O Árabe

Idéias, sentimentos, emoções. Oásis que nos ajudam a atravessar os trechos desérticos da vida...

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

CANTO DO AMOR REAL

Posso ter-me perdido nos teus olhos.

Mas de que importa isto, se é certo que me encontrei nos teus braços? Pode a mariposa reclamar da luz que a atrai, se o seu calor lhe sustenta a vida?

E é certo que ninguém se encontra completamente, até que se perca em outro alguém. Assim como o afluente não se completa, até despejar-se em outro rio.

Sim, brigamos.

Mas acaso teria o mar, sem as borrascas e as calmarias, o mesmo encanto e sedução? Ou o deserto o mesmo mistério, sem o vento turbilhonante que faz voar as suas areias?

O que seria da vida, sem a atração da luta e a alegria da vitória?

O que seria da felicidade e da tristeza, sem a plenitude e as dúvidas do amor?

Sim, amamos.

Às vezes, com a intensidade de apaixonados; em outras, com o afeto de irmãos.

E não é esse, acaso, o verdadeiro amor?

Pois o que seria da terra, se o calor do sol não fosse amainado pelo frescor da noite? E o que seria de nós, se a amizade não se alternasse à paixão?

Sim, sentimos saudades.

Mas apenas para que possamos desfrutar da felicidade do reencontro.

Pois, sem a tortura da sede, não seria a água a mesma maravilha.

E, sem a mágoa do pranto, não seria tão doce a alegria do sorriso.

Sim, vivemos.

E talvez não como queríamos, pois não se pode ter tudo que se quer; afinal, não é neste mundo a moradia da felicidade.

Mas de que isto nos importa, se temos um ao outro? Acaso a abelha,ao sugar o néctar da flor, reclama a falta de um jardim?

Ou o marinheiro que chega a um porto haverá de queixar-se, porque nem todos lhe pertencem?

Sim, envelhecemos.

Devagar, mansamente. Porque não chegamos a sentir a passagem do tempo, enquanto a juventude está em nossos corações.

Assim como não sentimos a passagem da brisa, enquanto nos aquece o sol. Ou o transcorrer do tempo, enquanto somos felizes.

Sim, choramos.

Pois, quando as lágrimas não brotam dos olhos, a seca está no coração. E o coração que ama é como uma terra fértil, aberta às sementes da alegria e da tristeza.

Porém como aprenderíamos a sorrir, sem aprendermos a chorar?

E, sem chorar e sem sorrir, como aprenderíamos a viver?

Posso ter-me perdido nos teus olhos.

Mas graças a Deus, te encontrei.

Extraído do livro A Sabedoria de Hassan.
Imagem do site 1000 Imagens. E esta música... que música!!!

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

ESPERANÇAS E DECEPÇÕES

Desesperais, à morte de cada uma das vossas esperanças.

E por que o fazeis? Acaso a morte de uma rosa significa que não possam abrir-se novos botões?

Ou não sabeis que as esperanças são como as rosas e cada uma que tomba sobre o solo, servirá de adubo para que outras possam brotar?

Necessitais renovar sempre as vossas esperanças, e prosseguir com as vossas ilusões. São elas as tintas que usa a Felicidade, para colorir o cinza das vossas vidas.

Por isto, infeliz daquele que abandona as suas esperanças e renega as suas ilusões; que não se imagina feliz, por medo de depois vir a sofrer. Pois será como o homem que apenas busca os frutos da árvore, e não escuta a doce melodia do vento em suas folhas.

Sem o oásis da esperança e a reconfortante brisa da ilusão, seria a vossa vida um árido deserto.

Aprendei a conviver com as vossas esperanças e decepções; com os vossos sonhos e desilusões.

Pois sábio não é o homem que tenta pegar a lua; mas aquele que, tendo os pés no chão, sabe erguer os olhos para admirar a sua beleza. E não desespera a cada nuvem que a encobre, mas apenas a espera ressurgir.

A sabedoria não é o desencanto, mas a arte de desfrutar do encanto sem imaginá-lo eterno. É saber que cada decepção é o prólogo de uma nova esperança.

Pois as decepções e as esperanças são as sementes do coração, que cultivais com a chuva das vossas lágrimas e o sol do vosso sorriso.

E eu vos tenho dito que para esse cultivo viestes. Pois, assim como a planta brota das suas raízes, assim brotará o vosso verdadeiro Eu do constante aprendizado.

