O Árabe

Idéias, sentimentos, emoções. Oásis que nos ajudam a atravessar os trechos desérticos da vida...

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

AS PALAVRAS E A CANÇÃO


 

É preciso que as palavras toquem.
Que não apenas atinjam os vossos corações, mas sejam capazes de tocar a canção do Universo, que percorre o mundo nas asas do vento e vibra no canto dos pássaros. 
A canção que assovia nas folhas das palmeiras, murmura nas ondas mansas e estronda no fragor das tempestades. Que flutua nos raios do sol e se repete nas gotas da chuva.
A canção que é sinfonia em vossos amores e réquiem em vossas separações. Que embala os vossos doces sonhos e vos consola em vossos amargos desenganos.
A canção da esperança, que viaja em dois olhares que se cruzam. A canção da tristeza, nas mãos que se desentrelaçam, nos corpos que se afastam, nos olhos que se abaixam.
A canção do entendimento, que toca em surdina, no silêncio cúmplice de quando nada é preciso dizer. A canção da inutilidade, no silêncio opressivo de quando nada resta a dizer.
A canção do prazer, nos sussurros de desejo dos corpos nus que se encontram e possuem. A canção da plenitude, na ternura que sucede à ânsia incontrolável do amor.
A canção da inocência, que brilha no sorriso confiante da criança. A canção do conhecimento, que traz a paz ao idoso. A canção da fé, que sustenta os vossos passos.
A canção da dignidade, que acompanha o trabalho honesto e produtivo, multiplicando o pão e a água do homem prudente, para prover às necessidades da sua jornada.
A canção da inquietude, que vos faz seguir em frente; como o navegante que singra os mares e enfrenta as tormentas, porque o barco ainda não chegou ao seu porto.
A canção da Vida, que todos os dias se renova ao vosso redor. Que está no bebê que nasce, na água que corre, na planta que brota, na ave que voa, no inseto que rasteja.
A canção da gratidão pela noite que cai, pelo dia que amanhece; por vossas tristezas e vossas alegrias, vossos passos e vossas quedas. Por cada chegada e por cada partida.  
Esta é a melodia que não vos é dado ouvir com os ouvidos do corpo, mas sim com os do coração. É a canção da Eternidade, que vos acompanha em cada momento. 
E é preciso que as palavras toquem a canção do Universo.
Para que possam ecoar em vosso verdadeiro Eu.  

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

A MUDANÇA E A JORNADA




Sim; eu mudei.
Já não me vejo como era, no espelho da parede nem no reflexo da minha própria alma. Já não vejo o mundo e as pessoas como dantes via, nem reajo como antes.
Já não creio em coisas nas quais acreditei; já não choro por coisas que antes me faziam sofrer, nem me deixo levar pelos sonhos que outrora acalentavam minha alma.  
E é normal que assim seja; porque tudo muda na natureza. A gota d’água hoje sobre a flor, amanhã fará parte da nuvem; e depois de amanhã voltará a ser gota e de novo ornará a flor.
E embora o mar acaricie a praia todos os dias, não são as mesmas as suas carícias; porque não se repetem as suas ondas e a mansidão de hoje pode ser a fúria de amanhã.
A mudança faz parte da nossa essência; o aprendizado é a causa de cada jornada sobre a terra, e a mudança é apenas a sua consequência natural. Aprender é mudar.
Decerto, muitas outras vezes hei de mudar. E não perceberei as minhas próprias mudanças, senão quando o destino me trouxer de volta situações que no passado vivi.
São as situações que se repetem, não as ocasiões. E nem sempre se repetem as nossas decisões, porque não são as mesmas as nossas convicções e emoções.
Tende em mente esta verdade, e não vos decepcionareis tantas vezes com as pessoas que vos cercam. Pois às pessoas não é dado serem as mesmas em todos os momentos.
Deveis aceitar as suas mudanças; porque necessitais que as vossas sejam igualmente aceitas. E quanto mais exigirdes dos vossos irmãos, mais vos será também exigido.
Eu vos tenho dito que somos como espelhos, a refletir sobre os outros aquilo que deles recebemos. Pois este não é o mundo da doação generosa, mas o da troca egoísta.  
Por isto, não pode esperar compreensão aquele que ao seu redor distribui a intolerância. E não receberá amor aquele que não abrigar o amor em seu próprio coração.
Buscai compreender, portanto, as vossas mudanças; e tende presente que para crescer é preciso mudar. Não existiria a árvore, se a semente não houvesse germinado. 
Aceitai as vossas mudanças. É assim que assim vos tornareis capazes de entender as mudanças alheias, para que possais prosseguir de mãos dadas a vossa jornada. 
Rumo ao Conhecimento.       

