A LIÇÃO E O APRENDIZADO
Eu
gostaria de poder mostrar-vos o que a vida me ensinou.
Porque
ninguém atravessa, impunemente, 77 anos de estrada. E talvez a minha
experiência pudesse ajudar-vos a minimizar os vossos erros e multiplicar os
vossos acertos; a viverdes melhor.
Gostaria;
mas sei que não o posso fazer. Porque cada um de nós tem as próprias verdades e
as próprias tendências; cada um é uma tela, que precisa ser pintada com um tipo
de pincel e de tinta.
Alguns
de nós são sois; outros, luas. Uns estão prontos para o alvorecer, outros
buscam o crepúsculo. Cada homem entende um idioma; este é o significado que tem
a metáfora da Torre de Babel.
Porque,
desde que nascemos, não somos folhas em branco. Se o fôssemos, como explicar as
diferenças entre irmãos, nascidos do mesmo pai e da mesma mãe, e por eles
igualmente criados?
Até
vos tento explicar; mas seria pretender o impossível, esperar que aprendêsseis
com a minha experiência. Pois ninguém aprende, senão com o pó que acumula nas
próprias sandálias.
Sou
apenas alguém como todos vós; debato-me entre as minhas dúvidas e muitas vezes
vejo ruir o que julgava certezas. Tive e tenho a minha cota de erros e acertos,
e aprendo em cada dia.
Isto
é tudo de que necessitamos: a disposição para aprender. A humildade suficiente
para reconhecer que não somos donos da verdade e, quanto mais rápido aprendemos,
melhor para nós.
Sim:
tive muitas lições nesta vida; e ainda hoje as recebo. Algumas foram mais
dolorosas do que outras, mas por todas agradeço; e vos asseguro que, quanto
mais dura, melhor a lição é aprendida.
Cada
um deve caminhar por si mesmo. Magoar os pés nas pedras do caminho e refrescá-los
nas águas cristalinas dos córregos que nele encontrar. Colher as suas flores e
ferir-se nos espinhos.
Pois
ninguém pode caminhar por ninguém; assim como não pode enxergar por outros
olhos, respirar por outra boca, ou acompanhar alguém na Grande Viagem. Ainda
que juntos se vão, sós a farão.
Esta
é uma das verdades que necessitamos aprender: nada nem ninguém, nos pertence;
quanto mais acreditarmos possuir, maior será a nossa frustração, quando tudo e
todos nos forem tirados.
Aprendamos,
portanto, a desfrutar do que nos cerca e agradecer pelo tempo que nos é
concedido. Se bem soubermos aproveitá-lo, mais fácil e proveitosa se tornará a
nossa caminhada de agora.
E
mais suave será o caminho a ser percorrido amanhã. Porque talvez não o tenhais,
ainda, percebido; mas somos nós mesmos que traçamos, no presente, os rumos que tomaremos
no futuro.
E esta é maior lição a ser aprendida.



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