O Árabe

Idéias, sentimentos, emoções. Oásis que nos ajudam a atravessar os trechos desérticos da vida...

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

DE ACERTOS E ERROS

É no passado, que estão as vossas decisões.

E não podeis alterar as suas consequências. Como não podem as águas do rio voltar às terras que ontem percorreram; ou a chuva de ontem voltar a ser a mesma nuvem.

Lembrai-vos, entretanto, que o rio continua a percorrer o mesmo curso; e a chuva voltará a transformar-se em nuvem, ainda que outro possa ser o seu formato.

A roseira, cujos galhos vazios são hoje a própria imagem da tristeza, amanhã estará outra vez coberta de rosas. Novamente a sua beleza e o seu perfume farão o encanto de todo o jardim.

Embora o rio do tempo não retorne sobre o próprio leito, a cada dia as suas águas nos trarão novas escolhas. E com elas outros sentimentos e outras sensações, que do mesmo jeito nos levarão a chorar ou sorrir.

Não deveis lastimar as decisões já tomadas, por mais amargos que tenham sido os seus frutos; até porque é inútil chorar sobre as vicissitudes do passado. Sábio é aprimorar-se, para tornar melhor o futuro.

O homem que padece a sede no deserto, lembrar-se-á de encher o seu cantil antes da próxima viagem; e aquele que se queima será por certo mais cuidadoso, ao lidar novamente com o fogo.

Lembrai-vos, sempre: mais árdua se torna a viagem para aquele que insiste em não manter acesa a lamparina, que poderia dissipar a escuridão com que a noite oculta os perigos da estrada.

Cuidai, pois, de aprender com os vossos erros; quanto mais sábios vos tornardes, melhor aproveitareis as oportunidades que vos trouxer a vida. E evitareis as ciladas que vos reservar o destino.

Porque de oportunidades e ciladas é feita a jornada. E muitas vezes o que uma aparenta ser, na outra se pode transformar; é da vossa escolha, que dependerá aquilo em que se torne.

Enterrai, nas estradas do passado, os erros que nele tiverdes cometido. Pois, se persistirdes em lamentar as trevas de ontem, talvez não percebam os vossos olhos o sol que hoje nasce no horizonte.

E cuidai para que o brilho dos acertos passados não venha igualmente toldar a vossa visão. Pois aquele que ocupa o seu tempo em recordar os antigos sucessos, não constroi novas alegrias no presente.

Conservai na memória, entretanto, o que cada uma das vossas escolhas vos houver ensinado. Porque é com a luz da experiência, que o farol do conhecimento iluminará o vosso futuro.

Assim se faz o aprendizado. A seara da Vida, irrigada por cada lágrima e aquecida por cada sorriso que os erros e acertos fazem nascer, ao longo dos dias, no caminho que vos reconduz ao coração do Universo.

E ao vosso verdadeiro Eu.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

O CAMINHO E OS SONHOS

Cuidais, acaso, que possais manter os vossos sonhos?

Sabei, então, que esta é a mais vã das vossas crenças. Porque, como a fumaça que por entre os vossos dedos escapa, também os sonhos vos haverão de deixar. A uma e outros jamais conseguireis reter.

Não vos preocupeis, entretanto. Porque os sonhos são como as nuvens: o mesmo vento que a alguns carrega, haverá de trazer-vos outros, que adornarão o céu das vossas esperanças.

Como as nuvens, os sonhos jamais virão ter às vossas mãos. E é bom que assim seja, pois se a umas e outros conseguísseis atingir, veríeis que longe estão de ser como os pintava a vossa imaginação.

Resignai-vos, portanto. Conservai a capacidade de acreditar em vossos sonhos e substituir aqueles que tombem em vossa estrada; os sonhos vos fazem seguir em frente, e as desilusões formam a experiência que vos ajuda a caminhar.

Necessitais do desencanto, como da própria ilusão. Porque é preciso que a fome se instale em vós, para que o vosso corpo deseje o novo alimento e mais saboroso o faça parecer a vossa imaginação.

Em verdade, eu vos digo que na insatisfação encontrais o combustível para a jornada diária. Aquele que satisfeito se julgasse, decerto se assentaria à beira do caminho, desfrutando a paz de saber-se completo.

É preciso, pois, que vos visitem os sonhos. A felicidade é como o pote de ouro, que buscais no arco-íris da Vida, e esta esperança vos motiva a prosseguir, ainda que árdua se torne a caminhada.

Sede sábios, entretanto. Para que os vossos olhos não busquem apenas o brilho do ouro, mas saibam desfrutar das cores que oferece a viagem. Pois, ainda que o pote não exista, é nelas que está a verdadeira recompensa.

Nisto consiste a suprema lição do Universo. A Vida não é um caminho, mas o fim em si mesma; não leva a um destino, mas é a sua própria razão de ser. Na plenitude da existência, está a felicidade.

Abandonai, por instantes, os conceitos do mundo que vos cerca. E percebereis que os bens materiais apenas vos trazem alegrias. Foi em vossa alma que se fez ouvir a canção do Infinito, de cada vez que vos sentistes felizes.

Esta é a lição a ser aprendida. É para que a possais aprender, que ao fim de cada etapa da jornada necessitais do descanso, que vos permitirá avaliar o vosso percurso.

E vestir novos trajes, para que mais uma vez vos seja possível retornar ao mundo das dimensões e sentir as asperezas do caminho.

Pois o tempo e o espaço não existem, para o vosso verdadeiro Eu.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

ORAÇÃO DO GOVERNANTE

Sou apenas um homem.

