O Árabe

Idéias, sentimentos, emoções. Oásis que nos ajudam a atravessar os trechos desérticos da vida...

sexta-feira, 25 de junho de 2021

IMPRECISA

 


Há uma tristeza imprecisa, que às vezes me visita.

De repente, sem que nem por quê. A qualquer tempo, a qualquer momento, sem nenhuma razão de ser. Uma sensação de nostalgia, de insegurança ou perda, sem saber de que.

É algo assim como a lembrança de tempos que não cheguei a viver; como a saudade de coisas que não me recordo de ter vivido. Ou a impressão de que o futuro nada  trará de novo.

Entretanto, não é nada que possa definir. É como uma espécie de limbo cinzento, onde me movo sem chegar a lugar nenhum; falo e escuto a minha voz, mas não entendo o que digo.

Ou melhor: entendo, mas sei que não era o que queria dizer. Como se as palavras viessem de algum lugar, além de mim; como se eu não soubesse os meus próprios pensamentos.

É como se eu estivesse disperso, em milhares de fragmentos que o vento espalha. Como uma árvore que vê as suas folhas caindo e pergunta a si mesma se voltará a ser completa.

Porém, não chega a ser bem uma tristeza; porque não consigo sentir tristezas ou alegrias que durem mais de um momento. É como um cansaço infinito, que me envolve e absorve.

Do nada. As menores coisas me deixam inquieto; ou me trazem uma enganosa serenidade, mas a inquietação ou a serenidade logo se vão. E me resta a imensa sensação de vazio.

É como se a vida ou o mundo não tivessem cores. Como se a paisagem fosse um imenso deserto, onde as pessoas se movessem entre as areias sem fim, até onde a vista alcança.

Também neste deserto, o céu e a terra se encontram no horizonte. Mas não existe o sol, nem a lua, nem as estrelas; nem nuvens ou colinas. Nada que venha atenuar a monotonia.

É a sensação de estar acompanhado e, ao mesmo tempo, só. Como se a solidão estivesse em minha alma, a sugar-me, embora não me impeça de ver os que caminham comigo.

É como se eu caminhasse na imprecisa fronteira entre a sensatez e o absurdo; como se, ao mesmo tempo, estivesse meio insano e fosse capaz de raciocinar com uma clareza maior.

A verdade é que não consigo defini-la; como explicar algo que nem eu entendo? Porém, tenho a impressão de ser entendido; pois creio que todo mundo se sente assim, às vezes.

Sim; acredito que cada um de nós teve e tem momentos assim. E me pergunto se não serão lembranças que não sabemos que temos, de momentos que não sabemos que já vivemos.

Em outros tempos, outras jornadas e outros caminhos.

Música:

http://ohassan.dominiotemporario.com/midis/roger_willians_em_algum_lugar_do_passado.mid

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Texto inspirado pela fantástica imagem. 

sexta-feira, 18 de junho de 2021

ESQUINAS


 Cada esquina nos leva a um novo caminho.

E de nada nos adianta amaldiçoar o caminho que até ela percorremos; ou as pessoas que nos acompanharam, enquanto por ele andamos. Porque escolhemos andar por ele e com elas.

Tampouco adianta temer o que virá. Porque, seja o que for que encontremos pelo caminho, precisaremos percorrê-lo; e fazer o nosso melhor, para diminuir as dores e tornar maiores as alegrias.

Esta, é a história de cada uma das nossas jornadas; ainda que não nos lembremos do passado, ele nos acompanha. E a cada escolha que fazemos, em cada dia, determinamos o futuro.

É assim que é. E, entretanto, insistimos em culpar os outros e a sorte pelo que acontece; como se assim nos tornássemos inocentes e não fôssemos os únicos responsáveis por nossas escolhas.

A verdade é que nada podemos fazer, senão seguir em frente. E, nesse caminhar, continuamos fazendo escolhas; porque a Vida não é senão uma sucessão de escolhas, que fazemos.

A verdade é que cada dia nos leva a uma nova esquina; e de nada nos adianta lamentar o passado. O que precisamos é guardar as coisas boas do tempo que passou, e construir um futuro melhor.

Precisamos seguir em frente; esta é a realidade. E, sejam boas ou más as notícias que o novo dia nos traz, precisamos aguardar que o sol se ponha; que a noite venha e nos traga um novo dia.

Porque amanhã chegaremos a uma nova esquina. E, talvez, o novo caminho que ela nos traga venha mudar toda a nossa realidade de hoje; afinal, o imprevisto é parte do encanto da Vida.

Não somos donos do futuro; apenas podemos fazer o nosso melhor, assim como já fizemos (ou deveríamos ter feito) no passado. A vida nos traz os ventos, e apenas podemos posicionar as velas.

Esta é a ciência do navegar. Porque de nada adianta reclamar contra as tempestades ou as calmarias; nada podemos fazer, senão continuar a viagem, até chegarmos ao nosso porto final.

Até concluirmos a jornada, muitas esquinas ainda teremos que dobrar. E, de cada vez que não nos julgarmos capazes de seguir em frente, lembremos de todas as vezes em que já o fizemos.

Porque o segredo não está no caminho, mas na forma como caminhamos. Não está nas árvores ou nas pedras que encontramos, mas em sermos capazes de sentar à sombra e pisar com cuidado.

Nenhum caminho encontraremos, que seja só de árvores e relva; ou de pedras e obstáculos. Viver não é ser feliz todo o tempo, mas aproveitar os momentos felizes e seguir em frente.

