O Árabe

Idéias, sentimentos, emoções. Oásis que nos ajudam a atravessar os trechos desérticos da vida...

quinta-feira, 28 de junho de 2007

O AMOR E A PAIXÃO

Poderia a paixão durar para sempre?

Acaso o sol lança os seus raios escaldantes sobre a Terra, por todas as horas do dia? Ou o mar arremessa ondas furiosas contra a praia, por todo o tempo em que movimenta as suas águas?

E, se assim fosse, resistiriam a Terra e a praia? Existiria a vida, tal como a conhecemos?

Se em tudo, na Natureza, existe a alternância, ela está também em nós e em nossos sentimentos; não reagimos da mesma forma, aos mesmos estímulos, em todas as horas.

Não devemos basear o amor apenas na paixão. Se o fizermos, a cada vez que se reduzir a nossa paixão, julgaremos que se reduziu o nosso amor.

O amor está para a paixão, como o mar para as ondas; embora nele estejam contidas, muito longe estão de ser o seu todo. E como o céu para o sol: aceita e agradece o seu calor, mas, infinito que é, oferece muitos outros encantos.

Certo é que um homem e uma mulher não terão um amor completo, se entre eles não existir a paixão. Porém, é igualmente certo que não podem estar apaixonados todas as horas do dia, mesmo que entre eles exista o amor.

Pois o amor, quando não está na paixão, está no carinho. Quando não faz ouvir a sua voz nos sons do prazer, mostra a sua face em uma meiga carícia. Ele nos arrasta na correnteza do desejo, ou nos faz repousar nas águas mansas da ternura.

E, quando não nos desperta a ânsia, nos traz a sensação reconfortante da companhia.

Não são conflitantes a ternura e o desejo. Assim como o céu e a terra se encontram na linha do horizonte, existe também uma linha da qual brotam ambos, quando existe o amor.

Eis que da ternura de um beijo pode nascer o desejo; e do desejo satisfeito sempre haverá de nascer a ternura, quando o amor está presente entre um homem e uma mulher.

Pois ambos, a ternura e o desejo, existem em nós. E compõem a melodia mais grata, aos ouvidos do nosso verdadeiro Eu:
a sinfonia do Amor.

domingo, 24 de junho de 2007

PENSAMENTOS


Não é no pó que se acumula nas minhas sandálias, que encontrarei as lembranças dos caminhos que já percorri; mas nos sentimentos de que pude desfrutar, durante as minhas viagens.

Como não é nas minhas palavras, que encontrarei as verdades que busco; apenas poderei encontrá-las nas dúvidas que me são trazidas pelos meus irmãos. Pois a resposta não começa a nascer, antes que seja formulada a pergunta.

Assim como o perigo das tempestades não está no estrondo assustador do trovão, mas na beleza ofuscante dos raios, também não é nos anseios do mundo que encontraremos as causas da nossa felicidade, ou do nosso sofrimento; elas estão nos nossos sentimentos, em nosso verdadeiro Eu.

Como o mar, tem o verdadeiro Eu as suas calmarias e as suas borrascas. Como o mar, é profundo e insondável; é nele que residem a melhor e a pior parte de nós. E não podemos controlá-lo; ele é que nos controla, porque é a nossa verdade maior.

Todavia, o homem busca entorpecer-se com os apelos do mundo. É nos valores da sociedade, que busca os parâmetros para medir aos outros e a si mesmo. E, ao fazê-lo, é como a mariposa ingênua, que se deixa atrair pelo brilho fatal da lâmpada enganosa.

Eis que me move o desejo de aprender; e como compreender a Vida, se eu me fechar em mim mesmo e não compartilhar as dúvidas e a sabedoria dos meus irmãos? Pode uma única página possuir toda a sabedoria que habita em um livro? Ou uma única flor exibir todo o colorido de um vasto jardim?

Assim, cada um que ouça as minhas palavras e nelas encontre o ponto de partida para as suas próprias verdades, será para mim como a missão cumprida. Pois o semeador, ao lançar milhões de grãos sobre a terra, sabe que nem todos eles frutificarão; e nem por isso despreza o valor do seu trabalho, ou a alegria da colheita.

Por isto, assim como devo lavar as minhas vestes, para que nelas não persista a poeira do caminho, devo também abrir a minha mente, para que possa aceitar as idéias alheias e nelas descobrir novas verdades. Pois aquele que se julga completo é como uma esponja que, encharcada de presunção, nada mais consegue absorver.

Desejo, apenas, que a minha voz se faça ouvir. Que o meu coração esteja pronto a ouvir os meus irmãos e compreender os seus sentimentos; e, acima de tudo, que a Voz do Universo possa exprimir-se por minhas palavras e orientar-nos na caminhada, que se renova em todos os dias.

