O Árabe

Idéias, sentimentos, emoções. Oásis que nos ajudam a atravessar os trechos desérticos da vida...

domingo, 29 de julho de 2007

DO TRABALHO


Fazei, do vosso trabalho, um motivo de alegria.

Porque se necessitais ganhar, com o suor do vosso rosto, o pão para o vosso corpo, a alegria de um trabalho bem feito pode alimentar o vosso espírito.

E, assim, sereis fortes em ambos.

Que as horas dedicadas ao trabalho não vos sejam mais pesadas, do que aquelas que dedicais ao lazer. Mesmo porque são mais numerosas, e não seria sábio aquele que transformasse a maior parte de sua vida num sofrimento constante, apenas para garantir algum tempo de alegria.

Tomai consciência de que não trabalhais apenas para prover à vossa subsistência, mas também para tornar o mundo melhor. Pois é o trabalho de cada um que torna o mundo melhor para todos.

Eis que o trabalho de cada homem é como a pequenina chama de um fósforo. E, se cada um de vós acender um fósforo, a luz daí resultante irá iluminar o mundo.

Que esteja leve o vosso coração, quando executardes o vosso trabalho. E a alegria que nele encontrardes possa derramar-se sobre quem de vós se aproximar.

Porque, se hoje alguém necessita de vós, ensina a lógica que dele um dia podereis necessitar; e é bem servindo que conquistais o direito de serdes bem servidos. Por melhor que fale o homem, sempre haverá de impor-se mais pelo exemplo do que pelas palavras.

Jamais considereis o vosso trabalho como algo que vos escravize. Antes, deveis vê-lo como algo que vos liberta para o aprendizado e vos torna dignos de sobreviver, entre os vossos irmãos.

Pois, se o trabalho é algo de que necessitais, nada vos impede de transformá-lo em algo que também vos torne felizes. Como o pássaro canta, ao procurar o alimento, assim devereis cantar ao executardes o vosso trabalho.

Nada pode existir de humilhante, em qualquer trabalho. Humilha-se aquele que, podendo produzir, deixa-se ficar na inutilidade; e, assim, fazendo, é como uma nota destoante, no concerto da humanidade.

Valorizai o vosso trabalho. De como o encarardes, resultará que dele vos venha apenas o alimento para o corpo.

Ou, também, para o vosso verdadeiro Eu.

segunda-feira, 16 de julho de 2007

DA RELIGIÃO


A religião vos é necessária.

Porque não sabeis encontrar o Pai em vosso verdadeiro Eu. Não escutais a Sua voz, que vos fala na chuva e no vento; nem sentis o aconchego dos Seus braços, no calor do Sol.

Porque necessitais de símbolos e conceitos, para que acrediteis entender o que escapa à vossa compreensão. Quando, na verdade, melhor vos seria sentir que entender.

Sim; melhor seria que cerrásseis os olhos, para sentirdes o Criador em vós, que abri-los, para estudar regras e conceitos que buscam trazê-Lo à vossa compreensão. Como se as vossas palavras pudessem limitar o Infinito !

E, se não conseguis encontrar o Criador na Sua obra, como podeis esperar encontrá-Lo nas casas que construístes para os vossos cultos? Acreditais, acaso, que Ele ali se detenha, para esperar-vos, em horários que determinais?

Entretanto, precisais que alguém vos assegure que o Pai vos ama, para que possais acreditar no que vos diz o verdadeiro Eu. Como se os milagres que vos cercam, a cada dia, não fossem provas suficientes do Seu amor.

E porque vos apavora a idéia da morte. Necessitais que alguém vos prometa a vida eterna, como se não vísseis que a Vida se renova, ao vosso redor, a cada dia. Como se a mais insignificante das vidas não se transformasse, de alguma maneira, em outra vida.

Adotais alguma religião, como se fosse o caminho que vos pudesse levar ao Pai. Como se cada um de vós não fosse o seu próprio caminho! E escolheis aqueles que vos guiarão na busca, como se o melhor guia não fosse o vosso verdadeiro Eu!

E, porque o fazeis, não acreditais inteiramente nos guias que vós mesmos escolhestes. Porque cada homem tem a sua verdade, e a vossa verdade não pode nascer das verdades alheias.

