O Árabe

Idéias, sentimentos, emoções. Oásis que nos ajudam a atravessar os trechos desérticos da vida...

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

A CANÇÃO DO ADEUS

Deixa-me aqui.

E não te preocupes: não chorarei os nossos sonhos, nem mergulharei na densa tristeza que me causa a tua partida. Antes, recordarei os momentos felizes em que a tua presença coloria o mundo.

Porque não é sábio aquele que lastima o fim do caminho e esquece os dias felizes em que desfrutou da jornada. Ou amaldiçoa o fim da nascente cristalina, que por tanto tempo saciou a sua sede.

Vai em paz. E não te condoas dos sonhos que me levas, pois são os mesmos que um dia me trouxeste. Abençôo tê-los colhido das tuas mãos, bebido a luz dos teus olhos e ouvido a música da tua voz.

Que não te aflija o remorso. Porque nenhum mal me causaste, e jamais te agradecerei o suficiente, por todo o bem e toda a felicidade que trouxeste à minha vida.

É verdade que uma parte de mim se sente morrer, ao antecipar o vazio da tua ausência; entretanto, esta mesma parte jamais se sentiu tão viva, como quando estava a teu lado.

É doloroso, sim, sentir que se esvai a felicidade; todavia, mil vezes pior seria o não havê-la conhecido. Ainda que me fira a lâmina da saudade, o bálsamo das lembranças será o meu alívio.

Porque a tua recordação aquecerá as minhas noites. E não será o fantasma do teu corpo que acolherei em meus lençóis, mas a presença viva do amor que existia em nossas noites.

Eis que a planta não tenta deter o sol, ao sentir o vento frio do crepúsculo; aguarda, entretanto, a sua volta, para que à caricia dos seus raios possa mais uma vez oferecer as suas pétalas.

O moinho não tenta aprisionar o vento; apenas utiliza a sua passagem, para moer os grãos que são a sua razão de existir. E a saudade não mata o amor; apenas o torna presente na ausência.

Pudesse eu e pararia o tempo, naqueles dias em que juntos caminhávamos; em que era doce ver refletida nos teus olhos a mesma emoção que fazia brilhar os meus olhos.

De nada me serve, entretanto, implorar para que fiques. Como de nada adianta ao homem manter junto a si o cadáver do ser amado, que o tempo fará em breve decompor-se.

Aquele que se lamenta por um amor que se vai, é como o jardineiro que em pedras soterra o seu jardim, asfixiando as flores que cultivou e por tanto tempo perfumaram a sua vida.

Segue o teu caminho. E que não te preocupem as lágrimas que possam rolar por meu rosto; nelas não está a dor da saudade, nem a amargura de te haver perdido.

Mas a infinita alegria de te haver conhecido.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

A INTEGRIDADE E A PAZ

Buscai a paz, em vossos corações.

Pois está escrito que é possível a um homem desafiar o mundo inteiro, mas ninguém conseguirá viver se não estiver em paz consigo mesmo. De nada vale conquistar o mundo e perder a alma.

De nada vos servirá realizar os vossos desejos, se para isto for necessário trair os vossos princípios. E antes deveríeis renunciar ao sonho mais caro, do que trair a vós mesmos para alcançá-lo.

Eu vos tenho dito que existe em vós a essência do Universo. E não vos é dado silenciar a voz da consciência, através da qual o verdadeiro Eu vos aponta o caminho a seguir.

Esta é a razão da inquietude, para aquele que se afasta dos princípios em que acredita. O caminhante que abandona o seu rumo vê-se perdido, ao renunciar ao norte que o orientava na jornada.

Como o mentiroso, aquele que trai a si próprio vive em constante sobressalto; e caminha pelas sombras, temeroso de que o sol da verdade projete às vistas alheias a escuridão que sente em sua alma.

E perde a confiança naqueles que o cercam. Pois está escrito que o bom julgador por si julga os outros; aquele que não acredita em si mesmo, em ninguém mais conseguirá acreditar.

Zelai, portanto, pela vossa conduta. E pelos vossos pensamentos, e pelas vossas decisões. Porque a tentação se apresenta sedutora, como a isca apetitosa que oculta o frio anzol.

Preservai a vossa integridade. Na voragem do arrependimento, se afogam as alegrias; e se esvai a autoestima, tornando cada vez mais difícil o retorno ao caminho da paz.

Preservai os vossos valores e as vossas convicções. Porque cada homem tem as suas próprias verdades; e de acordo com elas necessita viver, para que possa amar a si mesmo.

De que serve o espelho cristalino, para aquele que tem vergonha de ver refletida a própria imagem? E que banho poderá limpar o homem que corrompido se acredita?

