O Árabe

Idéias, sentimentos, emoções. Oásis que nos ajudam a atravessar os trechos desérticos da vida...

sexta-feira, 31 de outubro de 2025

A TOLERÂNCIA

Não sois iguais entre vós.

Como não são iguais as folhas das árvores, as ondas do mar, ou as estrelas que ornamentam o céu; embora assim possam parecer aos vossos olhos.

E nem o poderíeis ser.

Pois, se fosseis todos artistas, quem faria o pão que sustenta o vosso corpo? Quem haveria de semear o trigo, ou produzir os outros alimentos?

E, se fosseis todos padeiros, ou todos trabalhásseis a terra, de onde viria o alimento para os vossos espíritos?

É preciso que cada um cumpra o seu papel.

Por isto existem os artistas e os padeiros, os agricultores e todos os outros. E todos sois partes de um todo, que vos permite a vida como a conheceis.

Dentro de cada um de vós existe um Universo, que é o vosso verdadeiro Eu. E não existem dois Universos semelhantes.

Deveis ter presente esta verdade. E exercitar a tolerância.

Pois não podeis esperar dos vossos irmãos as vossas reações. Cada um reage conforme os seus próprios sentimentos e inclinações.

E não vos deveis exasperar, ou buscar impor as vossas opiniões. O silêncio que vos receberá não será o da concordância, mas o da paciência. Ou recebereis de volta a própria violência com que vos buscais impor.

Exercitai a vossa compreensão. E a arte do diálogo.

Pois, embora seja fácil falar, é difícil escutar. E o diálogo só existe quando ambos não apenas falam, mas se dispõem a escutar. Pois a razão não habita em um único homem, mas no consenso.

Acreditais, acaso, que alguém possa sempre estar certo? Ou errado?

Eis que vos deveis acostumar a ouvir. E a respeitar as opiniões alheias, que apenas poderão enriquecer as vossas próprias opiniões.

Se certos estiverdes, triunfarão os vossos argumentos; e, se estiverdes errados, nem toda a irritação do mundo poderá mudar esta verdade. Antes, aprendereis; e não voltareis a errar.

Renunciai ao vosso orgulho, e a recompensa será o vosso crescimento. A tolerância e a compreensão atrairão para vós o respeito dos que vos cercam, e a capacidade de escutar vos dará o direito de falar.

Pois a razão não necessita gritar, para se fazer ouvir.

Mais cedo ou mais tarde, a sua voz ecoará em vosso verdadeiro Eu.

Vídeo

(Esta interpretação é simplesmente linda!)

sexta-feira, 24 de outubro de 2025

DESPEDIDA

 


Quando eu me for, que não me transforme em uma lágrima em teu rosto; mas na lembrança de um sorriso, em teu coração.

Se me amas, não me deixes ser a saudade que faz sofrer, e sim aquela que traz a sensação de companhia.

Acima de tudo, não te desesperes.

Pois, se é certo que a morte não existe, o teu desespero ecoará em mim onde eu estiver.

Não penses em mim como alguém que se foi.

Pensa, antes, que por algum tempo pude estar a teu lado e envolver-te em meu amor.

Pensa que sempre estarei presente.

Haverá um pouco de mim

na brisa que te acaricie,

no sol que te aqueça,

em todo aquele que vieres a amar.

Poupa-me dos ritos fúnebres, em todas as religiões.

Pois nenhum sacerdote me encaminhará a Deus. Antes, cada um buscará exaltar o seu deus.

E um filho não precisa de intermediário, para falar ao seu Pai; ou para encontrar abrigo em Seus braços.

Poupa-nos a inutilidade dos afagos póstumos.

Pois só poderás acariciar um corpo vazio; apenas a sensação do teu amor será capaz de afagar-me a alma.

Não deverás buscar o meu túmulo.

Pois ali não estarei, e não me poderás encontrar. É na tua lembrança e no teu coração que me encontrarás, sempre que de mim necessitares.

Que não te inquiete a preocupação com o meu corpo.

Porque isto seria como venerar a uma roupa já gasta, apenas porque a vestia quando me conhecestes.

Conserva-me vivo.

Porque jamais morrerei em ti, a menos que o desejes. Assim como a rosa não morre, enquanto a roseira produzir um novo botão.

Não exaltes as minhas qualidades, nem diminuas os meus defeitos. Seria como se criasses uma imagem, para justificar o teu amor; como se te envergonhasses, por me amar como fui.

