O Árabe

Idéias, sentimentos, emoções. Oásis que nos ajudam a atravessar os trechos desérticos da vida...

sexta-feira, 30 de abril de 2010

O CARINHO E O SEXO


Não vos é possível negar os vossos desejos.

No frio da noite, o vosso corpo reclama outro corpo; a vossa carne anseia por outra carne, e a vossa pele necessita do contato macio de outra pele. É quando mais vos faz sofrer o toque cruel da solidão.

Que não sejam estas, entretanto, as vossas únicas necessidades. Porque o sexo, sem amor, é como a noite sem as estrelas; como o rio sem a canção das águas, e a flor sem o aroma que encanta.

Sem amor, o sexo não vos pode oferecer o prazer da plenitude. E, ainda que atenda aos vossos corpos, é incapaz de satisfazer às vossas almas, que reclamam a sensação de companhia.

É da ternura que une as almas, que deverá brotar o desejo a unir os corpos. Das mãos entrelaçadas, dos olhos nos olhos, nascerá a luz da comunhão, a santificar a carne que penetra na carne; a construir a invisível ponte entre corpos e almas.

É preciso que os lábios não apenas suguem os bicos enrijecidos dos seios excitados, mas pousem levemente no rosto e nos lábios da amante satisfeita, nos eternos minutos que devem seguir-se ao prazer.

E as mesmas mãos que exploram sequiosas o corpo desnudo, na ânsia urgente da posse, devem tornar-se suaves como as asas de um anjo, ao acariciar os cabelos desalinhados pelos frenéticos movimentos da entrega recente.

Porque, se o amor se faz mais urgente na paixão, sobrevive e mais profundo se mostra na infinitude da saciedade, quando corpo e alma satisfeitos repousam no Coração do Universo.

E, se a beleza do corpo desperta o vosso desejo, necessário se faz que também vos atraia a alma que o habita, para que não finde a comunhão no último estertor do orgasmo.

Pois um dia se extinguirá a beleza que encanta os olhos; e o sexo não mais será o caminho onde se encontrarão os amantes. Persistirá, entretanto, a união entre as almas que se completam.

Desfrutai das vossas horas de desejo e prazer; é ao mergulhar profundamente no oceano do sexo, que vos podereis abandonar ao doce calor das suas águas e experimentar as mais fortes sensações.

Cuidai, entretanto, para que sempre em vós esteja o amor; e o carinho exista em cada gesto. Porque só assim será completo o vosso prazer, e pura se tornará a vossa paixão.

De alma e corpo, sois formados; e se uma e outro não podeis separar, a ambos necessitareis satisfazer, para transcender os limites que vos impõe o mundo onde caminhais.

E ouvir a voz do Universo, que ecoa em vós.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

SONHOS E CICATRIZES

A cada um, pertencem as suas cicatrizes.

E é justo que assim seja. Porque cada homem sentiu as suas próprias dores e as suas próprias alegrias; e viajou a bordo das suas esperanças, e sentiu-se morrer um pouco, à morte de cada um dos seus sonhos.

Pois é certo que os sonhos não vivem para sempre. Sobrevivem, entretanto, nas lembranças. Assim, cada cicatriz é o túmulo de um sonho; porém, ali também se abriga a alegria que ele um dia vos trouxe.

Desfrutai, pois, das vossas cicatrizes. E da felicidade que habitou o vosso ser, enquanto em vós residiam as esperanças; que em chagas se transformaram, até que o tempo em cicatrizes as tornasse.

E aproveitai os ensinamentos que vos trouxeram. Porque, se culpa não cabe ao homem por tropeçar no obstáculo que ignora, o sábio é aquele que aprende a observar o caminho, para que não se repita a queda.

Pois é certo que causais a maioria das vossas dores. Não raro, na raiz de todo sofrimento está a decisão errada; o sentimento tresloucado, o egoísmo feroz, ou o orgulho desmedido. Estes são os pais da imprevidência.

Muitas vezes, procedeis como o agricultor incauto que, vendo abarrotado o celeiro, não percebe a umidade traiçoeira, que aos poucos apodrece os grãos e torna inútil todo o seu labor.

Ou como o avarento, que busca aumentar sempre os seus tesouros. E, na busca insana pelas moedas de que não necessita, sujeita-se aos sofrimentos da privação, para não gastar um pouco do muito que possui.

Deixai que eu vos diga, entretanto, que o lavrador em breve deplorará a miséria, por não ter sabido cuidar do que lhe pertencia. E o avarento jamais deixará a pobreza, pois é dentro dele que ela se encontra.