Cada um é o seu próprio juiz; assim precisa ser, porque ninguém senão o próprio homem consegue escutar a voz do seu verdadeiro Eu. E nada existe de mais triste do que condenar a si mesmo.

Respeitai, portanto, os vossos princípios. É assim que encontrareis a paz; e podereis olhar nos olhos de todos que vos cercam, e seguir sem esmorecer o vosso caminho.

Para que a felicidade vos possa encontrar.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

AS VOSSAS LEMBRANÇAS

Preservai as vossas lembranças.

É através delas que podeis fugir ao tempo, revivendo os vossos momentos felizes.

E furtar-vos a novos sofrimentos, evitando a repetição desnecessária dos vossos erros.

Lembrai-vos, entretanto, que nelas não encontrareis apenas sorrisos; lágrimas também existirão, e do mesmo modo vos cabe revivê-las.

Porque é entre sorrisos e lágrimas, que transcorrem os vossos dias. E as vossas lembranças não existem para o vosso deleite ou sofrimento; são as páginas onde está gravada a vossa história.

Nada deveis lamentar, do que tendes vivido. Pois é preciso que a semente mergulhe na terra, em meio ao estrume, para que a planta possa brotar em toda a sua força e beleza.

Assim, foram os piores momentos que vos ensinaram as mais valiosas lições. E, se muitos dos vossos risos foram esquecidos, as lágrimas sofridas persistem em vossa memória.

Viajai, sim, nas vossas lembranças. Guardai-vos, entretanto, para que o tempo não as distorça, qual colorido vitral, fazendo-as parecer diferentes do que foram na verdade.

Porque assim acontece aos dias passados: através da bruma das lembranças, mais vivos vos parecem do que realmente foram; mais belos se mostram os sonhos, mais amargas as decepções.

Mais intensos se tornam os amores, mais dolorosas as despedidas; mais melodiosas as canções, mais perfumadas as flores, mais belas as noites e mais triste cada desencanto.

O homem sonha a sua vida, enquanto vive os seus dias. E para amenizar o cinza do presente, cobrimos o passado com as tintas do nosso ideal e o futuro com as cores da esperança.

Necessitais lembrar-vos, todavia, que do que hoje fizerdes dependerão as lembranças que tereis amanhã. E viver no passado é alienar-se do presente e prejudicar o futuro.

A felicidade não está no exagero dos extremos, mas no equilíbrio do meio. E a sabedoria consiste em lembrar o passado, viver o presente e construir um futuro melhor em cada dia.

Preservai, sim, as vossas lembranças. Elas vos ajudarão a escolher as sementes que plantareis na terra fértil do vosso presente.

E cujos frutos colhereis no futuro.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

CUIDAI DAS VOSSAS CRIANÇAS

Atentai para as vossas crianças.

Porque, se é certo que não se pode mudar o passado, é igualmente verdade que o futuro se constrói a cada dia.

E o que será de vosso mundo, se em cada criança não existir uma esperança e nos seus olhos não brilhar a luz de um sonho, que a faça acreditar na vida e na felicidade?

Cuidai, para que essa luz jamais desapareça. Como escurece o céu, quando uma estrela se apaga, pior se torna o mundo, de cada vez que deixa de sonhar uma criança.

E a tristeza, que é natural nos olhos do adulto, jamais o será nos olhos da criança. Porque no outono as flores caem, mas na primavera devem brotar em todo o esplendor da sua beleza.

Infeliz daquele que abusa de uma criança; porque, ao roubar-lhe a inocência, também lhe rouba o futuro. Como será cristalino o rio, se poluída estiver a nascente?

Infeliz daquele que contra uma criança emprega a violência. Como cantará a canção suave da paz, quem desde tenra idade conhece a música violenta de gemidos e agressões?

Infeliz daquele que à criança nega o ensinamento e o tempo necessário ao aprendizado. Como será capaz de ensinar, aquele que jamais conseguiu aprender?

Infeliz daquele que na criança instila os seus próprios preconceitos. Como conhecerá a doçura do amor um coração repleto de ódio contra aqueles que são, apenas, diferentes?

Infeliz daquele que através do medo busca controlar a criança. Porque a água represada é a mesma que de repente faz ruir as barreiras e arrasa os muros que a prendiam.

Infeliz daquele que espezinha os sonhos da criança. Porque a criança incapaz de sonhar é o adulto vazio, que nada consegue defender senão os seus próprios interesses.

Infeliz daquele que menospreza a criança. Porque decerto lamentará o tempo perdido, quando perceber que desconhece o adulto em que os anos a transformaram.

Sábio não é o imprevidente, que despreza o futuro; mas o homem que ao seu redor busca espalhar as melhores sementes, para que possa obter a melhor colheita.

Cuidai, portanto, das vossas crianças.

Elas serão os vossos guias, na mansão do amanhã.

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