O Árabe

Idéias, sentimentos, emoções. Oásis que nos ajudam a atravessar os trechos desérticos da vida...

sexta-feira, 30 de junho de 2023

PEQUENOS DETALHES

 


São os pequenos detalhes que fazem um grande amor.

É o ardor da paixão, nos momentos em que a fome se faz presente e tudo que se quer é devorar o outro; a entrega total e absoluta, quando o corpo está no corpo e a alma na alma.

Sim: o amor não é apenas um sentimento. É uma mescla de sentimentos, que nos confunde e nos leva a alimentar sonhos e duvidar de realidades. É a ilusão maior, em nossa vida.

A verdade é que ninguém teria como descrever o amor, a quem jamais o houvesse vivido. Porque não há como explicar as sensações que traz, a dúvida e a certeza que provoca.

Descrever o amor a quem jamais o sentiu, seria como explicar a um cego o amanhecer de um novo dia; ou falar a um surdo sobre a beleza e a harmonia das notas de uma canção.

Porque de nada adianta falar sobre o amor; comentar os seus efeitos, ou dizer as mudanças que produz em nós. Não há como explicar a dor de uma saudade, ou a alegria do reencontro.

Pois o amor, como todos os milagres, não tem qualquer explicação possível. E, entretanto, quando acontece, nada existe de mais simples e natural; ou, ao menos, é assim que nos parece.

Mostrai-me alguém, que saiba explicar o seu amor; e eu vos mostrarei alguém que não ama, apenas gosta. Mostrai-me alguém que saiba dizer porque ama, e vos direi que só pensa amar.

São os pequenos detalhes que fazem um grande amor.

É a emoção que nos invade, ao mergulhar os nossos olhos nos olhos de quem amamos; é o encanto que nos domina, diante de um mero sorriso; é o enlevo de caminhar de mãos dadas.

Porque o amor é a magia que torna uma pessoa única, entre todas as outras. Que não nos deixa entender como vivíamos, antes de encontrar quem amamos. Que muda tudo no mundo.

É por isto que, desde o começo dos tempos, os poetas nos falam de amor. E ainda hoje não o entendemos; nem se esgotam as palavras sobre ele. Porque o amor segue desconhecido.

Como o espaço sideral, que nos envolve e não conseguimos entender; ou como o fundo do oceano, cujos segredos não nos é dado conhecer. E, como com ambos acontece, nos fascina.

São os pequenos detalhes, que fazem um grande amor.

E não nos devemos preocupar em entendê-lo; ou nos privaremos, talvez, do seu encanto. Melhor é nos entregarmos e vivê-lo plenamente, sem ressalvas, para que abençoe a nossa alma.  

Se tivermos a sorte de encontrá-lo em nosso caminho.

Música:

http://ohassan.dominiotemporario.com/midis/eduardo_lages_and_i_love_her.mid

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sexta-feira, 23 de junho de 2023

CALEIDOSCÓPIO


Cada caso de amor tem a sua própria história.

Existem alguns que têm a vida breve, como os rojões de São João. Mas, enquanto duram, alegram e iluminam o céu e as vossas vidas, com as suas luzes, os seus sons e as suas cores.

Existem aqueles que jamais se consumam; e outros que consomem a si próprios, como o fogo que se extingue, quando nada resta para queimar. As chamas do amor se tornam as cinzas da amizade.

Outros, ainda, permanecem como sonhos. E esses são os que durarão mais tempo; porque nada pode apagar um sonho, senão a realidade. Conservai-os como sonhos; assim seguirão convosco.

Sim: cada caso de amor tem a sua própria história. E todos são igualmente belos; não só no tempo em que existem, mas mesmo depois de passados, enquanto sobrevivem nas vossas lembranças.

Não vos falarei, entretanto, sobre os casos de amor. De que serviria, se cada um não liga senão para os seus próprios amores? Ou, melhor dizendo, para a sua própria maneira de ver e viver o amor.

Porque não sois iguais, entre vós; e, por isso, não poderiam ser iguais as histórias de vossos amores. Pois o amor é como um caleidoscópio, onde cada um de vós vê uma imagem diferente.

Esta é a verdade; e não deveis esperar que alguém retribua o vosso amor, da mesma forma que o entregais. Ainda que a tamareira assim o desejasse, nada vos poderia oferecer, senão tâmaras.

Se amais, nada vos cabe exigir; tudo que podeis fazer é entregar-vos ao amor. De nenhuma outra forma vos será dado desfrutar de suas emoções; da felicidade e das inquietações que ele vos traz.

Contentai-vos em amar, portanto; ainda que, de vez em quando, o orgulho e o medo de sofrer vos soprem aos ouvidos que pouco recebeis, em troca do que dais. Amar não é troca, mas entrega.

