O Árabe

Idéias, sentimentos, emoções. Oásis que nos ajudam a atravessar os trechos desérticos da vida...

sexta-feira, 29 de junho de 2012

A INVEJA E O SOFRIMENTO


Afastai a inveja de vossos corações.

Pois é ela que vos impede de valorizar o que possuís, ao fixar nas posses alheias a vossa atenção. E vos rouba a paz de espírito, ao despertar em vós novos desejos. 

É ela que vos faz abrigar a dor da frustração, quando deveríeis sentir a alegria da conquista. Que vos traz o vazio da insatisfação, quando poderíeis conhecer a plenitude.

Pois não raro o que hoje menosprezais é aquilo que ontem desejáveis. E vos deveríeis sentir felizes por havê-lo conseguido, antes de lamentar o que ainda vos possa faltar. 

Cuidai, sempre, da vossa própria vida. Pois o jardineiro que se ocupa em invejar o jardim alheio, decerto não terá tempo para cuidar do seu próprio jardim e o verá fenecer.

Não desperdiceis o vosso tempo, e não vos magoeis a esmiuçar quão agradável será a vida de outrem, porque ninguém poderá ter a vida perfeita que a inveja faz imaginar.

A perfeição não é deste mundo. Como o céu estrelado se torna mais belo quando dele se ausenta a lua e o silêncio realça o canto do pássaro, algo sempre vos haverá de faltar

Aquele que possui o solo mais fértil, decerto não disporá das melhores sementes; e nas regiões onde mais abundante é a chuva, a plantação exige maiores cuidados.

Porque, eu vos repito, a perfeição não é deste mundo. E, quanto mais a desejardes, mais vos farão sofrer as imperfeições que descobrireis a cada dia em vossas vidas.

O homem sensato valoriza o que possui. E, longe de lançar os olhos para as posses do vizinho, os lança para o seu próprio passado e em seu coração agradece por suas conquistas.

Pois, ainda que as vossas vestes não sejam as mais ricas, nem as mais belas, a verdade é que nus chegastes a este mundo e hoje estão vestidos os vossos corpos.

Ainda que não vos pertença a maior fortuna, tendes um teto sobre as vossas cabeças, alimento sobre vossas mesas e o suficiente para o sustento de vossas famílias.

E, ainda que não sejam os mais perfeitos os vossos amores, são eles que afastam de vós a solidão; que acalmam os anseios dos vossos corpos e aquecem a vossa alma.

Afastai a inveja de vossos corações.

Porque necessitais de toda a vossa energia, para tornar realidade os vossos sonhos. 

sexta-feira, 22 de junho de 2012

OS VOSSOS PRECONCEITOS




Abandonai os vossos preconceitos.

Porque ninguém pode julgar aquilo que não conhece. E nada chegareis realmente a conhecer, se abertos não estiverem os vossos olhos, as vossas mentes e os vossos corações.

Admitir o erro é o primeiro passo no caminho do acerto; mas o homem que se agarra às suas opiniões é como a ostra que se prende ao rochedo, até que a força do mar a venha dali arrancar.

E, acreditai-me, a força das águas do tempo arrancará todas as vossas ilusões e todos os vossos enganos. Porque é para isto que a jornada se renova todos os dias, por incontáveis vezes.

Aprender: é esta a finalidade da Vida. E aquele que se acorrenta a velhas opiniões, decerto não poderá abraçar as novas verdades que surgirão em seus caminhos.

Eu vos tenho dito que o homem cujos olhos estão presos ao passado torna-se incapaz de enxergar o presente e por isto não conseguirá construir um futuro melhor.

Eis que cada dia transforma as vossas necessidades e vos traz uma nova realidade. E é sobre ela que pensareis o vosso futuro, até que um novo dia a venha também modificar.

Pois as vestes que vos servem em um dia de calor, decerto não vos poderão aquecer quando o frio chegar; e a água que ontem bebestes, hoje não poderá matar novamente a vossa sede.

Precisareis costurar novas vestes; e buscar outro poço que vos dessedente. E talvez venhais a descobrir, para vossa surpresa, que são mais confortáveis as vestes e mais saborosa a água.  

Assim acontece também às vossas ideias. Porque uma ideia está na raiz de cada ação praticada por um homem. É  preciso que mudem as ideias, para que o mundo se possa modificar.

Deveis, portanto, abrir as vossas mentes para as novas ideias. Porque é assim que mais longe sereis capazes de enxergar e novos caminhos descobrireis em vossa jornada.

Abandonai os vossos preconceitos. Não sejais como o odre repleto, que se nega a absorver a mínima gota; mas como a esponja, que humildemente aceita a água generosa.

Ninguém existe que possa estar certo sobre tudo. E é ao aceitardes esta realidade, que vos tornareis capazes de absorver novos conhecimentos  e acelerar a vossa caminhada.

Rumo ao Coração do Universo.   

sexta-feira, 15 de junho de 2012

ALGUÉM QUE AMA MAIS


Sempre haverá alguém que ama mais.


Aquele que, buscando prolongar o amor, muitas vezes chegará a anular a própria vontade. E, assim fazendo, encurtará o tempo de duração da sua história.

Porque o amor tem na plenitude o seu maior encanto. E não existirá plenitude entre dois amantes, se cada um não puder expressar os seus próprios desejos.

Pois não existe, sob o sol, alguém que não se sinta incompleto. É por isto que buscais o amor: para que possais encontrar a parte que vos falta, a outra metade de vós.

E é por isto que são efêmeros os vossos amores. Porque ninguém existe que seja a outra metade de alguém; cada um de vós é um mundo à parte, com as suas próprias paisagens.

