EXTREMOS QUE SE COMPLETAM

 

Alguns dizem que a vida é como um palco. 

E, nele, cada um de nós tem um papel determinado, com início, meio e fim; como se não pudéssemos alterar os nossos destinos. Mas me recuso a crer nisto; acredito que para nós é diferente. 

Porque, para os personagens de estórias, o autor é como se fosse Deus. Ele cria os seus destinos; determina os acontecimentos – e mais - as suas reações, a cada fato que ocorre em suas “vidas”.

Entretanto, eu vos recordo: não é assim que ocorre com cada um de nós. Porque não determinamos o que nos acontecerá, no dia de amanhã. Mas podemos escolher como reagiremos.

Sim: sei que me repito. Mas o que vos quero mostrar é que o Coração do Universo não é apenas um Autor; é, antes, um Professor. Porque nos concede a dádiva de escolher a nossa reação.

E isto não acontece à toa, mas porque a nossa história ainda não está escrita; nós mesmos a escrevemos, em cada dia que se passa. E podemos escrever o final que daremos à nossa jornada.

Eis que me agarro a esta esperança, buscando uma razão de ser. Porque não entendo o sentido da Vida, se tudo se acaba em um dia. Se não entendemos a razão de cada um de nossos retornos.

É assim que é. Não há como perceber o contexto da Vida, se não entendermos que as folhas que caem no outono servem de adubo a outras folhas; que a onda morre na praia e faz nascer outra onda

Não há como entender a Vida, se não aceitarmos que ela se renova. Que as plantas renascem; que as flores e frutos nos encantam e alimentam cada dia. Que nada é eterno, mas tudo é perene.

Se não entendermos a ideia da morte, não teremos como aceitar a ideia da vida. Precisamos saber que não ficaremos aqui para sempre, mas continuaremos vivos nas sementes que plantarmos.

Hoje sinto, a afagar minha alma, amores que já se foram. E percebo que seguem presentes em minhas lembranças; nos momentos que passamos juntos. Sinto que continuam vivos, na saudade.

E espero que assim aconteça, quando eu me for. Pois não pretendo ser um exemplo a ser citado, mas alguém a ser lembrado. Exemplos são ideias que se foram; saudades são lembranças que ficam.

Não espero ter pessoas que se alternem a carregar o meu caixão, sentindo o peso em suas costas. Prefiro aquelas que se lembrarão de mim com leveza, nas ideias e nos sorrisos que trocamos um dia.

É difícil definir vida e morte; mais ainda, quando a fronteira a cada dia está mais próxima. Deixai-me dizer que um dia descobrireis que uma e outra não são os opostos que pensais, mas complementos.

Porque a Vida sempre segue em frente. 

Música:

http://ohassan.dominiotemporario.com/midis/1_roger_willians_las_hojas_verdes_del_verano.mid

Link música

Link vídeo