O Árabe

Idéias, sentimentos, emoções. Oásis que nos ajudam a atravessar os trechos desérticos da vida...

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

O CAMINHO DO APRENDIZADO

Pessoas existem que são verdadeiramente sábias.

E o seu saber não vem apenas dos livros; pois não pode o homem aprender tão somente com as palavras alheias.

As lições ensinadas são como gotas de chuva, e as experiências próprias são como os grãos que formam a terra; unidas farão brotar a semente do Conhecimento, adormecida em cada verdadeiro Eu.

Por isto, os sábios espalham as suas lições. O saber é como as moedas, que o néscio entesoura, em nome de uma falsa segurança; enquanto o sensato faz circular, sabendo que assim aumentará as suas posses.

Pois a sabedoria não pertence apenas a um homem, mas a toda a humanidade. Eis que os primeiros conhecimentos vos foram legados por vossos pais e os deveis transmitir a vossos filhos; assim tem sido, desde o início dos tempos.

E assim são os sábios: se aos parentes deixam os haveres do seu corpo, aos que os sabem ouvir distribuem os tesouros que descobriram em seu verdadeiro Eu.

As suas palavras nascem das suas próprias experiências; contam das suas próprias alegrias e tristezas. Assim, têm o dom de encantar aos seus ouvintes.

Pois os homens são como as folhas de uma árvore que, embora distintas, são iguais entre si; e precisam conhecer os sentimentos alheios, para que melhor possam entender os próprios sentimentos.

Ao longo dos anos, muitos foram os sábios que caminharam entre nós. E a todos distribuíram os seus ensinamentos.

Muitas foram as suas mensagens, as suas parábolas, as suas lições. E muitos os que, ao ouvi-los, descobriram em si novas idéias e emoções; sentiram despertar o seu verdadeiro Eu.

E a cada um de nós cabe divulgar as mais belas mensagens que recebemos.

Para que outros possam conhecê-las; para que a palavra continue a ser ouvida, e a fazer brotar a sua própria continuidade. Como as águas de um rio que, ao seguirem adiante, asseguram a perenidade de seu curso.

Porque existem coisas que o passar do tempo não consegue alterar. Como o encanto do Amor, a essência do Ser humano e a libertação que reside na Verdade.

Busquemos, então, a Verdade.

Pois só em nós mesmos a encontraremos.

Adaptado do livro "A Sabedoria de Hassan"

domingo, 21 de setembro de 2008

A TRISTEZA

Temeis a tristeza. E não o deveríeis fazer.

Pois o céu não teme as nuvens de chuva; apenas aguarda que se dispersem, para que o sol volte a brilhar.

A tristeza faz parte de vós.

Porque a sua origem está nos vossos desejos, nos vossos sonhos e nos vossos sentimentos. Temê-la é temer a vós mesmos.

É no silêncio da tristeza que mais vos podeis descobrir, pois os ruídos da alegria abafam a voz das vossas necessidades. E é na calma da tristeza que podeis repousar, pois a alegria é como a lava que agita o vulcão das vossas paixões.

Sim; a alegria é como o mar impetuoso, que leva de roldão o conhecimento das vossas limitações. E a tristeza é como um lago manso, cujas águas plácidas refletem o vosso verdadeiro Eu.

Eu vos tenho visto a aturdir-vos, em busca da alegria de um momento, enquanto a tristeza espreita e vos aguarda.

E não lhe podeis fugir. Pois ninguém pode fugir de si mesmo.

Em verdade, eu vos digo que os vossos sentimentos são a moeda com a qual havereis de comprar o vosso lugar no Universo. E a alegria e a tristeza são as faces dessa moeda, assim como o dia e a noite são as faces do tempo.

Rejubilai-vos, sim, na vossa alegria! Pois é ela que vos reanima; que em vós faz brotar o gosto pela vida.

Desfrutai, entretanto, da vossa tristeza. Pois é nela que podeis descobrir as verdades da vida.

