O Árabe

Idéias, sentimentos, emoções. Oásis que nos ajudam a atravessar os trechos desérticos da vida...

sexta-feira, 27 de julho de 2018

O COMEÇO E O FIM



Não vos deveis preocupar com o fim.

Porque o fim é inevitável e fatalmente virá. E de nada vos serve angustiar-vos pelo que não vos é dado evitar; não deveis permitir que o medo do futuro, ou a saudade do passado, vos roubem o presente.

Deste, sim, é que vos deveis ocupar. Porque o instante que deixardes de desfrutar não mais retornará a vós; e este é o maior prejuízo que podeis sofrer. O tempo é o capital que não podeis repor.

Não vos entregueis, portanto, à tristeza por alguém ou algo que se foi. Detende-vos, antes, nas boas lembranças de todos os momentos felizes que ao seu lado tivestes. É sempre vossa a escolha.

Eu vos tenho dito que a vida, como a felicidade e a tristeza, é feita de momentos. E insisto em repetir-vos esta verdade, para que possais entender que nada é eterno, neste mundo onde estais.

Dia virá, em que o próprio mundo chegará ao seu fim. E esta certeza deveria recordar-vos que o corpo não nasce para ser imortal. A Eternidade é um privilégio reservado ao vosso verdadeiro Eu. 

E, se assim é, por que não recordais os momentos felizes, em vez de entregar-vos à dor da partida? Por que lamentar a perda, ao invés de comemorar o encontro? Por que chorar, se podeis sorrir?

Por que prantear os vossos mortos, ou lastimar a visão de seus corpos inertes, se podeis alegrar-vos com as suas lembranças e preservar os bons momentos que junto a eles vos foi dado desfrutar?

Por que angustiar-vos com a morte, se podeis escolher celebrar a Vida? Por que entregar-vos à tristeza do fim, como se houvésseis esquecido todas as alegrias que experimentastes no durante?

Como metal e imã se atraem, assim também acontece aos que se amam. O sentimento que abrigais em vossas almas é suficiente para que volteis a vos encontrar, em algum ponto do Universo.

O tempo não passa de uma ilusão dos vossos sentidos; apenas percebeis a sua passagem, pelas mudanças que provoca em vossos corpos. Para o espírito, séculos podem ser minutos.

Lembrai-vos de que ao dia se segue a noite, e a esta volta a seguir-se o dia. E nem as estrelas que brilham no céu são as mesmas que brilhavam no início dos tempos. Tudo muda... e permanece.

Abandonai, portanto, os vossos medos e as vossas amarguras em relação ao fim. A verdade é que cada fim é um novo começo; e cada passo que dais, após cada começo, vos leva a um novo fim.

Não vos preocupeis com o tempo, nem com a vossa finitude, nem com o que virá depois do fim. O tempo passará e todas as vossas preocupações mudarão, enquanto caminhais para o vosso destino.

O Coração do Universo.


Música:
http://ohassan.dominiotemporario.com/marco/1_kenny_g_unchanged_melody.mid

sexta-feira, 20 de julho de 2018

A CANÇÃO DE MIM



Dentre vós, há quem me pergunte se tenho condições de dar conselhos.

Se sou, acaso, um padrão de moral e um exemplo de vida. Se tenho sempre atitudes puras e, em todos os instantes da minha vida, faço apenas o melhor para todos aqueles que me cercam.

Ocorre, entretanto, que não intento aconselhar a quem quer que seja; apenas vos trago as muitas experiências que a Vida me deu. Assim como as recebi, acredito que as devo oferecer.

Porque algumas delas me custaram muito, em termos de sofrimentos e tristezas. E não cumpre o seu dever para com os seus irmãos, aquele que não os alerta para os riscos que conhece.

Sou alguém igual a todos vós. Que enfrenta as suas dificuldades, que por vezes sucumbe às tentações; que não se pode orgulhar de tudo que fez na vida. Muitos erros tenho cometido.

Não sou uma alma pura. Se o fosse, talvez não caminhasse entre vós; talvez já houvesse concluído a minha jornada e estivesse junto ao Coração do Universo, como aos puros acontece.

Sou alguém que caminha convosco; e, se vos abro a minha alma, é porque acredito que juntos podemos aprender mais. Acreditai-me, quando digo que muito aprendo em nossas conversas.

Não sou a lâmpada que ilumina o caminho; sou o viajante que busca acender não só a sua lâmpada, mas todas aquelas que estiverem ao seu alcance. Um fósforo aceso, já diminui a escuridão.

Não sou, bem o sei, um sábio, um esclarecido ou um predestinado. Sou apenas o caminhante que reparte as suas experiências da jornada; e busca ouvir as vossas experiências.

É o que sou. E, por isto, entendeis as minhas palavras e me honrais em caminhar comigo. Fosse eu um sábio, ou uma alma pura, como poderia falar-vos do aprendizado ou das tentações?

Sensato é aquele que não fala, senão do que conhece; ou sente em sua alma. A águia, que paira nas alturas, poderia explicar à formiga, que anda sobre o chão, a sua visão do mundo?

Não sou uma águia; mas uma formiga, que tenta fazer a sua parte. Caminhamos juntos; e eu não me sentiria bem, se não vos mostrasse os perigos e as belezas que tenho encontrado.

Não vos falo só dos meus acertos; mas, principalmente, dos meus erros. Os caminhos que vos peço para evitar não são os que imagino ruins, mas os que já trilhei e dos quais saí ferido.

Não é como santo, que vos falo; mas como homem que sou. Eu vos tenho dito que não sou a melodia, mas a flauta; e as canções que vos trago não são sopradas por mim, mas pela Vida.

