O perdão, quando concedido entre os homens, vem quase sempre acompanhado pelo silvo do chicote; poucas vezes, encontra a suave música da compreensão.
Os nossos acertos são esquecidos, mas os nossos erros são guardados na
memória daqueles a quem ofendemos, como promissórias que nos serão cobradas no
futuro; e esta é uma dívida que jamais poderemos saldar, porque reside no
passado. Cabe-nos, apenas, resgatar os juros da humilhação.
Em si mesmo, este perdão é uma mentira; e, como todas as mentiras, não
resiste à luz da verdade. Porque não é um perdão, mas apenas a aceitação de um
fato; e aquele que o concede é como o credor que não esquece o débito, mas
antegoza a eterna cobrança dos juros que julga devidos.
Este não é o perdão que se mostra, mas sim a vingança que se oculta. E
não é o Amor que o concede, mas o ódio que finge concedê-lo. Nele não está a
compreensão que liberta, mas a revolta que escraviza.
O verdadeiro Perdão traz consigo o esquecimento. É como uma fonte de
águas límpidas, a lavar de um coração a amargura do rancor e de outro o
sofrimento do remorso; e, ao fazê-lo, constrói entre esses corações uma sólida
ponte, que os ventos do destino jamais conseguirão lançar por terra.
O falso perdão, entretanto, é como um lodaçal coberto por uma vegetação
traiçoeira, que ao menor sopro de vento exibe a sua verdadeira face. E, ao
submergir a ambos, ofensor e ofendido, em suas fétidas águas, impede que os
seus corações se possam encontrar na mansão da Companhia.
Melhor seria que não fosse concedido! O amor pode vencer o ódio, mas não
consegue conviver com a mágoa. Porque o ódio é como o fogo, que a tudo queima
nas suas efêmeras labaredas; mas a mágoa é o veneno insidioso, que traz um
pouco da morte a cada dia.
Aquele que abriga as lembranças ruins do passado, conserva em seu
coração a mágoa que poderia ter superado. E quem pode construir a felicidade de
amanhã, convivendo com o sofrimento de ontem? O Amor não pode reluzir em nossos
olhos, se a mágoa enevoa os nossos corações.
É com a alma, e não com a mente, que cada homem deve conceder o seu
perdão; não para atender às necessidades do momento, mas para que o
ressentimento seja expulso do seu coração. Só assim poderá deixá-lo limpo, para
que nele o Amor se possa novamente abrigar.
Necessitamos do perdão, para conviver neste mundo. Porque ninguém pode
ser perfeito, se caminha sobre a terra, e assim o erro é natural no homem; é
através do erro, que descobrimos o acerto. Como é através da tristeza, que
descobrimos o valor da felicidade.
Precisamos aprender a perdoar, porque todos necessitamos ser perdoados. E como
alguém poderá confiar no perdão de outrem, se não consegue acreditar no seu
próprio perdão?
Cada erro é, apenas, uma experiência a mais; e no arrependimento está o seu
próprio castigo, que na verdade é apenas uma forma de acelerar o aprendizado.
Mas é dentro de cada homem que deve nascer o arrependimento, pois dos castigos
por outrem infligidos apenas pode brotar a revolta.
Precisamos aprender a perdoar.
Para que possamos libertar a nós mesmos.
Música:
http://ohassan.dominiotemporario.com/midis/1_ernesto_cortazar_solitude.mid
Link música
Link vídeo
Profunda reflexión. Perdonar te libera . Te mando un beso.
ResponderExcluirQue linda imagerm e texto maravilhoso!
ResponderExcluirPara mim, o perdão só vale se vier do coração e não apenas da boca pra fora!
Lindo fds! abração praiano,chica
Bom dia de paz, amigo Árabe!
ResponderExcluirMuito se fala sobre o perdão. Particularmente, achei aqui em seu texto muitas metáforas sobre o tema muito bem colocadas e perfeitas.
Um religioso uma vez me falou algo que me serviu para a vida:
temos boa memória e, portanto, não esquecemos o fato em si, graças a Deus! Mas perdão não implica em esquecer o fato, se temos saúde mental em dia.
Assim que se pode conviver com a mesma pessoa (já me ocorreu inúmeras vezes) que nos ofendeu sem problemas, limpos de coração.
Muitos que falam que devemos perdoar não o vivem, tenho visto assim, é fato. Prefiro quem diga que não consegue, é mais verdadeiro.
REAFIRMO que o perdão é possível pela Graça de Deus que nunca nos falta.
Já tive experiências familiares dolorosas e convivi até a pessoa morrer.
Só saio do ar para quem possa me agredir por desequilíbrio mental.
Em outra ordem de coisas, você está aqui:
https://flordocampo3.blogspot.com/2023/10/florescendo-com-amigos.html
Tenha uma nova semana abençoada!
