O Árabe

Idéias, sentimentos, emoções. Oásis que nos ajudam a atravessar os trechos desérticos da vida...

sexta-feira, 30 de junho de 2017

AS VOSSAS CORRENTES


Cuidai-vos. 
Ou forjareis os vossos grilhões e as vossas correntes. Se não atentardes ao que sois, a cada dia mais aumentareis as cadeias que vos prendem os pés; mais vos afastareis das asas com que nascestes.
Porque, à medida que cresceis, o mundo vos pressiona a renunciar ao vosso verdadeiro Eu. A abandonar os vossos sonhos e as vossas crenças, a renunciar aos vossos ideais.
Seria este, porém, o vosso verdadeiro crescimento? Como alguém pode crescer, afastando-se do que realmente é? A semente da tâmara não está presente, em cada novo fruto da tamareira?
Sois o que sois; e de nada vos adianta jurar mudanças que não processais em vosso íntimo. Reprimir o verdadeiro Eu é construir a represa que um dia as águas da verdade levarão.
Porque cada um de vós é como uma ave, que necessita voar no azul do céu. E jamais voareis, se vos subordinardes à segurança quente do ninho e ao alimento dado em vosso bico.
Sim; é muito mais fácil aceitar o que vos é dito, e seguir em meio à caravana. Mas a história não guarda os nomes dos que carregavam os grilhões; e sim daqueles que os romperam.
Em cada novo dia, podeis escolher os caminhos que trilhareis. E, se não seguis os vossos próprios caminhos, mas aqueles que vos apontam, não podeis reclamar senão de vós mesmos.
Porque não deveis jurar amor apenas para receber carinho; e nem deveis trabalhar apenas pelo dinheiro que recebeis. Sede fiéis ao que sentis e a vossa recompensa será a liberdade.
Buscai construir, em cada dia, aquilo em que acreditais. Mais feliz é o lavrador que acorda na madrugada e trabalha sonhando ver o trigal dourado, do que aquele que compra e vende o trigo.
O homem não deve prostituir os seus sonhos. Aquele que os troca pela comodidade de cada dia, sacrifica o seu verdadeiro Eu; a cada dia, será mais difícil encontrá-lo novamente. 
Não deixeis de ser o que sois. O homem que usa máscaras, para ser aceito pelo mundo, um dia as necessitará despir. Acaso acreditais que alguém possa mentir para si mesmo, todo o tempo?
Porque é disto que se trata. Um homem pode enganar todos os outros, mas não a si próprio; e, por mais que o mundo o aplauda, em seu íntimo ele sentirá vergonha e ocultará a face.
E de que adianta vestir sedas e brocados, se é preciso despir-se para dormir? De nada servem os aplausos do mundo, para aquele cujo verdadeiro Eu se esconde nas sombras e chora.

Envergonhado de si mesmo. 
Música:
http://ohassan.dominiotemporario.com/marco/1_eduardo_lages_smile.mid

sexta-feira, 23 de junho de 2017

SOMOS PEQUENINOS


Acaso não vedes como somos pequeninos?
Como folhas ao vento, flutuamos ao sabor do destino. De nada adiantam os nossos planos, nem as nossas vontades; que caem por terra, como um castelo de cartas, ao sopro imprevisível da Vida.
De que serve o nosso orgulho? Para que construímos cidades imensas, se um simples tremor de terra, ou uma onda gigantesca, são capazes de transformá-las em escombros, em poucos segundos?
De que valem preocupações de hoje e projetos para o amanhã, de que adianta a luta pelo sucesso, se a qualquer momento podemos ser convocados à Grande Viagem e tudo deixaremos para trás?
Perante a vastidão do Universo, somos como formigas que caminham sobre as escarpadas vertentes de enorme montanha, sem saber quando uma lufada de vento as arrojará ao profundo abismo.
Não é possível que alguém não se sinta pequenino, ao contemplar os milhões de estrelas que brilham no céu noturno; ou os relâmpagos que cruzam o espaço, enquanto ruge a tempestade sobre o mundo.
Porque somos apenas seres humanos; nada deixaremos sobre a Terra, senão as lembranças do que fomos, enquanto aqui caminhamos, e as consequências de nossas palavras e ações.
E, entretanto, é este pequenino detalhe que faz a diferença: continuamos vivos, no que espalhamos ao nosso redor. E, se não sabemos o momento em que iremos, podemos controlar o que plantamos.
Devemos ter presente esta verdade. Porque o que faz a caminhada valer a pena não são os prazeres que experimentamos; mas o que aprendemos e ensinamos, ao longo do caminho que percorremos.
Por isto, não é sábio o viajante que se fixa apenas no destino final e deixa de desfrutar dos encantos da jornada; nem aquele que se concentra no interesse do momento e esquece que o final chegará.
Sensato não é o homem que vive como se cada momento fosse o último, mas como se o pudesse ser. Porque este não visa apenas o amanhã, mas tampouco valoriza unicamente o momento presente.
Sensato não é o homem que vive para aprender, mas aquele que aprende à medida que vive; nem o que se julga repleto de sabedoria, mas o que está sempre pronto a adquirir um novo conhecimento.
Nada somos; e, todavia, o Infinito existe em nós. Não sabemos até quando andaremos sobre a Terra; porém, o nosso verdadeiro Eu caminhará pela Eternidade e percorrerá o Jardim do Amanhã.
Porque habita no Coração do Universo.


