O Árabe

Idéias, sentimentos, emoções. Oásis que nos ajudam a atravessar os trechos desérticos da vida...

sexta-feira, 24 de abril de 2020

CASTELOS DE AREIA


Sim: momentos existem, em que nos sentimos velhos.

Como se, sobre os nossos ombros, pesassem todos os nossos erros na vida. Os instantes perdidos, os enganos, as coisas que poderíamos ter feito diferente; as nossas escolhas equivocadas.

Em outros, porém, nos sentimos crianças. Percebemos que em nós ainda vivem os sonhos da infância, agora temperados pela experiência de vida. E é bom sentir que podemos sonhar e brincar.

Não é assim que a todos nós acontece? Se não é, deveria ser. Porque, ao temperarmos os sonhos com a realidade, encontramos um novo caminho. E redescobrimos a criança que existe em nós.

Somos, todos, velhos e crianças; somos capazes de construir castelos de areia. E os construímos, durante os dias que temos, enquanto dura cada uma de nossas caminhadas sobre o mundo.

Vivemos a realidade, às vezes cruel, do dia-a-dia; mas, ao mesmo tempo, construímos os nossos castelos de areia. Sonhamos os nossos sonhos, acalentamos as nossas esperanças.

Crianças e adultos, fazemos os nossos castelos de areia. E a diferença é que, com o tempo, aprendemos a construí-los em lugares mais seguros, onde a maré demore mais a derrubá-los.

Claro: todos serão, um dia ou outro, alcançados. Porque as águas do tempo não se detêm; e, certamente, levarão todos os castelos que pudermos construir, durante as nossas jornadas.

Porém, nossa praia é a Eternidade. E o tempo, que às vezes parece trabalhar contra nós, está, na verdade, a nosso favor. Pois, ao carregar os nossos castelos, nos leva a construir outros.

Não devemos, portanto, recear que os nossos castelos sejam derrubados. Nada temos a temer; a menos que, algum dia, desistamos de erigir um novo castelo. Esta, sim, seria a nossa derrota.

Porque, enquanto existir a areia, sempre nos será possível levantar novos castelos. E a areia é infinita em nós; em nosso verdadeiro Eu, que é capaz de moldá-la, com a ajuda do Tempo.

Este, talvez, seja o segredo do aprendizado: depois da tristeza de cada novo castelo derrubado, viver a alegria e a expectativa de construir um novo. E fazê-lo melhor que o anterior. 

Este, talvez, seja o segredo da Vida: saber que todos os nossos castelos cairão; mas seremos capazes de construir novos castelos, enquanto a imaginação, a fé e o amor estiverem em nós.

Sentimo-nos velhos, cada vez que desaba um dos nossos castelos. E pranteamos a sua queda, enquanto a decepção nos magoa. Mas, em cada um de nós, existe uma criança esperançosa.

Que sempre nos leva a erguer um novo castelo!

Música:
http://ohassan.dominiotemporario.com/midis/emiliepandolfi_ebbtide.mid


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sexta-feira, 17 de abril de 2020

A PRÓXIMA JORNADA


Talvez, todos tenhamos nascido com um vírus.

O vírus do egoísmo, que não conseguimos combater em nós. Pouco importa o que aconteça com os outros, desde que estejamos bem. É mais fácil acusar os outros, do que admitir as nossas falhas.

É mais fácil acusar alguém, por seus defeitos, do que reconhecer os nossos próprios defeitos. E buscar culpados colaterais, do que aceitar que, talvez, nós mesmos sejamos os verdadeiros culpados.

A triste verdade é que fazemos questão de estar certos; quando mais nos deveríamos preocupar em ser felizes. De que vale estarmos certos, quando a intolerância causa a nossa infelicidade?

Não sei. E quem o poderia saber? Há pessoas, para quem a aparência vale mais do que a realidade. E outras que preferem iludir-se sempre, acreditando que tudo deve ser do jeito que querem. 

Mas não é por ai. Não importa o que se pensa, nem o que se quer; importa o que se tem... e o que se pode fazer. Vençamos o egoísmo; e, talvez, um dia - quem sabe? - tenhamos um mundo melhor.

