O Árabe

Idéias, sentimentos, emoções. Oásis que nos ajudam a atravessar os trechos desérticos da vida...

sexta-feira, 30 de setembro de 2022

A PAZ INTERIOR



Buscai preservar a vossa paz.

Porque a paz interior é o primeiro requisito para alcançar a Felicidade e o Conhecimento. Ninguém pode ser feliz ou conhecer a si mesmo, se a sua alma não abrigar a paz.

Buscai-a, portanto. E descobrireis que a paz, ao contrário do que muitos pensam, não é a imobilidade. Não é a ausência do vento, mas uma brisa suave e acariciante.

A paz não está em deixar de existir, ou desejar, ou sonhar os vossos sonhos. Está, sim, em aprender a existir; em aprender a desejar e aprender a sonhar os vossos sonhos.

A paz não é a completude, mas a descoberta de que dela não necessitais. Não é satisfazer todos os vossos desejos, mas saber que nem todos serão satisfeitos.

A paz não é a extinção de conflitos, mas a convicção tranquila de que não há motivo que os justifique. Não é eliminar as diferenças, mas admiti-las.

A paz não é caminhar por um prado, pisando na grama macia e sentindo o agradável aroma das flores. É saber que existem pedras e montanhas, mas podeis superá-las. 

A paz não virá de vos julgardes superiores aos outros; nem de acumular mais posses, mais sabedoria, ou mais amores. Para alcançá-la, precisais saber que sois todos iguais.

Para alcançardes a paz, não precisais acreditar que as vossas posses superam as de vossos vizinhos. Mas saber que as dividireis com eles, se assim se fizer necessário.

A paz não está nos dogmas, nos rituais ou nos templos de qualquer religião; não é aí que a encontrareis. Mas na certeza de que o coração do Universo existe; e vela por vós.  

Pois a paz não consiste em ter, mas em não necessitar; nem em acautelar-vos contra os perigos, mas em vencer os vossos medos. Nem mesmo em acreditar, mas em sentir.

Quando sentis, não tendes necessidade de acreditar. Não é preciso usar argumentos, para convencer a vossa mente: o sentimento fala ao vosso verdadeiro Eu.

Buscai preservar a vossa paz. Lembrai-vos, contudo, de que a paz não é uma dádiva, ou uma vitória; é uma conquista. E não basta chegar a ela; é preciso mantê-la.

E, para isto, dependeis de vós. Porque a verdadeira paz não está sujeita aos acontecimentos do dia, ou às coisas e pessoas que vos cercam; é dentro de vós, que ela está.

Se desejais encontrá-la, isolai-vos do vento que turbilhona em vossos caminhos; esquecei-vos do medo que vos congela e dos desejos que gritam aos vossos ouvidos.

E em vossa alma a encontrareis.

Música:
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sexta-feira, 23 de setembro de 2022

A FELICIDADE E O TEMPO


Hoje, quero falar-vos da felicidade.

Que é o maior dos nossos sonhos, mas insiste em não caminhar sempre pelos nossos caminhos. Que, às vezes, nos visita e envolve em seus braços cálidos, iluminando o nosso mundo.

E, logo em seguida, nos abandona e volta a perder-se nas curvas do caminho, deixando-nos ansiosos por sua nova visita. Porque, depois de havê-la conhecido, sempre a buscaremos.

Deixai-me dizer-vos, entretanto, que não é nas grandes realizações que a encontraremos. Porque ela se esconde nas pequeninas coisas: um abraço, um sorriso, um beijo, um olhar.

Às vezes, até mesmo um gosto ou um cheiro de café; uma flor que brota, uma lembrança que volta. Mais facilmente a encontramos em uma esperança, do que em uma sólida realização.  

Porque a felicidade não está ao nosso redor, mas dentro de nós. Não surge das coisas do mundo, mas da nossa alma. Não resulta das nossas vitórias, mas de sentimentos e emoções.

As coisas do mundo podem trazer-nos alegrias, mas não nos farão felizes. Porque a Felicidade mora na Mansão do Amanhã, que apenas o nosso verdadeiro Eu consegue visitar.

Assimilemos esta verdade; e entenderemos porque não podemos viver felizes sempre. A felicidade não é senão um estado de espírito; e não estará conosco, senão enquanto este perdura.

Imaginai um lago encantado de águas límpidas, tranquilas e cristalinas; assim é a nossa alma, quando nos sentimos felizes. Basta, porém, um leve sopro de vento, para agitar as águas serenas.

E esta é a nossa maior dificuldade, para sermos felizes. Porque nos entregamos facilmente aos ventos da inquietude, angustiando o nosso verdadeiro Eu e turvando a nossa paz interior.

Aceitemos o fato de que a felicidade não pertence a este mundo. E, paradoxalmente, a teremos mais perto de nós; mais constantes serão suas visitas, mais fortes seus abraços.  

Cuidemos, sim, de aproveitar o nosso tempo; isto é o que vos tenho dito, ao longo de todo este tempo. Não nos cabe trazer de volta o passado, mas podemos tornar melhor o nosso presente.

Cada minuto que não empregamos em ser felizes, é um minuto desperdiçado. Cada momento em que não nos sentimos gratos por, simplesmente, estar vivos, é um momento que perdemos.

Porque sentir-se feliz é fácil: é estar em paz consigo; é sentir-se bem e em harmonia com o Universo; é sentir a Vida que existe em nós e pulsa ao nosso lado, diante de nossos olhos.

É ser capaz de viver!

