O Árabe

Idéias, sentimentos, emoções. Oásis que nos ajudam a atravessar os trechos desérticos da vida...

sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

AS NOSSAS EXPERIÊNCIAS

Somos a soma de nossas experiências.

Assim é: o que somos é o resultado do que vivemos; não apenas nesta jornada, mas em todas as vezes que caminhamos sobre a Terra, antes que viesse o descanso a que chamamos morte. 

Ainda que nem todas as lembranças nos aflorem à mente, que não enxerga além da caminhada atual, eu vos digo que as nossas memórias estão preservadas, em nosso verdadeiro Eu.

E esta é a razão de muitos dos nossos medos; de pressentimentos e sentimentos que nos parecem inexplicáveis. A razão pela qual pessoas que nunca havíamos visto nos parecem conhecidas.

É por isto que, às vezes, nos sentimos atraídos ou repelidos por alguém a quem acabamos de conhecer; que alguns lugares e fatos novos nos trazem a sensação de que já os conhecemos.

Esta é a razão das simpatias e antipatias; de amizades ou animosidades que nascem do nada; de confiarmos em alguém, ou desconfiarmos de outrem, à primeira vista e sem motivos aparentes.

Não adianta tentar entender porque isto acontece. A memória do corpo não consegue vencer a barreira do tempo e reviver outras viagens; são as vestes antigas que guardam a poeira do caminho.

E o que julgamos ser é o traje que usamos para a viagem. Para experimentarmos o calor e o frio; para conhecermos as necessidades, os desejos e as batalhas deste mundo onde estamos.

Ele nos serve para o aprendizado. Porque o nosso verdadeiro Eu está além das limitações do tempo e do espaço; passeia entre as estrelas e desconhece a morte. Habita no Jardim da Eternidade.

Sim; somos a soma de nossas experiências. E o aprendizado prossegue, em cada dia e cada noite em que caminhamos sobre a Terra. Em cada lágrima e cada sorriso, em cada tristeza e alegria.

O aprendizado está na mágoa da partida e na felicidade da chegada; no frio implacável da geada e no conforto da fogueira crepitante; na escuridão da noite e na colorida claridade do alvorecer.

Está na ansiedade de nossos desejos e na paz que nos invade, quando os saciamos; no amargor de nossas derrotas e no júbilo de nossas vitórias. Está em nossas frustrações e realizações.

O que hoje somos é o resultado do que até aqui vivemos. E em cada jornada, com os novos conhecimentos que adquirimos, ampliamos os nossos horizontes; assim, nos tornamos mais sábios.

O aprendizado está em nossos caminhos, quaisquer que sejam os que escolhermos; atravessando os seus vales e as suas montanhas, iremos traçando a nossa rota. Aprendendo sempre.

Buscando o Coração do Universo.

Música:
http://ohassan.dominiotemporario.com/midis/1_mantovani_e_sua_orquestra_till.mid


Link para música

Link para vídeo 

sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

ORAÇÃO DO ARREPENDIMENTO

 



Há coisas de que me arrependo. 

Algumas que eu fiz, outras que deixei de fazer. Umas e outras, se eu tivesse agido diferente, poderiam ter feito de mim alguém melhor e tornado mais agradável o meu caminho nesta jornada. 

Entretanto, sei que se me fosse dado voltar no tempo, eu provavelmente cometeria os mesmos erros; porque é só errando, que aprendemos. Não há outro caminho para a sabedoria.

E esta certeza torna mais leve o peso do arrependimento sobre meus ombros. Porque é por ignorância, e não por maldade, que cometemos a maioria dos nossos erros. Eu não sou diferente.

Lamento não ter cultivado, desde cedo, a humildade. Se o houvesse feito, talvez a vida não precisasse humilhar-me, para me ensinar; e as minhas quedas tivessem sido menos dolorosas.

Lamento por todas as vezes em que me deixei guiar pelo egoísmo. Porque, de cada uma delas, nenhuma vantagem real obtive, nem me senti melhor; ao contrário, saí pior e bem menor.