A nada, ou ninguém, deves culpar pela minha partida.

Pois nenhuma viagem se encerra antes do porto final. E, se à volta fui convocado, decerto cumpri a missão recebida.

Guarda-me contigo.

Em tudo que te possa ter ensinado, ou que contigo possa ter aprendido. Nos sorrisos e lágrimas que repartimos, nas alegrias e tristezas que nos tenhamos provocado.

Assim, verás que nas menores coisas estarei presente.

E, como toda a vastidão do Universo é insuficiente para separar aqueles que se amam, dia virá em que de novo estarei a teu lado.

Então, descobrirás que jamais te deixei.

Vídeo

Para Sérgio, irmão por afinidade, com meu abraço de afeto.  

sexta-feira, 17 de outubro de 2025

O ADEUS DO AMANTE

 



Perdoa-me pelas desilusões que te causei.

E agradece-me pelos sonhos que despertei em ti; pois as desilusões não brotam senão antes floresciam os sonhos.

Como no tempo se alternam os dias e as noites, alternam-se na vida os bons e os maus momentos.

E, assim, nada é o que parece ser.

Pois mesmo na tristeza da despedida existe uma oculta alegria, que é a esperança do reencontro. E é no amargor da saudade que se oculta a doçura das lembranças.

Se em todo caso de amor existe alguém que mais ama, a esse será reservado o quinhão maior do sofrimento da separação. E é justo que assim seja, por lhe ter cabido a parcela maior de felicidade.

Parte, se assim o desejas. Pois, na verdade, nada me tomas senão aquilo que me deste.

E, assim, de direito te pertence.

Deixa, apenas, que eu te olhe mais uma vez. Para que a tua imagem se entrone no altar da minha saudade.

Pois não são os teus olhos que pretendo guardar,

- mas a luz do teu olhar. 

Assim como não são os teus lábios que pretendo reter,

- mas o sabor dos teus beijos.

E não é do teu corpo que preciso,

- mas do calor do teu amor.

Pois o amor não é como a paixão, que se nutre do que se pode ver,

- mas antes como a religião, que se alimenta do que se pode sentir. 

E, acredita, não pedirei para que fiques. 

Pois não é o amor que se humilha, mas o egoísmo. E não é a saudade que é insuportável, mas a frustração. 

Conforta-me o saber que não nos deixamos por desamor; mas pelo não entendimento do amor.

E, de fato, como poderíamos entender aquele que, dantes, jamais havia andado pelos nossos caminhos?

Assim como a esperança não é mais que o desengano antes do seu nascimento, o desengano é apenas o prólogo de uma nova esperança.

E o nosso conhecimento é a soma das nossas esperanças e dos nossos desenganos. 

Sigamos, pois; e, seguindo conservemos as lembranças do que houve entre nós.

Para que, mais sábios e menos egoístas, saibamos reconhecer a face do Amor; e permanecer em sua companhia. 

Se voltarmos a encontrá-lo em nossos caminhos.

Vídeo

Do meu livro A Sabedoria de Hassan, disponível na Amazon.

sexta-feira, 10 de outubro de 2025

A FÁBULA DA PÉROLA




Deixai-me falar-vos da felicidade. 

Porque ela é a pérola que buscais, enquanto mergulhados no mar da vida. Embora os rochedos e as ondas vos dificultem o mergulho, persistis em abrir as ostras, para colher o vosso prêmio.

Para cada pessoa, existe uma pérola; e apenas a essa pessoa cabe encontrá-la. Ainda que mergulheis em dupla, a cada um cabe fazer a sua colheita; ou nenhum de vós terá completado o mergulho.  

Deveis ter presente que cada um tem o seu jeito de ser; por isso, há entre vós diversas formas de mergulhar. E vos cabe respeitar a todas, assim como desejais que a vossa seja respeitada.

Há o mergulhador temeroso: aquele que preza, acima de tudo, a sua comodidade e segurança. Experimenta a temperatura da água, usa repelente de tubarões e assusta-se a cada sombra.

Evita as águas mais profundas, foge aos rochedos que lhe parecem aguçados e aos peixes que o cercam. Perdido em seus medos, não encontra a pérola que lhe cabe e no fundo do mar permanece. 

Há o prático, que ignora o mergulho, a água, os corais e os peixes; e vai direto às ostras que avista, abrindo a todas, indiscriminadamente, com a sua faca, no afã de encontrar a pérola que lhe cabe.

