SONHADORES E PRÁTICOS
Momentos existem, em
que nos cansamos.
Em que nos parece
inútil chamar a atenção dos outros para o sol, que nasce todos os dias na linha
do horizonte. Em que parecemos caminhar sós, e a estrada se estende diante de
nossos olhos.
Em que nos sentimos
inúteis e vazios, clamando no deserto. Para que falar de sentimentos e sonhos,
se cada um dos que nos cercam está preocupado apenas em seguir o seu próprio
caminho?
De que nos serve
apontar ao cego a beleza do luar, que se reflete em um cone de prata nas águas
mansas da praia? Ou esperar que o surdo se comova, ao som da melodia que se
espalha no ar?
Nisto, reside a nossa
mansa loucura: em esperar que os outros reajam como nós reagimos, às coisas que
nos cercam. Como se cada um de nós pudesse ser igual aos outros, quando não o
somos.
Em verdade, cada um
de nós tem os seus próprios desejos e os seus próprios sonhos; e, em cima
disto, constrói a sua própria rota. Como explicar, a quem busca o Ocidente, as
belezas do Oriente?
Queremos, então, guardar
conosco os nossos sonhos. Acreditamos que de nada serve falarmos sobre nuvens,
àqueles que apenas enxergam o chão; ou de emoções, a quem busca bens materiais.
Entretanto, cada um é
como é. Basta que a lua se levante mais uma vez sobre o mar, para que o
sonhador volte a se encantar com a sua beleza; e procure mostrá-la a todos
aqueles que o cercam.
Basta que uma música
o emocione, para que lágrimas venham aos olhos do sonhador; e ele deseje
repartir essa sensação com as pessoas queridas, para que juntos vivam o momento
que passa.
É assim que é; e é
assim que precisa ser. Porque não podemos viver apenas dos sonhos, que nos
alimentam a alma; nem entregar-nos totalmente ao trabalho, que garante a
sobrevivência do corpo.
Porque todos somos
corpo e alma. E precisamos dividir-nos entre aqueles que priorizam os
sentimentos e os que cuidam das coisas práticas; é da alternância entre o sol e
a chuva, que a semente germina.
Como cada folha é
necessária para que a planta seja o que é, e cada estrela tem o seu papel na
beleza misteriosa e fascinante do céu noturno, cada um de nós é um integrante
essencial do Universo.
E ninguém deve
julgar-se melhor ou pior que o seu irmão, por dele ser diferente. Pois o homem
que compõe melodias ou escreve tratados, em nada é superior àquele que ara a
terra e lança a semente.
Cada um de nós tem um
jeito de ser; e uma função neste mundo. Sonhadores e práticos, nos
completamos; ensinamos aos outros aquilo que sabemos, e com eles aprendemos o
que precisamos descobrir.
E
assim caminhamos juntos, rumo ao Coração do Universo.
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Música:
http://ohassan.dominiotemporario.com/marco/1_bert_kaempfert_when_i_fall_in_love.mid
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