Porque sempre haverá uma nova esquina.

Música:

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sexta-feira, 11 de junho de 2021

FELIZ ANIVERSÁRIO!

 


Há 14 anos, iniciei este blog.

E o imaginei como um oásis de areias brancas e águas muito calmas e cristalinas, cercadas por palmeiras verdejantes, a cuja sombra os viajantes se pudessem assentar e conversar sobre suas experiências de vida.

À noite, as conversas aconteceriam em uma roda à volta da fogueira, enquanto a brisa suave atiçaria as chamas amigas. Acima de tudo, um lugar aprazível, onde amigos trocam ideias e retemperam as suas forças.

Assim precisa ser. Porque, muitas vezes, atravessamos trechos desérticos na vida; e, embora não possamos dizer que as tristezas não existem, devemos sempre buscar as alegrias. Até porque as tristezas nos encontram.

E assim o tenho procurado manter por todo este tempo. E, se o consigo, é graças a vocês, que se tornaram os amigos e as amigas que sempre sonhei reunir no meu oásis; é de vocês que vem a força para que ele se mantenha.

Embora às vezes assim possa parecer, não tenho a menor pretensão de ensinar; até porque acredito que aprendemos todos os dias, durante todas as jornadas. A minha esperança é que aprendamos juntos, trocando ideias.

E é isto que temos conseguido; gosto de pensar que o nosso oásis se tornou um lugar seguro e agradável, onde nos reunimos com alegria e prazer, para passarmos juntos momentos de paz e desfrutarmos da nossa companhia.

Por isto, como em todos os anos, agradeço a vocês. Ao começar o blog, apenas lancei a semente; foram vocês, com a sua presença amiga, que a fizeram germinar e crescer, tornando realidade o meu sonho do início.

Ao longo deste tempo, como nos oásis acontece, muitos viajantes aqui chegaram e se assentaram conosco. Destes, alguns se foram e trilham outros caminhos; mas sempre voltam e conosco repartem outras noites junto à fogueira.

Nós continuamos aqui; e, em meu coração, sou grato a cada um de vocês. E espero que possamos manter assim o nosso oásis; continuemos a deixar lá fora as tristezas e as contrariedades, para que possamos ter aqui a nossa paz.

Sim; sabemos que o mundo está longe de ser ideal; que o orgulho, o egoísmo e a ambição existem e nos cercam. Mas não precisamos deixar que invadam o nosso oásis, que conspurquem o nosso ambiente. Precisamos de ar puro.

Por isto, agradeço novamente a vocês. Agradeço pela força que me trazem e peço que continuemos, juntos, a manter este sonho de um lugar onde sejamos amigos e irmãos, pensando em construir, com amor, um mundo melhor.

Mais uma vez, obrigado; e parabéns pelo aniversário. Como o oásis, a festa é de todos nós!

Música:

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sexta-feira, 4 de junho de 2021

AS PONTES DA GENTILEZA

 



Cada um é do jeito que é. 

E aceitar esta verdade é a base da convivência. Pois não conseguireis viver entre os vossos irmãos, se não aceitardes o seu jeito de ser e tentardes impor-lhes a vossa forma de pensar.

Porque cada um de vós tem os seus defeitos e as suas qualidades. Valorizar as qualidades das pessoas que estão ao vosso redor, acima dos seus defeitos, é o que vos cabe aprender.

Se assim fizerdes, exercitareis a tolerância; e vereis que mais fácil se tornará caminhar entre vossos irmãos. Deveis respeitar as opiniões e atitudes alheias, pois assim sereis gentis. 

E isto muito pouco vos custa, diante de tudo que vos traz. Quem pratica a gentileza cobre de pétalas macias o seu caminho, ao espalhá-las generosamente sobre os caminhos alheios.

Ao atingir a água, a pedra gera uma série de círculos que se espalham ao seu redor. Da mesma forma, cada uma de vossas ações causa uma série de reações em vosso próximo.

Porque aqueles que vos cercam são como espelhos, refletindo em vossa direção o que de vós recebem. Assim, eu vos tenho dito; observai e vereis que assim efetivamente acontece.

Recebereis um sorriso, de cada vez que sorrirdes para alguém; ou um comentário lisonjeiro, a cada elogio que fizerdes. Quando, porém, optardes pela agressão, sereis agredidos.

Abraçai e sereis abraçados; ofendei e sereis ofendidos. Oferecei flores e flores recebereis; afagai e sereis afagados. Não espereis, todavia, que vos deem rosas, se ofereceis espinhos.

Esforçai-vos para ofertar sempre o melhor de vós. Cada um encontra as suas dificuldades, na vida; mas não vos cabe lançar sobre os outros o aborrecimento por vossos problemas.

Aprendei a sorrir; porque um sorriso abre muitas portas, enquanto o azedume as fecha. E aprendei a ouvir e expor as vossas ideias, sem a insensata pretensão de serdes donos da verdade.

Porque cada homem tem as suas próprias verdades. E não vos deveis exaltar, ao colocar as vossas opiniões; a razão não necessita gritar, para se fazer ouvir e convencer a todos.

Que a vossa principal preocupação não seja a de falar mais alto, e sim a de expor as vossas ideias com coerência e respeito pelas opiniões alheias. É assim que sereis também ouvidos.

Sede gentis, sempre, e respeitai as diferenças entre vós. Porque, se assim souberdes fazer, aprendereis a lançar pontes sobre os abismos da incompreensão, da teimosia e do orgulho.

E a gentileza vos unirá.

Música:

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