O Árabe

Idéias, sentimentos, emoções. Oásis que nos ajudam a atravessar os trechos desérticos da vida...

sexta-feira, 26 de julho de 2013

O APRENDIZADO DA SAUDADE


O Tempo nos leva os sonhos e as pessoas.
Não como um algoz implacável; mas como o rio que, indiferente, arrasta no seu curso tudo aquilo que, um dia ou uma noite, o mesmo tempo arrojou às suas águas.
 
Sim; nada nos leva o Tempo, além do que um dia nos trouxe. As nossas lágrimas de hoje são o eco esmaecido dos nossos sorrisos de ontem; o que nos faz chorar é o que nos fez sorrir.
 
As nossas lágrimas durarão, até que nos chegue um novo sorriso. Então, como o calor do sol enxuga e fertiliza a terra ensopada da chuva, uma nova esperança haverá de brotar.
 
É assim que é. Assim tem sido, desde o início dos tempos, na vida de todas as pessoas. Porque a Vida, a verdadeira Vida, não é senão o caminho do aprendizado, que leva ao Coração do Universo.
 
Não devemos chorar de saudades, por nossos beijos do passado; mas recordar com gratidão as sensações intensas que nos trouxeram, os sonhos que despertaram em nós.
 
Não devemos lastimar as mãos que se separaram, mas agradecer pelo tempo em que juntas estiveram; em que cada afago trazia em si mesmo uma promessa de amor eterno.
 
Não devemos acalentar a frustração, pelos amores que tenhamos perdido ao longo do caminho; mas abrigar para sempre a sensação de plenitude que trouxeram às nossas almas.
 
Porque sempre haverá beijos que já não se repetem, mãos que não mais se entrelaçam e amores que se foram. Sempre haverá pessoas queridas que nos deixam e continuam em nós.
 
Entretanto, não é sábio acalentar a tristeza da perda, quando se pode recordar a alegria do encontro; não é sábio mergulhar na solidão, quando se pode rememorar a companhia.
 
A vida continua, todos os dias; e por isto é preciso conservar as boas lembranças e afastar de nós a amargura que nos trouxe a separação. Este é o aprendizado da saudade.
 
Porque as boas lembranças nos libertam, enquanto a amargura nos prende ao que se foi. E acorrentar-se ao passado é renunciar à liberdade de viver o presente e construir o futuro.
 
Sim; o Tempo nos leva os sonhos e as pessoas.
 
De cada vez que isto acontece, a nossa alma se despe das vestes que usa perante o mundo. E nua, tímida, vigia a pequenina chama da esperança, que bruxuleia em meio à escuridão que nos envolve. 

É ela que fará brotar um novo dia. 
 
Inspirado na bela imagem, disponível na internet.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

UMA PALAVRA DE ESPERANÇA


Ocasiões existem, em que a tristeza se instala em nossa alma.

Em que a vida nos parece sem sentido, os esforços nos parecem inúteis e o mundo parece conspirar contra nós. Em que duvidamos de nossa capacidade de superar os obstáculos.

E, entretanto, é quando nos sentimos mais fracos, que o nosso verdadeiro Eu reúne todas as suas forças e nos empurra para a frente; para que possamos prosseguir na jornada.

Quanto mais estéril for o solo, mais longe irá a raiz, em busca do alimento de que a planta necessita; quanto mais violenta a tempestade, mais bela será a bonança que a segue. 

É assim que é. Porque a semente não se tornará árvore, se antes não for enterrada na terra; como o ferro não se tornará aço, sem sofrer o calor da forja e a frieza do gelo.

As lágrimas mais amargas darão lugar aos sorrisos mais felizes. Porque só aquele que é capaz de sentir a verdadeira tristeza será capaz de sentir a verdadeira alegria.

Desfrutai da vossa tristeza, como desfrutais da vossa alegria; uma e outra vos são necessárias. Sois como a criança, que para aprender a andar precisa aprender a cair.

Desfrutai das vossas lágrimas, como desfrutais dos vossos sorrisos. Porque se estes vos enchem o coração de alegria, aquelas aliviam o peso constrangedor da tristeza.

Deixai cair de vossos olhos as lágrimas da saudade. Antes de as maldizerdes, porém, recordai os vossos sorrisos de felicidade, enquanto desfrutáveis da companhia amada.

Pranteai, sim, as vossas angústias. Todavia, tende presente que, na maioria das vezes, vós mesmos as convidastes para que viessem a vós e vos fizessem companhia.  

Porque o homem é o seu próprio agricultor. Eu vos tenho dito que na escolha das sementes que plantais em vosso coração, determinais a colheita que no futuro tereis.

Como o solo fértil, o vosso coração devolve multiplicado tudo que lhe ofereceis. E a qualquer momento podeis mudar a vossa colheita, mudando as vossas sementes.

Para que o homem pudesse utilizar o fogo, teve primeiro que sentir a dor da queimadura; necessitais das vossas dores, que são as ferramentas do vosso aprendizado.

Não vos desespereis, portanto; nem abaixeis a vossa cabeça, quando vos buscar a tristeza. Ela se irá, com o tempo; a alegria e a esperança voltarão a habitar o vosso coração.

