O Árabe

Idéias, sentimentos, emoções. Oásis que nos ajudam a atravessar os trechos desérticos da vida...

sexta-feira, 29 de março de 2019

OS VOSSOS VELHOS


Sede pacientes e carinhosos, com os vossos velhos.

Buscai entender a forma como eles se sentem. Porque, para vós, cada dia é um novo dia; um dia a mais, que viveis. Já para o velho, é um dia a menos; menos um dia que viverá, adiante.

Sede pacientes com os vossos velhos. Porque, nos dias passados, eles já foram pacientes convosco; já vos aguardaram, sorrindo, enquanto fazíeis as vossas explorações pelo mundo.

Hoje, deveis ser pacientes, enquanto eles se despedem do mundo. Assim como no passado lhes coube escutar as vossas esperanças, hoje vos cabe escutar as suas lembranças.

Porque esta é a maldição do tempo; ou, talvez, o seu encanto. Da fonte de onde brota a vida, a cada dia corre uma água nova e fresca; enquanto a de ontem caminha para seu desaguar.

Ontem, uma pétala foi carregada pelo rio; hoje, enquanto a pétala de ontem afunda e apodrece, uma nova pétala flutua nas águas. E o seu perfume se fará sentir, pelo tempo que durar.

Este é o mistério da vida: não o quanto, mas o como. O que vos cabe não é viver para sempre; mas construir algo que fique, naqueles que vos cercam, depois que fizerdes a Viagem.

Sede pacientes e carinhosos, com os vossos velhos.

Porque foi convosco que eles, ao longo dos anos, exercitaram a sua paciência. E muitas foram as vezes em que vos abriram os braços, depois de alguma travessura ou birra inconsequente.

Porque, em cada um deles, há uma história de vida. E essa história, em muitos momentos, precisou passar pela tolerância. Sede tolerantes; como alguma vez, antes, eles foram convosco.

Recordai que o tempo passará para vós. E, quando velhos estiverdes, desejareis encontrar, nas pessoas ao vosso redor, a mesma paciência e o mesmo carinho que hoje podeis oferecer.

Sede pacientes e carinhosos, com os vossos velhos.

Amai-os, como vos amaram e vos amam. Acariciai os seus cabelos brancos, ouvi as suas lembranças, afagai a sua pele frágil. Beijai os seus rostos envelhecidos, com todo o vosso amor.

Desfrutai, com prazer e alegria, cada um dos minutos que a seu lado passardes. Essas serão as vossas lembranças mais queridas, no futuro, quando eles não estiverem ao vosso lado.

Porque os vossos velhos jamais serão apenas apenas o passado. Eles são a vossa própria história, os vossos próprios anseios; a imagem vívida das vossas esperanças e desenganos.

Somos, todos nós, os velhos de amanhã.


Música:
http://ohassan.dominiotemporario.com/midis/emiliepandolfi_somewhereintime.mid

sexta-feira, 22 de março de 2019

CANÇÃO DA FELICIDADE


Espalhai a felicidade ao vosso redor.
Como a flor espalha o seu perfume e a estrela espalha a sua luz. Porque a flor se envolve na própria fragrância e a estrela se destaca pelo brilho que a torna linda, no escuro do céu.
E, porque dão de si mesmas, ambas marcam as suas presenças. A flor faz o encanto dos namorados, e a estrela socorre o viajante perdido, guiando-o pela noite até o seu destino.
Abençoado é o homem que dá de si mesmo, porque mais receberá em troca. As pessoas que vos cercam são como espelhos; refletem, em vossa direção, o que recebem de vós.
Aquele que espalha felicidade a recebe de volta. A sua presença será bem vinda, como uma brisa suave e amiga; todos buscarão a sua companhia, e a solidão não o visitará.
Mas aquele que apenas oferece tristeza ou amargura, será evitado por todos; dele fugirão, como do odor fétido dos pântanos. E a solidão o tornará ainda mais amargo e infeliz.
Espalhai a felicidade ao vosso redor; esta é a melhor forma de serdes felizes. O homem é escravo de seus hábitos; se sempre vos mostrardes felizes, um dia decerto o sereis. 
Espalhai a felicidade ao vosso redor. Se dúvida tiverdes sobre isto, recordai que cada um colhe aquilo que semeou; de acordo com o que desejais colher, fazei a semeadura. 
Espalhai a felicidade ao vosso redor, ainda que vos procure a tristeza. O semeador, antes de atirar ao solo as sementes, as terá em suas mãos, mesmo que por segundos.
E, ainda que sejam breves os momentos em que estiverem convosco, as sementes da felicidade vos pertencerão; iluminarão o vosso rosto e aquecerão o vosso coração.
Eu vos tenho dito que é sempre vossa a escolha. Depois que a fizerdes, entretanto, arcareis com as suas consequências, boas ou ruins; escolhei, pois, o melhor para vós.
Escolhei a bondade e não o egoísmo. Escolhei o perdão e não a vingança; a tolerância e não a incompreensão, a paz e não a guerra. Escolhei serdes felizes e o sereis.
Um sorriso é como um sol, em vosso rosto; e as lágrimas são como a chuva de um dia cinzento. As palavras de alegria são como asas; e as de mágoa, como pesados grilhões.
Assim é. E, como vos cabe a escolha, espalhai a felicidade ao vosso redor. Vereis que menores se tornarão os vossos problemas; mais fácil a caminhada, mais colorida a Vida.
É assim que podereis ser felizes.
Música:
http://ohassan.dominiotemporario.com/marco/1_eduardo_lages_the_winner_takes_it_all.mid

