O SILÊNCIO E A PAZ
Muitas vezes, o vosso silêncio é o pai da vossa paz.
Porque
de nada vale o envolvimento em discussões estéreis, que nada vos trarão
senão a inquietude. Mais importante do que serdes apontados como “certos”, é
estardes convictos de estar certos.
Mais
importante do que impor a vossa opinião, é cultivar a vossa felicidade; assim,
eu vos tenho dito. De nada vale ao vizinho apregoar que tem o melhor terreno, se a vossa colheita suplanta a dele.
Por
que, então, discutiríeis se a água do vosso poço é mais cristalina, ou as vossas
flores são mais belas? Se disto estais convencidos, sereis felizes, sem
precisar convencer a ninguém mais.
Calar-se,
nas horas certas, não é um defeito, mas uma virtude. O som das trovoadas morre
mais rápido sobre as planícies calmas, do que entre as montanhas, onde
reverbera no eco.
E para a terra, que se mantém em silêncio durante o rugir das tempestades, a recompensa é certa, quando passam: maior é a sua fertilidade e mais macio sempre se torna o solo.
Sede
como as pedras do cais, que permanecem mudas, apesar do fragor das ondas que
contra elas se arremessam. Quando se forem os ventos, virá a paz; e as
pedras permanecerão.
De
que vos adianta rebater as ofensas que vos sejam dirigidas, ou as palavras
ríspidas que vos digam? Se, em vossa alma, tendes certeza de que são injustas, por
que vos agastaríeis com elas?
Calar-se
é uma arte, que só a vida nos ensina. É aprender a vencer a prepotência, o
orgulho de “ter razão” e o desejo de um “triunfo” vazio e efêmero, que pode causar
danos no futuro.
Calar-se
é aprender que ninguém pode e nem precisa ter razão todo o tempo. É reconhecer
que somos falíveis e o importante é conviver com os nossos irmãos e estar
em paz conosco.
Aquele
que crê no que pensa, não necessita de discussões; quem acredita em suas
opiniões, permanece sereno. Os que se exaltam não buscam convencer aos outros,
mas a eles mesmos.
Se
quereis a paz, aprendei a manter-vos em silêncio. Porque existem ocasiões para
falar e outras em que de nada vos adianta expor as vossas ideias; melhor que
vos acomodeis e espereis.
A
razão não necessita gritar, para se fazer ouvir. Quem lhe dá passagem não é o
barulho, mas o tempo; os enganos, como a mentira, têm pernas curtas, e não
conseguem chegar muito longe.
Mantende-vos,
pois, em silêncio, quando vos sentirdes provocados. Assim, evitareis muitas
discussões que vos inquietariam e muitos desgastes que no futuro poderiam vir
a prejudicar-vos.
Sensatez e silêncio. Estes são os primeiros passos para a paz.
Música:
http://ohassan.dominiotemporario.com/midis/1_ernesto_cortazar_solitude.mid
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