Música:

sexta-feira, 16 de junho de 2017

O CUSTO E O BENEFÍCIO


Fazeis as vossas escolhas.
E, se assim é, deveis pagar o preço por cada uma delas; porque vos caberá usufruir dos benefícios que cada uma vos trouxer. Àquele que comerá o pão, cabe plantar e colher o trigo.
Antes de cada decisão, pesai bem o custo e o benefício. Para que no futuro não vos visite o arrependimento, quando o custo vos parecer demasiado alto para o benefício de que desfrutastes.
Em verdade, é nisto que se resume a ciência da Vida. Porque nenhum benefício existe, que não corresponda a um custo; e nenhum homem poderá recusar-se a fazer a colheita do que plantou.
O homem que em seu coração acolhe o amor, colherá as suas alegrias; não se furtará, todavia, às suas dores e incertezas. E ao que escolhe a solidão, caberá viver a sua paz e a sua tristeza.
Atentai, portanto, para o custo e o benefício. Pois sois os artífices dos vossos sorrisos e das vossas lágrimas; de nada valerão o choro e o ranger de dentes, quando a Vida vos trouxer a conta.
Acostumai-vos a esta realidade. Porque hoje caminhais no mundo da matéria, onde tudo tem um preço e até o que chamais de amor cobra retribuições a cada passo, para continuar existindo.
Custo e benefício: esta é base sobre a qual se assenta o vosso mundo. E, porque o homem é imediatista por excelência, buscais o benefício momentâneo, sem atentar para o custo que um dia virá.
Esta, eu vos tenho dito, é quase sempre a origem dos vossos sofrimentos. E, entretanto, mais facilmente o homem reclama do Universo, do que admite ser o responsável pelo hoje que construiu.
Não ligais aos vossos amores, e lamentais, quando se vão; não vos dedicais ao vosso trabalho, e desesperai-vos quando o perdeis; não cultivais a gentileza, e enfurecei-vos quando não a recebeis.
Praticais a imprevidência e lastimais o desamparo; exercitais o egoísmo e não aceitais o isolamento; empenhai-vos na vingança e não vos conformais quando alguém não vos concede o perdão.
Eu vos pergunto: e como poderia ser diferente? Não existe benefício sem custo, e não há custo que não traga em troca um benefício. Deveis estar prontos para pagar o custo, se almejais o benefício.
Assim como estudais o custo de um bem que pretendeis adquirir, deveríeis analisar o custo que pode advir de vossas ações, antes de praticá-las; isto vos pouparia de muitos prejuízos no futuro.
Não o fazeis, porém; em vossa ingenuidade egocêntrica, acreditais que podereis furtar-vos ao custo, após desfrutar do benefício. Esqueceis que esta não é uma lei dos homens, mas do Universo.   
E não a podeis descumprir. 


Música:
http://ohassan.dominiotemporario.com/marco/1_richard_claydermen_el_mundo.mid

sexta-feira, 9 de junho de 2017

10 ANOS


Há 10 anos, resolvi tomar este caminho.

Hoje, agradeço aos amigos que venho encontrando neste tempo; juntos, percorremos a trilha do aprendizado. Porque ninguém ensina a si mesmo, senão quando finge ensinar aos que o cercam.

Amigos chegaram, amigos partiram. E é muito bom acreditar que, mesmo naqueles que seguiram por outros caminhos, uma semente foi plantada e um pouco da mensagem permanece.

Temos caminhado juntos, por todo este tempo. E muitas foram as vezes em que na vossa amizade encontrei forças para superar a minha própria fraqueza; para levantar e seguir em frente.

Sim; pois ninguém pode ser feliz ou otimista todo o tempo. E momentos existiram em que silenciei a minha dor, para falar-vos de esperança. Porque repartir a dor é lançá-la sobre os que nos cercam. 