Sinto pelas ocasiões em que cedi aos preconceitos. Pois os fatos vieram mostrar-me que ninguém é mais ou menos do que outrem; e diferenças existem para que nos possamos completar.

Quisera ter aprendido mais cedo a perdoar, para que o ressentimento não me pesasse às costas, por um trecho tão longo do caminho; nem a minha alma ficasse presa a outras pelo rancor.

Quisera jamais haver magoado alguém, em minha vida. Sei, entretanto, que não foi bem assim; e gostaria que me fosse possível pedir perdão àqueles a quem feri, ao longo destes anos.

Quisera que nunca houvesse mentido; porque a mentira gera, naquele que a conta, a insegurança e o medo de ser um dia descoberto. É como uma teia, que aumenta e aprisiona.  

Arrependo-me por não haver praticado, antes, a tolerância; pelas ocasiões em que quis impor a minha opinião. Porque hoje, enfim, aprendi que o mais importante não é estar certo, mas ser feliz.

Gostaria de poder ter de volta aqueles momentos em que me entreguei a angústias e inquietações. Porque desperdicei grande parte de meu tempo, que poderia ter usado para viver melhor.

Gostaria de ter sido mais firme em algumas ocasiões e mais flexível em outras; de ter desfrutado cada instante que se passou, em vez de aguardar ansiosamente por algo no futuro.

Gostaria de ter visto os meus filhos crescendo, minuto a minuto; de ter estado com eles todo o tempo, aprendendo a ver o mundo com os seus olhos jovens, cheios de curiosidade e esperança.

Gostaria de ter passado mais tempo com meus pais; de ter sido o braço firme e amoroso a amparar os seus passos, cada vez mais inseguros. De ter bebido mais da fonte de sua sabedoria.

Sim; há coisas de que me arrependo. Sei, entretanto, que aprendemos com lágrimas e sorrisos; é porque trilhei os caminhos que escolhi e cometi os erros que cometi, que hoje sou quem sou. 

E me sinto em paz.

Música:

http://ohassan.dominiotemporario.com/midis/andre_rieu_a_whiter_shade_of_pale.mid

Link música

Link vídeo. Sempre bom lembrar essa música, não é? 

sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

A ESPERA


 
A verdade é que não vivemos senão o presente.

Nada podemos fazer, quanto ao passado e ao futuro, senão recordar e esperar; ao menos, enquanto caminhamos sobre a Terra. É enquanto o momento transcorre, que realmente estamos vivos.

E isto nos torna imediatistas. Temos urgência em ver o resultado das nossas ações; queremos ter o que desejamos, no momento em que o desejamos. Não sabemos esperar.

Esta é a causa da maior parte das decisões erradas. Esquecemos que é preciso semear, para colher; construir, para usufruir; engatinhar, para andar. A semente não é a planta.

Esta é a causa da maior parte das nossas angústias. Procedemos como se o momento não fosse passar; se o futuro jamais fosse chegar e o presente não fosse tornar-se passado.

Procedemos como se tudo fosse eterno, esquecidos de que nós mesmos passaremos, um dia. Apenas ao nosso verdadeiro Eu, cabe o dom de passear pelos Jardins da Eternidade.

Agradeçamos ao Tempo, que com seus passos cadenciados nos devolve à realidade. E nos ensina, ao longo dos anos, que a paciência é a arte da espera; só ela nos pode trazer paz.

Porque os dias e as noites se revezam e ao sol sempre se segue a chuva, que passa quando o sol retorna. Assim como existe a chegada, haverá a partida; e, depois, uma nova chegada.

A flor parece murchar e perder a sua beleza, antes de cair sobre o solo. O adubo em que se transforma, entretanto, ajudará a fazer brotar uma nova flor, ainda mais bela e perfumada.

Não há porque correr, portanto. O que tiver de vir a nós, um dia chegará; que a espera, longe de angustiar-nos, nos ensine a sua importância e nos faça valorizar a sua chegada.