E voltará a sorrir o vosso verdadeiro Eu.   

sexta-feira, 12 de julho de 2013

A DEUS, MEU IRMÃO



Você se foi, meu irmão.

E a saudade de você está doendo muito. Saudade da sua alegria, do amor que você espalhava à sua volta; da sua firmeza tranquila, que reconfortava e animava a todos.

Saudade dos seus olhos castanhos; do seu sorriso moleque, sorriso de menino, que nem o peso dos anos conseguiu modificar. Saudade da sua voz calma e arrastada.

Saudade dos seus cabelos brancos, da barriguinha proeminente, da paz que havia em seu olhar. Saudade das suas piadas, das suas histórias, da proteção sobre aqueles que amava.

Saudade que fica em seus teclados, em suas caixas de som, em tudo que compunha o seu mundo. Saudade que vive em cada canto da casa que você arrumou com tanto carinho.

Saudade que fica em nossa mãe, em seus irmãos, em seus filhos e netos, testemunhas vivas da sua capacidade de amar. Saudade que fica em seus amigos. Saudade de você.

Há pessoas que se tornam inesquecíveis. Que nem a morte consegue levar de nós, porque viverão sempre em nossa lembrança. Que estarão vivas, enquanto vivermos.

E assim é você, meu irmão, que continua vivo em nossos pensamentos. Você permanece em nós e se a sua falta nos faz chorar, a alegria de tê-lo conhecido nos leva a sorrir.

Você está presente, até na ausência. E a saudade, ao mesmo tempo em que nos magoa fundo, nos traz o consolo de lembrar você. Esta é a maravilhosa dualidade do amor.

Uma tristeza sem fim, uma sensação de perda irreparável, um vazio que nada no mundo conseguirá preencher. Uma dor na alma, que corta o coração e desaba de nossos olhos.

A sensação de que nunca mais o mundo será o mesmo. De que se foi um pedaço de nós; de que as cores já não são tão vivas, os sorrisos tão alegres, a vida tão bonita.

Mas a jornada continua. E é preciso retomar o caminho, em tributo à sua lembrança; é preciso voltar a percorrer a estrada, até o dia em que por nossa vez sejamos chamados.

E nesse dia, meu irmão, estaremos novamente juntos. Falaremos do nosso amor e da nossa saudade; trocaremos muitos abraços e celebraremos a alegria do reencontro.

No Coração do Universo. 

A Regi, que nos deixou em 07/07/2013.

Vídeo, com letra da música: http://youtu.be/H-yQc_nGDMU
Maravilhoso, apesar de pequenos erros. 

sexta-feira, 5 de julho de 2013

O AMOR, A TRISTEZA E A FELICIDADE



Vivei intensamente os vossos amores.

Só assim voareis nas suas asas e conhecereis o mais doce do seu mel. Embora seja igualmente certo que descereis aos abismos mais fundos e provareis o mais amargo fel.

Outra forma não existe de experimentar o Amor em toda a sua plenitude, ouvir a canção do Universo e entender o sentido da Vida. Porque o Amor é a razão do Universo e da Vida.

Podeis, decerto, renunciar ao amor; e se assim fizerdes, mais tranquilos serão os vossos dias. Para aquele que depende apenas de si mesmo, mais fácil se torna traçar o próprio caminho.

Amar é caminhar juntos, pelo caminho do aprendizado, para que juntos possais atingir o Conhecimento. E às vezes necessitareis atrasar a vossa marcha, para ajudar a quem amais.

Entretanto, muitas vezes também a sua mão carinhosa sustentará os vossos passos; e vos guiará pelas sombras da dúvida e pelos caminhos tortuosos do desânimo e das dificuldades.   

O homem que renuncia às suas emoções é como o cego; se os seus olhos não são incomodados pela luz intensa do Amor, tampouco conhece as belezas que a Vida oferece.

Deixai-me dizer-vos que a porta por onde pode a tristeza penetrar em vosso coração é a mesma que a felicidade utiliza. E quem a uma renega, a outra não chegará a conhecer.

Porque são irmãs a tristeza e a felicidade e apenas as separa o tempo; eu vos tenho dito que, quando uma se assenta à vossa mesa, a outra aguarda em vossa cama.

Não vos deveis iludir, acreditando que apenas uma vos visitará; o Amor conduz a ambas pelas mãos e a ninguém é dado abrigá-lo, sem desfrutar do riso e amargar o pranto.

Pois, assim como a ave não ganharia o céu sem as suas asas, também ao vosso verdadeiro Eu não seriam dados os mais elevados voos, se não o sustivessem as asas do Amor.

Vivei intensamente, portanto, os vossos amores.

Quando vos magoar o Amor, recordai-vos dos risos e das alegrias que antes vos trouxe. Porque ninguém chora de saudade, senão ao recordar a felicidade que viveu.

E quando o Amor vos fizer sorrir, desfrutai plenamente da vossa felicidade. Porque, ainda que dure apenas um momento, é ela que vos faz entender o sentido da Vida.

E vos reconduz ao Coração do Universo.  

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