Música:

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sexta-feira, 9 de setembro de 2022

FUTURO, PRESENTE E PASSADO


Pergunto-me porque desejais prever o futuro.

Acaso não vedes que parte do encanto da Vida reside exatamente na incerteza do que haverá de vir? Não percebeis como seriam monótonos os vossos dias, sem as surpresas que surgem?

Indagai-vos, então, como seria a vossa vida, se acaso soubésseis hoje o que vos acontecerá amanhã. Se teríeis os mesmos amigos e nutriríeis os mesmos sentimentos que tendes agora.

E indagai-vos mais: como seria, se vos fosse dado saber o dia e a hora em que sereis chamados à Grande Viagem? Como ficaria a vossa mente, à medida que se aproximasse o desenlace?

Perguntai-vos, ainda: iniciaríeis os vossos amores, se porventura soubésseis como terminarão? E, se não os houvésseis começado, como aprenderíeis tudo que hoje conheceis sobre o amor?

Teríeis experimentado o enlevo da companhia e a tristeza da solidão? Conheceríeis a ânsia do desejo e a plenitude do carinho? A inquietude do ciúme e a alegria de saber-vos amados?

Decerto, não haveríeis de tomar muitas das iniciativas que tomastes. E, se não o houvésseis feito, acaso seríeis hoje o que sois? Como sentir a doçura da vitória, sem conhecer a derrota?

Qual o mérito daquele que vence, sem se haver esforçado para isso? Como aprender, sem erros e acertos? Como saber o que é certo, sem sentir as consequências dos erros?      

Meditai sobre essas interrogações. E findareis por perceber que só uma coisa necessitais saber sobre o futuro: é que, um dia, ele se tornará o vosso presente. E, depois, estará no passado.

Nada mais precisais saber sobre o tempo, senão que ele passa; e, um dia, findará o tempo de vossa jornada. Conhecendo esta verdade, sabereis aproveitar melhor os vossos momentos.

Nada precisais saber sobre a vossa estrada, além do que aprendereis à medida que a percorrerdes. O Conhecimento não pertence a quem começa a jornada, mas sim àquele que a conclui.

Abandonai, pois a vontade infantil de antever o futuro; e concentrai-vos na sabedoria adulta de viver o presente. A verdade é que não vedes o porvir, mas o construís em cada momento.

E isto é o que precisais saber, para que o futuro não vos inquiete: se o construís minuto a minuto, tudo o que tendes a fazer é viver cada instante da melhor maneira que vos for possível.

Esta, sim, é a sabedoria da vida; que os anos nos transmitem. Quanto mais cedo a aprendermos, mais cedo começaremos a viver; e mais tempo teremos, para nos sentirmos felizes.

Porque nada temos, senão o presente.

Música:

http://ohassan.dominiotemporario.com/midis/1_pianos_magicos_the_impossible_dream.mid

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DETALHES

 


Atentai para os vossos amores.

Jamais me cansarei de dizer-vos isto. Porque a verdade é que o homem tende a descuidar-se do que julga que lhe pertence; mas pessoas não são coisas e ninguém pertence a ninguém.

Cuidai-vos, portanto. Pois o amor não é como um prego, que coloqueis no coração de outrem e ali fique todo o tempo. É mais como uma planta, que precisa ser bem cuidada dia após dia.

Evitai a desatenção. Porque, assim como vós mesmos, qualquer pessoa gosta de ser ouvida e ter suas opiniões levadas em conta; quem não é ouvido, decerto buscará alguém que o ouça.

Não vos envergonheis de mostrar os vossos sentimentos, nem economizeis em vossos carinhos. Porque é de sentimentos e carinho que se alimenta o amor, que definha e morre sem eles.

Respeitai os vossos espaços. Por mais que duas pessoas se amem, cada uma necessita do seu próprio espaço. Ou acreditais que cada estrela brilharia tanto, se todas estivessem juntas?

Descobri como unir as vossas solidões. Porque toda pessoa tem a sua própria solidão e precisa aprender a viver com ela, em certos momentos; ou não será capaz de viver com alguém.

Aprendei a lidar com as renúncias. Porque sempre existirão, quando vos decidis a caminhar a dois; e gerarão revoltas em quem renuncia, se cada um não ficar feliz por ver o parceiro feliz.

Da mesma forma, precisareis educar o vosso egoísmo. Porque amar é aprender que não sois o centro do mundo. E aquele que ama não pode estar bem, se o ser amado não estiver bem.

Aprendei: o amor não é apenas um sentimento. É uma mescla de sentimentos, que nos confunde; que nos leva a alimentar sonhos e duvidar de realidades. É a ilusão maior, em nossa vida.

E é, também, a maior realidade. Afortunado é aquele que chega a viver um grande amor! Essa lembrança o acompanhará, pelo resto da vida; e afugentará de sua alma o frio da solidão.

Pois quem amou recordará um jeito de sorrir, de olhar, de arrumar o cabelo, de dizer uma palavra; o brilho dos olhos, o calor de um abraço, um beijo no rosto, um simples encontro de mãos.

No amor, existem o conforto da presença e a dor da saudade; a inquietude do ciúme e a alegria de saber-se amado. Muitos sentimentos convivem no amor, que por isso é o maior de todos.

Mas, eu vos repito: o amor é como uma planta e precisa ser cultivado sempre. Deveis atentar, portanto, para as pequenas coisas de todos os dias; porque são elas que vos unem ou afastam.

Os pequenos detalhes fazem um grande amor.

Música:

http://ohassan.dominiotemporario.com/midis/eduardo_lages_detalhes.mp3

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