O Árabe

Idéias, sentimentos, emoções. Oásis que nos ajudam a atravessar os trechos desérticos da vida...

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

A BALADA DO SONHADOR

Um pouco de ilusão é essencial.

Como suportar o toque frio do chão em meus pés descalços, se não me for possível erguer castelos nas nuvens?

E como suportar o frio da solidão, sem a ilusão da companhia?

Como enganar o desespero, senão com uma nova esperança?

É impossível suportar o sofrimento, sem uma ilusão de felicidade.

Por isto, eu necessito sonhar.

Embalar-me em braços amantes, perder-me em loucos anseios e encontrar-me na ilusão de ter e dar felicidade; ainda que este seja apenas o sonho vão de um instante.

Pode o rio irrigar constantemente as terras, se novas águas não alimentarem a sua nascente?

Eis que não sou uma pedra; antes, um poço de sonhos e alguém que vive em função do amor. Que necessita fugir por instantes deste mundo, para nele permanecer.

Acaso não necessita o próprio oceano alternar as suas marés, e o tempo as suas estações?

Não pode o viajante navegar sempre entre as borrascas da vida, sem desfrutar da calmaria do sonho. Ou a planta crescer ao tórrido calor do sol, sem o refresco da chuva.

São os meus sonhos as coisas de que mais necessito. São eles as minhas razões de viver; como as vossas são as coisas que podeis ver e tocar.

Não posso permitir que o mundo e as desilusões me tirem a capacidade de sonhar.

Ou nada sobrará em mim, que a alguém possa ainda oferecer...

sábado, 18 de agosto de 2007

O QUE FAZEMOS DE NÓS


Muitas vezes nos perdemos, na busca do que julgamos desejar.

Criamos a moeda, para facilitar as nossas trocas.

Hoje desejamos a fortuna, como se com ela pudéssemos comprar a felicidade. Quando a alcançamos, entretanto, convivemos com o temor da sua perda. E esse temor nos conserva pobres.

Criamos as habitações, para o nosso conforto.

E, a cada vez que nos casamos, devemos construir um lar para abrigar o nosso amor. Tanto nos entregamos, entretanto, aos afazeres da casa, que pouco tempo nos sobra para esse amor.

Buscamos o poder, a ilusão de mando sobre os nossos irmãos. Entretanto, aqueles que o conseguem descobrem que se tornaram escravos de responsabilidades e obrigações.

Almejamos a fama; o orgulho de sermos reconhecidos.

Em troca, devemos oferecer a tranqüilidade de caminharmos despercebidos pelas ruas. Queremos tornar-nos lendas, esquecidos de que nascemos para sermos homens.

Amamos aos nossos filhos.

E, em nome desse amor, queremos moldar as suas vidas. No desejo de um futuro melhor para as nossas crianças, muitas vezes deformamos o seu presente. E um presente de sombras não pode gerar um radioso futuro.

Sofremos e nos iramos, ante as contrariedades da vida.

Assim fazendo, deixamos de perceber os motivos que temos para sermos felizes. E, se sobre os que nos cercam derramamos a nossa ira, é certo que de volta a receberemos.

Defendemos os nossos direitos.

E é certo que assim procedamos, pois a cada ser vivo cabe a própria defesa. Ao defendemos os nossos, entretanto, respeitamos os direitos alheios? Porque, se assim o fizéssemos, a injustiça seria banida do mundo.

Feridos, à vingança dedicamos as nossas forças.

E não percebemos que a vingança não é um ato em si, mas apenas o segundo elo de uma corrente, que findará por atar-nos ao desafeto e privar da liberdade o nosso verdadeiro Eu. O perdão, ao contrário, é a força que pode quebrar os nossos grilhões.

Buscamos o prazer.

Não para atingir à libertação do nosso espírito, mas como uma forma de iludir o nosso corpo; não entendemos que apenas a fusão de ambos nos dará a conhecer o verdadeiro prazer. Porque de ambos somos compostos, enquanto caminhamos sobre a Terra; e incompletos permaneceremos, enquanto nos tentarmos dividir.

Buscamos satisfazer ao nosso corpo.

E depois, turbados os corações, inquietas as consciências, procuramos as nossas igrejas; como se estivéssemos pagando um obrigatório tributo à pureza que existe em nós. Como se da mentira da hipocrisia pudesse nascer a verdade da paz.

Como se no corpo estivesse contido o nosso verdadeiro Eu...

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

A MINHA SINCERA GRATIDÃO

Diz um velho provérbio, que três coisas devemos agradecer sempre: o conselho que nos orienta, a esperança que nos sustenta e a amizade que nos acalenta.


Quero agradecer à Luz e à Whispers, por estes belos presentes que me enviaram, representando um carinho e uma amizade que muito me honram e sinceramente retribuo.

Quero, também, pedir licença para dividi-los com vocês, que frequentam o nosso pequeno oásis; porque a amizade e a alegria, divididas, se multiplicam.

Obrigado, amigas. De todo coração!

