AS SEMENTES DA LIBERDADE

Eu vos ouço, sempre, a falar em Liberdade.

E percebo que a procurais onde não está. Como, aliás, fazeis a muitas das coisas que jurais serem as mais importantes em vossas vidas; e pelas quais dizeis ansiar, em todos os vossos dias.

Assim fazeis ao Amor, que sacrificais a vossas carências; à Felicidade, que julgais estar na satisfação dos vossos desejos; e ao Coração do Universo, que buscais em vossos templos suntuosos.

Porém, a nada disso podereis encontrar, senão dentro de vós mesmos. É em vosso verdadeiro Eu, que encontrareis tudo aquilo que  vossos olhos não veem e vossas mãos não seguram.

Não encontrareis o Amor, senão em vossos corações; não conhecereis a Felicidade, se a paz não estiver em vós; nem sentireis o Coração do Universo, se não ouvirdes a Sua voz em vossa alma.

Assim, também, acontece à Liberdade. Ser livre não é ir aonde quiser; é sentir-se bem, onde quer que esteja; não é possuir tudo que deseja, mas estar satisfeito com aquilo que possui. É viver.

Livre não é o homem que faz tudo aquilo que quer. Ao contrário: é o que coloca amor e dedicação em tudo que faz; porque assim se realiza plenamente e as asas da satisfação o levam a voar.

Eu vos tenho dito que a liberdade não é determinada pelo espaço ao vosso redor, mas pelo que existe em vossa mente. Assim, um homem encarcerado em uma minúscula cela pode ser livre.

Enquanto alguém que caminhe solitário pela estrada larga pode sentir-se sufocado pelo peso da vida, acorrentado pelos seus medos, preso por suas inseguranças e por suas frustrações.  

Porque os vossos limites não são os do corpo, mas os da alma. Dia virá, em que deixareis o corpo; mas o vosso verdadeiro Eu seguirá pela Eternidade, caminhando pelos Jardins do Amanhã.

Tende presente esta verdade; e outro será o vosso conceito de Liberdade. Pois as roupas, por si mesmas, vos impõem limites; e apenas ao final de cada jornada, podeis despir os vossos trajes.

Acostumai-vos à ideia de que, enquanto caminhais sobre a terra, nenhum de vós é completamente livre. As necessidades do corpo não vos permitem recolher-vos ao vosso verdadeiro Eu.

Podeis, entretanto, semear em vossa alma as sementes da liberdade; e, se o fizerdes em cada jornada, dia virá em que a semeadura frutificará e a generosa colheita vos encherá de merecido júbilo.

Então, sim, conhecereis a Liberdade. E sabereis que não vos seria possível tê-la conhecido antes, enquanto precisáveis preocupar-vos com as necessidades e os percalços de cada caminhada.

Porque a liberdade é um estado de espírito.

Música:

http://ohassan.dominiotemporario.com/midis/1_ernesto_cortazar_misty.mid

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