E tão envolvido se encontra nessa busca, e tantas ostras abre e examina apressadamente, que a pérola que seria a sua torna-se igual a tantas outras e escapa por entre seus dedos ávidos.

Há o sonhador, a quem falta coragem para mergulhar e por isto apenas idealiza a sua pérola. Em sua imaginação, encanta-se com a textura delicada, a superfície perfeita, o colorido único.

A imagem preenche os seus sonhos, anima os seus dias. E em sua ilusão adora a pérola imaginária. Consola-se na solidão da noite, pensando que no dia seguinte mergulhará para encontrá-la.

Pode acontecer que nenhum deles encontre a sua pérola, mas ainda assim ela refletirá em todas as suas vidas: o temeroso a encontra no conforto, o prático nas tentativas e o sonhador na ilusão.

Deixai-me dizer-vos, entretanto que o mergulhador sensato é aquele que não faz da pérola a razão de sua vida; desfruta, simplesmente, de cada valioso minuto de que dispõe em cada mergulho.

Pois esse é o que aproveita a carícia amiga da água em seu corpo, aprecia a beleza intensa dos corais e admira, embevecido, o nado inconsciente e o colorido variado dos peixes que encontra.

Porque sabe que a pérola não é uma finalidade, mas uma motivação. E agradece ao Universo pela água onde mergulha, pelos corais onde encontra as ostras e pelos peixes que o acompanham.

Para ele, a pérola não é tão necessária; porque a enxerga fragmentada em tudo que existe. E esta é a lição que deveis aprender: encontrar a felicidade não deve ser a obsessão de vossa vida.

Mas a sua consequência.

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sexta-feira, 3 de outubro de 2025

ACREDITAI EM VÓS

 


Nunca vos deveis entregar ao desânimo.

Porque problemas sempre surgirão em vossos caminhos. E, ao invés de resolver qualquer um deles, a desesperança mina as vossas forças e fecha os vossos olhos às soluções que poderíeis encontrar.

Acreditai sempre, portanto, e a todos resolvereis, um por um. Quando a coragem ameaçar faltar-vos, lembrai-vos de quantas vezes já estivestes em situações difíceis; hoje, todas elas estão no passado.

Perseverai. São os passos do homem que o levarão em frente, ou o farão recuar; e apenas a cada um de vós cabe decidir a direção que tomará. Segui em frente e levareis a bom termo a vossa jornada.

Pois o navegante que pula do barco, durante a tormenta, corre maior risco de perder-se nas águas revoltas. Mais sensato é aquele que permanece a bordo e posiciona as velas, para resistir ao vento.

Confiai em vós mesmos, em quaisquer circunstâncias; e acreditai no Coração do Universo, que não desampara a nenhum de Seus filhos. Isto é o que precisais, para encontrardes o melhor caminho.

Como faz o viajante que, na noite do deserto, busca orientar-se pelas estrelas, procurai em vosso verdadeiro Eu o melhor caminho a seguir, quando vos julgardes perdidos ou em dúvida.

Porque é através dele, que vos fala o Infinito; a Sua essência, que vive em vós,  é capaz de transformar em dia ensolarado a noite mais escura, e a Sua força vos toma pela mão e vos conduz.

Confiai n’Ele, portanto e em vós mesmos. Porque, se uma centelha da Sua essência habita em vós, sereis capazes de operar verdadeiros milagres, quando a Ele vos conseguirdes conectar.

Quando, ao contrário, cedeis ao desânimo, renunciais à comunhão com o Universo; então, turva-se a vossa mente e os vossos problemas vos parecem maiores do que realmente são.

Evitai, pois, entregar-vos à descrença. Recordai que o pensamento é energia; tanto pode elevar-vos às estrelas e fazer-vos caminhar por entre as nuvens, como acorrentar as vossas almas.

Eu vos tenho dito, e repetirei enquanto voz me restar, que apenas de vós dependem as escolhas e os caminhos que tomareis em cada jornada; sois os responsáveis por vossos destinos.

Porque nada aprenderíeis, se assim não fosse. Como o Pai aponta aos filhos as direções a seguir, faz convosco o Coração do Universo; ao livre arbítrio compete  cada uma de vossas escolhas.

Pois nenhum mérito cabe à criança, por sua natural inocência; entretanto, honras são devidas ao adulto que experimentou as tentações e conseguiu manter-se digno, por suas próprias decisões.

Acreditai, sempre, em vós e na Força que vos ampara.

E mais leves se tornarão os vossos caminhos.

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