Sede pródigos com a vossa alegria; derramai-a sobre os vossos irmãos, como o rio derrama as suas águas sobre a terra.

Escondei, entretanto, a vossa tristeza; como a planta esconde, sob o solo, as suas raízes.

Porque a alegria repartida se multiplica, e a tristeza oculta se intensifica.

E deveis saborear, gota a gota, a vossa tristeza.

Para que possais perceber o sabor da vossa alegria.

Texto do livro "A Sabedoria de Hassan"

domingo, 14 de setembro de 2008

A GAIVOTA E O SONHO

Os sonhos, como as gaivotas, abrem as suas asas todos os dias, para uma viagem infinita. E, quando algum tomba sobre a terra, eis que outro o substitui na eterna busca.

Assim como podemos apenas acompanhar o vôo da gaivota, apenas podemos sonhar os nossos sonhos. E, em um e outro caso, não nos cabe determinar o seu rumo, mas tão somente admirar a beleza do seu vôo.

E não será este o seu encanto?

Acaso, o homem admira as coisas que pode controlar? Ou deseja aquilo que já considera seu?

Não são os nossos sonhos uma forma de alcançarmos aquilo que nos falta? E o que neles nos atrai não é a promessa de felicidade que julgamos existir no seu mistério?

Em todos os dias, as gaivotas dos nossos sonhos sobrevoam a praia da nossa realidade. E, distraídos a acompanhar o seu vôo, muitas vezes não percebemos a beleza do mar, nem desfrutamos a carícia do vento.

Entretanto, o mar e o vento existem. E basta que os procuremos, para que possamos sentir a sua presença; e neles encontrar o refrigério que buscamos ao acompanhar o vôo da gaivota.

Assim, o homem se encanta pelos diamantes. E não percebe que a fonte de sua beleza está na luz que os banha; a luz que faz brotar os mesmos reflexos de uma simples gota d’água, ou de um pedaço de vidro esquecido a um canto.

Entretanto, é assim que somos. Sempre sonharemos a felicidade e, absortos neste sonho, muitas vezes a deixaremos de ver ao nosso lado.

Sempre, apreciaremos o vôo da gaivota. E esqueceremos de agradecer à distância, que não nos permite vê-la como a simples ave que é.

Sempre, nos encantará o arco-íris. E sonharemos com o tesouro ao seu término, esquecidos das gotas que o formam.

Sempre, desejaremos algo novo. E, tão logo o tenhamos conseguido, o veremos apenas como algo que nos pertence; e o esqueceremos, absortos na busca de um novo desejo.

Sempre, teremos os sonhos ...

as gaivotas dos nossos desejos.


Da amiga Carol, o nosso oásis recebeu este belo selo. Obrigado, Carol, pela gentileza e pelo prêmio. E, principalmente, por nossa amizade!

domingo, 7 de setembro de 2008

A RAZÃO DAS MINHAS PALAVRAS

Deixai que eu vos fale do que me ensinastes. Pois a sabedoria oculta é como o tesouro enterrado, que de nada pode valer; e não é sábio aquele que enterra o seu tesouro, mas o que dele sabe usufruir.

Repartir a sabedoria é uma forma de aumentá-la; e também aprende aquele que ensina. Pois o homem não consegue falar a si mesmo, senão quando finge falar aos outros homens.

Assim como o homem apenas percebe as suas próprias necessidades, apenas aprende através do seu próprio sofrimento.

Contudo, necessito falar-vos; pois muito me tenho calado, para ouvir os vossos pensamentos. E devo, agora, devolver o que me tendes ensinado.

Se o posso fazer, é porque tendes consciência das verdades que existem em vós. Apenas necessitais de ouví-las, porque ainda não aprendestes a conviver com o vosso verdadeiro Eu.

Assim precisais que alguém vos diga o que já sabeis, para descobrirdes o vosso saber. Como é preciso que alguém vos proclame belos, para que possais descobrir a vossa beleza.

Deixai que me assente entre vós, pois o tempo é como um rio, correndo sempre em direção ao futuro. E contra a sua correnteza navega o barco das lembranças, que nos conduz aos portos do passado.

