O Árabe

Idéias, sentimentos, emoções. Oásis que nos ajudam a atravessar os trechos desérticos da vida...

sexta-feira, 26 de junho de 2009

A BAGAGEM E O CAMINHO

Não são os anos que pesam, mas as desilusões.

Entretanto as mágoas, que no passado nos queimaram a alma, formam o aprendizado que nos protege de novos sofrimentos.

É com os sonhos mortos e a argamassa das lágrimas, que pavimentamos o caminho para o Conhecimento. E apenas ao alcançá-lo, descobriremos que nele se encontra a plenitude do Ser.

Que não vos perturbe, porém, esta realidade. Pois, assim como os oásis amenizam o deserto escaldante, também a alegria estará em vossos caminhos; e o som argentino dos risos vos fará esquecer o lamento abafado do pranto.

Não podeis deter a noite e o dia. Mas aprendestes a acender o fogo, para afastar o escuro da noite; e a buscar o conforto da sombra, quando vos fustiga o calor do sol.

E é assim que podeis fazer, quanto às vossas alegrias e tristezas. Porque da importância que a umas e outras atribuirdes, dependerá a vossa capacidade de ser feliz durante a caminhada.

Valorizai as vossas emoções. Pois, se é o pensamento que vos guia, são as emoções que vos permitem sentir a Vida. E não estará completo o viajante que pelas estrelas se orienta, se nelas não perceber a magia do Universo.

Guardai-vos, todavia, de permitir que as emoções vos conduzam. Pois o barco que à correnteza se entrega, findará por naufragar na cachoeira que se oculta atrás da curva do rio.

Há elevadas montanhas e insondáveis abismos. E, se não é sábio viver na escuridão da profunda caverna, tampouco o seria habitar a montanha, onde o ar rarefeito não dá suporte à vida.

Buscai a sabedoria. E não é nos livros que a encontrareis, mas na experiência. É a queda que ensina o pássaro a voar, e só se torna calejado o pé que sangrou nas pedras do caminho.

Que não vos preocupe, pois, o passar dos anos. Cuidai, sim, de aproveitar cada momento; de aprender com as desilusões e viver intensamente as vossas alegrias.

Dia virá em que toda a carga nos será tirada dos ombros, e esmiuçaremos as nossas mochilas. Talvez, então, risos passados se transformem em pranto e de antigas lágrimas sorrisos possam brotar.

Pois cada um de nós necessitará rever os seus conceitos e a sua bagagem. Sacudiremos a poeira do caminho e como crianças mergulharemos no oceano do Infinito, antes de tomar as nossas novas vestes.

Para que outra jornada se inicie.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

DA INSEGURANÇA

A insegurança não é apenas o medo.

É a desconfiança de si mesmo; e com ela a pior das solidões. Pois a companhia pressupõe a confiança; e aquele que em si próprio não confia, como em outro poderia confiar?

Evitai a insegurança: a lugar algum, ela vos pode levar. Antes queimará os vossos navios, destruirá as vossas pontes e tornará vacilantes os vossos passos, pelo temor do fracasso.

Olhai à vossa volta. E vereis que os bem-sucedidos não são necessariamente os mais fortes, nem os mais competentes, nem sequer os mais belos. São aqueles que confiam em si mesmos.

Pois o êxito, na maioria das vezes, é uma escada que dia a dia se constrói. E o vencedor não é o homem que se atira à competição desenfreada, mas aquele que persiste em amontoar os seus tijolos.

E isto só podereis fazer, se em vós mesmos confiardes. Porque ninguém insistirá em edificar uma escada, na qual não se acredite capaz de subir. A ave não faria o seu ninho na montanha, se asas não possuísse para a ele chegar.

É nas árvores que vivem os pássaros; e em buracos se ocultam as toupeiras. Porque uns e outros conhecem as suas capacidades e as suas deficiências, e escolhem o melhor para si mesmos.

Buscai, portanto, conhecer-vos. É assim que sereis capazes de acreditar em vossas qualidades e combater os vossos defeitos. E nisto consiste a arte de tornar-se melhor.

Pois esta é a diferença entre vós, os pássaros e as toupeiras: da vossa escolha depende se buscareis o céu, ou na terra vos conformareis em existir. Qualquer que seja, entretanto, devereis ser capazes de dela extrair o melhor.

É pelas posses, que costumais medir o sucesso; quando pela felicidade o deveríeis fazer. Pois, em verdade, melhor está o aldeão que da sua horta se alimenta, do que o rei que nas mais finas iguarias teme a sombra do veneno.

E mais feliz é o operário, a dividir as suas moedas, do que o avarento a empilhar tesouros que não se dispõe a gastar. Porque um é livre para a vida, enquanto o outro à ganância se escraviza.

Afastai de vós a insegurança. O medo da incapacidade é a única barreira que não conseguireis superar; como o temor da fome é a fome que não podereis saciar.

Em verdade, jamais conhecerá a plenitude da Vida aquele que demasiado teme a morte. Como não conhecerá a plenitude do amor aquele que com a sua duração se preocupa.

Pois o Amor e a Vida são infinitos, como a Eternidade que os abriga. E como o verdadeiro Eu, aquele que em vós escapa à dimensão dos corpos e vos conduz pelos caminhos do Conhecimento.

Afastai a insegurança. Tudo podereis fazer, se acreditardes na centelha do Universo que existe em vós.