O vírus que, hoje, devasta o planeta, talvez tenha sido plantado por nós mesmos. Talvez o isolamento a que agora ele nos força, tenha sido cultivado por cada um de nós, ao longo dos anos.


Não sou melhor, nem pior, do que meus irmãos; e há muito tempo ando sobre a terra, cumprindo a missão que trouxe. Sei que se aproxima o fim da jornada; e pouco me importa a forma como será.

Estou em paz; tenho a certeza de haver caminhado o meu caminho, da forma que pude fazer. E, quando chegar a hora de partir, em meu coração pedirei desculpas a cada parceiro da caminhada.

Direi: desculpe, se não fui aquele que você pensou que eu seria. A verdade é que ninguém pode ser mais do que nasceu para ser. A águia sempre voará pelos céus, e a formiga sempre andará pelo chão.

Talvez eu tenha sido como a formiga, embora tentasse ser como a águia. Talvez não tenha acertado as palavras; mas é certo que busquei falar a todos do que aprendi, durante estes muitos anos no mundo.

Em breve, haverá de calar-se a minha voz. Mas sei que outras surgirão, dizendo as mesmas verdades; assim tem sido, desde o início dos tempos. E um dia virá, em que estas vozes serão ouvidas.   

Talvez, o meu tempo já esteja passando. Mas, enquanto me restarem palavras, eu as trarei a vós. Pois outra coisa não tenho sido, todo este tempo, senão uma voz que vos tenta alertar sobre o futuro.

Quando for chegada a hora de calar-me, assim será. E, ainda que leve saudades do que vivi neste mundo, levarei, também, gratidão por tudo que me foi dado conhecer. E por todos que comigo estiveram.

Obrigado. Quem sabe se estaremos juntos, na próxima jornada?


Música:
http://ohassan.dominiotemporario.com/midi vocais/canto_gregoriano_imagine.mid

Link da música.

Link do vídeo

Encontrei este (a) personagem no saguão do hotel, em Veneza; questão de minutos, só o tempo da foto. Não trocamos qualquer palavra; não sei se era homem ou mulher, jovem ou velho, negro ou branco, gordo ou magro; nunca soube quem estava sob o traje.  Mas sei que a foto registra um encontro raro, entre pessoas e sonhos, realidade e fantasia, tempo e espaço. Por que não podemos ser todos assim, sempre, se caminhamos juntos?  

sexta-feira, 10 de abril de 2020

OREMOS!



Alguns dizem que é hora de dobrar os nossos joelhos.

Eu, entretanto, vos digo que não o necessitamos fazer. É hora, sim, de elevar o nosso verdadeiro Eu ao Coração do Universo; levando não súplicas desesperadas, mas a força da nossa Fé.

Dobrar os joelhos é um sinal de submissão, que os poderosos deste mundo criaram para mostrar poder. E o Coração do Universo não precisa mostrar a Sua força, que está em nós e ao nosso redor.

Acaso alguém precisa ajoelhar-se, para falar a seu pai? E por que o necessitaríamos fazer, para falar ao Pai de nós todos, Aquele que nos colocou neste mundo e nos acompanha a todo o momento?

Qualquer que seja a vossa religião, quaisquer que sejam os vossos credos, é hora de unirmos os nossos corações, em uma prece única. Qualquer que seja o vosso Deus,  ouvirá a vossa oração.

Ou não seria Deus, mas apenas uma crença ilusória. Porque o Coração do Universo é um só; e, ainda que o filho não seja capaz de chamar o nome de seu Pai, Ele o ouvirá, abraçará e protegerá.

Agora, não nos é dado estar com os nossos sacerdotes; mas lembremos que sempre é possível orar, dentro de nossos corações. E estes são os mais verdadeiros templos que podemos encontrar.

Oremos, pois, em nós mesmos. E, se o homem necessita de símbolos, para direcionar a sua fé, cada um pode escolher o próprio símbolo; acender a sua vela, o seu incenso. Ou ajoelhar-se, se preferir.