Muitas religiões existem, e cada uma tem os seus seguidores. Porque cada líder apresenta a sua visão de Deus, e é seguido por aqueles que Dele têm uma visão semelhante.

Perdoai-me, portanto, se vos digo que o homem cria um deus à sua semelhança. E por isto não consegue encontrar o Pai incriado.

Deixai, entretanto, que eu vos diga que todas as religiões são boas. E nenhuma existe que seja superior às outras.

Pois cada uma busca levar o homem a um deus. E são essas tentativas que têm mantido aberto o caminho para Deus; o caminho que perdestes, quando perdestes a vós próprios.

Eu vos digo: deveis seguir a vossa religião. E escolhê-la de acordo com os vossos pensamentos, para que a vossa fé não desmorone ao primeiro sopro do vento da adversidade.

Deveis, todavia, cuidar para que não procureis transformar o Senhor em vosso escravo; para que não O culpeis a cada dor, e não Lhe venhais a atribuir todo o mérito nas vossas alegrias.

Porque é exclusivamente de vós, que dependem as dores e alegrias. Certo é que colhereis, amanhã, o que hoje semeardes.

E deveis, sempre, lembrar-vos de que ninguém vos poderá guiar melhor do que o vosso verdadeiro Eu. Pois um filho não entende o Pai, senão através dos seus próprios pensamentos.

Procurai os vossos sacerdotes, para obter novos conhecimentos. E não lhes presteis obediência cega; refleti sobre o que vos ensinam, à luz do que já sabeis.

E não vos preocupeis com ricas oferendas, mas oferecei vossos sentimentos. Ou credes, acaso, que alguém precise do que ele mesmo distribuiu entre os seus filhos? Não é o amor do filho a oferenda mais grata, aos olhos do pai?

Nem vos esforceis para mostrar a vossa fé. Melhor do que vós, sabe o Pai o que se passa em vosso coração. Mas desobrigai-vos dos símbolos, que pretendem representar o Irrepresentável. Eles impedem a vossa verdadeira visão.

E, sempre que vos for possível, realizai os vossos cultos em meio à Natureza. Aonde buscareis alguém, senão em sua própria casa?

Acima de tudo, entendei que o Pai existe. E vos acompanha. E espera a cada um de vós.

Por isto, cada homem só O atingirá através de si mesmo.

quarta-feira, 11 de julho de 2007

DAS OFENSAS

Busco, às vezes, manter viva em minh’alma a revolta contra aqueles que me ofendem.

Porém a revolta se esvai, qual negra fuligem, ao sopro do vento da compreensão; e o seu lugar é ocupado pela piedade. Pois jamais poderei ofendê-los mais do que ofendem a si mesmos.

Pode alguém falar do que não conhece?

Assim, os defeitos que o homem aponta em seus irmãos não são os que sabe existirem em si próprio? E, ao apontar as falhas alheias, não estará exibindo a sujeira do seu próprio dedo?

Não devemos retribuir as ofensas.

Pois aquele que se integra ao pântano, por certo haverá de chafurdar na lama. E não será melhor do que aqueles que nela vivem, nem poderá pretender ajudá-los.

Como aquele que devolve o coice da besta perpetua a irracionalidade, e reconhece a sua existência em si mesmo.

Esquecer as ofensas recebidas não é apenas o exercício do perdão, mas a mais sensata das respostas.

Assim, o ofensor conhecerá a sua própria pequenez; como o caranguejo, ao defrontar a água pura, toma consciência da lama que o envolve.

Antes devemos oferecer a outra face, que retribuir a agressão recebida.

Pois cada golpe que desferimos ressoa em nosso verdadeiro Eu. E nos impede de escutar a divina harmonia da Vida.

E, àquele que se empenha em destruir os seus irmãos, qual o tempo que restará para construir algo que lhe seja útil?

Que sempre exista, em nós, a disposição de perdoar.

Para que a alheia peçonha não nos envenene o verdadeiro Eu; pois a lama que em nós apenas respinga, não pode sujar a nossa alma.

Infelizes daqueles que ofendem aos seus irmãos !

E, assim fazendo, projetam sobre outrem as trevas que existem em si mesmos...

sexta-feira, 6 de julho de 2007

A IDÉIA E A LINGUAGEM



A imaginação não tem fronteiras.