O vosso verdadeiro Eu.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

O NOSSO OÁSIS

A amizade é o amor sem o desejo.

E, por assim ser, menos exigente e mais duradoura. Pois, embora a beleza esteja na flor, o ramo a ela sobrevive. E o desejo é como o perfume, que torna mais intenso o ar, porém nele se dissolve.

Celebremos hoje a amizade.

Vamos assentar-nos, de mãos dadas, em nosso oásis. E recordar o sol dos dias e as estrelas das noites que aqui passamos. Que sejam os raios do sol e as estrelas, como as alegrias e as mágoas que nos visitaram durante este tempo.

Porque decerto conhecemos mágoas e alegrias, em cada dia destes dois anos. E para cá as trouxemos, em nossas palavras, ainda que a elas não nos tenhamos diretamente referido.

Em verdade, não é através das palavras que podemos conhecer alguém. Mas basta que as ouçamos com o coração, para percebermos os sentimentos que por trás delas se agitam.

Com o coração, eu vos tenho ouvido; e com o coração tendes ouvido o que vos digo. Assim devemos ouvir os amigos, pois de mãos dadas caminham a compreensão e amizade.

Deixai que eu vos agradeça.

Porque é pelos astros e pelas nuvens, que percebemos o céu à nossa volta; e é nas flores que está o encanto do jardim. Como no deserto se perderia a voz, sem os vossos corações de nada valeriam as minhas palavras.

Pois não é a semente que faz brotar a planta, mas o solo que a envolve. E, se é certo que na semente se oculta a vida, é no carinhoso abraço do solo que ela encontra o seu sustento.

Assim acontece à palavra, que ao encontrar guarida em vós pode fazer nascer um novo mundo. Como da efêmera chama do fósforo surge a fogueira amiga, que por toda a noite vos aquece.

Eu vos sou grato, por tudo que me ensinastes. Por cada lágrima e cada sorriso que aqui dividimos, até este dia. E espero que continuemos unidos, a sorrir as nossas esperanças e chorar as nossas desilusões.

Assim, continuará a existir o nosso oásis. E nele encontraremos a paz de que necessitamos, para que as dores não nos tragam o desespero; nem as miragens nos façam perder o rumo.

Juntas, as estrelas fazem a beleza do céu; juntas, formam as gotas a imensidão do mar. A caminhada prossegue, e não descansará o Universo enquanto o último homem não a houver completado.

Caminhemos juntos. Mais fácil se tornará a jornada.


Em 13 de junho de 2007, iniciei este blog. Juntos, o trouxemos até aqui.
Obrigado. De todo o coração!

sexta-feira, 5 de junho de 2009

DE SONHOS E PROMESSAS

Ao homem, não é dado viver sem sonhos.

Pois é a esperança que nos sustenta a vida. E o que são os nossos sonhos, senão as esperanças que nos conduzem ao amanhã?

Acreditai, portanto, nos vossos sonhos. Como o fazeis aos vossos deuses, aos vossos profetas e aos vossos amores. Assim os deveis guardar, bem junto aos vossos corações.

Lembrai-vos, todavia, que se é a flor que vos encanta, são os espinhos que defendem a planta. E, embora a espuma atraia os vossos olhos, é na onda que se manifesta a força do mar.

Como as nuvens vos protegem da força do sol, os sonhos vos permitem descansar da realidade. E, como a água vos dessedenta, os sonhos revigoram o vosso verdadeiro Eu.

Entretanto, não podeis caminhar sobre as nuvens. E a água escorregaria entre vossos dedos, se nas mãos a tentásseis reter. Assim acontece aos vossos sonhos, que apenas existem enquanto os sonhais.

É de cinza que se veste a realidade. E nos sonhos encontrais as cores de que necessitais, para adornar o vosso mundo e alegrar a vossa jornada.

Guardai-vos, porém, de entregar-vos aos sonhos. Pois é na realidade que necessitais viver e ela vos será tão mais dolorosa, quanto mais vos apegardes aos vossos sonhos.

Sonhos são sonhos. E se desfazem, quando em realidade se tornam. É necessário que assim seja, para que outros sonhos possam nascer e colorir as vossas vidas.

Pois não é a saciedade que nos impulsiona, mas o desejo. Como não são as certezas que nos levam ao conhecimento, mas as dúvidas. É da semente que a árvore haverá de brotar.

Poderoso será, talvez, aquele que conquista o mundo. Livre, porém, é o homem que da conquista não necessita. E não é no poder que encontrareis a felicidade, mas na liberdade de buscá-la em vossos caminhos.

Guardai-vos, portanto, de viver apenas em sonhos. Como vos guardaríeis de falsas promessas, que vos pudessem iludir. É o frio da morte que a mariposa encontra, no calor da chama que se obstina em alcançar.

Vivei, intensamente, os vossos sonhos. Sabei, entretanto, que a realidade vos aguarda, ao fim de cada um deles. Como à noite sucede o dia, até que o crepúsculo anuncie a nova noite que chega.

Chorai todas as vossas lágrimas, a cada sonho perdido; é justo que assim seja, por todos os sorrisos que ele trouxe aos vossos dias. E é preciso que a amargura se dissolva, no pranto que eterno vos parece.

Para que outro sonho possa nascer.

Ilustração encontrada na internet. Pena que não lembro o site.

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