E os seus frutos não serão enjoativamente doces, nem excessivamente amargos. Terão, antes, o equilibrado sabor que vem do conhecimento.

E esse é o sabor que vos deleitará, por toda a Eternidade.

Texto extraído do livro "A Sabedoria de Hassan".

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

O AMOR EM NÓS

O amor é tão leve, que não suporta o peso dos nossos desejos; e tão livre, que sucumbe sob as correntes que lhe tentamos impor.

E, entretanto, é a força maior em nós.

Do amor, nascem os nossos sorrisos mais felizes; e da tentativa de escravizá-lo à nossa vontade, brotam as lágrimas mais sentidas.

O amor é, para a alma, como o ar é para o corpo. E, se é certo que dele necessitamos para viver, é igualmente certo que não o podemos reter em nossos pulmões.

O amor é como as nuvens, que flutuam pelo ar, livres de nosso controle. E, entretanto, ornamentam o céu e fazem nascer a chuva, que fertiliza os campos.

Ou como as estrelas e a lua, que não estão presas ao firmamento e, brilhando em liberdade, fazem a beleza da noite.

O amor não absorve, completa. Eis que o Pai maior nos concedeu o livre-arbítrio, para que cada um de nós pudesse decidir o próprio destino. E talvez seja esta a expressão maior do Seu amor.

É necessário que cada um ande o seu próprio caminho, para que o amor possa guiar os seus passos.

Pois aquele que por outro é comandado, não pode falar de amor; mas de submissão. Como aquele que busca impor a sua vontade, não procede em nome do amor; mas das suas próprias carências.

Eis que a plenitude não pode brotar senão de si própria. E como poderemos conhecer a plenitude do amor, se cada um de nós não estiver pleno em si mesmo?

Guardai-vos, portanto, da tentação de escolher o caminho da pessoa a quem acreditais amar.

Pois é quando os seus próprios passos a levam até vós, que juntos podeis caminhar...
A ilustração é do site 1000 Imagens.
Como a maioria dos amigos não conhece este texto,
que publiquei em junho/2007,
tomei a liberdade de republicá-lo. Creio que vale a pena.
E a música... bem, eu adoro essa música!

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

A FELICIDADE E O SOFRIMENTO

Cultuais a Felicidade, no altar das vossas esperanças.

E, como fazeis a todos os deuses, a buscais onde ela não está. Pois que vos acostumastes a procurar, ao vosso redor, aquilo que só em vós mesmos podereis encontrar.

Sois como peixes a buscar o Pai na água que os cerca, quando poderiam encontrá-Lo na Vida que pulsa em seus próprios corpos. Ou como plantas que O procuram no brilho do sol, enquanto as raízes transformam o solo na seiva que as nutre.

Dentre vós, muitos são aqueles que desejam presenciar um milagre. E, entretanto, não o percebem no botão que se transforma em flor; ou na vida que de uma gota se forma, no ventre da mulher que dorme ao seu lado.

E aqueles que assim fazem são os mesmos que se dizem sem fé. Como o viajante ingrato, que reclama pela falta da lua no céu, enquanto as estrelas brilham para iluminar o seu caminho.

Sim: acreditais que o Coração do Universo deva satisfazer aos vossos desejos. E não percebeis que, em todos os momentos, Ele satisfaz às vossas necessidades.

Em verdade, eu vos digo que vos perdeis nas vossas inquietações e em vossos próprios medos. Pois não pode aspirar ao encanto da bela paisagem aquele que teme escalar a montanha; como não voará o pássaro, a menos que encontre coragem para deixar o ninho.

Fazeis da felicidade o vosso maior sonho. E temeis o sofrimento.

Não percebeis, acaso, que é preciso que o sol se ponha, para que possais desfrutar do encanto da lua? E que ambos, sol e lua, existem no mesmo céu, cada um a seu turno?

Eis que assim também acontece à Felicidade e ao Sofrimento: a presença de uma é a ausência do outro, e não dura senão o breve tempo que possa transcorrer até o seu retorno.

É através dos sentimentos, que ambos visitam o vosso coração. E a uma não podereis receber, se ao outro fechardes a porta. Pois na raiz do sofrimento presente, existe uma felicidade passada.