Por isto, preciso estar nas vossas lembranças; para que o que aprendi não se perca nas águas do tempo, mas possa perpetuar-se em vossos corações.

Quando eu me for, peço apenas que não lastimeis a minha partida.

Pois não é sábio aquele que se perde em lamentações e sofrimento, por uma ausência. Mas aquele que recorda as alegrias de que desfrutou, durante a presença.

Pois a lágrima é a véspera do sorriso; assim como o sorriso é a lágrima, antes de nascer. E, assim, tudo aquilo que vos pode parecer um fim é, na verdade, um começo; pois a vida não se detém, como não tem fim a Eternidade.

E a Eternidade existe em vós; como a Luz nos raios do sol, ou o Amor no pranto do adeus!

Vinde.

Irei falar-vos do que sabeis, para que o possais aprender. E para que eu mesmo o aprenda. Pois o homem jamais sabe tudo que existe em si próprio.

Deixai-me falar aos ouvidos dos vossos corações; em voz baixa, pois a razão não necessita gritar, para se fazer ouvir.

E serão inúteis as minhas palavras, se eu não as disser em nome da Razão. E se nelas não houver o espírito da Verdade.

Porque a palavra vã não ultrapassa os limites dos ouvidos, e a boa palavra frutifica nos corações.


Texto do livro A Sabedoria de Hassan.

Desculpo-me com os amigos, por não ter podido responder aos seus comentários nas duas últimas semanas. Estejam certos de que li cada comentário com o mesmo carinho de sempre, e peço que continuem a deixar as suas impressões. Vocês são a razão de ser do nosso oásis.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

DAS PALAVRAS

Pensai sempre, antes que as palavras deixem os vossos lábios.

Pois a palavra é como o vento, e pode ser a brisa que retempera ou o furacão que destrói. E, como o vento, não pode retornar sobre os seus próprios passos.

Uma vez proferida, a palavra não retorna. Como a confiança, uma vez traída, jamais voltará ser a mesma. E o amor que fenece jamais se poderá reerguer das próprias cinzas.

E quantas amizades, quantos amores, já se perderam por uma palavra irrefletida?

Outra forma não tendes, para expressar os vossos pensamentos, que as vossas palavras.

Mas os pensamentos vos pertencem, enquanto as palavras que dizeis pertencem aos ouvidos que as ouvem. E que direito tendes de oferecer aos vossos irmãos o que deles não gostaríeis de receber?

Meditai, antes de proferir as vossas palavras.

Pois as pessoas que vos cercam são como espelhos, a refletir em vossa direção o que recebem de vós. Assim, a vós retornará tudo que ao vosso redor espalhardes.

Por isto, meditai sempre. Para que as vossas palavras espalhem o amor, a compreensão e a paz. Não é uma questão de serdes bons, mas de serdes felizes.

Buscai, sempre, as boas palavras. E, como as palavras são o reflexo da alma, aos poucos purificareis a vossa alma; bons serão os vossos pensamentos, os vossos sentimentos. Bom se tornará o vosso verdadeiro Eu.

Vigiai as vossas palavras.

Para que não tragam lágrimas, mas sorrisos; para que ao desespero sobreponham uma nova esperança, à animosidade o perdão, à escuridão um raio de luz.

Eis que as palavras são como ferramentas; como elas, podeis construir ou destruir. Vossa é a escolha de como serão usadas.

Entretanto, uma vez findo o trabalho, devereis gozar o conforto de um teto; ou assentar-vos entre as ruínas. E em vossa companhia estará a satisfação; ou o arrependimento.

Recordai, sempre, que em cada hoje construís o vosso amanhã. E as dores e as alegrias que semeardes entre os vossos irmãos estarão à vossa espera, em alguma curva do caminho. Pois ninguém foge do seu passado, ou se esconde da própria consciência.

Vigiai as vossas palavras.

E não temereis os vossos pensamentos.


Texto do livro A Sabedoria de Hassan.

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