Não oculteis as vossas cicatrizes. Consultai-as, sempre, como o que verdadeiramente são: páginas do livro onde a Vida tem escrito a vossa história. E lembrai-vos de que outras páginas virão, até que o livro chegue ao seu final.

Delas, todavia, não vos deveis orgulhar. Porque ninguém se pode orgulhar dos seus erros, mas das lições que tenha aprendido. Como a criança que aprende a andar não se orgulha das quedas, mas de aprender a levantar-se.

Guardai as vossas cicatrizes. Lembrai-vos das lágrimas choradas na calada da noite, da dor a consumir o vosso peito; do desamparo infinito, ao ver ruir o sonho que vos animava a viver.

Lembrai-vos também, entretanto, do calor que vos percorre a alma; da esperança que vos acalenta o coração e se reflete em vosso sorriso e no brilho do vosso olhar, quando vos anima um novo sonho.

Sede gratos às vossas cicatrizes. Elas vos ensinam a viver.

A linda foto é do site 1000 Imagens.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

O DIREITO E A FORÇA

Buscais o direito da força.

E, entretanto, melhor vos seria procurar a força do direito. Porque a tempestade que ruge é de pronto esquecida, tão logo as nuvens brancas voltam a correr tranquilas no céu.

Se é verdade que o bramir insano dos canhões se faz ouvir enquanto dura a batalha, é também verdade que as canções de amor ocupam os vossos corações, desde que o homem caminha sobre a terra.

Inúmeras fortalezas erigiram os tiranos, para apoiar os seus sonhos de poder. E todas elas foram derrubadas pelos próprios homens, assim que a liberdade voltou a reinar.

Por terra, ruíram todos os monumentos que um homem ergueu a si mesmo. E o Taj Mahal ainda hoje perpetua, na beleza das suas linhas, uma história de amor.

Da paz, fazei o vosso caminho. Pois aquele que não a busca em si mesmo, jamais a encontrará em qualquer filosofia ou credo.

Aprendei a ceder, quando necessário. Pois o homem que vai mais longe não é o que segue sempre em frente, mas o que aprende a contornar os obstáculos do caminho.

Aprendei a conter os vossos ímpetos e a usar as vossas palavras. Pois, embora criadas para que os homens se pudessem entender, são as palavras muitas vezes a causa dos mais sérios desentendimentos.

Aprendei a desculpar-vos. E sabei que só o devereis fazer, quando em vosso coração existir a certeza do erro cometido. Aquele que falsamente se desculpa, abrigará em seu coração a vergonha de se haver humilhado.

Aprendei a perdoar. E buscai fazê-lo com toda a vossa alma, onde nenhum resto de amargura deverá subsistir. Porque o perdão, quando insincero, é apenas o disfarce sob o qual se oculta a ânsia de vingança.

Aprendei a usar o vosso tempo. E não o desperdiceis em projetos mirabolantes, ou lembranças de passadas frustrações. Empregai-o, antes, em descobrir como evitar a repetição de vossos erros.

Deixai, entretanto, que eu vos diga que tudo isto de nada adiantará, se não fordes capazes de abrigar em vós o amor pelo vossos irmãos e o respeito aos seus princípios e às suas idéias.

Porque o amor e o respeito são as bases da convivência. E não pode exigir respeito aquele que não respeita os outros; como não pode aspirar a ser amado aquele que em si não abriga o amor.

Buscai a força do direito. Pois é nela que está a essência do Universo.

A bela foto do Taj Mahal é do site 1000 Imagens.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

DA COMPAIXÃO

Exercitai, sempre, a compaixão.

Pois, assim como no gelo as flores não brotam, também no coração empedernido não germinará a felicidade; e aquele que não cuida do seu irmão não se mostra digno de olhar a face do Pai.

Verdade é que o sofrimento caminha sobre a Terra. E assim acontece porque cada homem se preocupa consigo mesmo, quando deveríeis dar-vos as mãos, para que juntos pudésseis caminhar.

Atentai para o vosso futuro. Porque eu vos digo que, assim como um pai sente em seu coração as lágrimas de seus filhos, também no Universo reverberam as dores de todos os seres vivos.

E não estará cumprida a missão do homem, enquanto o sofrimento visitar o seu irmão. E não cessará a jornada, enquanto um único homem ainda trilhar os caminhos do aprendizado e da dor.