A busca do nosso verdadeiro Eu.

terça-feira, 19 de junho de 2007

O AMOR E A LIBERDADE



O amor é tão leve, que não suporta o peso dos nossos desejos; e tão livre, que sucumbe sob as correntes que lhe tentamos impor.

E, entretanto, é a força maior em nós.

Do amor, nascem os nossos sorrisos mais felizes; e da tentativa de escravizá-lo à nossa vontade, brotam as lágrimas mais sentidas.

O amor é, para a alma, como o ar é para o corpo. E, se é certo que dele necessitamos para viver, é igualmente certo que não o podemos reter em nossos pulmões.

O amor é como as nuvens, que flutuam pelo ar, livres de nosso controle. E, entretanto, ornamentam o céu e fazem nascer a chuva, que fertiliza os campos.

Ou como as estrelas e a lua, que não estão presas ao firmamento e, brilhando em liberdade, fazem a beleza da noite.

O amor não absorve, completa. Eis que o Pai nos concedeu o livre-arbítrio, para que cada um de nós pudesse decidir o seu próprio destino. E talvez seja esta a expressão maior do Seu amor.

É necessário que cada um ande o seu próprio caminho, para que o amor possa guiar os seus passos.

Pois aquele que por outro é guiado, não pode falar de amor; mas de submissão. Como aquele que busca impor a sua vontade, não procede em nome do amor; mas das suas próprias carências.

Eis que a plenitude não pode brotar senão de si própria. E como poderemos conhecer a plenitude do amor, se cada um de nós não estiver pleno em si mesmo?

Guardai-vos, portanto, da tentação de escolher o caminho da pessoa a quem acreditais amar.

Pois é quando os seus próprios passos a levam até vós, que juntos podeis caminhar...

quarta-feira, 13 de junho de 2007

DO AMOR


Muitos vos têm falado do Amor.

Tendes ouvido o poeta, que fala do amor nos olhos de uma mulher; e o sacerdote, que prega o amor a Deus; e o construtor, que descobre traços de amor em belas edificações.
E cada um deles diz apenas uma parte da verdade; porque não fala sobre o Amor, mas sobre as suas próprias concepções de amor.

Eu, entretanto, vos digo que o Amor é isso e muito mais:
- é o raio de sol, que acaricia o vosso rosto e não podeis reter;
- é o mais lindo dos vossos sonhos e a maior das vossas mentiras;
- é o pior dos vossos despertares e a maior das vossas verdades.

Pudesse eu ensinar-vos que o Amor é para ser vivido, e não definido!
E pudesse, também, mostrar-vos o que fazeis do amor:
- vós o encarais como a um ser vivo, e o dissecais para adorar o seu cadáver empalhado;
- procurais entendê-lo, sem saber que nele nada há para se entender;
- e julgais que o amor é vosso direito e obrigação dos outros.

Como a felicidade e o sofrimento, o Amor é um estado de espírito; assim, não se pode pretender a sua duração cotidiana.
É quando vos preocupais com a duração do vosso amor, que começais a destruí-lo; é quando quereis obrigá-lo a sobreviver, que lhe estais roubando o alento e causando a sua morte.

Que não vos preocupem as definições do Amor, nem a sua duração; como não vos preocupa o que possa existir depois do universo, pois o sabeis infinito. Amai, pois o Amor vos reconduz a um Ser Maior, que vos encontra no sofrimento ou na felicidade.

E aprendei que o vosso medo de sofrer é o próprio sofrimento e vos impede de ser felizes. Arrancai-o do vosso coração, para que possais descobrir os vossos sofrimentos e o vosso verdadeiro Eu.

Pois a ventura que vos desejo, como aos filhos mais queridos, não é a bolsa repleta, nem a mente saturada de conhecimentos, nem mesmo a saúde perfeita; é que possais conhecer o amor e, mesmo sem entendê-lo, o guardeis junto a vós, ainda que apenas por um dia e uma noite.

Porque então percebereis o brilho das estrelas e sereis capazes de ouvir a canção do mar e sentir o perfume das flores. E o brilho, a canção e o perfume não vos chegarão pelos órgãos do corpo, mas através de vossas almas.

Assim, quando renascerdes no mundo maior, tereis nos lábios um sorriso de confiança e no coração uma prece de agradecimento. E os anjos vos receberão entre eles.

E talvez vos seja dado ver a face de Deus.
(Trechos extraídos do livro "Na trilha do Profeta", editado pela Associação Cultural Internacional Gibran)

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