A ESPERANÇA E A GRATIDÃO

Abrigai em vós a esperança.

E cantai, em vossos corações, a canção da gratidão. Sede gratos, pelo muito que vos traz a Vida; como o pássaro agradece à Natureza, que lhe proporciona tudo de que necessita.

Costumais acreditar que as vossas necessidades têm a extensão dos vossos desejos; e por isto vos perdeis em frustrações, quando deveríeis ser felizes pelo muito que tendes.

Desejais o vinho, quando a água fresca brota em vosso poço; quereis a seda, enquanto a lã macia vos agasalha; e cobiçais os bolos, embora o pão dourado esteja em vossa mesa.

Em vossas orações, suplicais ao Universo o que julgais que vos falte; e vos perdeis entre pedidos, quando mais sensato seria erguer a vossa voz para o louvor agradecido.

Certo é que vos foi ensinado: “buscai e vos será dado, batei e a porta vos será aberta”. Porém, é também certo que cada homem deve ganhar o sustento com o suor de seu rosto.

Em verdade, recebeis o que necessitais. Se mais pretendeis ter, cabe-vos o trabalho de obtê-lo; porque o homem que deseja o pão deve semear o trigo e construir o forno.

O Universo vos dá o solo fértil e a semente generosa; a água da chuva e o calor do sol, que sustentam a plantação; o barro e o carvão de que precisais para o forno que assa o pão.

Podeis reclamar, se vos cabem o plantio e a colheita, quando cada ato traz em si a própria recompensa? Não é o aroma do pão que assa uma delícia para os vossos sentidos?

Do Universo, recebeis a estrada e o roteiro. Caminhai o vosso caminho; e lembrai-vos de agradecer pelas flores que o perfumam e pela grama macia sob vossos passos.

Não vos revolteis, entretanto, com as pedras inclementes que vos ferem os pés. Agradecei também por elas, que ao magoar-vos vos ensinam a melhor maneira de caminhar.

Sede gratos à brisa, que ameniza o calor e acaricia os vossos cabelos. Mas agradecei também ao vento forte, que ao dificultar a vossa marcha desperta em vós a persistência.

Agradecei aos vales que encontrais no caminho, pela planura que facilita a caminhada. Mas sede gratos também às montanhas, de cujos picos desfrutais as melhores paisagens.

Agradecei à calmaria, que vos oferece o céu azul ornado pelo branco das nuvens. Mas recordai-vos que foi o raio, ao atingir a árvore seca, que vos mostrou a existência do fogo.

Cantai, em vossos corações, a canção da gratidão.

E vos ouvirá o Coração do Universo.

 Música:

http://ohassan.dominiotemporario.com/midis/richardclayderman_nocturne.mid