HOJE E AMANHÃ

Por que tanto aguardais o amanhã?

São muitas as vezes em que vos ouço dizer que amanhã iniciareis um novo projeto, ou realizareis uma mudança sonhada em vossas vidas, ou começareis a buscar um novo caminho.

Deixai que vos pergunte: e por que não o fazeis hoje? Decerto sabeis que ontem e amanhã são dois dias que não existem, no mundo. Um já se foi se foi e o outro ainda não chegou para vós.

E, talvez, nunca venha a chegar; esta é a realidade. Ou alguém, dentre vós, sabe quantos amanhãs ainda lhe restam? Alguém é capaz de precisar quando voltará aos Jardins da Eternidade?

Estou certo que não. E, embora pessoalmente acredite em muitas jornadas sobre a Terra, nem vos posso garantir que existam. Essa esperança se baseia na crença em nosso Verdadeiro Eu.

Porque não me parece sensato acreditar que os nossos sentimentos e as nossas emoções tenham origem apenas no corpo. Eis que a saudade não magoa a carne, mas nos fere a alma.

É fácil, creio, diferenciar as sensações dos sentimentos; a atração da carne da afinidade da alma. E, embora às vezes as duas possam coexistir, sempre as perceberemos diferentes.

Por tudo isto, acredito que são muitas as vezes em que caminhamos sobre o chão; e que de cada vez utilizamos novos corpos, como andarilhos que trocam as suas roupas de viagem.

Só assim, vejo forma de explicar o afeto entre pais e filhos; as dificuldades de uns e as facilidades de outros. As desigualdades entre os sãos e os enfermos, os perfeitos e os deficientes.

Como o fruto provém da semente, creio que o presente vem do passado e o futuro surgirá do presente. Não colhemos senão o que plantamos; ainda que nem recordemos a semeadura.

É assim que penso. Mas não vos desejo impingir as minhas crenças; até porque cada um de nós não conceberá o Coração do Universo, a menos que O pense conforme suas próprias ideias.

Seja como for, entretanto, o tempo é crucial em nossas vidas. E precisamos aproveitá-lo, sem desperdiçar as suas preciosas gotas; como acontece à água do cantil, no deserto escaldante.

Retornemos ou não, precisamos aproveitar o nosso tempo. Cada minuto que se passa é menos uma moeda na bolsa que recebemos, ao nascer, para adquirir felicidade e conhecimento.

Valorizemos, pois, cada um de nossos dias; ou os perderemos em vão. E amargaremos, depois, o remorso por havê-los desperdiçado, quando tanto poderíamos ter feito por nós.

Valorizemos o hoje. Pode não existir amanhã.

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