Lembremo-nos, porém, de que aguardar não é o suficiente; façamos da espera o nosso período de plantio e cultivo. Lancemos as sementes e cuidemos da lavoura; a safra chegará.

Assim é o Tempo, que nos traz e nos tira. Ao levar a infância, traz-nos a adolescência; que se transforma na maturidade e depois na velhice. E cada estação tem o seu encanto.

Aprendamos a viver a espera; e a saber que ela também tem valor. É da saudade que sente o amante afastado, que brotará toda a alegria do coração, quando chegar o reencontro.

Abandonemos a pressa. Porque cada momento que se vai, é um a menos que temos pela frente; e não é sensato aquele que o perde na angústia, quando poderia usá-lo para viver.

Dia virá, em que a pressa findará.

Música:
http://ohassan.dominiotemporario.com/midis/RichardClayderman_Nocturne.mid


Link música

Link vídeo  

sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

A CORTINA


O espetáculo sempre acaba.

E, quando o término se aproxima, ainda que não nos seja dado prever a hora do último ato, é possível pressentir a cortina final; que um dia descerá sobre o palco onde transcorreu uma vida.

Esta será a melhor hora para que o ator avalie o seu desempenho, durante a peça que finda. Não para colher o aplauso ou as vaias da plateia, mas para sentir o que se passa em sua alma.

Porque, quando a peça termina, de nada serve ao ator a opinião daqueles que a assistiram, ou com ele contracenaram. Ele já estará além de qualquer julgamento que seja feito neste mundo.

Nenhuma crítica vale, para aquele que deixa o palco, senão a do seu verdadeiro Eu; que o assistiu em todos os momentos e acompanhou todos os seus pensamentos e todas as suas ações.

Por isto, eu vos digo que melhor será para cada um não atuar visando obter as palmas, ou a consagração da plateia; mas buscar sempre, durante toda a jornada, a aprovação de sua alma.

Não sois apenas os atores de vossas peças; sois, também, coautores de cada uma delas. O roteiro que vos é entregue, não está concluído; só esboçado. É de vós, que depende o seu desenrolar.

Escolheis os vossos diálogos e figurinos, a direção que seguireis, a posição em que vos colocareis no palco. Estes são direitos que vos concede o Diretor, para que façais o vosso melhor.

Buscai fazê-lo, portanto! Lembrai-vos de que um dia a cortina cairá; e concentrai-vos em desempenhar cada ato de forma a que vos possais orgulhar ao final. Oferecei o melhor de vós.

Não sois responsáveis pelo sucesso da peça; outras virão e novos papéis vos serão dados. Sois responsáveis, entretanto, por vossa conduta e pelos atores que convosco dividem o palco.

Pois o êxito de vosso desempenho não será medido apenas pela forma como fareis o vosso personagem; mas, também, pela influência que tiverdes sobre os que estiverem ao vosso redor.

Cuidai-vos, durante cada uma das cenas. Vigiai, para que não estejais abaixo ou acima do papel que vos cabe. Cuidai de dizer as vossas palavras e não as que vos tentem fazer repetir.

Dizei-as, entretanto, como expressão de vossos sentimentos; e não de forma que venham magoar ou ofender aqueles que se acercam de vós. Porque não vos deveis humilhar ou ser arrogantes.

Sede, acima de tudo, vós mesmos. Concentrai-vos em sentir, pensar e agir de acordo com aquilo que sois; e escutai sempre a voz do vosso verdadeiro Eu. É assim que estareis em paz convosco.

Quando a cortina descer sobre vós.

Música:

http://ohassan.dominiotemporario.com/midis/1_ernesto_cortazar_autumn_rose.mid

Link música

Link vídeo

Post inspirado nesta música, que adoro! 

Coloquei uma versão diferente, porque repito muito aquela do Elvis! :) 

Real Time Web Analytics Real Time Web Analytics Real Time Web Analytics Clicky