O Árabe

Idéias, sentimentos, emoções. Oásis que nos ajudam a atravessar os trechos desérticos da vida...

sexta-feira, 29 de maio de 2009

A INVEJA

Nada enxerga o invejoso, senão a felicidade alheia.

E, assim procedendo, é como o pescador que se lamenta porque não lhe pertence o mar. Como se no rio não existissem mais peixes do que necessita para o seu sustento.

Ou como o vagalume que chora porque estrela gostaria de ser. E nem percebe o próprio brilho, que ilumina o espaço à sua volta.

Guardai-vos de abrigar a inveja.

Pois, como os antolhos impedem à besta a visão do mundo, a inveja não permite que vos possais sentir felizes. E vos leva a chorar pelo que têm os outros, quando deveríeis sorrir pelo que vos pertence.

Como a erva parasita asfixia o tronco que a abriga, a inveja sufoca em vós a alegria de viver. E como a sombra da noite oculta a beleza das flores, a inveja torna esmaecido o brilho das vossas próprias conquistas.

Ao pássaro, não preocupa a envergadura das asas; basta-lhe a liberdade de voar, ao sopro carinhoso da brisa. Como à flor não importa o tamanho do caule, ao desfrutar a carícia do sol.

Entretanto, não é pelas vossas necessidades que dimensionais a felicidade; mas pelos vossos desejos. E à medida que mais desejais, maiores se tornam as vossas angústias.

Pois o homem que não se contenta com as frutas suculentas e a água cristalina vagará sem descanso, na busca inútil do pomo encantado e do néctar ilusório.

Em verdade, não é mais feliz o homem que mais possui; e sim aquele que mais valor atribui às suas posses. Porque o primeiro pode nem conhecer todos os seus bens, enquanto o segundo desfruta de tudo que lhe cabe.

A inveja não é a abundância, mas a perpétua carência. Não será saborosa a água do vosso poço, enquanto mais doce vos parecer a do vizinho; nem bela será a vossa esposa, enquanto mais atraente julgardes a mulher ao lado.

A inveja é a sede que não pode ser saciada, a pobreza que não pode ser vencida e a fome que não pode ser mitigada. Porque nada será suficiente, para quem não sabe valorizar o que possui.

Guardai-vos da inveja. Que jamais possa ela encontrar guarida em vosso coração.

Para que não venha a acorrentar o vosso verdadeiro Eu.

sábado, 23 de maio de 2009

A SOLIDÃO E A CONVIVÊNCIA

Sim, a solidão machuca.

Entretanto, é ela o vosso caminho para a paz. Porque é preciso que aprendais a estar convosco, antes que com outros possais conviver. Embora busqueis a companhia, dela não desfrutareis se não estiverdes inteiros em vós.

Ainda que pela mesma árvore se distribuam os frutos, cada um tem o seu próprio sabor. E a rosa que com amor ofertais torna-se diferente de todas as outras, por mais semelhantes que possam parecer.

Como a diferença entre as notas faz nascer a harmonia da canção, são as diferenças entre vós que fazem o mundo como o conheceis. E vos impulsionam à união, para que em outrem encontreis o que falta em vós.

Todavia, são elas também que vos separam; cada um tem as suas próprias razões e não consegue entender as alheias. Ninguém reage senão de acordo com o seu jeito de ser.

Embora vos atraia o mistério, eis que vos assusta o desconhecido; e vos aborrece renunciar às vossas idéias. Quando o fazeis, em nome da convivência, surge em vós a insatisfação, de onde a revolta brotará.

Com a distância entre os astros, a gravidade mantém o equilíbrio do universo. E é preciso que haja espaços entre vós, para que o respeito possa conservar o equilíbrio da vida em comum.

Aquele que acredita nas suas próprias verdades, não necessita proclamá-las para o mundo; nem buscará impô-las a quem o cerca. Respeitará, antes, as verdades alheias; e esta é a base da verdadeira convivência.

Entretanto, ninguém acredita senão nas verdades que em si mesmo descobriu. E é só através da solidão, que podereis encontrar o vosso verdadeiro Eu; esmiuçar as vossas dúvidas, para que façam nascer as vossas certezas.

Como o pássaro, que da segurança do ninho necessita para lançar-se ao céu, necessitais das vossas respostas, que vos levarão a novas perguntas, na incessante busca do Conhecimento.

Se em conjunto realizais essa busca, do apoio de cada um dependerá que unidos continueis até o fim da jornada. E esse apoio não virá da semelhança de vossas perguntas, mas do respeito às diferentes respostas.

Em verdade, não é a solidão que vos faz sofrer. Como não são as diferenças que vos afastam; mas o medo, que faz nascer a insegurança e com ela o egoísmo. Pois ninguém está só, a menos que assim se sinta.

É na imensidão do deserto, que o beduíno melhor percebe o encanto das estrelas; e no silêncio da madrugada, que mais doce se torna a música aos vossos ouvidos.

Não deveis temer a solidão. Pois a flor, mesmo caída sobre o chão, recebe o abraço do sol e a carícia das águas.