Contentai-vos em girar o vosso caleidoscópio; e encantar-vos com as imagens coloridas que ele vos mostra. Porque essas imagens trarão cor à vossa vida e vos farão cantar, enquanto caminhais.

Contentai-vos em sentir. Porque não podeis ser donos de alguém e muito menos possuir o amor ou o destino. Entretanto, os vossos sentimentos se enraízam em vossas almas. E ninguém os tira de vós.

Aprendei, portanto, que as vossas maiores riquezas não são as vossas posses; todas essas aqui ficarão, quando vos fordes. Nada podereis levar, senão o vosso aprendizado e as vossas lembranças.

Sim: sei que muitas vezes me repito. Assim preciso fazer, porém, para que as minhas palavras não se percam entre os ruídos do mundo e consigam chegar aos ouvidos do vosso verdadeiro Eu.

Para que possais girar o vosso caleidoscópio.

Música:

http://ohassan.dominiotemporario.com/midis/1_eduardo_lages_eu_sei_que_vou_te_amar.mid

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sexta-feira, 16 de junho de 2023

O CAMINHO DA VIDA


 Existem duas formas de ver a vida.

Como uma dádiva; um caminho maravilhoso a ser percorrido, com montanhas e abismos, mares e desertos, rios e cascatas, planícies e elevações. Com brisas suaves e ventos fortes.

Ou podeis encará-la como um fardo que levais às costas; uma tarefa pesada, que precisais desempenhar todos os dias. Uma obrigação que tendes a cumprir e exaure vossas forças.

É certo que cada um pode escolher a forma que prefere. Porque o homem tem direito às suas próprias escolhas; é ele que sofrerá, ou será feliz, com as consequências que virão.

Deixai-me dizer-vos, porém, que julgo mais sensato aquele que vê a vida como uma dádiva; porque assim abriga a gratidão em seu peito e vê cada momento como uma oportunidade.

Assim, caminha cantando; leves e rápidos, os seus passos o levam mais longe, e os seus olhos se deleitam com as belezas que encontra pelo caminho. Em sua alma, vivem alegria e fé.

Este, ouve pássaros cantando e regatos que murmuram no silêncio da mata, ao entardecer. Sente o perfume que emana das flores, a maciez de suas pétalas e o encanto da sua beleza.

Agradece pelo calor do sol em seu rosto e pelo frescor da brisa que acaricia os seus cabelos; pelo dia, em que trabalha e ganha o pão, e pela noite, onde pode  ter o merecido repouso.

Sabe que nem tudo são flores e haverá trechos difíceis no caminho; porém, a esperança de dias melhores o sustenta sempre, e o faz caminhar firme, mesmo quando ruge a tempestade.

Porque não existe viagem sem percalços; assim como não há méritos em triunfar sem dificuldades. Os frutos se tornam mais doces, para aquele que plantou a semente e cultivou a árvore.

Afortunado, portanto, aquele que vê a vida como uma estrada a ser percorrida; porque se encantará sempre com as nuvens brancas que vagam no azul, ou com o brilho das estrelas à noite.

Triste do homem que a encara como uma obrigação a ser cumprida. Porque este não encontrará alegrias, nem caminhará com a esperança; mas sim com o medo do futuro em seu coração.

E ninguém conhece a felicidade, enquanto acalenta em si o medo. Nem tem razões para seguir em frente, quando não percebe os encantos que lhe oferece a estrada por onde caminha.

Aprendei a amar a vida; e não a vereis como um fardo. Cada dia que nasce não será para vós uma etapa a ser vencida, mas uma nova oportunidade. E dareis, sempre, o melhor de vós.

Até que chegue a vossa hora de partir.

Música:

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sexta-feira, 9 de junho de 2023

GRATIDÃO

 


Sou grato, a cada um de vós.

A todos que se reúnem em nosso oásis, e a todos que aqui já estiveram, para compartilhar experiências e trocar ideias. É a vossa presença que o mantém vivo, sempre verde e pujante.

Pois outra não é a função de um oásis, senão lembrar que flores e frescor podem existir, em meio a um deserto. Porque a água e as frutas são como dádivas, reanimando o viajante cansado.

E, de cada vez que nos reunimos e dividimos aquilo que sabemos, aprendemos algo de novo. Porque, como a chuva fertiliza o solo,  as palavras fazem nascer novas ideias em nossa mente.

Ninguém existe que não aprenda mais um pouco, de cada vez que se dispõe a ensinar. As palavras que espalhamos ao nosso redor voltam a nossos ouvidos e visitam também nosso coração.

Refleti; e vereis que esta é uma verdade. Muitas foram as vezes em que as vossas próprias palavras mudaram os vossos rumos; e vos fizeram descobrir caminhos que não havíeis visto.