Não é em outra pessoa, que encontrareis o que vos falta; mas em vossos sentimentos. Pois é através do verdadeiro Eu, que o homem se pode ligar ao Universo.

Apenas assim, encontrareis a plenitude. Pois a centelha divina que existe em vós se ressente do exílio, e seu maior desejo é reunir-se ao Cosmo, ao qual pertence.

É esta a origem da vossa inquietação. E não conhecereis a paz, enquanto a vossa alma não conhecer esta verdade; enquanto cada homem não aceitar a si mesmo.

Por isto, sempre existirão mãos que se entrelaçam. E que um dia se separarão, para acenar um derradeiro adeus; não ao amor, mas à esperança que se vai.

Sempre existirão bocas que se beijam, entre palavras de carinho e desejo. E que um dia buscarão as palavras mais duras, para magoar a quem juravam amar.

Sempre existirão olhos que se fitam, e trocam mensagens de amor. E que um dia se entregarão a lágrimas de tristeza e saudade, ou de revolta e frustração.

Sempre existirão corpos que se encontram e penetram, e no calor do orgasmo escapam ao tempo e ao espaço. E um dia sentirão o frio cruel da solidão.

Sempre haverá alguém que ama mais. E talvez para ele seja mais dolorosa a separação. Decerto, entretanto, será o mais feliz enquanto durar o amor.

Porque com mais intensidade viverá o seu sonho.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

O TEMPO DO TEMPO



Direis que o tempo é, para mim um assunto recorrente.

Mas não é o tempo o único assunto recorrente em nossas vidas? É ele que nos acompanha em cada segundo, e mais importante se torna à medida que se esgota.

Porque, em verdade, é o único capital que a ninguém é dado repor. Uma vez que se esgote a nossa cota, inevitável é a viagem antes que possa haver um novo amanhã.

Entretanto, ao jovem não cabe o conhecimento desta realidade, que permeia a consciência do homem maduro e ocupa constantemente os pensamentos dos idosos.  

A juventude vê o hoje e a velhice o ontem. Só a maturidade é capaz de enxergar realmente o amanhã, pois lhe pertencem a consciência do passado e a esperança no futuro.

A cada um não preocupa o que possui em abundância, mas o que lhe falta. O rico, protegido por sua fortuna, não entende a angústia do pobre ante a ameaça da fome.

O pássaro, que canta de alegria ao calor do sol, não entende o silêncio da coruja que cochila para voar na frieza da noite; e aquele que sorri de amor não entende o pranto da solidão.

É assim que é. Porque cada homem apenas entende as suas próprias necessidades, vê a vida com seus próprios olhos e mede as distâncias pelo tamanho dos seus passos.

E assim será, até o dia em que formos capazes de entender que as nossas vidas se entrelaçam, como as estrelas que tão distantes entre si formam a beleza do céu noturno.

Este será o dia em que venceremos o tempo. Porque a morte não existe, para aquele que acredita na Vida; nem a solidão para o homem que sabe amar os seus irmãos.

Até lá, entretanto, muito tempo haverá de passar. E o mediremos com nossos relógios, entre as nossas dores e as nossas alegrias, que esqueceremos entre as suas dobras.

E o desperdiçaremos enquanto jovens, o veremos passar quando maduros e lamentaremos na velhice. Porque o homem aproveita o que lhe sobra, mas deseja o que lhe falta.

É assim que é. É assim que tem sido, é assim que será, até que nos seja dado descobrir que o tempo apenas limita os nossos corpos, mas não pode vencer os nossos sonhos.

Nem o nosso verdadeiro Eu.   

sexta-feira, 1 de junho de 2012

O ESPELHO DA ALMA


Às vezes, é preciso rasgar as nossas roupas.

Arrancar de nossos ombros a imagem que vestimos para o mundo. Admitir as nossas frustrações, esconder-nos nos nossos medos, reconhecer os nossos desejos e defeitos.

Como o alpinista que encara de frente o abismo; ou o navegante que, sob o céu escuro da noite sem lua, busca a luz da estrela distante que o guie na viagem solitária.

Às vezes, é preciso levantar os panos da hipocrisia e das convenções e descobrir o espelho da alma, para que nele possamos ver refletido o nosso verdadeiro Eu.

Porque ninguém existe que seja inteiramente bom, ou completamente mau. A bondade e a maldade convivem em todo homem, e esta é a razão de caminharmos sobre a terra.

É preciso admitir esta verdade, para que a jornada realmente se inicie. Pois aquele que não sabe aonde quer chegar não pode traçar o rumo que deve seguir.

Este será joguete de seus desejos e suas vontades; e seguirá para onde o levem os ventos, incapaz de posicionar as suas velas e assumir o controle da própria vida.

De sua boca, ouvireis as mais amargas reclamações sobre o destino inclemente e os mais pueris protestos de inocência quanto aos males que surjam em seu caminho.

Sensato será aquele que admita as suas imperfeições e assuma o fardo das suas consequências; apenas assim poderá alijá-lo de seus ombros, para mais leve prosseguir a caminhada.

Porque admitir o erro, em vez de imputar aos seus irmãos a culpa que só a ele pertence, é o primeiro passo para que o homem possa encontrar a redenção.
  
Às vezes, é preciso rasgar as nossas roupas.

Para sentir na pele a carícia do vento, o calor do sol e a frieza da chuva. Para que aqueles que nos cercam possam realmente conhecer-nos e entender as nossas reações.

Para que possamos ser sinceros conosco; para desabafar por um instante e aliviar a pressão que sentimos na maior parte do tempo, durante todos os dias.

Às vezes, é preciso rasgar as nossas roupas.

Para encontrar o nosso verdadeiro Eu.      

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