O Árabe

Idéias, sentimentos, emoções. Oásis que nos ajudam a atravessar os trechos desérticos da vida...

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

A CANÇÃO DO AMIGO



Amigo não é aquele que responde às vossas perguntas.
Mas a pessoa que vos desperta para novas questões. E, longe de vos outorgar as respostas que encontrou, encoraja-vos a procurar as vossas próprias respostas.
Nem sempre é aquele que vive ao vosso lado, mas alguém que encontrou um lugar especial em vossos pensamentos, em vossa alma e em vosso coração.
Não precisa ser alguém que vos entenda, nem a quem possais entender. Necessário é que vos disponhais a entender um ao outro, para ajudar-vos em vossos caminhos.
Tampouco precisa compartilhar as vossas crenças. Porque mentes diversas são universos que se complementam e as que abdicam de si mesmas nada vos podem acrescentar.
Amigo não é aquele que vos perdoa ou recrimina.
Porque para perdoar ou recriminar é preciso julgar; e ao amigo cabe apenas acompanhar os vossos passos e apoiar as vossas atitudes, pois cada homem tem o seu caminho.
Verdade é que caminhais juntos, para a mesma direção. Entretanto, é também verdade que cada um precisa enfrentar os próprios obstáculos, para que útil vos seja a viagem.
E o que encontrareis nos vossos amigos não é a força que impede as tempestades, mas a mão que vos oferta o guarda-chuva; nem o sono reparador, mas o leito acolhedor.
Amigo não é quem vos impede de atravessar os vossos próprios desertos; mas aquele que vos estende o cantil, quando a sede impiedosa ameaça impedir a vossa jornada.
Não é o homem que escolhe o vosso cavalo, mas o que vos ajuda a arreá-lo, para que o possais montar; como não traça o vosso rumo pela vida, mas vos ampara a cada passo.

Plantareis um amigo, de cada vez que semeardes a simpatia. Não o colhereis, entretanto, se essa semente não regardes com a água da sinceridade, para que brote a confiança.
Diz o vosso provérbio que quem encontra um amigo encontra um tesouro. Eu vos digo, todavia, que ninguém encontrará esse tesouro, se não se dispuser a doar de si mesmo.
Porque a amizade, como o amor, não é uma permuta, mas uma doação mútua. E ninguém oferece a sua alma, se preocupado estiver com o que receberá em troca.
Amigo não é o homem que pretende dirigir os vossos passos.
Mas aquele que caminha ao vosso lado.  


Para Sérgio, irmão que a vida me trouxe.    

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

O PONTO FINAL



Aproxima-se o ponto final.
Que pode ser depois do próximo capítulo, do próximo parágrafo, ou da próxima palavra. Porque a ninguém é dado saber quando e como se encerrará a sua história
Valeu a pena, entretanto, cada palavra que escrevi no livro da minha vida. Valeu cada  ponto, valeu cada vírgula; valeram até as reticências que por vezes deixei.
Valeram os meus enganos e os meus desenganos, os meus sorrisos e as minhas lágrimas. Valeram os momentos em que sofri ou fui feliz, as esperanças e as decepções.
Valeu cada um dos meus amores; cada segundo de prazer ou de ternura, cada paixão ou enlevo. Valeu cada vez em que o meu coração bateu mais forte, cada sonho que vivi.
Valeu cada corpo que aqueceu a minha cama; cada alma que à minha se juntou, ainda que por um breve momento. Valeu o encanto de cada instante infinito porque compartilhado.
Valeu cada amigo que me trouxe o conforto da companhia; cada inimigo, porque me mostrou o valor do perdão; e cada pessoa que me ignorou, porque assim aprendi a humildade.
Valeu por cada um que apoiou as minhas ideias e assim me fez acreditar no meu próprio valor; e por aqueles que, ao discordar, ensinaram-me a defender as minhas crenças.    
Valeu por cada irmão que fiz sorrir; por cada lágrima que tive a graça de enxugar e por cada uma que fiz brotar. Valeu cada sentimento e cada ideia que tenha plantado nos corações.
Valeu cada criança que acalentei, cada idoso que abracei; cada flor que vi desabrochar, cada gota de chuva que molhou os meus cabelos e cada raio de sol que aqueceu o meu rosto.
Valeu cada noite em que temi o escuro, porque me trouxe a alegria de um novo amanhecer. Valeu cada emoção que causei ou senti. Cada música e cada silêncio que soube ouvir. 
Valeu cada lição que aprendi e cada uma que tentei transmitir. Valeram os nascimentos e as mortes que testemunhei, porque me fizeram entender que a Vida não para e se renova.
O passado não volta. O presente escapa por entre os nossos dedos e o futuro não nos pertence; a mansão do amanhã é a Eternidade, onde habita o nosso verdadeiro Eu. 
Atentemos para a verdade do tempo. Porque a existência do ponto final não deve ser, para o homem consciente, senão a motivação maior para bem escrever o livro da sua vida.
À sua própria maneira.