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

AS NOSSAS ILUSÕES

Forjamos o aço cortante das nossas próprias dores.

Porque vivemos para o nosso corpo, e não para o nosso verdadeiro Eu.

Assim, as vendas da ilusão encobrem todo o tempo os nossos olhos; e da escuridão em que nos envolvemos, brotam os nossos sofrimentos.

Acreditamos que os nossos desejos sejam as nossas necessidades. E, assim, as fazemos insaciáveis; pois o homem sempre deseja mais do que necessita.

Julgando buscar a felicidade, apenas procuramos a satisfação dos nossos desejos. Como se a felicidade pudesse ser uma sensação do corpo, não um estado da alma.

E, ao buscarmos a felicidade em nossos corpos, muitas vezes provocamos o sofrimento do nosso verdadeiro Eu. Para a satisfação do desejo imediato, desprezamos as perenes necessidades do nosso Ser.

É o nosso medo do sofrimento a causa do nosso sofrimento. Como é das nossas ambições que nascem as nossas frustrações.

Vendados os olhos, permanecemos escravos das nossas ilusões. Escravizamo-nos às nossas próprias criações, renunciando à liberdade do nosso verdadeiro Eu.

Deveríamos, antes, ter presente em todos os nossos atos a Verdade do que somos. Permitir que aflore o nosso verdadeiro Eu em tudo que fizermos: no sexo, no trabalho, em nossos relacionamentos.

Se assim o fizermos, não teremos que nos envergonhar de nós mesmos; e não necessitaremos buscar as nossas igrejas, pois a verdadeira Igreja estará em nós a todo momento.

Porque a alegria e o prazer não são incompatíveis com a essência do Pai; e como o poderiam ser, se integram a felicidade dos filhos? Existe alguém, dentre nós, a quem o riso alegre de um filho não traga a própria alegria?

Devemos viver, em toda a acepção da palavra. Buscar o amor, a alegria, o prazer. Quebrar os grilhões que nós mesmos forjamos, deixar que a consciência norteie as nossas vidas.

Assim, estaremos compondo a nossa canção de liberdade.

A canção do nosso verdadeiro Eu!

domingo, 5 de agosto de 2007

A SABEDORIA E A JUVENTUDE


Conta-se que em um lugar distante, há muito tempo, vivia um homem velho e sábio.

Habitava uma caverna, entre as montanhas. Aprendera que a solidão é necessária, para que o homem possa gozar da companhia de seu verdadeiro Eu.

Não se recusava, porém, a atender aos que o procuravam. E, porque a sabedoria dividida se multiplica, a todos distribuía os seus ensinamentos.

Assim, a sua fama se espalhou entre o povo; como a luz, que se faz notar à medida que dissipa as trevas.

Um dia, o jovem senhor daquelas terras ouviu contar do seu renome. Armou a sua escolta, montou em seu cavalo e partiu em busca do famoso mestre.

Encontrou-o sentado, à frente de sua caverna. E a ele se dirigiu:

- Mestre, venho buscar-te. Para que vivas em meu palácio e me orientes com os teus sábios conselhos.

Respondeu-lhe o velho:

- Deixai-me, senhor. Seria, acaso, justo que o pássaro cantasse apenas para os vossos ouvidos? Ou que os raios do sol aquecessem apenas o vosso corpo?

- Vem comigo e trocarás por macias almofadas o duro chão da tua caverna!

- Dizei-me, senhor: de que podem servir novos confortos, aos ossos calejados de um corpo velho?

- Terás riquezas...

- De que me serviriam, senhor? Encontro-me na fronteira de um país onde contam apenas os tesouros da alma.

- As mais finas iguarias...

- De pouco precisa o meu corpo, senhor; é a minha alma que reclama alimento. E só o pode encontrar nas almas de meus irmãos.

- Belas mulheres...

- A sua beleza apenas me encheria os olhos, senhor. E o que faria eu da minha alma vazia?

- Teu será o poder; todos se curvarão à tua passagem, e te chamarão de mestre.

- Isso me seria fatal, senhor, pois o orgulho poderia impedir-me de aprender o muito que ainda não sei.

- Nada existe, então, que te faça seguir-me?

Sorriu o velho:

- Existe algo, senhor, e vós o tendes. Se mo puderdes dar, todas as vossas ofertas terão para mim novo valor; e decerto vos seguirei.

Animou-se o nobre:

- Será teu, eu o prometo! Basta que me digas: o que é?

- A juventude, senhor!...


Recebi, da Olhos_deMel, um gentil convite para falar sobre as sete coisas que julgo primordiais na vida; as minhas sete maravilhas. Acredito que as nossas prioridades e necessidades variam com o tempo, como bem mostra esta pequena história.
Hoje eu ficaria com a paz interior, a compreensão, o carinho, a liberdade, o respeito mútuo e a verdadeira companhia. E, por paradoxal que pareça, um pouco de solidão, que é necessária para que melhor se perceba o valor das outras seis...

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