Praticai o desapego.
Assim eu
vos tenho dito. Porque, se algo existir depois do porto que agora vos parece o
final, precisareis estar livres para seguir novos caminhos; sem mágoas,
ressentimentos ou frustrações.
E o apego
às coisas do passado, ou a revolta pelo que julgais haver perdido, seriam como
grilhões em vossos pés. E vos manteriam a olhar para trás, impedindo-vos de ver
o futuro.
De tempos
em tempos, portanto, devo falar-vos sobre o desapego. Porque, ainda que nada
exista após a Grande Viagem, melhor é que a realizeis de alma leve, livre de
preocupações e em paz.
E não o
poderíeis fazer, se aos ombros levásseis a mochila carregada de cuidados. Como
ingressar em outro mundo, sob a carga opressiva daquele mundo que deixastes
para trás?
Não.
Qualquer que seja o vosso rumo após encerrada esta jornada, melhor é que
estejais livres, soltos para voar. Até porque de nada serve ao viajante aquilo
que não lhe é possível carregar.
Praticai,
pois, o desapego; e não espereis que a velhice vos encontre, para isto. Porque
quanto mais cedo o adotardes, mais natural ele se tornará para vós; e menos
dependereis deste mundo.
Não me
entendais mal, todavia. Quando vos falo em desapego, não quero dizer que a nada
ou ninguém vos deveis afeiçoar; necessitais, sim, ter os vossos afetos e manter
os vossos sonhos.
Sem eles,
não teríeis motivações para prosseguir na jornada. Não viveis por vossos
trabalhos, nem por vossas necessidades; o que vos faz seguir em frente são os amores e as esperanças.
Entregai-vos
a eles, vivei-os intensamente. Lembrai-vos, entretanto, de que nada ou ninguém
vos pertence; as pessoas são vossas companheiras de viagem e os bens são coisas
que vos servem.
A tudo e todos,
aqui deixareis. E este, longe de um pensamento triste, deve ser um motivo de
gratidão; porque assim sereis gratos, em todo instante, às pessoas e coisas que
vos fazem companhia.
Recordai
que usufruir não significa possuir. O canto do pássaro que voa, livre, entre as
árvores, vos deixa felizes; talvez assim não acontecesse, se o mantivésseis preso em uma gaiola.
E, embora
não vos pertença o mar, podeis refrescar-vos nas suas águas; ou viajar sobre
elas. E o céu, que tão longe se encontra de vós, traz paz à vossa alma, com o seu azul e as suas nuvens.
É este, o
desapego de que vos falo. Não é deixar de amar; é, sim, amar profundamente,
enquanto podeis. Mas ter presente que, a qualquer dia, tudo e todos vos
podem ser tirados.
Praticai o desapego. E sereis gratos por tudo que tendes.
Música:
http://ohassan.dominiotemporario.com/midis/1_roger_willians_las_hojas_verdes_del_verano.mid
Link música
Link vídeo
Buena reflexion, te un genial fin de semana. https://enamoradadelasletras.blogspot.com/
ResponderExcluirLinda e tão emocionante reflexão.Sempre nos encantas com tuas palavras! Adorei! abração, lindo fds! chica
ResponderExcluir"" É este, o desapego de que vos falo. Não é deixar de amar; é, sim, amar profundamente, enquanto podeis. Mas ter presente que, a qualquer dia, tudo e todos vos podem ser tirados.
ResponderExcluirPraticai o desapego. E sereis gratos por tudo que tendes ""
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Este parágrafo resume e encerra todo o fascinante texto. Mais uma prosa que me deslumbrou ler. O meu elogio pela sua fabulosa forma de escrever.
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Feliz fim de semana … (14 anos)
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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Árabe, amigo querido,
ResponderExcluirA prática do desapego
é um grande avanço
na nossa vida tanto espiritual
quanto material.
Seu texto é um lembrete
para que tenhamos a certeza
de que nada nos é de fato
nossa propriedade, mas que
devemos sim praticar o amar
e o olhar para os outros com
afeto, respeito e cuidado.
Hoje, sábado comecei minha leitura
aos blogs que aprecio por aqui
e fiz muito bem.
Ótimo fim de semana.
Bjins
CatiahoAlc./Reflexod'Alma
Desnudos, sin nada material llegamos a esta vida, este viaje como dices en el que iremos aprendiendo a amar aunque a veces nos cueste lágrimas, la intensidad de nuestros sentimientos, de nuestros actos,respetando tambien la de los otros es lo wque nos hará felices, no necesitamos grandezas, solo apreciar lo que se nos ha dado y dar gracias
ResponderExcluirTe las doy a ti ahora por este bello texto de ayuda
Un abrazo
Olá,
ResponderExcluircaro Árabe
Que bela lição.
Não é fácil esta matéria :)
É uma lição que temos de aperfeiçoar, dia a dia.
De facto , não adianta carregarmos nos ombros a mochila carregada.
O que vale mesmo é mantermos os nossos afectos e não desistir dos nossos sonhos.
Penso que o Árabe é um grande professor.
Saio sempre daqui um pouco mais preenchida.
Foi muito bom ler as suas sábias palavras.
Deixo abraço e brisas doces**
Excelente lição de vida, Swami!
ResponderExcluirO desapego é necessário : eu tento, mas ainda existem coisas de que não consigo afastar-me.Como por exemplo, os meus livros e CDs.
Te abraço, semana feliz
Obrigada por me avisar quanto aos comentários, caro amigo Árabe!