Clique aqui, para ver o vídeo que inspirou este post.     

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

DE ERROS E ACERTOS


Necessitais da humildade.
Para que possais reconhecer os vossos erros e furtar-vos a repetí-los; outra maneira não existe de evitardes a repetição dos vossos prejuízos e dos vossos sofrimentos.
Porque louco decerto chamaríeis àquele que com as mãos nuas tentasse pegar a brasa incandescente; mas ele desconheceria o perigo, se antes não se houvesse queimado.
Na maioria das vezes, é dos vossos erros de ontem que decorrem os vossos acertos de hoje e de amanhã; entretanto, forçoso vos é reconhecer a uns, para que os outros possam surgir.
E admitir a própria ignorância é o primeiro passo para aquele que se dispõe a aprender. Pois ninguém iria adquirir novos móveis, se vazia não estivesse a casa onde mora.
Assim acontece à vossa mente, que precisa rearrumar os velhos conceitos para que novas ideias nela se possam instalar. Aquele que tudo julga saber, nada é capaz de aprender.
O aprendizado é a razão maior do caminho; e o erro é a sua melhor ferramenta. Não vos deveis envergonhar dos vossos erros, portanto; a menos que os volteis a cometer.
O homem que não aprende com o erro é aquele que muitas vezes relê a mesma página, sem entender o seu significado. E mil vidas lhe serão necessárias para que a leitura seja concluída.
De todos os empecilhos que podeis encontrar para o aprendizado, nenhum será maior que o orgulho. Como os antolhos para a besta, ele vos impede a visão de novos caminhos.
Sábio é o homem que sábio não se julga. Porque aquele que se arroga o conhecimento infinito, decerto carregará para sempre a pesada carga da ignorância.
Agrestes lhe serão os caminhos e nem o conforto da companhia lhe será concedido; porque se julgará uma águia entre os pardais, e negar-se-á ao convívio com os seus irmãos.
Reconhecei, portanto, os vossos erros. Pois ninguém pode estar certo todo o tempo e não existe vergonha na ignorância, mas sim na sabedoria que se deixa corromper.
Calçai as sandálias da humildade; e menos vos doerão os pés nas pedras do caminho. Porque não existe, para aquele que cultiva a soberba, dor maior que a do seu orgulho ferido.   
Reconhecei as vossas limitações e descobrireis o vosso potencial; evitai a mentira e conhecereis a verdade; amai e vencereis o ódio;  buscai a tolerância e encontrareis a paz.  
Aprendei com os vossos erros. Eles vos ensinam a viver.  