E em outras flores renascerá...

sexta-feira, 15 de maio de 2009

DE OBSTÁCULOS E ASAS

Ainda que o mundo pareça estar contra vós; que a tristeza vos procure e as dificuldades se acumulem em vossos caminhos, sempre sereis capazes de voar em direção aos vossos sonhos.

Todavia, a escolha vos pertence. E cada um cria os seus próprios grilhões, conforme as necessidades que elege para si mesmo.

Eu vos observo. E sofre o meu coração, por ver que esqueceis as asas que do Infinito recebestes. Preferis comportar-vos como anjos decaídos, do que buscar o lugar que vos cabe no Universo.

Sobre a terra, deixais pender as vossas cabeças; e curvais as vossas costas, ao peso dos golpes que vos traz o destino. Assim apagais a lâmpada da Fé, que deveria iluminar as vossas jornadas.

E nas trevas se perde o verdadeiro Eu, que pela mão vos conduziria à rota mais acertada. Muitas vezes é no pomar que mais agreste vos parece, que os mais doces frutos podereis encontrar.

Apesar da sua vastidão, não podem as águas do mar mitigar a vossa sede; é no córrego humilde e quase invisível entre a vegetação espessa, que encontrareis o alívio de que necessitais.

Assim acontece, em nossa jornada: a árvore que hoje nos parece bloquear o caminho, talvez seja amanhã a fonte da sombra amiga que nos retempera. E é preciso vencer a íngreme montanha, para desfrutar da bela paisagem.

Pois os obstáculos não existem para impedir a nossa marcha e sim para que aprendamos a superá-los. Porque não existe o conhecimento sem a informação, nem é gloriosa a vitória sem o esforço para alcançá-la.

Lembrai-vos desta verdade, quando novamente vos buscar o desânimo. Para que não imagineis insanáveis os vossos problemas, nem imprestáveis as vossas asas.

Entretanto, não brota a rosa sem que desabroche o botão; como não trabalha o moinho, sem a força do vento a mover as suas pás. E para que as flores hoje vos encantem, foi necessário que a semente fosse antes plantada.

É em vós, que reside a força; na centelha do Universo, que habita em vosso verdadeiro Eu. Encontrai-a e nada vos poderá impedir o caminho.

Pois sereis capazes de usar as vossas asas.


Mais uma vez, a ilustração é do site 1000 Imagens

sexta-feira, 8 de maio de 2009

SOBRE O AMOR

Deveis cuidar dos vossos amores.

Porque o amor é como a planta, que não se nutre das próprias raízes; mas da seiva que a cada dia as revigora. E é como a canção, que encanta os vossos corações enquanto as suas notas persistem em vossos ouvidos.

Não espereis, portanto, que o amor sobreviva das lembranças; a saudade é quem o faz. E é sabido que a saudade nada mais é, do que o curto intervalo entre dois amores.

Pois, embora vos sensibilizem as lembranças e vos encorajem as esperanças, não sois capazes de viver senão o momento presente; tão depressa se desvanece o passado, quanto as brumas do tempo empalidecem o futuro.

Cuidai, eu vos repito, dos vossos amores. Melhor do que o fazeis às vossas roupas, às vossas casas, às vossas posses; porque a estas precisareis abandonar, enquanto os sentimentos vos acompanharão na grande viagem.

É preciso que não vejais, no amor, o altar onde devereis sacrificar a vossa liberdade, em nome da convivência; vêde-o, antes, como a plataforma encantada, de onde o vosso verdadeiro Eu se lança ao vôo da plenitude.

Em nenhum momento, deve o amor tolher-vos os passos. Porque, embora os vossos corpos caminhem sobre a terra, é no Universo que se encontra a vossa essência e só em liberdade a podereis encontrar.

Afastai-vos, pois, dos falsos amores que vos imponham sacrifícios. Porque estes apenas ocultam, sob o nome do amor, a verdadeira face das suas carências. O amor não é prisão, mas realização.

Guardai-vos, sobretudo, de anular-vos em nome do amor. Porque é preciso que cada um tenha a sua própria vida e faça as suas próprias escolhas. Se assim não for, não é o amor que vos une, mas a necessidade de companhia.

Que não vos amedronte a solidão; nela, também, o amor subsiste. O sexo, que vos reclama a convivência dos corpos, é apenas uma parte do amor, que se inicia na sintonia das almas.

Cultivai, em vossos corações, o respeito ao ser amado. Para que não vos deixeis levar pela ilusão de possuí-lo, mas lembrai sempre que ele é uma pessoa, com as suas próprias inclinações e necessidades.

Não o deveis imaginar perfeito, ou a decepção sufocará o sonho. Em seus menores gestos, entretanto, buscai encontrar os detalhes que vos encantem; assim, o desejo e a ternura alimentarão o vosso amor, em todos os dias.

Lembrai-vos, enfim, que é dentro de vós que existe o amor. E ele não tem um rosto, nem um corpo, nem outro nome que não seja Amor. Como não tem uma voz própria, pois no seu chamado ecoa a voz do Infinito.

Sim; é dentro de vós, que existe o amor.

E nele encontrareis a plenitude da Vida.

A ilustração é uma montagem, feita a partir de uma foto da internet;
infelizmente, não lembro o site.
Minhas desculpas, pela nova e involuntária ausência;
estou feliz, por estar novamente com vocês.

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