O Árabe

Idéias, sentimentos, emoções. Oásis que nos ajudam a atravessar os trechos desérticos da vida...

sexta-feira, 26 de abril de 2013

AS TEMPESTADES E AS CALMARIAS

 
Vede a chuva como castiga a terra.
 
Vede a força com que as gotas atingem o solo; como o céu se torna cinzento e sombrio; como os animais se recolhem e as plantas se dobram ao vento inclemente.

Contemplai a beleza ameaçadora do raio, que corta os ares qual lança agressiva de um deus vingativo, enquanto o estrondo dos trovões anuncia a fúria dos elementos.

São assim os dias de tempestade. Como se o céu se voltasse contra a Terra; como se o Universo se voltasse contra a vida. Como se a calmaria jamais retornasse ao mundo.
 
Entretanto...

Quando se vai a borrasca, as plantas se mostram mais viçosas; o sol é mais brilhante, a terra mais macia. O ar parece mais limpo, as flores mais perfumadas, os animais mais ativos.
 
A vida ressurge, mais forte e mais bela do que antes. E pulsa, exuberante,  em cada canto: no voo alegre dos pássaros, no azul límpido do céu, no cheiro gostoso da terra molhada.

Todo o mundo se reveste das cores mais lindas; respira a esperança renovada, abriga a certeza de tempos melhores. Docemente se espalha  a canção da Eternidade.    

As tempestades e as calmarias são necessárias à natureza. A água da chuva e o calor do sol fazem brotar as sementes que renovam a vida, no mundo onde caminhamos.
Assim também acontece em vós.

Porque as tempestades dos vossos sofrimentos e as calmarias dos vossos momentos felizes farão germinar a semente do aprendizado, que se tornará a árvore do Conhecimento.
E esta é a árvore que vos dará os frutos mais doces, ao enraizar-se em vossos corações; e ao provar dos seus frutos conhecereis os sabores e os segredos da Vida.

Aceitai as vossas tempestades, como desfrutais das vossas calmarias; desafiai a chuva e os raios e persisti em vosso caminho, ainda que contra a força dos ventos.
Um dia, a bonança voltará; e com ela voltarão as cores da alegria, o canto harmonioso das aves, a carícia amiga da brisa e a esperança que torna mais leves os vossos passos.

Vede a chuva como castiga a terra; e assim a torna mais fértil e mais generosa.
Como faz o sofrimento ao vosso coração.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

A VOLTA À MANSÃO DO AMANHÃ


Decerto, chegará o dia do voo.

E não vos pertence saber quando vos chamará o Universo; quando devereis despir as vossas roupas e descalçar as vossas sandálias, para alijar de vós a poeira do caminho.

Porque não é no verdadeiro Eu que se acumula o pó, mas nos trajes que envergais em cada jornada. E nada vos restará, ao fim do percurso, senão o que houverdes aprendido.

É assim que é. E por mais importante que possa o homem parecer, nada dele ficará na Terra, senão os frutos do seu ser e as lembranças naqueles que o tenham conhecido.

Recordai que, embora não vos assista o direito de escrever a palavra “FIM” no livro de vossas vidas, é vossa a escolha sobre o que escrevereis em cada uma de suas páginas.

Deveis, portanto, escolher bem as palavras que nelas registrareis. Porque não é o epílogo que faz valer o livro, mas as aventuras e os ensinamentos que traz àquele que o lê. 
  
Abandonai o temor à hora final. Porque o navio não se recolhe ao porto antes de terminada a viagem, nem a flor tomba sobre o solo antes de abrir-se em botão.

Não nascestes para fugir à morte, mas para desfrutar da vida. E este deve ser o vosso cuidado, ou de nada vos valerá cada experiência que tiverdes sobre a Terra. 
 
Cada um tem o tempo de que precisa; que não vos preocupe a hora da viagem, nem as suas circunstâncias. Longe de escravizar-vos ao temor da morte, buscai viver a vida.

Pois, se não vos pertencerá a árvore que hoje plantais, ninguém vos pode roubar a alegria de saber que os vossos filhos desfrutarão da sua sombra e dos seus frutos.

E, ainda que não chegueis a realizar os vossos sonhos, as suas cores alegrarão o vosso coração; e o seu calor aquecerá as vossas noites, enquanto os sonhardes.

Não sois apenas os vossos corpos, mas também as vossas almas. E por isto não estais contidos no tempo, nem no espaço; pertenceis à Eternidade e ao Infinito.

E, como o rio não se preocupa com as suas águas, apenas as deixa correr, não vos deveis preocupar com o vosso tempo, mas com a maneira como utilizais cada momento.

Vivei, com todas as vossas forças. Vivei sem medo; porque não é o terdes morrido que vos poderá fazer chorar, quando estiverdes de volta à mansão do amanhã.