sexta-feira, 15 de março de 2019

O ORGULHO E O AMOR-PRÓPRIO


Vigiemos o nosso orgulho.

Como o homem que mora à beira do rio vigia o seu curso, para que num instante a força das águas não carregue para longe tudo aquilo que construiu com o seu trabalho, ao longo do tempo.

Ou como o bombeiro que combate o incêndio vigia o fogo, que precisa manter sob cuidado, para que uma labareda mais forte não se torne a chama incontrolável, que tudo pode destruir.  

Porque a verdade é que o orgulho nos inspira palavras e atitudes impensadas; e não as podemos apagar, depois que as dizemos ou adotamos. A porcelana que se quebra, jamais será a mesma.

Os nossos amores e as nossas amizades, são as porcelanas que modelamos ao longo da vida. Não é sábio permitir que, em um instante de insensatez, se quebrem em nossas próprias mãos.

E nada como o orgulho, para levar-nos a perder um amor ou uma amizade! De todos os nossos defeitos, ele é, de longe, aquele que nos sopra os piores conselhos e os piores pensamentos.

Ninguém existe, que seja superior aos seus irmãos. E o homem que assim se julga, por certo será reconduzido pela Vida ao seu lugar; é sempre ela que nos ensina a difícil arte de caminhar juntos.

Vigiemos o nosso orgulho. Porque cada um tem os seus pontos fortes e as suas limitações. E o oceano não existiria, como um todo, se alguma das suas gotas não se aceitasse igual às outras.

Recordemos, sempre, o que nos ensina a lenda de Ícaro: todos somos capazes de voar; entretanto, aquele que tenta ir mais longe do que lhe permitem as asas, acaba por sofrer a queda fatal.

Necessário é que tenhamos amor-próprio. Porque a cada um cabe cuidar de si mesmo; defender-se dos obstáculos que possam surgir à sua frente e concluir a jornada, pelo caminho que escolheu.

O amor-próprio nos faz capazes de encontrar o nosso lugar no Universo. Porque devemos caminhar sobre os nossos pés; aquele que avança de joelhos, torna mais longo e penoso o seu percurso.

Sim; o amor-próprio é como a água benfazeja, que faz germinar as sementes plantadas em nossa alma. O orgulho desmedido, entretanto, é como a torrente furiosa, que a tudo leva de roldão.

O orgulho é como um tigre, que existe em nós. Enquanto é contido pelo bom senso, o seu pelo brilha e  atrai olhares de admiração; quando solto, todavia, pode ferir tudo e todos à sua volta.

Vigiemos, portanto, o nosso orgulho. Porque o mais importante não é estar sempre certo; nem ser o mais bonito, nem o mais inteligente, nem o mais poderoso. Nem ser o mais amado.

O importante é ser feliz.

Música:
http://ohassan.dominiotemporario.com/midis/emiliepandolfi_ebbtide.mid


Vejam que belo vídeo:https://youtu.be/jloCKq6HngM 

sexta-feira, 8 de março de 2019

COMO OS GIRASSÓIS


Cada novo dia é um presente.

Uma nova oportunidade de ver o sol brilhando, entre as nuvens brancas, no céu azul. Ou de sentir a carícia do vento na pele; e as gotas de chuva, que molham o nosso corpo e ensopam os nossos cabelos.

Uma nova oportunidade de ver a lua cheia, que se reflete nas águas mansas, em um cone prateado e lindo. Ou de admirar o brilho das estrelas, que são como diamantes no veludo azul escuro do céu noturno.

Cada novo dia é uma nova oportunidade de ver as flores brotando, de sentir o seu perfume. De acompanhar o botão que se transforma em flor; de ouvir o córrego que canta a canção das águas límpidas e puras.

Uma nova oportunidade de apagar os erros do passado; deixar para trás nossos ódios, nossas culpas e nossos medos. Começar uma nova caminhada, em que os nossos passos nos possam levar mais longe.

