O Árabe

Idéias, sentimentos, emoções. Oásis que nos ajudam a atravessar os trechos desérticos da vida...

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

OS VOSSOS CORPOS


Negais os vossos corpos.

E os cobris, como se importante vos fosse ocultá-los. Como se vos envergonhásseis das vestes que vos deu o Universo, para mais uma etapa das vossas jornadas.

Antes, deveríeis ter presente que a diversidade é uma constante na Natureza. E assim acontece, para que exista o aprendizado; houvesse a uniformidade, e não seria necessário o conhecimento.

Pois nenhum mérito existe em seguir um caminho, quando outro não vos é dado escolher; é na escolha que começa o aprendizado, pois não vos cabe o direito de queixar-vos do que escolhestes.

Buscai, portanto, amar os vossos corpos. E não os vejais por seus defeitos, mas por suas qualidades. Qualidades e defeitos em todos existem, e é o seu conjunto que torna único cada um de vós.

Cada um de vós tem a sua própria beleza. E uma vez que a tenha descoberto, não mais precisará tornar-se agradável aos olhos alheios, para que possa confiar em si mesmo.

Necessitais da aprovação dos vossos irmãos; e a buscais, incessantemente, em todos os momentos da vossa vida. É por ela que medis os vossos sucessos e os vossos fracassos.

Assim não deveria ser, entretanto. Porque o mérito de um homem não se mede pelos haveres que conquistou, ao longo da jornada, mas pelos conhecimentos que durante ela tenha acumulado.

Este é o único capital que levará consigo, durante a grande viagem. Que o acompanhará até o novo porto, onde trocará as suas vestes e repousará nos braços maternos, ao iniciar a nova caminhada.

Orgulhai-vos dos vossos corpos. E não os vejais como prisões que encerrem o vosso verdadeiro Eu, mas como instrumentos que vos conduzem ao conhecimento e à verdadeira liberdade.

Desfrutai dos vossos corpos. E não vos priveis dos prazeres que vos possam oferecer, em nome de um falso moralismo; do Universo os recebestes, e são por isto puros em sua essência.

Zelai, entretanto, para que não se desvirtuem os vossos valores. Pois, embora ao desavisado atraia a senda dos vícios, elevado será o seu custo para aquele que por ela se aventura.

Cuidai dos vossos corpos. E não vos deveis envergonhar das suas formas, nem dos seus impulsos, nem das suas necessidades. Vede-os, antes, como as ferramentas do vosso verdadeiro Eu.

Para que possais cultivar a Eternidade.

Texto sugerido pela bela foto do site 1000 Imagens.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

OS VOSSOS FANTASMAS


É preciso que enfrenteis os vossos fantasmas.

Pois fantasmas existem em todos nós. E não é sábia a criança que se encolhe no escuro, tremendo sob as cobertas; mas o adulto que enfrenta os seus medos, para que deles se possa libertar.


Porque a coragem não é a ausência do medo, mas a força interior para superá-lo. E não provém do desespero de sentir-se perdido, mas da consciência de que é preciso encontrar um novo caminho.


Por mais escura que possa ser a noite, as estrelas continuam a reluzir no céu. Ainda que as nuvens se afastem, entretanto, não as verá o homem que no chão mantiver os seus olhos.


Aquele que se nega a atravessar a ponte, jamais desfrutará das belas paisagens que do outro lado existem. E ninguém conhecerá a felicidade, sem conhecer também o sofrimento.


É de contrastes, que é feito o vosso caminho. E contrastes existem também em vós; pois não sois anjos nem demônios, e em vossas almas combatem e se alternam a luz e a escuridão.


Assim, o mais generoso dos homens tem os seus próprios momentos de egoísmo; e o mais famigerado bandido haverá de ter os seus lampejos de amor, caridade e gentileza.


Pois a fera que aterroriza a floresta encolhe as próprias garras, ao acariciar amorosamente as suas crias; e o mais tímido dos animais em fera terrível se transforma, ao defender os seus filhotes.


Nenhum homem caminha sobre a terra, que seja inteiramente bom ou inteiramente mau. Somos todos imperfeitos, e o Conhecimento é a razão e o objetivo da jornada.


Não espereis, portanto, que um dia se esfumem os vossos medos. Deles necessitais, para a vossa proteção; ou poderíeis perder-vos, nas ciladas que decerto surgirão em vossos caminhos.


Porém, com eles necessitais conviver. E o medo não deve ser, para vós, como a montanha intransponível; mas como a ponte que cautelosamente atravessais, para prosseguir em vossa jornada.


Porque o herói não é o homem que desconhece o medo, mas aquele que o venceu em si mesmo. E, ao fazê-lo, descobriu que nada existe de mais temível que o espectro do medo.


É preciso que enfrenteis os vossos fantasmas.

Pois outro caminho não existe, para que possais encontrar o vosso verdadeiro Eu.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

MENSAGEM AOS MEUS FILHOS

Pudesse eu, e todo sofrimento vos seria poupado.