Ocorre que a Felicidade e o Sofrimento são como as faces opostas de uma mesma moeda. Enquanto uma provê à vossa mesa, o outro aguarda à vossa porta; e decerto vos apresentará a conta do ilusório banquete.

E os vossos desejos, incensos com os quais envolveis o vosso culto à Felicidade, são os mesmos que perfumam o Sofrimento. Pois, se a felicidade é um desejo realizado, outra coisa não é o sofrimento senão um desejo frustrado.

Guardai-vos, portanto, de cultuar a Felicidade. Aprendei, antes, a encontrá-la nas pequeninas coisas que vos cercam, como a carícia da brisa, o encanto da música, a beleza das flores e a pureza das crianças.

E aprendei a ver o seu brilho nos olhos do ser amado; a ouvir o seu som em cada gemido de paixão, a beber o seu mel em cada beijo de amor.

Assim as lembranças vos sustentarão quando, em nome da realidade, o sofrimento reclamar o seu quinhão das vossas almas.

E mais cedo a Felicidade retornará ao vosso coração...

domingo, 2 de novembro de 2008

CANTO DO AMOR DEMAIS

Deixa-me olhar nos teus olhos, como se neles pudesse encontrar um novo mundo.

E decerto encontrarei, pois este é um dos milagres do Amor, que nos faz ver o mundo através dos olhos de quem se ama.

Deixa-me mergulhar na luz do teu sorriso, como se assim pudesse compensar a escuridão que às vezes se esconde em mim. E encontrar os caminhos que me possam levar àquele que desejo ser.

Deixa-me beber o som da tua voz, como se assim me pudesse embriagar e esquecer, por eternos instantes, a tristeza da solidão que ameaça devorar-me quando penso que te posso perder.

Eis que te elegi como meu sonho maior. E necessito segurar-me em tuas mãos, para que não me possa tragar a voragem da inquietude. Porque apenas a força de um sonho pode trazer paz à nossa alma.

Perco-me na música inquietante dos teus gemidos e sussurros, nas horas secretas em que o desejo se apossa de nós, unindo os nossos corpos e as nossas almas. E, no silêncio que se segue, percebo em cada fibra de meu ser a plenitude que nos envolve.

Encontro, em cada curva do teu corpo, uma nova estrada para a paixão que nos torna parte deste mundo. E na ternura de nossas mãos entrelaçadas descubro um mundo de paz e encantamento, que nos eleva ao coração do Universo.

Na música do teu sorriso, canta a minha própria alegria; que se esvai na cachoeira dolorosa do pranto, à primeira lágrima que escorre pelo teu rosto delicado. Àquele que demasiado ama, não pertencem as próprias emoções.

Entretanto, não esperes que eu te faça alguma poesia. Porque para mim a poesia já não existe, senão nos teus movimentos ou no instante mágico em que te aperto docemente contra o peito.

Nem me peças que te repita o meu amor a cada momento. Pois, se não o sabes descobrir no brilho dos meus olhos, na intensidade da minha paixão ou no carinho dos meus beijos, não é nas minhas palavras que o encontrarás.

Vê: a lua se levanta, enquanto se deita o sol. E, entretanto, nos poucos instantes em que se encontram no horizonte, o crepúsculo derrama sobre o mundo o seu encanto único, fruto das luzes que se misturam.

Porque é este o sagrado mistério do amor: cada um deve perder-se de si mesmo, para que ambos se encontrem na plenitude. E um não poderá seguir sobre os passos do outro, nesta estrada em que é preciso caminhar de mãos dadas.

Portanto, minha amada, não me perguntes sobre o futuro; dele, há de dispor o tempo. Nem indagues sobre o meu passado, que se perdeu no lago sem fim do esquecimento.

Deixa-me pensar que só existe o presente: o instante em que nos teus lábios colho um doce beijo, em teu corpo mergulho num prazer infinito e em tua alma encontro a metade esquecida de minha própria alma.

E deixa-me erguer, com todas as fibras do meu ser, um canto infinito de gratidão por te haver encontrado. Um canto intenso e pleno de Vida, que se reflita em cada estrela e reverbere junto ao próprio Coração do Universo.

O canto do amor demais.


UPGRADE EM 05/11/2008: Agradeço à amiga São , pelas belas rosas que comemoram o aniversário do seu excelente blog. Obrigado, São; obrigado, amigos, pela bondade e gentileza. Vocês são a motivação do nosso oásis!

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