Cada novo dia nos traz a benção de estarmos com aqueles a quem amamos. A oportunidade de pedir perdão por nossos erros; de perdoar as pequenas mágoas do dia-a-dia. A chance de amar mais e melhor.

Cada novo dia é uma pequena maravilha. Mais uma moeda de conhecimento, que colocamos no cofre das experiências. Mais uma gota que acumulamos, no poço da Vida; uma página a escrever em nossa história.

Busquemos escrevê-la da melhor forma que nos for possível. Pois, ao final, é a nós mesmos que caberá a tarefa de ler tudo aquilo que escrevemos; e ninguém gosta de sentir-se mal, ao ler o que ele mesmo escreveu.

Pessoas existem, que preferem considerar cada novo dia como um desafio a ser ultrapassado. Batalhas a serem lutadas, opiniões a serem impostas, dificuldades a serem superadas, lutas a serem vencidas.

E, talvez, às vezes assim até seja. Mas a jornada de cada dia não será realizada apenas pelo caminho de pedras inclementes; haverá, também, os trechos a serem percorridos na grama macia e suave aos nossos pés.

O principal, entretanto, é a dádiva de poder caminhar. Seja escalando montanhas, ou atravessando planícies floridas, o que nos cabe é agradecer a graça do caminho; não escolher a revolta, sempre a gratidão.

Porque, após cada montanha, haverá um novo vale; em meio a cada deserto, surgirá um novo oásis. Depois de cada tempestade, virá uma nova bonança; que nos fará acreditar no amanhã que nos espera.

Cada novo dia é um presente que a Vida nos dá; e não sabemos qual será o último. Por isto, não o desperdicemos em queixas. Agradeçamos, sim, por tudo que temos; e, muitas vezes, nem nos damos conta.

Não lamentemos as horas escuras; sigamos a luz.

Como fazem os girassóis.


Música:
http://ohassan.dominiotemporario.com/midis/ernesto_cortazar_aurora.mid

Vale a pena assistir este vídeo: https://youtu.be/Hb74TT3tjPY

sexta-feira, 1 de março de 2019

A SOLIDÃO E O UNIVERSO


É difícil suportar a solidão. 

Não ao nosso redor, mas dentro de nós. Porque a verdade é que de nada adiantará a um homem estar cercado de pessoas, se em sua alma ele se sentir só e sofrer com essa solidão.

Que não nos preocupe a solidão aparente, quando não temos a companhia de alguém. Esses momentos, a sós conosco, são bons para que possamos ouvir a voz do vosso verdadeiro Eu.

Receemos, porém, a solidão interior. Aquela em que nos sentimos sós, mesmo em meio à festa mais barulhenta, ou entre o maior grupo de pessoas; em que julgamos que ninguém nos compreende.

Esta é a solidão que devemos temer. E, contra ela, de nada nos adiantarão os milhares de “amigos” que possamos juntar nas redes sociais; ou mesmo aqueles que nos cercam no dia-a-dia.

Podemos, realmente, a algum deles chamar amigo? Acaso lhes confiaríamos, sem temor, a nossa vida e o nosso bem-estar? Ou apenas trocamos ideias, para aliviarmos o peso da solidão?

Esta é a questão. Porque, muitas vezes, na aparente solução é que se esconde a causa; a solidão continua em nós, por mais que a tentemos sufocar e esquecer, entre os ruídos do mundo.

Não podemos sufocar o que sentimos; nem esquecer as nossas  verdades e os nossos temores. Necessitamos conhecer o que existe em nós, e para isto devemos mergulhar em nosso interior.

Não nascemos para a solidão; somos como gotas d’água que, embora existam sós, foram criadas para formar o oceano. Temos, sim, a nossa individualidade; mas fazemos parte de algo maior.

Em cada um de nós, existe a essência do Coração do Universo. Em cada uma das nossas almas, vibram algumas das notas que formam a sinfonia do Universo; somos uns, mas partes do Todo.

Por isto, tanto nos incomoda a solidão. Por isto, ainda que inconscientemente, buscamos sempre a companhia e a aprovação daqueles que nos cercam; porque não somos completos, sós.

Enquanto nos sentirmos sós, a  insatisfação estará em nós. E, embora a solidão dificulte os nossos passos, ela nos fará seguir em frente, por quantas jornadas mais sejam necessárias.

Porque não conheceremos a plenitude, enquanto amargarmos a solidão. Como o pássaro não saberá a que veio, até que aprenda a voar e possa abrir as suas asas, para ver do alto o mundo.

Como o músico não entende a sua inquietude, até formar a melodia; como o pintor é incompleto, até concluir a tela; como o poeta não alivia o que sente, enquanto não escreve os seus versos.

Busquemos o Coração do Universo. É assim que venceremos a solidão.


Música:
http://ohassan.dominiotemporario.com/midis/1_ernesto_cortazar_solitude.mid

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