vivemos ficam impressos em nós.

E eu sei que você seguirá comigo. Nos seus exemplos, nos seus conselhos, na sensibilidade que sempre dividimos. Seguirá comigo até nos meus cabelos, que são como os seus.

A verdade é esta, mãezinha: eu ainda sinto a sua presença em mim e ao meu redor. E isso torna mais tolerável a saudade; porque assim eu posso sentir que, de certa forma, você não se foi.

Mas, de vez em quando, a saudade fica mais forte. E aí eu lembro das nossas tardes de sábado: dos pasteizinhos de goiaba com queijo, das músicas antigas que cantávamos juntos.

Lembro das Amanditas, da água de coco; lembro seu entusiasmo, ao mostrar os seus desenhos e pedir a nossa opinião; lembro que, mesmo presa à cama, você amava a vida e as pessoas.

Lembro dos seus cabelos brancos e curtos, que eu tanto gostava de afagar; e de como você cerrava os olhos, dengosa, e dizia: “Ô carinho gostoso!”. Lembro de cada momento, mamãe.

Pena que tenham sido tão poucos! Todo o carinho que pude lhe dar, no fim da sua vida, nada foi diante do carinho que você me deu, toda a vida. Mas saber que ao menos o fiz, me consola.

Curioso: estes são os momentos que mais me vêm à mente, agora. É como se eu quisesse desfrutar das lembranças daquelas horas, em que nos concentrávamos tão somente um no outro.

Hoje, eu queria voltar no tempo. Queria dar, de novo, a comida em sua boca; queria segurar a caneca, pra você beber; queria ouvir a sua risada, com as minhas piadas, e ouvir suas histórias. 

Queria ter você aqui, pelo menos um pouco. Queria segurar de novo as suas mãos, que a artrite já castigava, mas ainda faziam tantos carinhos; olhar nos seus olhos, ver você com o lápis na boca.

Queria fechar de novo as cortinas do seu quarto, acender a luz do banheiro e semicerrar a porta, para a luz ficar como você gostava; queria lhe dar outro beijo, nem que fosse o último.

Eu sei que você teve que ir, mãezinha. Mas sinto muita falta de você!

Música:

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