BALADA DO TEMPO
Quanto tempo desperdiçamos, ao longo da vida!
Esquecemos,
talvez, que o tempo é finito, em cada uma das nossas jornadas. Que limitados
são os nossos dias e as nossas noites; e melhor faríamos em aproveitar cada um
dos nossos instantes.
Assim eu
vos tenho dito. Entretanto, sei que agora não me podeis entender; em cada
jornada, tendemos a julgar-nos eternos e esquecer que o tempo haverá de levar os nossos corpos.
Em cada
jornada, acreditamos que o tempo nos pertença. E adiamos sempre, para o amanhã,
coisas que podemos fazer hoje. Como se o amanhã fosse uma certeza, um
direito nosso.
Um dia, descobriremos que não é bem assim: quando não vier o amanhã.
Então, lamentaremos cada instante que desperdiçamos; cada abraço perdido e cada gesto
que não fizemos.
Lamentaremos
cada momento de amor, que deixamos para o dia seguinte; todos os instantes de zanga e
amuo, em que levantamos muros entre nós, quando poderíamos ter criado pontes.
Lamentaremos
cada beijo desperdiçado, cada carícia não feita, cada frase de amor que deixamos
de dizer. Lamentaremos cada grão de amor, que deixamos escorrer em vão entre
nós.
Cada
oportunidade perdida, cada momento de hesitação e dúvida; cada instante que
desperdiçamos nos cobrará o seu preço, em arrependimento, e calará fundo em
nosso verdadeiro Eu.
Ainda que
lágrimas já não possam cair de nossos olhos, a nossa alma lamentará todo o
tempo perdido com o nosso egoísmo, quando poderíamos ter vivido muito mais e
mais intensamente.
Mas, eu
vos repito: não é com o tempo que nos devemos preocupar. Porque, se seguirmos a
nossa consciência, dele faremos bom uso. E não nos queixaremos, quando findar o nosso tempo.
Não nos
preocupemos com o tempo que ainda teremos, mas com o que fazemos do tempo que passa. Não cuidemos de passar o tempo, mas de aproveitá-lo, em cada
momento que temos.
Não
desperdicemos o presente, ansiosos para que chegue o futuro. Vivamos o hoje, o
mais intensamente que pudermos, para que o amanhã não nos encontre tristes, arrependidos
e perdidos.
Cuidemos bem do nosso tempo. Porque a flor não desperdiça cada um dos segundos de que
dispõe, até murchar e cair; e o oceano não perde tempo, para formar cada uma das
suas ondas.
Recordemos,
sempre, que o tempo não é apenas o nosso capital mais precioso; é o único
que não podemos repor. Cabe-nos aproveitar cada uma de suas moedas, enquanto delas dispomos.