O Árabe

Idéias, sentimentos, emoções. Oásis que nos ajudam a atravessar os trechos desérticos da vida...

sexta-feira, 10 de outubro de 2025

A FÁBULA DA PÉROLA




Deixai-me falar-vos da felicidade. 

Porque ela é a pérola que buscais, enquanto mergulhados no mar da vida. Embora os rochedos e as ondas vos dificultem o mergulho, persistis em abrir as ostras, para colher o vosso prêmio.

Para cada pessoa, existe uma pérola; e apenas a essa pessoa cabe encontrá-la. Ainda que mergulheis em dupla, a cada um cabe fazer a sua colheita; ou nenhum de vós terá completado o mergulho.  

Deveis ter presente que cada um tem o seu jeito de ser; por isso, há entre vós diversas formas de mergulhar. E vos cabe respeitar a todas, assim como desejais que a vossa seja respeitada.

Há o mergulhador temeroso: aquele que preza, acima de tudo, a sua comodidade e segurança. Experimenta a temperatura da água, usa repelente de tubarões e assusta-se a cada sombra.

Evita as águas mais profundas, foge aos rochedos que lhe parecem aguçados e aos peixes que o cercam. Perdido em seus medos, não encontra a pérola que lhe cabe e no fundo do mar permanece. 

Há o prático, que ignora o mergulho, a água, os corais e os peixes; e vai direto às ostras que avista, abrindo a todas, indiscriminadamente, com a sua faca, no afã de encontrar a pérola que lhe cabe.

E tão envolvido se encontra nessa busca, e tantas ostras abre e examina apressadamente, que a pérola que seria a sua torna-se igual a tantas outras e escapa por entre seus dedos ávidos.

Há o sonhador, a quem falta coragem para mergulhar e por isto apenas idealiza a sua pérola. Em sua imaginação, encanta-se com a textura delicada, a superfície perfeita, o colorido único.

A imagem preenche os seus sonhos, anima os seus dias. E em sua ilusão adora a pérola imaginária. Consola-se na solidão da noite, pensando que no dia seguinte mergulhará para encontrá-la.

Pode acontecer que nenhum deles encontre a sua pérola, mas ainda assim ela refletirá em todas as suas vidas: o temeroso a encontra no conforto, o prático nas tentativas e o sonhador na ilusão.

Deixai-me dizer-vos, entretanto que o mergulhador sensato é aquele que não faz da pérola a razão de sua vida; desfruta, simplesmente, de cada valioso minuto de que dispõe em cada mergulho.

Pois esse é o que aproveita a carícia amiga da água em seu corpo, aprecia a beleza intensa dos corais e admira, embevecido, o nado inconsciente e o colorido variado dos peixes que encontra.

Porque sabe que a pérola não é uma finalidade, mas uma motivação. E agradece ao Universo pela água onde mergulha, pelos corais onde encontra as ostras e pelos peixes que o acompanham.

Para ele, a pérola não é tão necessária; porque a enxerga fragmentada em tudo que existe. E esta é a lição que deveis aprender: encontrar a felicidade não deve ser a obsessão de vossa vida.

Mas a sua consequência.

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