A GRATIDÃO E A INSATISFAÇÃO

 

Por que não, simplesmente, agradecer?

Por que nos julgarmos tão infelizes, quando tantos motivos temos para sermos gratos? Por que achamos que todos os nossos desejos têm que ser satisfeitos?

Por que escolhemos nos sentir frustrados, quando tantos sucessos alcançamos na vida? Por que ficar na escuridão, quando é tão fácil acender uma lâmpada?

Triste é o semeador que se perde em lamentações, pelo trabalho na lavoura; esse não percebe a beleza do campo de trigo, agitado pelo sopro do vento.

Triste é o marinheiro que pragueja contra o trabalho com as velas; e, insatisfeito, não percebe a beleza do crepúsculo, quando o sol parece mergulhar no mar.

Triste é o viajante que reclama da dificuldade em escalar a montanha; e não se lembra de olhar em volta e desfrutar da maravilhosa paisagem que pode ver.

Triste daquele que lamenta as suas dores de amor, esquecendo a felicidade de que usufruiu, enquanto o seu coração cantava as mais belas e doces canções.

A insatisfação cega os nossos olhos, enquanto a gratidão nos faz enxergar tudo de bom e lindo que existe ao nosso redor. A diferença é feita por nossa escolha.

Existem o homem que desanima, ao ver o abismo que se abre à sua frente; e aquele que agradece pela árvore caída, usando-a como ponte para transpô-lo.

E, enquanto o primeiro se perde em lamentações à beira da estrada, o segundo prossegue em sua jornada, com a alma leve e o passo ligeiro do vencedor.

Não é sensato quem se sente frustrado por não ter o queijo, quando deveria alegrar-se e agradecer o pão, que o alimenta e garante a sua subsistência.

Nem o homem que reclama por não ter um rio em suas terras, enquanto o seu poço está cheio da água limpa e cristalina suficiente para matar a sua sede.

A verdade é que sempre haveremos de querer mais do que temos: isso está em nossa natureza e serve para nos impulsionar, buscando realizar nossos sonhos.

Mas – assim eu vos tenho dito – os sonhos duram enquanto são sonhos. E, se precisamos deles para seguir em frente, não nos devemos angustiar por eles.

Atentemos para o que temos, e veremos quão abençoados somos! Se, entretanto, nos martirizarmos pelo que não temos, a frustração crescerá em nós.

Feliz daquele que adota a gratidão, em todos os momentos da sua vida. Esse conhecerá todas as cores, sentirá todos os aromas e ouvirá todas as melodias.

Fazei, portanto, a vossa escolha. Lembrai-vos, porém, de que é breve o nosso tempo sobre a Terra. E não é sábio desperdiçar qualquer minuto em frustrações.

Curta é a nossa passagem. E não é sábio aquele que não a aproveita para ser feliz; porque ninguém pode dizer o que nos aguarda, depois da Grande Viagem.

Cultivemos a gratidão em nós. É assim que entenderemos a benção da vida; e tornaremos mais fácil e agradável a caminhada, nos dias que ainda nos restam.

Pois ninguém sabe a hora de partir.

Música:

http://ohassan.dominiotemporario.com/midis/1_carmen_cavallaro_smoke_gets_in_your_eyes.mid

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