O Árabe

Idéias, sentimentos, emoções. Oásis que nos ajudam a atravessar os trechos desérticos da vida...

sexta-feira, 27 de setembro de 2019

SIMPLES ASSIM



Muito vos angustiais, por coisas que não valem a pena.
Como a avestruz da lenda, que por medo enterra a cabeça na areia e torna-se ainda mais vulnerável ao perigo que imagina; se mantivesse os olhos abertos, mais fácil lhe seria escapar.
Lembrai-vos desta verdade. Porque aquele que foge da luta jamais conhecerá a vitória; como o homem que teme a estiagem não será capaz de plantar, e não viverá a alegria da colheita.
Enfrentai, portanto, os vossos medos. São eles, na maioria das vezes, as causas de vossas angústias; e, ainda que não se venham a concretizar, são capazes de tolher os vossos passos.
A nada, deveis temer mais do que ao próprio medo. Porque ele cria os fantasmas que vos assombram; aumenta as montanhas e engrossa os rios que podem surgir em vossos caminhos.
Sois os artífices do vosso destino; os construtores do vosso passado, do vosso presente e do vosso futuro. Podeis confiar na Vida; no tempo certo, ela vos dará as ferramentas certas.    
Cultivai a autoestima. E sabereis que é sempre possível realizar os vossos sonhos e seguir adiante, em vossa jornada; desde que não vos deixeis amedrontar pelos obstáculos que surjam.
Porque, eu vos tenho dito, foram os abismos que levaram ao fabrico de pontes, os oceanos que motivaram a invenção dos navios e as intempéries que vos levaram a criar as vossas casas.
Insensato é o homem que se nega a seguir em frente, apenas porque nuvens negras se amontoam no horizonte; sábio é aquele que busca abrigo, ao sentir as primeiras gotas de chuva.
Pois ninguém pode esperar que o sol o acompanhe, durante todo o caminho. Mas não é preciso temer a tempestade que pode não cair; nem assustar-se, ao ouvir um trovão vago e distante.
Tende em mente que o principal não é o destino; é a própria jornada. O que levareis, na Grande Viagem, não são os benefícios do lugar aonde chegastes; mas o que aprendestes na caminhada.
Olhai ao redor; e vereis como a vida é simples. Para germinar, a semente só necessita do solo, da chuva e do sol; para respirar, precisais apenas do ar abundante e dos vossos pulmões.
Aprendei a simplesmente beber água, quando vos castigar a sede; a repousar o corpo, ao sentirdes chegar o sono; a proteger-vos sob as cobertas que encontrardes, quando vier o frio.
Amai, quando o amor invadir o vosso ser; brincai, enquanto fordes crianças; cuidai das vossas crianças, quando vos tornardes adultos. Vivei, apenas, a vossa vida; e ela valerá a pena.
É simples assim.


Música:
http://ohassan.dominiotemporario.com/midis/1_eddie_calvert_greenleaves_of_summer.mid

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sexta-feira, 20 de setembro de 2019

O SEGUNDO QUE PASSA


Ouvis o segundo que passa?

É mais uma gota de vida que se esvai, no oceano do tempo. E, quando a última se for, o que delas tereis feito? Que contas prestareis a vós mesmos, do tempo que vos foi dado para a jornada?

Porque o importante não é quanto tempo passareis nesta terra; mas  o uso que fareis do vosso tempo. Como não importa a área da terra onde plantais, mas a colheita que dela obtiverdes.

Lembrai-vos, sempre, de que, embora pareça lógico que quanto maior for a seara, maior será a colheita, assim nem sempre acontece. Porque isso depende das sementes e do vosso cuidado.

Assim é. E deveis lembrar, também, que quanto maior o terreno, mais difícil vos será arar, semear, irrigar e manter vigilância sobre todos os animais e todos os perigos que ameaçam a vossa safra. 
    