Abraços fraternos
Oi Árabe como estou respondendo os comentários voltei ao teu blog
ResponderExcluiracho que o meu comentário sobre o perdão foi para a sua outra postagem.
Mas está tudo certo...
PAZ E BEM.
Bom dia meu Amigo e bom Arabe,
ResponderExcluirUm texto muito profundo repleto de aprendizado.
Saibamos perdoar, porque ódios e rancores só produzem guerras e violências e perdoando é o caminho para vivermos em paz e quem nos rodeia.
Desvalorizar pequenas coisas é um passo para que o amor prevaleça e o nosso coração sinta a leveza do bem.
Amemos cada outro perdoando, porque só perdoando poderemos viver em paz.
Música e vídeo lindos.
Beijinhos e continuação de boa semana.
Ailime
Eu comentei esta publicação. Infelizmente o comentário desapareceu. Estará em Spam?
ResponderExcluirAbraço
Bom dia, Árabe
ResponderExcluirLinda reflexão, Li certa vez uma frase de Jaime Garrido que diz: "Deus nos oferece um perdão incondicional. Se Ele que é Deus, nos perdoa, como nos negamos a perdoar os outros? 70x7". O perdão liberta, um forte abraço.
Deixei aqui comentário muito recentemente,
ResponderExcluirEmigrou para onde? Este Blogger anda desatinado.
Abraço com estima, meu Amigo
Repetindo o comentário : sou incapaz de odiar ou de desejar mal a quem quer que seja, mas , lamento, também sou incapaz de esquecer tanto o mal como o bem que me fazem.
ResponderExcluirSwami, terno abraço e bom Novembro.
Hola Árabe. debemos erradicar el odio de nosotros, porque este sentimiento nos dañá a nosotros mismos y nos impide conceder ese perdón que también nosotros necesitamos,
ResponderExcluirtodos en algún momento de nuestra vida cometemos errores, y a todos nos gusta que nos perdonen,
tu reflexión es magnifica
borrar el daño recibido es más complicado, ya que nuestro cerebro cuarda con ahinco todos nuestros recuerdos, pero si eliminamos el odio, la rabia...no existirá deseo de venganza ni nos hará daño
Siempre es un placer leerte
Un abrazo
Perdoar é uma palavra fácil de dizer mas algo difícil de pôr em prática. Tudo depende da ofensa que se queira perdoar.
ResponderExcluir.
Saudações cordiais e poéticas.
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Poema: “ Malditas guerras “
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Grato, JP. E muito verdadeiro o que disseste: perdoar nos liberta! Obrigado, meu abraço; bom fim de semana.
ResponderExcluirVerdade, Chica! Esse perdão da boca pra fora é apenas um disfarce para o desejo de vingança. Obrigado, amiga; meu abraço, bom fim de semana.
ResponderExcluirConcordo inteiramente, Rosélia: perdoar não significa esquecer; vai muito além disso! E nos permite conviver de alma limpa. Sinto-me orgulhoso, por figurar no seu blog, em tão honrosas companhias! Meu abraço, obrigado; bom fim de semana.
ResponderExcluirSempre uma alegria a sua presença Janicce; até porque o link me facilita a visita à sua casa! :) Não sei o que houve com o blogspot, mas a São também registrou o sumiço de um comentário; espero que já esteja tudo regularizado por lá! Meu abraço, obrigado; bom fim de semana.
ResponderExcluirCom certeza, Ailime: "Saibamos perdoar, porque ódios e rancores só produzem guerras e violências e perdoando é o caminho para vivermos em paz e quem nos rodeia.". O perdão, realmente, é o caminho para a paz! Obrigado, amiga; meu abraço, bom fim de semana.
ResponderExcluirTambém você, Mariete?! Eu só havia visto a Janicce e a São. Não entendo muito de internet, mas vou ver se consigo descobrir algo. Obrigado, meu abraço; bom fim de semana, amiga!
ResponderExcluirEm síntese, Lucinalva, é isso: o perdão liberta! Obrigado, amiga; meu abraço, bom fim de semana.
ResponderExcluirAnda, mesmo, São! Mas, depois deste post, sou quase forçado a perdoá-lo. :) Falando sério, também sou assim: até consigo perdoar, mas esquecer é muito mais difícil! Obrigado, minha amiga; bom fim de semana, meu abraço.
ResponderExcluirAcho que você resumiu muito bem, Carmen: "... apagar o dano recebido é mais complicado, já que nosso cérebro resolve sinceramente todas as nossas memórias, mas se eliminarmos o ódio, a raiva... Não haverá desejo de vingança e isso não nos machucará.". É assim que penso, amiga! Meu abraço, obrigado; bom fim de semana.
ResponderExcluirConcordo, Ryk@rdo: muito difícil colocar em prática. Mas este é o caminho, amigo, para acabarmos com as malditas guerras! Obrigado, meu abraço; bom fim de semana.
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