Mas o arrependimento por não ter vivido.   

sexta-feira, 12 de abril de 2013

A CANÇÃO DO UNIVERSO


Escutai a canção do Universo.
Aquela que se faz ouvir em vossas almas, no silêncio mais absoluto. E é capaz de suplantar o grito raivoso da vingança e a voz pungente e chorosa do desespero.

Aquela que os anjos executam, para os homens que são capazes de ouvir. Que vos fala da beleza e do perfume das flores, da inocência da criança, do brilho das estrelas.

Aquela que vos fala da eternidade da Vida, dos sentimentos mais puros, do perdão e do altruísmo, da solidariedade e do Amor; que vos traz o encanto da lua e o calor do sol.

Escutai a canção do Universo.

Pois é assim que O encontrareis em vós. E deixareis de necessitar dos vossos templos e dos vossos sacerdotes; dos vossos altares e dogmas e dos vossos ritos.

Pois é assim que abandonareis o conceito de pecado e podereis estar em paz convosco. Porque sabereis que a ninguém prejudicam os vossos atos, senão a vós mesmos.

Pois é assim que entendereis a Vida e deixareis de temer a ilusão da morte; e percebereis que a caminhada não cessa ao anoitecer, mas continua na manhã seguinte.

Escutai a canção do Universo.

Que vos procura na voz humilde do pobre que iplora a vossa ajuda; na confiança da criança que vos estende a mão e no olhar súplice do idoso que treme de frio.

Que vos fala na voz generosa do mestre que reparte o seu conhecimento; nas palavras do sacerdote que divide a sua fé; no seio da mulher que amamenta o filho.

Que se espalha por vossos caminhos, flutua no ar que respirais, na água que sacia a vossa sede e no alimento que sustenta o vosso corpo, enquanto prossegue a jornada.

Escutai a canção do Universo.

E não ouvireis a voz do medo, que teima em assombrar os vossos corações; nem o clamor da intolerância, que vos empurra para a guerra; nem a inveja que vos magoa.

E não vos pesará o cansaço da existência. Nem vos afligirá a ânsia do que vos falta, porque em cada momento de cada dia agradecereis pelo muito que vos foi dado. 
     
Escutai a canção do Universo.

Que ressoa aos ouvidos do vosso verdadeiro Eu.

Texto inspirado pela bela imagem, que encontrei na internet.  


sexta-feira, 5 de abril de 2013

AS VOSSAS ASAS E OS VOSSOS VOOS


Seres alados é que sois.

Alados fostes criados, para percorrer o Infinito e ouvir em vossas almas a canção do Universo, que viaja no vento e se faz ouvir no silêncio da floresta e no fragor do mar.

Para que alados sejam os vossos sentimentos; e o aprendizado, através das lágrimas e dos sorrisos que se alternam em vossa estrada, vos conduza ao Conhecimento.

Deveríeis aprender com as aves, que caminham sobre o solo mas dominam também o céu, ao sabor das suas necessidades e vontades, porque assim as fez o Criador.

Para isto fostes criados. E, para que aprendêsseis a ciência do voo, obstáculos foram colocados em vosso caminho; porque é voando que os deveríeis superar.
 
Renunciais, entretanto, às vossas asas, para que presos à terra possais viver. Como se mais prazeroso vos fosse calcar o barro do que livres viajar entre as estrelas.

Sim; abandonais a liberdade da alma, para escravizar-vos aos ditames do corpo. E deixais de ouvir a voz do vosso verdadeiro Eu, para obedecer ao que vos diz o mundo.

Esqueceis que esta não é para vós senão uma morada temporária. E que as vossas almas residem na mansão do amanhã, onde estão os vossos sonhos e as vossas verdades.

Trocais as alegrias do amor pela agonia do ciúme; a liberdade de admirar pela tortura de invejar; a realização de servir pela inquietude de desconfiar de vossos irmãos.

Esmiuçais as vidas alheias, quando melhor faríeis se cuidásseis das vossas vidas. De que vos serve cuidar do quintal do vizinho, quando no vosso as ervas daninhas proliferam?

Praticais o egoísmo, quando deveríeis exercitar o altruísmo. Defendeis os vossos direitos e desprezais os direitos dos outros; quereis ser perdoados e buscais vingança.

Exaltais a verdade e escondei-vos em mentiras; glorificais a paz e não reprimis a vossa própria animosidade. Pregais a compreensão, mas praticais a intolerância.  

Assim, renunciais às vossas asas. E a felicidade do voo é substituída pelo cansaço do penoso caminhar. A plenitude da liberdade cede lugar à frustração do encarceramento.

Porque não é para isto que fostes criados. E, embora possa o homem ficar contra o mundo, não lhe é possível ficar contra si mesmo; nem negar para sempre o seu verdadeiro Eu.

Esta é a razão da angústia indefinida, que muitas vezes vos domina; não nascestes para o barro, mas para as estrelas; acreditai em vós, e entre elas voareis. Seres alados é que sois.

E o vosso destino não é o túmulo, mas a Eternidade.


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