Oremos. Com fé e confiança! Cada um em seu próprio idioma, cada um ao seu próprio Deus. Porque, eu vos repito, o Coração do Universo é um só; e Ele escutará as vozes dos nossos corações.

Oremos. Com união e humildade; vencendo as barreiras da distância entre nós e reconhecendo os nossos erros. A verdade é que nos afastamos; e maltratamos o mundo onde vivemos.

Oremos. E, em nosso coração, forjemos a resolução de nos tornarmos melhores, no amanhã que virá; de nos abraçarmos como irmãos e respeitarmos a Vida, que é tão frágil neste mundo. 

Oremos. Não apenas por nós, que aqui ainda estamos; mas por todos que nos deixaram e  todos que nos deixarão. Que sejam recebidos por seus entes queridos; e passeiem em paz, nos jardins da Eternidade.

E que a nossa não seja uma oração de medo, mas de confiança. Porque as nuvens passarão, ao sopro do tempo, e o sol voltará a nascer e brilhar forte sobre o mundo; assim determina o Coração do Universo.

Que nos abençoa, em todos os dias.

Música:
http://ohassan.dominiotemporario.com/midi vocais/canto_gregoriano_pie_jesu.mid

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BOA PÁSCOA, AMIGOS! QUE O CORAÇÃO DO UNIVERSO ESTEJA CONOSCO! 

sexta-feira, 3 de abril de 2020

A VIAGEM E AS TEMPESTADES


A tormenta passará.

Um dia, o sol voltará a aparecer no horizonte, espalhando calor e esperança sobre o mar e a terra. O ar estará mais limpo e o céu estará mais azul; é sempre assim, depois que passa cada tempestade.

Aqueles que continuarem a bordo, sentirão o alívio de não mais enfrentar as perigosas ondas e os terríveis ventos da borrasca; agradecerão ao Coração do Universo, pelas águas calmas e pela brisa amiga.

Sentir-se-ão felizes, por estarem vivos; cairão de joelhos e farão ouvir os seus cânticos de gratidão Àquele que serenou as ondas e fez cessar os ventos. Em seus corações, honrarão a dádiva suprema da vida.

Porque, às vezes, o pouco se torna muito. Para aquele que padece a sede, nada existe de mais valioso que a água fresca da fonte humilde; para o que vive na solidão, o bem mais desejado é a companhia.

E mesmo o homem que inveja o suntuoso palácio, apenas entrevisto ao longe, sente-se feliz quando se abriga em sua pequena morada, enquanto lá fora a chuva forte e fria castiga os que não se protegem.

Assim acontece à humanidade. Sempre desejamos mais do que temos; e, em nossa busca para ter o que queremos, muitas vezes esquecemos o que temos e não valorizamos o que realmente precisamos.

O egoísmo está presente em todos nós. E, por isto, após passada a tormenta, a intensa alegria de continuar vivo será o primeiro sentimento de quem ainda estiver a bordo e puder prosseguir a viagem.

Depois, virá a lembrança dos companheiros que se foram. Para os que eram mais próximos, a saudade e as recordações do que viveram juntos. A angústia de procurar alguém querido e não o encontrar.

Assim vai ser, quando a tormenta passar. Ao lado da alegria de permanecer a bordo, a tristeza de saber que nem todos o conseguiram. E muitos seres amados se foram sem ter havido, sequer, uma despedida.  

Pois ninguém sabe a hora em que desembarcará; ou quando virá a onda que o levará do convés. Por isto, deve-se sempre tratar bem os companheiros da viagem; especialmente os mais caros ao coração.

Não se deve economizar em perdão e gentileza; em compreensão e solidariedade, que tornam mais fácil e agradável a viagem e unem mais os navegantes, para que enfrentem melhor as tempestades.

E deve-se aprender ao menos um pouco, com cada borrasca; para que não seja em vão o sofrimento passado. Porque o barco é o mesmo; e é preciso aprender a navegar juntos, ajudando uns aos outros. 

Um dia, com certeza, a tormenta passará.


Música:
http://ohassan.dominiotemporario.com/midis/francislai-snowfrolic.mid

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