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

O VOSSO TEMPO


O passado não volta.
Entretanto esta verdade, que tão óbvia se mostra, está entre as que mais facilmente esqueceis. Talvez porque algo em vós se nega a admitir a passagem do tempo.
Melhor faríeis, se isto tivésseis presente. Porque assim valorizaríeis cada momento de vossas vidas, cada afeto de vossos corações, cada trecho de vossos caminhos.
Cada um dos vossos sorrisos é único e jamais se repetirá; como é única cada uma das vossas lágrimas. Na raiz de cada um e de cada uma existe uma emoção que não voltará.
É assim que é. E muitas vezes, na pressa ou no medo de ver chegar o futuro, deixais de aproveitar o prazer fugidio do instante que viveis e logo se perderá no passado.

Desperdiçais muitos dos vossos momentos, ansiando ou temendo o seguinte. Com os olhos fixos no futuro, muitas vezes não percebeis a felicidade ao vosso lado no presente.
Assim é o jardineiro desatento que, no afã de admirar a rosa idealizada, não se encanta com a beleza do delicado botão que começa a abrir-se e exalar o seu perfume.  
Assim é o pai que, antegozando o momento de tomar nos braços o filho recém-nascido, não acompanha o mágico processo da gestação, no ventre da companheira que escolheu.
Assim é o enamorado que, no afã de abraçar a mulher amada, não aproveita cada maravilhoso segundo dessa espera encantadora, que a torna presente em seu coração.
Assim é o mercador que, tendo realizado uma venda compensadora, angustia-se por não saber quando conseguirá vender a peça mais valiosa do seu estoque.
Assim é o viajante que não saboreia a delícia da água fresca em seus lábios ressequidos pelo sol do deserto, imaginando quando encontrará outro oásis para reencher o seu cantil.
Sufocais o brilho das vossas alegrias, mergulhando-as no líquido denso das vossas inquietudes e dos vossos desejos. Como se cada coisa não viesse a seu próprio tempo.
Renunciais a viver o presente, em nome de um futuro que talvez nem venha a chegar. E  o arrependimento vos visitará, quando amanhã recordardes o passado.
Recordai, sempre, a transitoriedade de vossa passagem sobre este mundo. Tende em mente que o tempo voa e não vos será oferecida por duas vezes a mesma emoção.
Assim, aprendereis a viver plenamente cada um dos vossos momentos.  

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

A BALADA DO ANO NOVO



Festejais o novo ano.
E o fazeis como se a simples mudança no calendário pudesse mudar os vossos dias, o vosso mundo ou as vossas vidas. Como se o tempo fosse o senhor do vosso destino.

E assim não acontece, entretanto. Porque, como a onda não nasce senão no seio do mar, as mudanças que tanto desejais apenas poderão provir do vosso verdadeiro Eu.

Tende consciência desta verdade, ao comemorar o ano que nasce. E cada um dos seus dias será para vós uma oportunidade de promover as mudanças de que julgais necessitar.
Não aguardeis, todavia, que a mão do Universo as lance em vossa estrada. Porque a fruta que vos aguarda à beira do caminho decerto não oferecerá o sabor que esperais.

Alegrai-vos, sim, com o raiar de um novo ano. Como vos deveis alegrar ao nascer de um novo dia, ou ao cair de uma nova noite, que vos trazem o trabalho ou o descanso.
E desejai-vos, sempre, um Feliz Ano Novo. Porque é ao espalhar a esperança entre aqueles que o cercam, que o homem reforça as suas próprias esperanças.

Vivei, plenamente, o ano que se inicia. E não vos trará apenas alegrias, mas também tristezas; como tem sido desde o início dos tempos e será até o fim da vossa jornada.
É assim que é. E não vos deveis iludir que apenas provareis o mel, porque também o fel a vida vos trará. Deveis saborear igualmente a ambos, para que possais escolher entre eles.

Vivei, portanto, cada um dos vossos dias. E o deveis viver como se fosse o último; para que mais intensamente possais desfrutar das vossas emoções e dos vossos sonhos.

Vivei as vossas esperanças e os vossos desenganos, os vossos triunfos e as vossas derrotas. Sorride os vossos sorrisos e chorais as vossas lágrimas.

E promovei em vós as mudanças que ao vosso redor desejais. Sede tolerantes e tereis a paz; trabalhai e tereis o progresso; amai a todos e tereis um mundo de irmãos.
É assim que vivereis plenamente o novo ano. E não o desperdiçareis, mas dele fareis o marco inicial da nova jornada, que vos levará a uma vida melhor. 

Feliz Ano Novo!

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