Da mesma forma, não controlais o vosso tempo de vida; mas podeis definir cada um dos vossos passos e escolher cada um dos vossos caminhos. Decidis quanto tempo passareis com o riso e com a tristeza.

E nada levareis, ao fim do caminho, senão a mochila das vossas lembranças, que segue aos ombros do verdadeiro Eu. De vós dependerá gemer, sob o peso de pedras; ou desfrutar do perfume de flores.

Assim, eu vos tenho dito. Cada um não colhe senão o que semeia; e não anda senão sobre as pedras ou as plumas com que pavimenta o seu caminho. Atentai para esta verdade; ou difícil será a vossa jornada.

Espalhai sorrisos ao vosso redor; e sorrisos recebereis. Adoçai as bocas dos que vos cercam, e eles adoçarão, por sua vez, a vossa boca. Fazei uso da gentileza e do perdão e os recebereis de volta.

Se, entretanto, escolheis abrigar a grosseria e o rancor, é a eles que encontrareis em vosso caminho; se espalhais o fel, amargor será o que vos devolverão. Se plantais o pranto, o tereis em dobro.

Porque esta é a Lei do Universo. O sol inclemente, que calcina a terra, nada recebe de volta, senão o calor; mas a nuvem generosa, que se entrega na chuva, a tem de retorno e nuvem volta a ser.

Mais uma vez, eu vos digo: é vossa a escolha. E, se podeis decidir, escolhei sempre plantar rosas. Porque, ainda que os espinhos às vezes vos magoem, tereis a maciez das pétalas e o seu perfume.

Cabe-vos, também o direito de semear cactos. Mas, se assim for, não vos decepcioneis com o resultado da vossa lavoura. Não espereis algo além dos espinhos, que vos ferem as mãos e a alma.

Cuidai do vosso tempo. Ele é a moeda que vos foi concedida, para que possais adquirir o aprendizado de que necessitais; para adquirir a passagem que vos pode levar ao Coração do Universo.

Ouvis o segundo que passa? 

É mais uma gota que se escoa.


Música:
http://ohassan.dominiotemporario.com/midis/1_carmen_cavallaro_autumn_leaves.mid

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sexta-feira, 13 de setembro de 2019

AS VOSSAS SEMENTES


Eu vos tenho dito que cada um faz a sua vida.
A ninguém podeis culpar, por uma de vossas escolhas; como a ninguém precisais agradecer, por alguma delas. Vós mesmos as fizestes; e foram elas que vos trouxeram ao ponto em que estais.
A montanha pode estar em vosso caminho; mas vos cabe decidir se a escalareis, ou contornareis. Não podereis culpá-la pelo cansaço, ao meio do caminho; ou agradecer-lhe, pela vista que tereis do alto.
Como vós mesmos decidireis por colher ou não a rosa. E, se o fizerdes, não lamenteis junto à roseira a sua falta no galho, amanhã; nem lhe agradeçais pelo tempo em que a rosa adorna a vossa casa.
Igualmente, podeis decidir se cruzareis ou não o rio que surge à vossa frente. Por isto, não vos cabe reclamar da correnteza; ou agradecer ao rio pelo caminho fácil que acaso encontreis no outro lado.
Cabe-vos, sim, agradecer porque a montanha, a rosa e o rio existem; e porque vos é dada a possibilidade de decidir. A Vida nada vos impõe; antes vos oferece várias escolhas e vários caminhos.  
Cuidai-vos, apenas, para não enveredar às cegas pelo caminho que no momento vos pareça mais fácil; este, muitas vezes, é o que oculta, adiante, as maiores armadilhas e os mais difíceis obstáculos.          
São as vossas escolhas, que fazem as diferenças. E, porque apenas a vós cabem as decisões que tomais, a ninguém mais podereis agradecer ou culpar pelos resultados do que um dia decidistes.   
Assim, eu realmente acredito. E vos digo, ainda mais, que sempre vos cabe mudar os vossos caminhos; a qualquer momento podeis definir os novos rumos que tomareis, se não vos agrada o que tendes.  
Não espereis, entretanto, que as coisas mudem; a menos que vós mesmos estejais dispostos a mudar. É lógico: não colhereis senão os mesmos frutos, enquanto semeardes as mesmas sementes.
Se não vos agrada o que hoje colheis, talvez seja a hora de mudar as vossas sementes. Porque não podeis esperar colher figos, se plantastes tâmaras; nem acreditar que tereis pão, sem semear trigo.
Longe de lamentar a vossa safra, portanto, mudai as vossas sementes. Assim, é que podereis conseguir o que desejais; ainda que forçoso vos seja esperar que chegue a época de uma nova colheita.
Porque o tempo não é vosso amigo, nem vosso inimigo; ele é apenas a estrada por onde caminhais, durante cada jornada. Por ele passam as vossas dores e as vossas alegrias, cada qual a seu tempo.
Por isto, não basta que apenas troqueis as sementes. Necessitais perseverar, durante o tempo que for necessário, para cultivar a nova lavoura; ou o desânimo vos levará de volta à antiga seara.
E voltareis a colher os mesmos frutos. 


