O Árabe

Idéias, sentimentos, emoções. Oásis que nos ajudam a atravessar os trechos desérticos da vida...

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

O TEMPO E AVIDA

Por que tanto vos escravizais ao tempo?


É por ele, que avaliais o vosso amadurecimento; pelo correr das horas que estabeleceis os vossos hábitos, e pelo passar dos dias que assumis os vossos compromissos.


Sim; é certo que nele estais contidos e não vos é possível ignorar a sua passagem. Entretanto, não o deveríeis ver como vosso senhor e sim como o ambiente de vossas vidas.


Pois o peixe não toma conhecimento do mar onde se move; nem se revolta contra as suas ondas, nem se queixa das suas correntes, nem festeja as suas calmarias.


A ele apenas se adapta, porque disto depende a sua vida. E assim deveríeis fazer ao tempo, aceitando as mudanças que vos traz, para que possais aproveitar o seu transcurso.


O tempo que leva as vossas flores é o mesmo que faz surgirem os novos botões. E, se carrega os vossos momentos felizes, em troca vos traz as boas lembranças.


Isto eu vos tenho dito e incontáveis vezes o repetirei. Porque necessitais assimilar esta verdade, para que vos possais libertar do jugo do tempo, que para vós mesmos criastes.


O tempo vos pertence; porque é na eternidade que habita o vosso verdadeiro Eu. E, assim como uma gota nada é perante o mar, de nada vos deveria importar o tempo de cada jornada.


O tempo é apenas uma das vossas ilusões, enquanto sobre a terra caminhais; como a juventude e a velhice, o nascimento e a morte, a alegria e a tristeza.


E elas vos são necessárias, para que possais seguir a trilha do Conhecimento e chegar ao Coração do Universo, que vos aguarda e protege durante toda a caminhada.


Este é o verdadeiro lugar de cada um de vós. A ele um dia chegareis; e disporeis de todo o tempo que for preciso, para que à vossa maneira possais cumprir a vossa caminhada.


Porque este é o objetivo de cada um dos espaços do tempo a que hoje chamais vida, e ao fim do qual devereis trocar as vossas vestes e avaliar o que tenhais aprendido.


Não vos preocupeis, portanto, com o tempo. Aproveitai, sim, cada um dos vossos dias, para aprender e buscar a felicidade. Porque não é a vida que serve ao tempo.


É o tempo que serve à Vida.


Por motivos de força maior, não tenho podido visitar os amigos,nem responder aos comentários, e nem publiquei este post no horário de costume. Desculpem!

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

O HOMEM E A FÉ



Para cada homem, existe tudo aquilo em que ele realmente acredita.

Deveis, portanto, manter a vossa fé. Ao religar-vos ao Universo, ela não vos tornará capazes de operar prodígios; mas modificará a vossa compreensão sobre a Vida.

E nada mais necessitais do que entender a Vida, para que dela possais melhor desfrutar. Porque ao compreendê-la sabereis que vos pertence a eternidade.

E para aquele que se sabe imortal, cada momento e cada coisa tem apenas o seu justo valor. Assim, diminuem as urgências e a ansiedade que em cada dia vos oprimem.

Então percebereis que o tempo, longe de ser vosso inimigo, é na verdade o vosso maior aliado. É ele que vos conduz ao Conhecimento, única forma de atingirdes o fim da jornada.

Sereis capazes de vencer os vossos medos, e ao fazê-lo vencereis também o vosso orgulho. Pois o orgulho não é senão o manto que adotais para ocultar a vossa insegurança.

E afastareis de vós os preconceitos. Descobrireis que sois todos irmãos e as diferenças entre vós são necessárias, para que a Vida possa seguir o seu curso.

Buscai a vossa fé. E, entretanto, não a fundamenteis em ídolos, ou em dogmas. Porque de barro são feitos todos os ídolos, e os dogmas não condizem com a simplicidade da natureza.

Nem a procureis nas palavras dos sacerdotes. Porque o Pai não precisa de intermediários para falar aos Seus filhos, e é na natureza que o Universo faz ouvir a Sua voz.

Tampouco a encontrareis em vossos templos. Porque as suas paredes não podem conter o Infinito, e são os vossos corações os seus verdadeiros santuários.

Guardai-vos daqueles que vos tentam ensinar caminhos que vos levem ao Universo. Porque, se não O encontrardes em vós mesmos, não será em outros que O descobrireis.

Cuidai, portanto, dos vossos pensamentos e das vossas ações. Porque é através deles que se manifesta o vosso verdadeiro Eu, a centelha divina que existe em cada um de vós.

É em vós, e apenas em vós, que deveis cultivar a vossa fé. E não o deveis fazer para que os outros vos admirem, nem para granjear os vossos lugares no Paraíso.