Sou, apenas, mais um entre vós.


Música:
http://ohassan.dominiotemporario.com/marco/1_orquestra_caravelli_memory.mid

sexta-feira, 13 de julho de 2018

DO ALTO DOS MEUS SETENTA



O que aprendi, após 70 anos?

Aprendi que somos pequeninos e efêmeros, diante da Vida e dos ventos do destino. E, entretanto, a nossa essência é infinita, porque nos liga ao Coração do Universo e à Mansão da Eternidade.

Devemos ter consciência das nossas limitações, para que possamos ser grandes. E precisamos superar o nosso orgulho: o melhor não é estar sempre certo, mas estar bem e sentir-se feliz.

Aprendi que somos capazes dos gestos mais generosos e das atitudes mais egoístas; o bem e o mal existem em nós. E de nós mesmos depende o lado para o qual faremos pender a balança.

Nenhum de nós é um anjo ou um demônio. E não devemos acalentar a ilusão de que alguém seja perfeito; ou, o julgaremos pior do que realmente é, quando descobrirmos os seus defeitos.

Aprendi que devemos desfrutar dos bons momentos, pois os maus virão. E as lembranças que guardarmos dos bons nos darão forças, para superar os maus e continuar seguindo em frente.

Felicidade e tristeza se alternarão em nossa vida, porque não são conquista ou castigo, mas estados de espírito. E, como crianças que somos, é caindo e levantando que aprendemos.

Aprendi que só podemos viver no hoje, mas já vivemos o ontem e viveremos o amanhã. E, embora não possamos mudar o passado, podemos e devemos, no presente, construir um futuro melhor.

Na jornada da vida, os primeiros passos são fáceis e velozes; mas, quando se aproxima o fim, tornam-se difíceis e lentos. É preciso saber caminhar, para que mais leves sejam os últimos passos.  

Aprendi que cada um é responsável por si mesmo; podemos aconselhar alguém, mas só a ele cabe decidir se seguirá ou não os nossos conselhos; afinal, é ele que colherá o que plantar.

Esta é a grande dificuldade com as pessoas que amamos: respeitar as suas decisões. Mas aquele que ama o pássaro não o trancafia na gaiola; a sua alegria é ouvi-lo cantando, feliz e livre.

Aprendi que a vida não é justa, nem as coisas são como queremos. Mas nos momentos mais duros, aprendemos as maiores lições. Queremos os sorrisos, mas são as lágrimas que nos ensinam.

Insensato é o homem que esbraveja contra o sol ardente, ou desanima à simples visão de uma montanha à sua frente. Sábio é buscar uma sombra protetora, ou dispor-se a iniciar a escalada.

Aprendi que a vida e o mundo são cheios de cores; mas haverá momentos em que tudo nos parecerá preto ou cinzento. Nem todos os nossos dias serão de sol; em muitos deles, enfrentaremos chuva.

E precisamos aprender a desenhar o arco-íris.  

Música:
http://ohassan.dominiotemporario.com/marco/1_instrumentais_andre_rieu_my_way.mid

Completei 70 anos, terça-feira passada. E o meu presente para vocês é este link da minha música preferida: https://youtu.be/YeiFmUbgems. 
Assistam; é lindo e sentido!

sexta-feira, 6 de julho de 2018

MOMENTOS


A vida é feita de momentos.

Como o mar se compõe de gotas, o deserto de grãos de areia e a melodia de notas musicais. Como o livro é formado de palavras, e as lembranças são feitas de momentos que ficaram no passado.

Vivei, pois, os vossos momentos. Um por vez, desfrutai deles e guardai as emoções que vos fazem sentir; pois o tempo passa e os recolhe em seu manto, trazendo-vos em troca novos momentos.

Por isto, melhor agireis se em cada dia inventardes o amanhã, em vez de vos preocupardes com o que houve ontem. Tornai a vossa fé maior que o vosso medo, e seguireis em frente.

Não vos assusteis com mudanças; temei, sim, que nada mude. É preciso mudar, para construir uma vida melhor. Enquanto fizerdes as mesmas coisas, não deveis esperar resultados diferentes.

Não deixeis que vos assustem as pedras no caminho, ainda que vos possam fazer tropeçar. As pessoas não se medem pelas vezes em que tropeçam, mas sim pelas vezes em que se levantam.

Recordai que, em cada dia, podeis iniciar uma nova história. E, em cada começo, está em vossas mãos substituir o “era uma vez” por “é desta vez”. É assim que deveis reescrever a vossa história.

Não penseis em eternizar os vossos momentos; vivei intensamente cada um deles, à medida que surgir em vossa vida. É assim que o vivereis para sempre, ainda que se perca na bruma do passado.

Porque as lembranças vos pertencem; são as únicas coisas que nada ou ninguém vos pode tirar. E é apenas de vós que depende recordar com alegria ou tristeza os momentos que se foram.

Os momentos que vivestes formam a água das lembranças, que carregais no cantil da memória e utilizais para matar a vossa sede de felicidade, sempre que vos procuram a tristeza e a solidão.

E a ninguém, senão a vós mesmos, é dado conspurcar essa água; apenas aquele a quem pertencem as lembranças, pode escolher entre conservá-las puras; ou maculá-las com o amargor da frustração.

Vivei, intensamente, os vossos momentos; sede como o surfista, que aproveita cada onda, sem perguntar-se como será a próxima. Porque não tendes pela frente uma estrada programada, sólida e previsível.

Afinal, a vida é feita de momentos.

Música:
http://ohassan.dominiotemporario.com/marco/1_eduardo_lages_emocoes.mid

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