Com ela, podemos percorrer os caminhos do Infinito; ir ao mais elevado ponto do Universo, ou descer ao mais profundo abismo dos mares. E sentir a mais atraente das cores; ou criar a mais linda das melodias.

O pensamento não conhece limites. Porém, não o sabemos transmitir; dependemos das palavras, criadas para expressar as nossas idéias.

Entretanto, aquilo que em nós escapa ao corpo não pode estar contido nos limites das palavras. Porque não nos pertence, como não pertence ao tempo e ao espaço; nenhum dos conceitos que criamos pode definir o Indefinível.

Assim, é falha a nossa linguagem. Opacas são as cores que descreve, banais os sentimentos que apregoa, pobres as viagens que narra. E ela, que deveria ser uma ponte a unir-nos, torna-se um dos muros que nos separam.

A cada dia, a cada hora, estamos mais isolados entre os nossos irmãos; e é essa a solidão que devemos temer. Ainda que imperfeita, é através da linguagem que nos podemos comunicar.

Devemos, todavia, modificar a nossa forma de ouvir. Quando alguém nos falar, procuremos ir além de suas palavras e ouvir os seus sentimentos. Busquemos ouvir, em nossa alma, aquilo que a sua alma nos pretende contar.

E modifiquemos a nossa forma de falar. Quando falarmos a alguém, tentemos dar vida às nossas palavras; busquemos que de nós escape o sentimento que as inspira, para que possam ir além de seus ouvidos e alcançar o que nele existe de mais verdadeiro. Para que a nossa alma possa falar à sua alma.

Se assim fizermos, dia virá em que as palavras não mais serão necessárias. Em que a comunicação será completa entre nós, e diremos adeus à solidão; em que nos veremos como irmãos.

Se não o aprendermos, contudo, eis que jamais poderemos conhecer alguém completamente; que jamais poderemos desfrutar dos seus sentimentos, das suas idéias e das suas verdades.

Embora filha e mãe, são diferentes entre si a Linguagem e a Idéia.

Porque uma é conseqüência do nosso corpo,

enquanto a outra surge do nosso verdadeiro Eu.

domingo, 1 de julho de 2007

A CANÇÃO DO ARTISTA

Talvez que eu tenha abandonado a vida, para buscar os meus sonhos.

Entretanto, será mais venturoso o agricultor que semeia e cultiva o seu pomar, em busca de lucros, do que a criança que apenas sonha com os frutos dourados?

Sou feliz assim, como o cego que apenas imagina o encanto das cores, enquanto os que enxergam assistem ao seu desbotar.

Onde vedes a lama, vejo o sol refletido na poça.

Quando vos amedrontam as trevas, aguardo o retorno da luz.

Fitais o desespero, e vejo a esperança.

Sois, entretanto, melhores que eu; pois me deixais entrever a vossa grandeza e, nas desilusões, me mostrais a realidade da vida. Enquanto eu apenas vos dou os meus sonhos, para que neles, possais encontrar um rápido repouso, antes que as vozes do mundo vos façam despertar.

Que são as vossas carícias, senão a preliminar das vossas rusgas?

Que é o vosso amor, senão a véspera do vosso cansaço?

Que é a vossa entrega, senão o nascimento da vossa revolta?

Que é o tempo, senão algo que modifica os vossos sentimentos?

Sois escravos dos vossos conceitos, como o sou dos meus. E viveis em vosso mundo, enquanto o meu mundo existe apenas nos meus sonhos. Entretanto, nos completamos.

Pois não sei o que seria de mim, sem a vossa âncora a prender-me à realidade. Ou de vós, sem a minha loucura a reconduzir-vos aos vossos sonhos.
Necessitais de mim, como necessito de vós. Pois não pode a abelha voar, sem o alimento das flores; como não se podem estas reproduzir, sem o transporte do pólen.

É na renúncia da troca, que está a plenitude da vida. No dar-se, a esperança de receber. Assim, a noite se entrega ao dia; e o sol se rende ao brilho das estrelas. Da atração dos extremos, brota a serenidade do meio.

Eu vos admiro, por serdes capazes de cultivar a terra.

E, em troca, busco trazer-vos ao céu.

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