Sou grato por tudo que me ensinastes. De cada vez que vos visitei, em vossas moradas, me recebestes com carinho; e as palavras que me dissestes fizeram nascer em mim novas ideias.

E, em cada vez que aqui viestes, os vossos comentários alegraram a minha alma; e lançaram uma nova luz sobre as ideias que vos havia exposto. É preciso ouvir os amigos, não só falar-lhes.

Acredito que, ao longo destes anos, crescemos juntos. E ainda cresceremos, expondo as nossas dúvidas e questionando as nossas certezas; porque de cada pergunta vem uma resposta.

E ninguém aprende, sem a coragem de fazer as suas perguntas e encarar as suas respostas. Como a planta brota do solo e da semente, o Conhecimento vem da ignorância e do desejo de saber.

Eu vos agradeço, portanto. Porque sou somente um lavrador, que lançou uma simples semente; e ela não teria florescido, sem os vossos cuidados. Sois o solo generoso, a chuva e o sol.

Certo é que nunca sabemos o que nos espera, no futuro; e jamais pretendi que tanto tempo durasse o nosso oásis. Apenas comecei a falar-vos, como uma forma de falar também a mim mesmo.

E até hoje, assim o faço. Não vos enganeis, quando vos falo em “vós”; eis que me incluo no que vos digo, porque nenhuma diferença existe entre nós. Nunca abriguei a presunção de ensinar-vos.

Gosto de pensar que aprendemos juntos. E por isso agradeço a todos que me ajudam ou ajudaram, nesta jornada. Minha gratidão, a todos com quem alguma vez dividi a fogueira e as ideias.

Sigamos em frente, enquanto nos permitir o Coração do Universo.

Música:

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Em 13/06/2007, comecei este blog. Obrigado!  

sexta-feira, 2 de junho de 2023

O SILÊNCIO E A PAZ

 



Muitas vezes, o vosso silêncio é o pai da vossa paz. 

Porque de nada vale o envolvimento em discussões estéreis, que nada vos trarão senão a inquietude. Mais importante do que serdes apontados como “certos”, é estardes convictos de estar certos.

Mais importante do que impor a vossa opinião, é cultivar a vossa felicidade; assim, eu vos tenho dito. De nada vale ao vizinho apregoar que tem o melhor terreno, se a vossa colheita suplanta a dele.

Por que, então, discutiríeis se a água do vosso poço é mais cristalina, ou as vossas flores são mais belas? Se disto estais convencidos, sereis felizes, sem precisar convencer a ninguém mais.

Calar-se, nas horas certas, não é um defeito, mas uma virtude. O som das trovoadas morre mais rápido sobre as planícies calmas, do que entre as montanhas, onde reverbera no eco.

E para a terra, que se mantém em silêncio durante o rugir das tempestades, a recompensa é certa, quando passam: maior é a sua fertilidade e mais macio sempre  se torna o solo.

Sede como as pedras do cais, que permanecem mudas, apesar do fragor das ondas que contra elas se arremessam. Quando se forem os ventos, virá a paz; e as pedras permanecerão.   

De que vos adianta rebater as ofensas que vos sejam dirigidas, ou as palavras ríspidas que vos digam? Se, em vossa alma, tendes certeza de que são injustas, por que vos agastaríeis com elas?

Calar-se é uma arte, que só a vida nos ensina. É aprender a vencer a prepotência, o orgulho de “ter razão” e o desejo de um “triunfo” vazio e efêmero, que pode causar danos no futuro.

Calar-se é aprender que ninguém pode e nem precisa ter razão todo o tempo. É reconhecer que somos falíveis e o importante é conviver com os nossos irmãos e estar em paz conosco.

Aquele que crê no que pensa, não necessita de discussões; quem acredita em suas opiniões, permanece sereno. Os que se exaltam não buscam convencer aos outros, mas a eles mesmos.

Se quereis a paz, aprendei a manter-vos em silêncio. Porque existem ocasiões para falar e outras em que de nada vos adianta expor as vossas ideias; melhor que vos acomodeis e espereis.

A razão não necessita gritar, para se fazer ouvir. Quem lhe dá passagem não é o barulho, mas o tempo; os enganos, como a mentira, têm pernas curtas, e não conseguem chegar muito longe.

Mantende-vos, pois, em silêncio, quando vos sentirdes provocados. Assim, evitareis muitas discussões que vos inquietariam e muitos desgastes que no futuro poderiam vir a prejudicar-vos.

Sensatez e silêncio. Estes são os primeiros passos para a paz.

Música:

http://ohassan.dominiotemporario.com/midis/1_ernesto_cortazar_solitude.mid

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