DO RELACIONAMENTO
Eis
que um viajante carregou em demasia o seu animal.
E
o pobre, exausto, terminou por tombar à beira da estrada; e nem os rogos e nem
as pancadas do dono fizeram com que se erguesse.
Enfim,
o homem resolveu repartir a carga. E nos próprios ombros levou a parte que lhe
coube, até à aldeia mais próxima.
E
foi essa a sua penitência, por ter errado ao carregar o animal.
Assim
fazeis, muitas vezes, aos vossos irmãos;
sobre
cujos ombros atirais a carga excessiva das vossas esperanças.
E
que, não conseguindo suportá-la, arcam com o ônus das vossas desilusões.
Dai
a cada um de acordo com aquilo que possa suportar.
Assim
como o Pai faz convosco.
Pois
houve um cego que pretendeu colher figos de uma tamareira; e a morte o
encontrou nessa vã esperança.
Costumais
exigir demais dos vossos irmãos, e muito pouco de vós mesmos.
Não
poucas vezes, o que nos outros censurais, em vós vos parece normal.
Pois
vos justificais, dizendo: “Tenho as minhas razões.”.
Mas,
assim como vós, cada um dos vossos irmãos tem as suas próprias razões.
E,
antes de censurar os seus atos, deveríeis indagar das suas razões.
Cuidai,
pois, para que cada um tenha apenas o que possa carregar.
Pois, se dividirdes a carga, juntos chegareis ao fim do caminho.
Do meu livro Na Trilha do Profeta (1988), publicado pela ACIGI, que detém os direitos autorais.