Pois ele não existe, senão em vossos corações.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

O ARREPENDIMENTO E O APRENDIZADO


Qual de vós, se o pudesse, não apagaria algumas das coisas que fez?

Qual de vós não mudaria algumas atitudes e escolhas? Acaso algum de vós não tomaria outros rumos, em algumas das esquinas que a vida trouxe aos vossos caminhos?


E assim – quem sabe? – teria sido, talvez, mais amena a vossa jornada.


Entretanto, não o podeis fazer. Porque o momento que se foi não vos pertence; os ponteiros do tempo não retornam, nem a Eternidade se desenrola sobre o seu próprio rastro.


O que vos cabe é o direito de seguir em frente. Mas, embora não vos seja possível consertar os erros que ontem cometestes, nada vos impede de não repetí-los amanhã.


Pois não é sábio o homem que amaldiçoa a enchente e à beira do rio constrói novamente a sua casa. Ou aquele que lamenta a seca e não cuida de escavar o seu poço.


Sensato é o homem que assume os seus erros. E dos sofrimentos que lhe causam faz surgir a bússola que o guiará pelos caminhos que ainda lhe restam a percorrer.


Porque a ignorância não é a negação do conhecimento, mas a sua ausência. E, como de cada dúvida nasce uma nova certeza, é dos vossos erros que virão os vossos acertos.

Eu vos tenho dito que o aprendizado é o objetivo da jornada. E que, como do fogo inclemente da forja surge a têmpera do aço, o homem não aprende senão através da dor.


Porque, se o sorriso é como o calor amigo do sol, as lágrimas são como a chuva bendita que fertiliza os vossos corações, para que deles possa brotar a semente do Conhecimento.

Que a vossa alma não abrigue, portanto, o remorso; para que não vos percais em lamentações inúteis, que acorrentando-vos ao passado vos privariam de voar para o futuro.


Porém, que saiba transformar o arrependimento em aprendizado; para que o sofrimento não se repita em vosso caminho, nem o mesmo obstáculo vos faça cair novamente.


Pois, se inocente é o homem que desconhece os perigos da jornada, insensato é aquele que presunçosamente os afronta, apesar das lágrimas que na véspera lhe causaram.

Aprendei, portanto, a respeitar os vossos erros. E guardai-vos de lamentar os sofrimentos que vos trouxeram. Cuidai, antes, de transformá-los nas pedras com as quais pavimentareis a estrada que à vossa frente se estende.

E vos levará ao Conhecimento.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

O DIA DOS DIAS



Quando virá o dia dos dias?

Quando o sol se deitará no horizonte pela última vez, aos meus olhos? Quando me será dado envolver-me na colcha da eternidade, e repousar no berço estrelado do Infinito?

Quando, enfim, cessarão as dores e as inquietações? Quando repousarei a minha cabeça sobre o travesseiro da paz, e despirei as vestes com as quais atravesso esta jornada?

Anseio por este dia, eis a verdade. Como o caminhante cansado, que anseia pelo repouso, mas não se pode assentar à beira do caminho, porque dele necessita a caravana.

Como o rio, que segue em frente e fertiliza as suas margens, apesar da erosão do seu leito. Como o vento que continua a soprar e a árvore que precisa oferecer os seus frutos.

Porque não nos pertence o tempo da jornada; e aquele que julga antecipar o seu fim, descobrirá que apenas escolheu o caminho mais difícil e as lágrimas mais amargas.

Até a última gota, é preciso sorver a taça. E o homem a quem hoje desgosta o fel é o mesmo que desfrutou do mel. Como a rosa que pende sobre o solo é o mesmo botão que ontem floresceu.

Aproveitemos, pois, cada um dos nossos dias felizes. Cada um dos nossos momentos de sono tranquilo, cada um dos nossos sorrisos, cada uma das nossas vitórias.

Pois decerto nos encontrará a tristeza; como virão as madrugadas insones. E muitas vezes nos afogaremos em nossas próprias lágrimas, e sofreremos com as nossas derrotas.

Então, desejaremos não haver nascido. E, esquecidos de tudo de bom que a Vida nos trouxe, em altas vozes clamaremos pelo seu final... que a outro início nos levará.

Assim é a Vida. É por isto que a cada dia o sol se ergue do horizonte, e nele mergulha a cada entardecer. A jornada prossegue, por mais que o cansaço nos faça implorar o seu fim.

Porém, um dia será o dia dos dias. E neste dia haverá o silêncio; e o sol não mais fará sentir os seus raios; e o vento não mais despenteará os nossos cabelos.

E virá um descanso sobre o tempo, e passadas se tornarão as nossas inquietações; entretanto, persistirão o céu e o mar, para que um dia os voltemos a encontrar.

Existirá, então, a paz?

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