A FÁBULA DA PÉROLA
Porque ela é a pérola que buscais, enquanto mergulhados no mar da vida. Embora
os rochedos e as ondas vos dificultem o mergulho, persistis em abrir as ostras,
para colher o vosso prêmio.
Para cada
pessoa, existe uma pérola; e apenas a essa pessoa cabe encontrá-la. Ainda que
mergulheis em dupla, a cada um cabe fazer a sua colheita; ou nenhum de vós terá
completado o mergulho.
Deveis
ter presente que cada um tem o seu jeito de ser; por isso, há entre vós
diversas formas de mergulhar. E vos cabe respeitar a todas, assim como desejais
que a vossa seja respeitada.
Há o
mergulhador temeroso: aquele que preza, acima de tudo, a sua comodidade e
segurança. Experimenta a temperatura da água, usa repelente de tubarões e
assusta-se a cada sombra.
Evita as
águas mais profundas, foge aos rochedos que lhe parecem aguçados e aos peixes
que o cercam. Perdido em seus medos, não encontra a pérola que lhe cabe e no
fundo do mar permanece.
Há o
prático, que ignora o mergulho, a água, os corais e os peixes; e vai direto às
ostras que avista, abrindo a todas, indiscriminadamente, com a sua faca, no afã
de encontrar a pérola que lhe cabe.
E tão
envolvido se encontra nessa busca, e tantas ostras abre e examina
apressadamente, que a pérola que seria a sua torna-se igual a tantas outras e
escapa por entre seus dedos ávidos.
Há o
sonhador, a quem falta coragem para mergulhar e por isto apenas idealiza a sua
pérola. Em sua imaginação, encanta-se com a textura delicada, a superfície
perfeita, o colorido único.
A imagem
preenche os seus sonhos, anima os seus dias. E em sua ilusão adora a pérola
imaginária. Consola-se na solidão da noite, pensando que no dia seguinte
mergulhará para encontrá-la.
Pode
acontecer que nenhum deles encontre a sua pérola, mas ainda assim ela refletirá
em todas as suas vidas: o temeroso a encontra no conforto, o prático nas tentativas e o sonhador na ilusão.
Deixai-me
dizer-vos, entretanto que o mergulhador sensato é aquele que não faz da pérola
a razão de sua vida; desfruta, simplesmente, de cada valioso minuto de que
dispõe em cada mergulho.
Pois esse
é o que aproveita a carícia amiga da água em seu corpo, aprecia a beleza
intensa dos corais e admira, embevecido, o nado inconsciente e o colorido
variado dos peixes que encontra.
Porque
sabe que a pérola não é uma finalidade, mas uma motivação. E agradece ao
Universo pela água onde mergulha, pelos corais onde encontra as ostras e pelos
peixes que o acompanham.
Para ele,
a pérola não é tão necessária; porque a enxerga fragmentada em tudo que existe.
E esta é a lição que deveis aprender: encontrar a felicidade não deve ser a
obsessão de vossa vida.
Mas a sua consequência.
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