AOS MEUS FILHOS
Coube-me
trazer-vos a este mundo.
Nos primeiros passos pela vida, remover as pedras do vosso caminho; e buscar ensinar-vos como remover as pedras que no futuro vos couberem.
Outra não é a função dos pais, pois cada pessoa tem o seu próprio caminho e as suas próprias pedras.
Assim, eis que não posso caminhar por vós. Porque necessitais tropeçar, para que possais aprender a erguer-vos; e sofrer, para que possais conhecer a felicidade.
Pois assim aconteceu e ainda acontece a vosso pai; e antes dele, a todos os pais deste mundo, que um dia foram também filhos.
E essa é a essência da vida, que se renova a cada momento.
É necessário que eu me conforme com a ideia de que não vos posso ter sempre entre os meus braços; de que não vos posso proteger, senão através do que vos possa ensinar.
É necessário que eu não vos veja apenas como partes do meu ser, mas como seres humanos; e, assim, merecedores do riso e do pranto. Que possais ter as vossas próprias alegrias e as vossas próprias tristezas.
Pois não está em meu poder promovê-las ou evitá-las, apenas compartilhar de ambas; festejar as vossas vitórias e reconfortar-vos nos fracassos, embora neles chore também o meu coração.
Não sei se vos faço entender o quanto vos amo.
Pode a rosa explicar a um botão como é o desabrochar? Ou a borboleta transmitir à crisálida a sensação de voar?
Assim, como poderiam as minhas palavras fazer-vos sentir algo que apenas experimentei ao vos ver nascer?
Sabei, entretanto, que sois parte de mim.
E os vossos risos, como as vossas lágrimas, ecoam em meu coração; e são, muitas vezes, a causa dos meus próprios risos ou das minhas próprias lágrimas.
Acreditai que o meu maior sonho é ver realizados os vossos sonhos; e, assim como tendes as vossas esperanças, sois as minhas esperanças.
Um dia partireis, pois a vida vos reclama; e não é a mim que pertenceis, mas ao mundo e a vós mesmos. Pois ninguém pertence senão a seus próprios pensamentos e anseios.
Todavia, deveis saber que sempre podereis retornar aos meus braços, como jamais vos afastareis do meu coração. Porque não foi unicamente o ser que eu vos dei, mas também o meu amor.
E, assim, não sois apenas os filhos do meu corpo.
Mas do meu verdadeiro Eu.
(Texto do livro A Sabedoria de Hassan, 1993)
Imagem da internet
3 Comentários:
Árabe! Somos todos filhos do tempo, e que nesse tempo sejamos sorridentes!
Um abracinho!
💋💗💋Megy Maia
Uno siempre cuida a los que ama. Te mando un beso.
Lindo e emocionante texto,Árabe! abração, ótimo fds! chica
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