Não me deveis censurar, se não vos falei das minhas angústias. Deixai, antes, que eu vos agradeça por vossa bondade e atenção; pois, ao falar-vos, falo em verdade à minha própria alma.

E, nas palavras que vos trago, muitas respostas encontro às minhas próprias perguntas. Porque, embora não sejamos iguais, nenhum homem existe que seja diferente de seus irmãos.

Esta é a verdade, embora paradoxal. Por mais diferentes que possamos parecer entre nós, temos todos as mesmas dúvidas, as mesmas inquietações, as mesmas emoções e esperanças.

Nas vossas vozes, ouço a minha própria voz. E vos agradeço por compartilharmos o nosso aprendizado; por me ensinardes o que aprendestes e atentardes àquilo que por minha vez aprendi.

Porque, eu vos tenho dito, ninguém é dono da verdade. E aquele que não ouve as opiniões alheias, não deve externar as suas opiniões; ao homem que não ouve, não cabe o direito de falar.

Muito tenho aprendido convosco. E agora, que se completam 10 anos em que pela primeira vez me assentei a este oásis, é justo que eu vos agradeça; ele não existiria, sem a vossa presença.

Agradeço por vossa gentileza, em ouvir-me; e por vossa generosidade, em comigo repartir o que sabeis. Muitas vezes, as vossas palavras me fizeram refletir; repensar ideias e conceitos.

Agradeço, porque me permitis expor ante vós o meu coração e a minha alma; e, mais ainda, agradeço porque confiais em mim o suficiente para deixar-me perceber um vislumbre de vossa alma.

10 anos se vão, e é sempre com prazer que me dirijo ao nosso oásis; que me assento entre vós e imagino uma fogueira que nos aquece, na noite do deserto. Porque somos irmãos e caminhamos juntos. 

Em busca do Conhecimento.

Música:

sexta-feira, 2 de junho de 2017

AS ESCOLHAS E O FUTURO


Ah! Se vos fosse dado adivinhar o amanhã!
Por certo, não teríeis tomado muitas das decisões que ontem tomastes. Pois os caminhos que percorrestes vos custaram as lágrimas que derramastes e os tropeços que vos magoaram os pés.
Lembrai-vos, entretanto, dos sorrisos que também encontrastes pelo caminho; da brisa que vos acariciou o rosto, das flores que perfumaram os vossos dias e dos córregos onde vos banhastes.
Não lamenteis o leite derramado. Porque o homem que vive a deplorar o passado, não consegue sequer desfrutar do presente; e muito menos será capaz de construir um futuro melhor.
Lembrai-vos da relação entre custo e benefício. E percebereis que, para cada espinho da coroa que colocastes à vossa própria fronte, houve uma gota de mel que adoçou os vossos lábios.
Assim seria, para qualquer caminho que houvésseis escolhido. Outros seriam, decerto, os males e outras as vantagens; mas é fora de quaisquer dúvidas que a ambos encontraríeis na jornada.
Outros, talvez, teriam sido os vossos amores e desamores; outras as vossas esperanças e outras as vossas desilusões. Outros teriam sido os vossos sucessos e outros os vossos fracassos.
Não julgueis, porém, que as coisas seriam mais fáceis, se outras houvessem sido as vossas escolhas. O choro e o ranger de dentes, o sorriso e a alegria, fazem parte de todas as estradas.
É assim que é. A felicidade não habita em vosso mundo, mas no Jardim do Amanhã; e não vos é dado permanecer a seu lado, mas desfrutar dos breves momentos em que ela vos visita.   
Afastai de vossos olhos a venda da inveja, que torna dourado o jardim do vizinho. E vereis que as suas flores, como as do vosso jardim, reclamam os mesmos cuidados e o mesmo trabalho.
Ninguém existe, que ande todo o tempo por um vale plano, ensombrado e coberto de grama. Todos os caminhos têm as suas montanhas e os seus abismos; em todos, sol e chuva se alternam.   
Assim acontece, porque outro meio não tendes de aprender aquilo que necessitais saber. Eu vos tenho dito que ninguém sente senão a sua dor; e não aprende senão com a sua experiência.
Nenhum homem constrói senão a si próprio; e o que hoje sois é fruto das experiências que acumulastes durante a caminhada. Não seríeis o que sois, se houvésseis escolhido outro caminho.
Não lamenteis, pois, as vossas escolhas; aceitai que as fizestes. Agradecei pelos benefícios que trouxeram e aprendei com os males que causaram; é assim que aprendeis a escolher melhor.
Pois não vos é dado adivinhar o amanhã. 


Música:
http://ohassan.dominiotemporario.com/marco/1_raul_di_blasio_travessia.mid

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