Música:
http://ohassan.dominiotemporario.com/midis/elargutierrez-elcondorpasa-em.mid
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sexta-feira, 6 de setembro de 2019

A SOLIDÃO DO POETA



O poeta sempre estará só.
Isto é algo de que precisa tomar consciência. Como uma gota de azeite caída em um vaso de água, sempre caminhará entre os seus irmãos, sem que a eles se possa misturar.

Porque, embora possa sentir o que sentem, não é capaz de explicar-lhes o que sente e como sente. E talvez seja preciso que assim aconteça, para que ele possa ser como é.

Ainda que ame e seja amado, jamais será amado do jeito que ama. E não lhe cabe o direito de cobrar a ninguém esse amor; porque cada um ama do seu próprio jeito de amar.

Talvez, assim deva acontecer. Alguém precisa ser como a águia, para explicar como é o mundo visto do alto; e outro precisa ser como a cobra, para mostrar o caminho pelo chão.

E o próprio poeta não sabe se é como a águia, ou como a cobra; convencido está, todavia, de que não vê e nem sente a Vida e o mundo como os outros os vêm e os sentem.

Certo está de que não é melhor, nem pior que os outros; apenas diferente. E de que assim será, por todo o tempo em que caminhar convosco, lado a lado, durante a jornada.

E a verdade é que se acostumou a estar só; a conversar consigo, a descobrir os seus motivos. Porque, ainda que entenda os motivos dos que o cercam, não concorda com eles.

Assim é. Entretanto, embora a rosa vermelha seja diferente das brancas, todas fazem parte do mesmo jardim. E é o contraste entre elas, que torna o jardim mais belo e completo. 
Por isto, ele caminha entre vós. E muitas vezes se mantém silencioso, para ouvir as vossas palavras; porque é ouvindo as vossas dúvidas, que encontra as suas dúvidas.

É escutando as perguntas que lhe fazeis, que encontra as suas próprias perguntas. Ainda que lhe pareça estranho o vosso modo de pensar, sabe que ele é o estranho entre vós.

Sede pacientes com o poeta. Porque sois todos ramos da mesma árvore, mas cada ramo tem as suas folhas e produz os seus frutos; assim, é que a árvore sobrevive.

Acima de tudo, o poeta ama. E, ainda que não consiga concordar com os vossos motivos, busca entendê-los. Porque é assim que, talvez, algum dia possa entender a si mesmo.

E nada vos pede, senão que atenteis às suas palavras. Isto é tudo que precisa; porque assim, quem sabe, um dia ele vos poderá fazer entender como pensa.

E a solidão em que vive.


Música:
http://ohassan.dominiotemporario.com/midis/jaimevillalba-nocturne.mid


Vídeo: aqui

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