ResponderExcluirLindo texto sobre o desapego!
Na minha viagem somente quero levar os que mais amo!
Beijinhos!
💜😺💜Megy Maia
Excelente reflexão sobre o desapego.
ResponderExcluirAdorei ler do início ao fim.
Votos de uma excelente semana
Bom dia meu amigo Árabe,
ResponderExcluirUm texto repleto de pérolas de conhecimento.
Seguir a nossa vida sem nos apegarmos às coisas materiais, mas antes seguindo amando e percorrendo os caminhos da paz e do amor.
Só assim seguiremos leves para prosseguir a jornada e chegar ao fim libertos de cargas inúteis.
Virei ouvir a música e vídeo mais tarde.
De momento estou no celular.
Beijinhos e uma ótima semana.
Ailime
Olá, caro amigo, como dizer que eu são moi apegada as cousas. Tudo guardo. Cuando tento desfazerme do que me rodea, comezo o travalho da escolha e tudo fica onde está. Preciso ter esa paisagem que conforma o meu transcorrer pela vida.
ResponderExcluirMais, acho que não faz mal ter cousas materiais. Por outro lado, penso que ha que liberar espaço, deijar lugar par novas coisas que entram ou so polo espaço libre que nos descansa.
Uma contradição que não atino a resolver.
Por iso gosto de caminhar pela Natureza onde está so o justo.
Uma grande aperta
Boa tarde, meu caro amigo Árabe
ResponderExcluirO meu blog continua em modo de “pausa” e penso que assim continuará por mais algum tempo.
Os meus planos de mudança de casa sofreram algumas alterações que levaram ao atraso da sua realização. Nem sempre as coisas são tão fáceis como inicialmente parecem, e, como tenho a actual casa “de pernas para o ar”, abrigando familiares que tinham as suas próprias casas… o ambiente e consequente disposição para alimentar o blogue não são os ideais.
Mas não percamos a esperança. Tudo se resolverá a contento, e a normalidade surgirá (não há quem ainda espere pelo regresso de D. Sebastião 😊)
Entretanto… irei aparecendo sempre que possível – para mostrar que não vos esqueci, mas principalmente para que não me esqueçam 😉
Um saudoso abraço e até sempre.
Continuação de boa semana.
Beijinhos
MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS
Pois. São bons os seus conselhos, mais difícil será pô-los em prática. Mas sim, é preciso fazer por isso. Muito grata!
ResponderExcluirBeijinhos.
Não sofro de apego a coisas ou pessoas, mas preciso de as amar. Um dia, ficarei sem nada, nem ninguém.
ResponderExcluirGostei mto da música, mais que do vídeo.
Abraços e dias felizes.
Grato, JP. Meu abraço, amiga; bom fim de semana!
ResponderExcluirE sempre me encanta a sua gentileza, Chica. Meu abraço, amiga, bom fim de semana; obrigado!
ResponderExcluirGrato, Ryk@rdo. A admiração é mútua, amigo; tenho certeza de que o sabes! Meu abraço, bom fim de semana.
ResponderExcluirÉ muito bom saber que você gosta do nosso oásis, Catiaho; obrigado, amiga! Meu abraço, bom fim de semana.
ResponderExcluirInteiramente de acordo, Carmen: apenas precisamos apreciar o que a vida nos dá, todos os dias! Meu abraço, amiga, obrigado; bom fim de semana.
ResponderExcluirGrato, Maria, pela gentileza. Eu acredito que aprendemos juntos, amiga, e hoje achei fantástica esta tua frase: "O que vale mesmo é mantermos os nossos afectos e não desistir dos nossos sonhos.". Também acredito que esse é o caminho! Meu abraço, bom fim de semana.
ResponderExcluirTodos temos dificuldades com isso, São; eu também tenho cá os meus apegos! :) Meu abraço, amiga, obrigado; bom fim de semana.
ResponderExcluirNão há de que, Megy; também tenho interessa, amiga, porque gosto do que escreves! Se não podemos levar os que amamos para a Grande Viagem, levamos a lembrança. Meu abraço, obrigado; bom fim de semana.
ResponderExcluirGrato, Amélia; alegre com a tua presença, amiga! Meu abraço, bom fim de semana.
ResponderExcluirEspero que tenhas conseguido ouvir, Ailime. E concordo inteiramente: "Seguir a nossa vida sem nos apegarmos às coisas materiais, mas antes seguindo amando e percorrendo os caminhos da paz e do amor. Só assim seguiremos leves para prosseguir a jornada e chegar ao fim libertos de cargas inúteis.". Sempre valiosos os teus comentários! Meu abraço, obrigado; bom fim de semana.
ResponderExcluirTambém me deparo, às vezes, com essa contradição, Bea! :) És afortunada: podes desfrutar de toda essa bela natureza da tua Galícia! Meu abraço, obrigado; bom fim de semana!
ResponderExcluirSem risco de esquecer-te, Mariazita, embora sintamos a tua falta. Espero que tudo se resolva a contento, o mais breve possível, amiga! Meu abraço, obrigado; bom fim de semana.
ResponderExcluirCom certeza, Fa: o desapego é um dos aprendizados mais difíceis; até porque, neste mundo em que vivemos, somos educados no sentido inverso. Mas aqui viemos para aprender, afinal! ;) Meu abraço, obrigado; bom fim de semana.
ResponderExcluirAlegria em rever-te, Céu! E, como sempre, tens razão: amar é uma necessidade do ser humano. Meu abraço, obrigado; bom fim de semana!
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