O Árabe

Idéias, sentimentos, emoções. Oásis que nos ajudam a atravessar os trechos desérticos da vida...

sábado, 23 de fevereiro de 2008

PÁRABOLA DO JARDINEIRO

Conta-se de um homem, que amava o seu jardim. Por isto dele se ocupava, com todo o cuidado que só o amor pode inspirar.

Com carinho, absorvia-se no trato da terra. E esta lhe retribuía com flores silvestres que, embora humildes, embelezavam a sua vida e perfumavam o ar que respirava.

Assim, era feliz o jardineiro. Porque a felicidade não está em conquistar sempre mais, e sim em reconhecer o valor do que se possui.

Porém, todos lhe repetiam que não deveria cultivar aquelas flores; que ninguém pode ser feliz com flores singelas, que apenas embelezam e perfumam, mas não têm qualquer valor que traga segurança ao cotidiano.

De tanto ouvir as vozes do mundo, houve um dia em que o jardineiro lançou os olhos sobre o jardim do vizinho. As flores que ali vicejavam, embora não tivessem a beleza e o perfume do seu jardim, eram procuradas por todos; e por isto lhe pareceram mais desejáveis que as suas próprias flores.

Deste dia em diante, foi-se a felicidade do pobre jardineiro. Que já não se satisfazia com o seu jardim; mas tampouco se animava a dele arrancar as flores, que lhe ofereciam a beleza e o perfume que em nenhum outro jardim encontrara.

Foi-se o sono tranqüilo, que tão belos sonhos lhe trazia; os seus olhos, que dantes guardavam doces imagens do jardim querido sob o sol, agora fitavam insones as trevas da noite.

Dividido entre os sentimentos contrastantes, já não era com o mesmo encanto que apreciava a beleza das suas flores, ou inspirava o seu perfume. Aos poucos, deixou de dedicar o mesmo carinho à terra e o mesmo cuidado ao jardim.

Assim, foram as flores perdendo o viço e, com ele, a beleza e o perfume. Dia após dia, tornava-se mais feio o antes lindo jardim, e mais sofria o pobre jardineiro.

Como acontece a tantos, que um dia foram felizes, mas deixaram-se seduzir pelo brilho que julgavam descobrir nos jardins alheios.

E esqueceram de cuidar das próprias flores...

domingo, 17 de fevereiro de 2008

O VAZIO QUE EXISTE EM VÓS

Eu vos observo, a procurar entender os mistérios do Universo.

Quando, antes, deveríeis tentar entender os vossos próprios mistérios.

Dentro de vós, existe um vazio.

E é este vazio que vos impede de sentir a Vida. E que vos impele para a infelicidade e a angústia, que tão bem conheceis.

A verdade é que não sois plenos em vós. E é daí que nasce a vossa inquietude. Sois como o rio, que corre eternamente, procurando conter as suas próprias águas.

Às vezes, encontrais um novo amor. E, como o amor vos completa, tudo o mais passa para segundo plano; esqueceis as vossas contrariedades, tudo o que há um minuto vos fazia falta.

E cantais, e não sentis o passar do tempo. Quase não necessitais, sequer, de comer ou beber, de roupas ou adereços; todo o mundo se centraliza em vosso amor, que para vós é tudo que existe.

E isso acontece porque estais completos; porque o vazio, em vós, foi preenchido por um sentimento maior, e isto vos torna unos com o Universo.

Então, não precisais procurar Deus. Porque o encontrais em vossos próprios sentimentos.

E não necessitais de dinheiro, ou de bens, ou de novos sonhos. O vosso sonho de amor preenche todas as vossas necessidades.

Nem precisais de passatempos, para gastardes as vossas horas. Todo o tempo de que puderdes dispor ainda será pouco, para que possais sentir o amor.

Tampouco precisareis de drogas, ou de violência. Eis que o amor vos embriaga, e convida a desfrutar da paz. E, por estardes em paz, encontrais a felicidade.

Vede, entretanto, que tudo isto acontece porque já não existe o vazio em vós. Estais plenos, completos, e nada vos preocupais em descobrir; apenas vos ocupais em ser o que sois.

Oxalá assim sempre pudésseis ser!

Outro seria o mundo, outros seríeis vós.

E, decerto, assim será um dia. Pois os vossos caminhos se dirigem para onde, paciente, vos espera o Pai; e neste dia, ao vos reintegrardes ao Infinito, o vazio já não existirá em vós.

O Amor vos preencherá, e abrirá os olhos da vossa alma, para que vos possais enxergar como os irmãos que realmente sois. Então, cada um de vós abrirá o seu coração e os cordões da sua bolsa, e como irmãos repartireis as vossas posses e os vossos sentimentos.

Uma nova e cálida luz percorrerá o mundo, afastando as trevas da inquietude, do egoísmo doentio e da miséria.

E, sem essas trevas, onde se poderá esconder o sofrimento ?

UPGRADE EM 18/02/2008: a Whispers fez questão de dividir conosco estes selinhos, outros que ela merecidamente ganhou. Obrigado, Rachel, pela generosidade e amizade!

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

DÁDIVAS

O rio irriga a terra antes árida,
a flor brota onde só existia o botão,
o pássaro encontra o alimento que lhe faltava.

O sorriso da criança ilumina o mundo por um instante,
o ventre aumentado indica a continuidade da vida,
a música quebra o silêncio que a solidão habitava.

A palavra faz nascer uma nova idéia,
a saudade desaparece na alegria do reencontro,
o retorno da paz faz esquecer os horrores da guerra.

O sonho perdido renasce de um olhar,
a mão anônima alimenta a boca faminta,
o brilho do sol dispersa as trevas da noite.

A vela do barco perdido desponta no horizonte,
a boca enamorada recolhe a lágrima que deslizava,
o frescor do oásis atenua o abrasante deserto.

Do coração do universo, o Pai vela por Seus filhos.
Entretanto, insistimos em não ver a luz da esperança.
Porque nos perdemos na escuridão dos nossos temores...

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