O Árabe

Idéias, sentimentos, emoções. Oásis que nos ajudam a atravessar os trechos desérticos da vida...

sexta-feira, 28 de outubro de 2022

SONHOS E SONHADORES

 


Pessoas existem, que são naturalmente sonhadoras.

E neste seu jeito de ser, sem dúvida, reside a sua maior fraqueza; mas, também, a sua maior força. É por conta dele que, frequentemente, caem; mas graças a ele sempre se reerguem.

Porque se abstraem em mundo só seu. E, embora o mundo real as possa magoar, logo voltam a refugiar-se em seus castelos dourados, entre as nuvens; e assim se consolam das dores.

É assim que são; e de nada adianta tentar fazer com que mudem. Porque a tamareira não pode produzir senão tâmaras, assim como a figueira apenas dá figos. Não podem fazer diferente.

Aprendei, portanto, a conviver com elas. Porque não podeis mudar as árvores do vosso pomar; e, acreditai-me, os seus frutos são extremamente doces. Cuidai-as bem e sereis mais felizes.

Atentai, acima de tudo, para os seus sentimentos. Cercai-as de carinho e atenção e as mantereis alegres e realizadas; aos sonhadores interessam mais as emoções, que coisas do mundo.

Não incorrei no erro de julgá-las inúteis; ou, sequer, menos valiosas do que vós. É a diversidade que forma a completude do todo; necessitais caminhar juntos, e cada um tem a sua própria função.

Se semeais, cultivais, colheis, torrais e moeis o trigo, aos sonhadores cabe a invenção das maneiras de tornar mais saboroso o pão; se construís as paredes, é porque alguém imaginou a casa.

Lembrai-vos de que toda realização não passava de um sonho, antes de nascer. Porque, desde que o homem observou as aves e os peixes, desejou ser capaz de voar e atravessar os oceanos.

Sim; é bem verdade que nem todos os sonhos se realizam. Mas o sonho é como a lâmpada, que mesmo à distância ilumina os caminhos de quem a acende e de todos aqueles que vão a seu lado.

E, ainda que o sonhador jamais chegue a alcançar o seu sonho, valerá a pena tê-lo sonhado. Por todas as esperanças que lhe trouxe e pelos sorrisos que, enquanto durou, fez nascer em seu rosto.

Não menosprezeis, portanto, os sonhos e os sonhadores. Porque assim foram chamados aqueles mestres que vieram trazer a luz a este mundo, além dos homens e mulheres que os seguiram.

E, entretanto, apesar dos séculos que se passaram, a verdade das suas palavras permanece viva em nossas almas e em nossos dias. Enquanto os ditadores e exércitos da época há muito se foram.

Que vos sirva esta lição: respeitai a força dos sonhos; e agradecei aos sonhadores, que os mantêm vivos em nosso mundo. Há sonhos que valem por uma vida, mesmo que durem um momento. 

Mas nenhuma realidade se equipara a um sonho.

Música:

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sexta-feira, 21 de outubro de 2022

A NOSSA VIAGEM

 


Sim; às vezes, a vida nos traz imprevistos.

Joga por terra os nossos planos cuidadosamente formulados; derruba as nossas expectativas e nos coloca diante de um quadro inteiramente novo, onde nada é como pensávamos que seria.

Assim às vezes acontece. E nos sentimos perdidos, como se o solo fugisse sob nossos pés; como se uma bruma cinza surgisse à nossa volta e não pudéssemos ver sequer um novo caminho.

E, para isso, nem sempre é necessário um grande acontecimento. Em momentos de desânimo, um simples areal nos pode parecer um deserto; ou uma onda assemelhar-se a um tsunami.

Mas é nesses momentos, que mais precisamos ter calma. Porque, enquanto ruge a tempestade, de nada vale ao viajante assentar-se à beira da estrada; ou ao marujo encolher-se no barco.

Antes é necessário encontrar um abrigo, onde possa ficar até que o tempo se acalme; ou posicionar as velas e retirar da embarcação o excesso de água, para evitar que venha o naufrágio fatal.

Lembrai-vos disto, da próxima vez que assim vos ocorrer; e ocorrerá, porque a vida não é uma planície ou um lago. Assemelha-se a uma cordilheira; ou um rio, com trechos turbulentos e calmos.

Assim eu vos tenho dito. E também vos disse que não estamos aqui para sermos felizes, mas para aprendermos a sê-lo; os momentos de felicidade são o nosso bálsamo, entre as dores da jornada.

E é de nós que dependem a intensidade e a frequência das nossas tristezas e alegrias. Porque somos nós que semeamos e colhemos os frutos do que plantamos, em todos os nossos dias.

Pensemos sobre isto, e veremos que assim é. E esta descoberta nos mostrará que o importante não é QUANTOS ANOS vivemos, mas QUANTO vivemos. É, sim, o que fazemos da nossa vida.

Porque cada vida é uma viagem. E, em uma viagem, não ligamos tanto para a duração, mas para o que nos oferece; superamos dificuldades, porque estamos atentos às alegrias e descobertas.

Tratemos, portanto, a vida como trataríamos uma viagem; a nossa única viagem. Sejamos gratos pelos companheiros que temos; por cada nova paisagem que vemos, por cada dia que nasce.

Quando surgirem dificuldades, lembremos que podemos superá-las. Ainda que parte da bagagem se perca, que companheiros queridos se vão, vamos em frente. E aproveitemos a viagem.

Até porque não teremos outra. Ainda que a Eternidade nos pertença, o mesmo não acontece com o tempo; ele não retorna sobre os seus passos. E jamais trará de volta tudo que hoje temos.

Tudo passará. Aproveitemos a nossa viagem!

