ESTAR SÓ...
Estar só é um
aprendizado.
E nem sempre tem a
ver com solidão. Porque, ainda que esteja todo o tempo cercado por pessoas, e
por mais que goste dessas pessoas, o homem às vezes sente vontade de estar só.
É quando estamos sós,
que podemos conversar com o nosso verdadeiro Eu. Que podemos esmiuçar os nossos
pensamentos, sentir mais as nossas emoções, conhecer um pouco mais de nós.
É quando estamos sós,
que melhor entendemos o que lemos; que mais viajamos na música; que mais
atentamos aos aromas que sentimos e aos detalhes de tudo ao nosso redor.
Precisamos estar sós,
para que possamos gozar da nossa própria companhia. E, ainda que muitas vezes
evitemos a nós mesmos, isto não é algo que possamos fazer por todo o tempo.
Porque, como o navio
precisa ter um ponto de partida, para rumar a novo porto, o homem precisa
conhecer a si próprio e estar em paz consigo, antes que se possa relacionar com
os outros.
E esta é a razão do
fracasso de muitos dos nossos relacionamentos. Pois quem não conhece e não
entende a si mesmo, menos ainda conseguirá conhecer e entender aqueles que o cercam.
Aprendamos a limpar e
arrumar a nossa casa, e seremos capazes de fazer o mesmo em outras casas.
Precisamos conhecer nossos vales e nossas montanhas, nossos rios e desertos.
Todos temos vales e
montanhas, rios e desertos. Todos temos nossas luzes e nossas sombras. E, se não
admitirmos que tudo isso existe em nós, como toleraremos encontrá-los nos
outros?
Estar só. Este é o
ponto de partida, para que o homem possa conversar com sua própria alma. Para
expor os seus medos e a sua coragem, os seus amores e desamores, suas certezas e
dúvidas.
Estar só é o ponto de
partida, para que cada um possa fazer as suas perguntas e procurar as suas
respostas; contestar os seus sentimentos, as suas ideias e crenças. E ouvir o que
diz o coração.
Estar só é o ponto de
partida, para que nos tornemos capazes de conviver. Ninguém é capaz de desfrutar
plenamente da companhia de alguém, enquanto não desfruta de sua própria
companhia.
Estar só é o
aprendizado da companhia; a semente de onde brotam os verdadeiros amores e as
verdadeiras amizades. Não é sofrer com o isolamento, mas aprender a estar
consigo mesmo.
Não é a solidão, que
devemos temer; mas a amargura. Como não é a escuridão que nos assusta, mas
os perigos que pode conter; e muitas vezes são apenas frutos da nossa
imaginação.
Aprendamos a estar
sós. E nunca mais o estaremos.
Música:
http://ohassan.dominiotemporario.com/midis/ernesto_cortazar_intimate.mid