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

A PERFEIÇÃO E O AMOR



Não imagineis perfeito o vosso amado.
Ou conhecereis, decerto, a desilusão. Porque o amor é o maior dos vossos sonhos, e ninguém que sobre este mundo caminhe pode igualar-se à perfeição de um sonho.
Sim; é certo que a paixão vos cega para os seus defeitos. Entretanto a paixão é como a bruma efêmera, que se evapora com o tempo; um dia, a vossa visão voltará.
E nesse dia, se o tiverdes visto como um príncipe, como um sapo o passareis a ver. Quem exagera as qualidades de alguém, haverá também de exagerar os seus defeitos.
Cuidai-vos, portanto, para que não vos deixeis levar por vossas ilusões. Pois aquele que tenta apanhar o sol refletido em uma poça d’água, ficará com as mãos molhadas e vazias.
Talvez vos pareça que imaginar alguém perfeito é a maior homenagem que lhe podeis fazer. E é por isto que assim o vosso coração busca enxergar o vosso amado. 
Eu vos asseguro, porém, que nenhuma carga é tão pesada de levar quanto a imagem da perfeição. Ninguém a suportará por muito tempo sobre os ombros, antes de tombar ao chão.
Certo é que mais fácil se torna gostar de alguém, quando se atenta apenas para as suas qualidades, ignorando as suas falhas; amar, todavia, é aceitar também os seus defeitos.
Porque para saborear a doçura do mel é necessário enfrentar as picadas das abelhas, e para que a bela rosa ornamente o vosso vaso devereis vencer os seus espinhos.
Assim é, na natureza. E assim também ocorre em vós; é preciso que se alternem as emoções, para que desabrochem o Conhecimento e a Plenitude em vossas almas.
Tende presente esta verdade. Porque a ninguém será dado navegar no oceano do amor, sem enfrentar as suas ondas; ou desfrutar da alegria sem conhecer a tristeza.
Reconhecei as vossas imperfeições. Pois, quando o fordes capazes de fazer, sabereis que, assim como vós, também aquele a quem amais tem as suas próprias imperfeições.
E isto, entretanto, não o torna menos digno do vosso amor; como as vossas imperfeições não o impedem de amar-vos. É juntos, que deveis buscar a evolução e o crescimento.
Perfeito, não será jamais o vosso amado.
Perfeito é o sonho do Amor que existe em vós.   

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

DIA DE FINADOS



Homenageai, sim, os vossos mortos.
Tende presente, entretanto, que a morte não existe senão para os sentidos do corpo. E que a parte mais verdadeira de vós transcende ao corpo e reside na Eternidade.
O sol, que todas as tardes parece morrer no horizonte, é o mesmo que nele renasce na manhã seguinte e sobre o mundo volta a espalhar a sua cor e o seu calor.
A rosa, que desfalece e tomba sobre o solo, permanece viva no aroma que persiste no ar. E renascerá em cada novo botão que vier a florir.
Assim acontece àqueles a quem amais e vos antecederam na grande viagem. Porque, ainda que não os possais ver ou tocar, a sua presença vive nas vossas lembranças.
Muitas vezes havereis de reencontrá-los em cada dia. Pois bastará uma música, o aroma de uma perfume, ou uma palavra muitas vezes ouvida, para que os recordeis.
E vivos estarão em vós. Não apenas na tristeza da ausência, mas na alegria dos bons momentos que juntos tivestes; na intensidade do amor que vos uniu e unidos vos conserva.      
A saudade que vos faz sofrer é a mesma que vos reconforta. Porque a saudade, sendo filha do amor, como ele provém às próprias necessidades e supre as próprias carências.
Como a caridade encontra a sua maior recompensa na simples alegria de dar, é na lembrança do ser amado que a saudade ameniza a mágoa que causa.
E essa dualidade, que confusa vos parece, não é senão um reflexo da vossa própria dualidade. Muitas vezes, é na ausência física que o ser amado se faz mais presente em vós.
Homenageai, portanto, os vossos mortos.
Não os pranteeis, todavia; não vos desespereis com a sua ausência, nem lhe ofereçais como presente a vossa dor. Buscai, antes, recordar os vossos bons momentos.
Porque, estejam onde estiverem, são as emoções que vos mantêm ligados; e por que haveríeis de servir ao ser amado o fel da tristeza, se lhe podeis oferecer o mel da alegria?
Homenageai com amor os vossos mortos. Este não é o dia de chorar porque se foram, mas de sorrir porque os conhecestes. Não é o dia de lamentar a sua ausência deste mundo.
Mas de comemorar a sua presença em vós.    

UPGRADE EM 07/11: Da amiga São (http://saobanza.blogspot.com.br), recebemos este prêmio, que muito nos honra.  Obrigado São, pelo belo selo e pelo prêmio maior, que é a tua amizade! 

Real Time Web Analytics Real Time Web Analytics Real Time Web Analytics Clicky