Música:

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sexta-feira, 14 de outubro de 2022

A DISCUSSÃO E A LUZ


Evitai as discussões estéreis.

Assim como não lançaríeis as vossas sementes sobre o lajedo, ou no solo infértil que nada produz, não devereis pronunciar as vossas palavras para ouvidos que não estejam dispostos a acolhê-las.

E, assim como não apurais os vossos ouvidos para escutar o som da tempestade distante, também não os deveis oferecer às palavras que vos digam, sobre ideias e assuntos que não vos interessem.

Assim fazendo, não apenas poupais o vosso tempo e o daqueles que vos falam. Livrai-vos, também, de desgastar à toa os vossos relacionamentos e envolver-vos em debates que a nada levam.

Reza um antigo provérbio que “da discussão nasce a luz”. Entretanto, como virá a luz para aquele que mantém seus olhos cerrados, negando-se a enxergar novos caminhos ou novas ideias?

De que adianta qualquer discussão, a menos que os participantes se disponham a realmente abrir os seus olhos e as suas mentes, em vez de apenas aferrar-se aos próprios conceitos e opiniões?

Tende em mente estas perguntas, antes de envolver-vos em quaisquer discussões. Iniciar um debate é como acender uma lâmpada: de nada adianta, se não estiverdes de olhos abertos.

Se assim não for, se cada um não se dispõe a ouvir o outro, aqueles que discutem são como dois cegos, buscando caminhar por caminhos paralelos: jamais se conseguirão encontrar.

Deveis preservar as vossas opiniões; mas estar abertos a novas ideias, que possam ampliar os vossos horizontes. Assim avançais na trilha do aprendizado, que vos conduz ao Conhecimento.

Antes, entretanto de iniciar qualquer discussão, perguntai-vos: estais realmente dispostos a ouvir e pensar sobre o que ouvireis? Ou apenas desejais manifestar a vossa opinião, sem ouvir o outro?

Porque, para que qualquer debate seja produtivo, ambos devem falar e ouvir. Cada um por sua vez, para que não vos seja necessário gritar, abafando a voz que vos diz o que não desejais escutar.

Se assim não acontecer, não haverá uma discussão, mas apenas uma guerra de opiniões; e, provavelmente, ambos estareis errados. Porque a razão não necessita gritar, para se fazer ouvir.

Guardai convosco esta verdade; e sabei que a razão de nada precisa, senão do tempo, para se fazer notada. Lembrai-vos, também, de que ninguém pode estar certo durante todo o tempo.

Aprendei, pois, a ser humildes e aceitar que, em algumas ocasiões, podeis enganar-vos e estar errados. E o primeiro passo para corrigir qualquer erro é reconhecer a sua existência.

Ninguém é dono da verdade. Mas sempre se pode encontrar uma nova verdade.

Música:

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sexta-feira, 7 de outubro de 2022

O AMOR E OS CAMINHOS


Às vezes as pessoas se perdem, ao longo do caminho.

Em outras, talvez, jamais se tenham realmente encontrado. Talvez tenha havido um encontro de sonhos e de desejos; não das pessoas que na verdade eram. Ou pode ser que o tempo mude as pessoas.

Perdem-se, uma da outra; ou, talvez, deixam que se perca o amor entre elas. E seja substituído pela amizade, que os mantém unidos; pelo rancor, que traz o ódio; ou pela indiferença, que os separa.

A verdade é que os casais sonham, juntos, muitos sonhos. E esses sonhos os levam até certo ponto; até onde o Amor os conduz, com suas asas douradas. Mas, se um dia ele se vai, os deixa no chão.

É aí, que precisam aprendam a caminhar com as suas próprias pernas. Quando cai o véu da paixão, que nublava a visão; quando se desfaz o arco-íris de sonhos, que coloria o mundo visto a dois.

Então, é preciso aceitar a realidade. Se o amado não é um príncipe, isto não o torna um sapo; e, mesmo sem coroa, a princesa é uma mulher. São pessoas de verdade, com defeitos e qualidades.

Este é o momento em que lhes é dada a oportunidade de reconhecerem a falência dos seus sonhos. E seguirem em frente, aceitando a verdade de que aquele ser que julgavam ter, jamais existiu.

Ou buscarem novos caminhos, perseguindo novos sonhos. Vestindo as capas de príncipe ou as coroas de princesa em outras pessoas; das quais um dia também as despirão, se outro sonho acabar. 
 
É perigoso esperar que os sonhos se realizem. Aquele que sempre idealiza o seu castelo, jamais terá tempo para construí-lo. E, ainda que comece, verá que a realidade nunca se pode igualar ao sonho.

E cada um necessita ter o seu castelo. Onde se refugie das batalhas diárias, contemplando a lua através das janelas; ou dormindo em segurança, entre os seus lençóis, ainda que um sono sem sonhos.

Não é sábio, aquele que espera que o Amor construa ao seu redor um castelo encantado; ou o abrigue em suas asas e o carregue pelos ares e entre as estrelas, por todo o tempo que durar a sua vida.

Sensato é o homem que vive a felicidade de um sonho; mas sabe que os sonhos não duram para sempre. Assim estará pronto para escolher o seu caminho, se o Amor o deixar cair sobre o chão.

Porque este é um risco sempre presente, quando se lida com o Amor. Ele traz encantamento, felicidade e plenitude; mas em nenhum momento assegura que durará pela Eternidade, entre aqueles que toca.

Às vezes as pessoas se perdem uma da outra, ao longo do caminho. E precisam aceitar esta realidade, para que possam decidir se seguirão juntas. Ou se cada uma deve escolher o seu novo caminho.

Mas, em qualquer caso, devem agradecer ao Amor.

Que, um dia, as levou aos céus. 

Música:
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Texto antigo, que resolvi tirar do ineditismo. 

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