ORAÇÃO DA HUMILDADE
Milhões de seres humanos existem sobre a Terra.
E por que haveria eu de julgar-me melhor
que qualquer um deles?
Acaso não temos a mesma essência, não
somos filhos do mesmo Pai? E não possui cada um de nós um verdadeiro Eu?
Que eu seja como o junco, que não
afronta o vento, mas antes lhe cede a passagem; pois o carvalho, que julga
poder detê-lo, muitas vezes tomba durante a desnecessária luta.
Que a humildade não se afaste de meu
coração, pois a presunção leva à prepotência e na sua origem está a dúvida do
próprio valor; o que menospreza os outros é aquele que não tem certeza da
própria serventia.
Que os meus lábios se calem, antes de
proferir palavras que humilhem os meus irmãos. Pois aquele que ao seu redor
semeia ofensas, acabará por colher a solidão.
Que jamais venha eu a fazer mau juízo de
alguém, porque cada homem projeta nos
outros o que julga de si mesmo. E que os meus pés não pisem sobre os meus
irmãos, mas apenas sobre os seus sofrimentos.
Eis que não desejo a pompa e a glória
terrenas, pois as suas fanfarras ensurdecem os ouvidos humanos para as verdades
da vida. Mas, se ao topo me conduzir o destino, que possa eu continuar amigo
dos meus amigos e coerente com as minhas verdades.
Que jamais se turve a minha alma, na mentirosa embriaguez do poder. Pois somos o que somos, não o que julgamos possuir.
Será maior, perante o Pai, o filho que
de mais posses desfruta? E o que fará de suas terras, do seu dinheiro e de
todos os seus bens, durante a Grande Viagem?
E será, acaso, mais feliz aquele que se
acostuma a mandar? O que fará, quando ninguém mais houver para obedecer às suas
ordens?
Infeliz daquele que dedica as suas
forças a semear aparências de poder, que se desfarão nas águas do tempo.
Pois as verdadeiras sementes são
eternas, desde o início do homem sobre o mundo. E, na sua aparente
simplicidade, sobrevivem a todos os tiranos que um dia se julgaram deuses.
Por isto, que eu possa eu plantar sempre ao meu redor:
- o amor
- a amizade
- a tolerância
- a compreensão.
Que sejam as minhas palavras como a
brisa que retempera, não como o furacão que destrói.
Que persista em mim o respeito aos meus
irmãos, para que deles eu obtenha o respeito. E não o temor, que é apenas o
ódio sob a máscara do medo.
E que em mim sempre exista a humildade.
Pois é ela o caminho para a verdadeira grandeza.
(Publicado em A Sabedoria de Hassan, 1993)
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