Deveis, pois, abrir os vossos corações. Porque é só assim que podereis avaliar as dores dos vossos irmãos; e só ao senti-las sereis verdadeiramente capazes de lhes trazer o alivio de que necessitam.

E não deveis cuidar que apenas com a doação de bens materiais lhes podereis ser úteis. Porque mesmo o mais rico dos homens, ao sentir-se desgraçado, encontra no abraço amigo o conforto pelo qual anseia.

E mesmo o mais pobre dos homens perceberá, na vossa voz e no vosso olhar, o interesse sincero e o afeto espontâneo. E menos infeliz se sentirá, ao ver que não se encontra verdadeiramente só.

Generoso é, em verdade, aquele que distribui os seus bens para mitigar a fome e a sede de seus irmãos. Entretanto, é preciso doar de vós mesmos, para que possais entender a verdadeira compaixão.

Porque a compaixão não busca o reconhecimento, mas em si mesma encontra a própria recompensa. Como a árvore, que ao doar os seus frutos assegura a própria sobrevivência.

É ao alimentar o filho, através do seu próprio sangue, que a mãe encontra a sua maior realização. E, se isto acontece em nome do amor, deixai-me dizer que a compaixão não é mais do que o amor universal.

É no amor, que a compaixão tem as suas raízes. E para que a possais tornar parte de vós, necessário se torna que aprendais a amar aos vossos irmãos, como a vós mesmos o fazeis.

Quando o tiverdes conseguido, é de outra forma que entendereis a Vida. E a paz se espalhará pelo mundo, e não mais necessitareis das vossas fronteiras, nem dos vossos exércitos, nem dos vossos idiomas,

Buscai a compaixão. E encontrareis a linguagem do amor universal.

Com esta postagem, espero atender ao pedido da amiga Moonlight_Song.

E desculpo-me pelo atraso.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

O CAMINHO E O PRECONCEITO

Varrei, de vossos corações, o preconceito.

Pois, enquanto ele ali existir, não vos será dado caminhar de mãos dadas com os vossos irmãos. E melhor forma não existe de tornar mais proveitosa a vossa jornada e mais leve o vosso caminhar.

Em verdade, o homem que abriga em si o preconceito é como aquele que através de uma lente destorcida examina as coisas que o cercam. E, por assim ser, não percebe as realidades da Vida.

Cuidais, acaso, que existiria o mundo, tal como o conheceis, sem as montanhas e as planícies? E teria a musica o mesmo encanto, sem as diferenças entre as notas que compõem a harmonia?

Eis que as pessoas são diferentes, entre si. Como os peixes que habitam os oceanos, e as flores que ornamentam os jardins. Como as cores, que se unem para formar a beleza do arco-íris.

E é preciso que assim seja. Pois é na policromia que está o encanto da paisagem, na diferença entre os peixes que reside o colorido dos mares e na diversidade das flores que vive a beleza do jardim.

Abandonai a ilusão malsã de que vos pertença a verdade. E, quando novas idéias vos forem oferecidas, buscai ouvi-las não com o desprezo de quem um sábio se julga, mas com o entusiasmo de um dedicado aprendiz.

Porque é na capacidade de aprender sempre, que está o princípio da sabedoria. E ninguém existe que em sábio se tenha tornado, seguindo apenas as próprias idéias. Ou lendo o mesmo livro todos os dias.

Pois não enxergareis o mundo, se fechadas mantiverdes as vossas janelas. Nem ampliareis os vossos horizontes, se não fordes capazes de olhar ao vosso redor e perceber as estradas que à vossa frente se abrem.

Certo é que necessita o homem possuir os seus conceitos, princípios e sentimentos; e as suas próprias idéias. Porque ninguém é como um livro em branco, e em vós a Vida escreve as suas palavras.

Entretanto, é igualmente certo que ninguém renuncia aos próprios princípios apenas por conhecer os alheios. E a sabedoria é como a alegria, que quando repartida se multiplica.

Porque necessário se faz conhecerdes todas as cores, para que possais escolher aquela com que pintareis a vossa casa; e conhecerdes todos os pratos, para que o vosso favorito possais eleger.

Se ao Conhecimento aspirais, deveis acolher em vossos corações cada um dos vossos irmãos, com os seus conceitos, os seus desejos e os seus próprios pensamentos. E respeitá-los, ainda que com eles não preciseis concordar.

Eles, como vós, precisam trilhar os seus próprios caminhos.

FELIZ PÁSCOA, AMIGOS!

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