Porque ninguém corta na própria carne, nem derrama o próprio sangue. E os filhos não são apenas o fruto dos nossos amores, mas a carne e o sangue das nossas almas.

Entretanto, é necessário que sigais os vossos próprios caminhos. Que machuqueis os vossos próprios pés, escaleis as vossas próprias montanhas e vos banheis nos vossos próprios rios.

Porque ninguém vive senão a sua própria vida. Ninguém aprende senão com as próprias lágrimas e os próprios sorrisos, nem caminha senão com as próprias pernas.

A planta não cresceria, sem a chuva que molha as suas raízes e o sol que a aquece após a friagem da noite; o vento que agita o mar é o mesmo que ao porto leva a embarcação.

Necessitais dos vossos próprios erros, para que possais usufruir dos vossos acertos. E das vossas próprias tristezas, para descobrir o valor das vossas alegrias.

Necessitais dos vossos tropeços, para seguir em frente. Pois ninguém aprende a levantar, sem que antes tenha caído; nem a enxugar as lágrimas, sem haver chorado.

Necessitais abrir as vossas asas, para realizar os vossos voos. E, ao abandonardes a proteção das minhas asas, a minha inquietação é amenizada pela esperança.

Pois maior alegria não existe, para um pai, do que ver os seus filhos voando por si mesmos, em busca da felicidade. E chegando muito mais alto do que ele jamais conseguiu.

Todos os dias, no silêncio de minha alma, me repito estas verdades. E aquele que muitas vezes repete a mesma verdade, outra coisa não busca senão convencer a si mesmo.

Porque ao coração não é dado escutar a razão. E, se a razão é o leme que conduz o barco, a paixão é o vento que enfuna as suas velas e sobre as águas o faz seguir.

Sois partes de mim. Os vossos sofrimentos e as vossas alegrias ecoarão em minha alma; sorrirei em vossas vitórias e prantearei as vossas derrotas.

Assim será, enquanto vivo eu estiver. Ainda que nem sempre vos diga, ainda que nem sempre demonstre. Entretanto, tendes o direito de viver as vossas vidas e não me cabe tolher os vossos voos.

Segui, portanto, os vossos caminhos; e contai comigo em todos os momentos. Que eu não seja, para vós, a pedra que impede a passagem; mas a sombra que protege, a brisa que acaricia, a água que reanima.

Porque assim deve ser o amor, e eu vos amo.

Com todo o meu coração.

Link para letra e música, uma homenagem que já não posso fazer pessoalmente ao meu pai: http://letras.terra.com.br/fabio-jr/45856

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

ORAÇÃO DO AMOR

Que exista sempre o amor em mim.

Para que a compreensão guie os meus passos, e a tolerância determine as minhas ações. Para que o ódio e o medo jamais se possam abrigar em meu coração.

Para que o preconceito não cegue os meus olhos e a revolta não turve a minha inteligência. Para que a presunção não vença a humildade, pois sou apenas mais um entre os meus irmãos.

Para que as respostas sempre me conduzam a novas perguntas. Para que o orgulho e a vaidade não me impeçam de aprender o muito que ainda não sei e repartir o pouco que aprendi.

Pois aquele que julga tudo saber é como o rio que não renova as suas águas e em pântano estagnado se transforma. São as dúvidas e a incerteza que nos conduzem a novas descobertas.

E em cada dia, nos cabe descobrir novos caminhos. Porque outro não é o objetivo da jornada senão o retorno ao Universo, cuja voz se faz ouvir nas nossas dores e nas nossas alegrias.

Que exista sempre o amor em mim.

Para que a paz habite em minha alma e eu possa espalhá-la ao meu redor, mesmo que me atinja a violência. Como o sândalo perfuma o ar, ainda que ferido pelo machado inclemente.

Para que o perdão me poupe o sofrimento do rancor, trazendo o esquecimento das ofensas. Para que a sua canção seja sincera em minhas palavras e toque o coração dos meus irmãos.

Para que a saudade não seja a dor cruel da ausência, mas a felicidade das boas lembranças. Para que o sonho não se transforme em frustração, mas possa vestir as roupas alegres de um novo sonho.

Não é sábio o homem que lamenta o anoitecer, mas aquele que comemora os bons momentos que viveu durante o dia; a um a frustração roubará o sono, enquanto o outro adormecerá com um sorriso de alegria.

Como não é sábio o navegante que amaldiçoa a escuridão da noite, mas o que abençoa a luz do farol; este chegará à segurança do porto, enquanto o outro naufragará nas pedras traiçoeiras.

Que exista sempre o amor em mim.

Para que o seu sopro me refrigere, durante o dia, e os seus braços me acalantem enquanto a noite transcorre. Para que as suas asas me conduzam pelo caminho do conhecimento.

Rumo ao Coração do Universo.

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