Assim, não sou melhor que os meus irmãos. Pois os frutos que ocupam o alto da árvore em nada diferem daqueles que crescem nos galhos mais baixos.

Devo conservar a humildade, pois a presunção é a mãe do ridículo. E, quanto mais elevado eu me julgar, mais dolorosa será a queda do pedestal que me haja erigido.

Possa eu conservar os antigos amigos.

Porque me amam pelo que eu sou. Enquanto os bajuladores, que buscam apenas o que lhes posso oferecer, nada me podem dar além da traição que ocultam em suas almas.

Devo desconfiar daqueles que sempre comigo concordam.

Como homem que sou, não posso estar certo todo o tempo. E como poderei confiar em quem não confia em mim o suficiente, para apontar-me os meus erros?

Preciso conservar a capacidade de ouvir.

Assim como o mar não se contém numa única onda, não pode a Verdade falar por uma única boca. E não é sábio aquele que impõe o que pensa, mas sim o que aproveita as boas idéias.

Que de mim se afaste a arrogância.

E eu não deseje que todos tremam à minha passagem, mas que me apertem junto ao coração. Pois aquele que semeia o medo, há de colher o ódio reprimido.

Preciso aprender que não são leis os meus desejos.

E, para isto, basta olhar ao meu redor: antes do meu nascimento, já se alternavam os dias e as noites; como continuará a ser, depois da minha partida.

Assim, que sejam sempre sábias as minhas determinações. Pois aquele que ordena o impossível, apenas faz nascer a desobediência; e dela surgirá o confronto.

Sempre, devo estar aberto ao perdão.

Pois a vingança reproduz a si mesma. E não sentimos o amargor dos seus frutos, senão quando chegam à nossa boca.

Como jóia cintilante é o poder.

E devo cuidar para que o seu brilho não ofusque os meus olhos. Não posso ser um cego, a guiar os meus irmãos; antes, mais longe do que eles preciso enxergar. Porque, se maiores são os meus direitos, são maiores as minhas obrigações.

Dai-me, Senhor, a Vossa ajuda. Para que eu não me julgue igual a Vós. E seja, antes, um bom instrumento da Vossa vontade.

Para que, ao governar os meus irmãos, eu não perca o governo sobre a minha própria pessoa.

E possa conservar-me fiel ao meu verdadeiro Eu.


Este é um texto antigo, já publicado em um dos meus livros.
Como esta semana foi muito corrida, e ele enfoca o assunto anterior, tomei
a liberdade de postá-lo.
Boa semana para todos!
UPGRADE EM 19/08/2009: A Bárbara, do http://lesadosemgeral.blogspot.com/ me pede para listar 5 coisas que me irritam. Serei sucinto: 1) atendimento de telemarketing; 2) motorista que trafega pela esquerda bem devagarinho; 3) operadora da LBV insistente; 4) resistência de chuveiro que queima no meio do banho; 5) ser chamado quando estou lendo no troninho.
Desculpe a demora, amiga; obrigado pela lembrança e pela amizade.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

DE ESCOLHAS E GOVERNANTES

Escolheis os vossos governantes.

E, ao fazê-lo, determinais os vossos caminhos. Porque são eles que conduzirão a vossa comunidade e das suas decisões dependerá a vida de todos e de cada um de vós.

Mas, se um grupo é reflexo do chefe que o conduz, o inverso precisa ser igualmente verdadeiro; e não deveríeis escolher senão aqueles que como vós pensassem e os vossos direitos se comprometessem a defender.

Tende sempre presente este fato, no momento da decisão. Pois aquele que escolhe ao sabor de simpatias ou vantagens pessoais, decerto será vítima das próprias ilusões; e nenhum direito lhe assiste a reclamar.

Diz-se que o poder corrompe, hoje como ao longo dos séculos. Entretanto, governantes sempre existiram que souberam honrar os compromissos assumidos. E estes conduziram os seus povos a uma vida melhor.

E assim continuará a ser. Porque o poder não corrompe o homem; torna visível, sim, a corrupção que dentro dele existia. Como a lágrima não faz nascer a tristeza, apenas a revela.

Aprendei, portanto, a escolher os vossos governantes. E para isto não deveis atentar nos seus trajes, nas suas palavras e muito menos nas promessas que vos fazem. Porque as promessas são como o aroma de um banquete distante, que despertam o apetite e vos deixam a frustração.

Não é pela aparência que se conhece o homem, mas pelos seus atos; e não é pelas palavras que se conhecem as suas idéias, mas pela história de sua vida. Como não é pela capa que se avalia o livro, e sim pelo seu conteúdo.

Atentai para esta simples verdade. E tende presente que os vossos governantes são apenas os mandatários por vós mesmos nomeados; não têm senão o poder que a eles concedeis.

É de vós, que emana o poder. Entretanto, deveis cuidar para sabiamente o usardes. Pois as armas mais poderosas muitas vezes se voltam contra aqueles que não as sabem utilizar.

Sede sábios, portanto, na escolha dos vossos governantes. Aprendei a separar o joio do trigo, e a banir da vossa escolha aqueles que dela não se mostrem merecedores.

Varrei de entre vós os governantes que se mostram corruptos, pois apenas beneficiarão a si mesmos. E aqueles que cerceiam a liberdade, pois assim age quem busca esconder os próprios defeitos.

Buscai a cidadania e tende consciência de que é vosso o verdadeiro poder. Assim, aprendereis a eleger os vossos governantes.

E não precisareis lamentar as vossas escolhas.

Este texto se integra à postagem coletiva convocada pelo DO , em protesto contra a crise de decência e democracia em que se debate o Senado Nacional, provocada pelas atitudes do Senador José Sarney.

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