O Árabe

Idéias, sentimentos, emoções. Oásis que nos ajudam a atravessar os trechos desérticos da vida...

sexta-feira, 27 de junho de 2014

ACABA ASSIM



Acaba assim.
Como o sol, que mergulha no horizonte distante e deixa a terra entregue à escuridão da noite. Ou como a flor, que tomba do galho e fenece sobre o solo, até misturar-se a ele.

Como a canção, que se extingue na última nota; como o suspiro de prazer, que se perde na penumbra cúmplice da alcova; ou como a fragrância delicada, que se desvanece no ar.

Como a onda, que se quebra mansamente sobre a praia; como o sorriso, que se desmancha quando começa a nascer a lágrima; como a chama, quando a vela se apaga.
Como o beijo, que se desfaz quando os lábios se separam; como o enlevo, que se torna enfado quando os olhos já não se procuram; como a paixão, que morre na saciedade.

Acaba assim. Sem trombetas ou clarins, sem rojões ou foguetes; sem o repicar de sinos, sem que se detenha o tempo. Apenas acaba, em um dia comum, igual a todos os outros.

É assim que tudo se acaba: os sonhos e as esperanças, as desilusões e os desenganos, o amor e os desencontros, a paixão e o desejo. É assim que se acaba a própria vida.
Um dia, tudo termina. Mas é preciso seguir em frente; porque é para a Eternidade que caminha o tempo, e é na mansão do amanhã que reside o vosso verdadeiro Eu.

Do passado, ficam as lembranças. E é de vós que depende torná-las doces ou amargas, escolhendo as que guardareis em vossos corações, para acompanhar os vossos dias.
Qualquer que seja a vossa escolha, entretanto, elas vos servirão de aprendizado. Porque é entre o sorriso e as lágrimas, que as vossas emoções vos conduzem ao Conhecimento.

No universo, não há o rufar de tambores quando a cortina desce sobre o palco; apenas o silêncio do intervalo, enquanto os atores trocam as suas vestes para começar um novo ato.
Acaba assim. E na voragem do tempo desaparecem os sorrisos e as lágrimas, os amores e os desamores, as juras que fizestes e ouvistes, as ilusões e os desencantos. 

Acaba assim. E necessitareis prosseguir, na penumbra, na solidão e no silêncio do palco vazio, enquanto em vossa alma persistem em sobreviver os gritos do passado insepulto.

Até o dia em que tudo irá mudar. Voltarão a acender-se os holofotes e a orquestra reiniciará os seus acordes; retornareis ao palco e a cortina subirá mais uma vez.

sexta-feira, 20 de junho de 2014

DE BORBOLETAS E SONHOS


Deveis buscar os vossos sonhos.
É neles que projetais a vossa felicidade. E não vos bastará tudo que possais possuir, enquanto a ilusão dourada flutuar diante dos vossos olhos e espicaçar os vossos desejos.
Necessitais perseguí-los. Ainda que ao alcançá-los os vejais evolar-se como fumaça entre vossos dedos, pior seria a inquietação de imaginar todos os dias como poderia ter sido.
Sim; pior do que a tristeza de descobrir que realizar um sonho não vos tornou felizes, é a amarga frustração de não terdes sido capazes de lutar para alcançar a vossa felicidade.
Ide, portanto, em busca da realização dos vossos sonhos. Sabei, todavia, que a cada passo dado para a frente, alguma coisa fica para trás; esta é a lei do caminho.
Porque é preciso que o sol mergulhe no horizonte, para que a lua e as estrelas possam ornamentar o céu; e uma nova flor não brotará no galho, sem que outra tenha fenecido.
Lembrai-vos que, antes de cada nova viagem, deveis trocar os vossos trajes e as vossas sandálias; para que neles não permaneça o pó acumulado durante a jornada passada.
E cuidai, também, de embalar as vossas mais doces lembranças; para que as possais preservar em vossa mente e nelas encontrar forças, em cada trecho difícil do novo caminho. 
Tende presente, entretanto, que nada mais serão além de lembranças. Porque é em lembranças que se transformam as coisas que tivestes e deixastes para trás.
Assim precisa ser. Porque necessitareis de todas as vossas forças, para percorrer a estrada que escolhestes; e não existe paz, para a alma dividida entre o ontem e o amanhã.
Decerto, o novo caminho não vos oferecerá apenas flores; terá também as suas pedras, as suas montanhas e os seus desertos. E sentireis a tentação de retornar, a cada obstáculo.
Estaríeis, entretanto, voltando ao caminho que já percorrestes. E, se o abandonastes, é porque não vos satisfazia; mais tentador se mostrava para vós o novo caminho.
Abraçai o vosso sonho, portanto. E segui adiante, mesmo porque as coisas mudam e as pontes que atravessastes na ida, muitas vezes não estarão disponíveis para a volta.       
Não podeis evitar de buscar os vossos sonhos, como a borboleta não consegue furtar-se ao encanto da chama. Entregai-vos a eles, portanto, enquanto vos é dado voar.
Ainda que se queimem as vossas asas.  

sexta-feira, 13 de junho de 2014

EU VOS AGRADEÇO


Eu vos agradeço por caminhar comigo.
Por me trazerdes as vossas palavras e por escutardes as minhas palavras. Pois é muito curto o tempo de cada jornada e muitas são as coisas que precisamos aprender.   
E ninguém pode aprender sobre a Vida, se não se dispuser a ouvir os seus irmãos. Pois em cada um de nós habitam as mesmas perguntas e as mesmas respostas.
É juntos, que devemos buscar o caminho. Porque os peregrinos que viajam em caravana e amparam um ao outro, chegarão mais facilmente ao ponto final da jornada.
E não estará completa a sinfonia do Universo, enquanto um instrumento destoar da harmonia. Nem estará tranquilo o Pai, sem que a casa retornem todos os Seus filhos.
Pois não existiria a canção, se uma única nota deixasse de existir. E o oceano não seria o mesmo, sem a menor das suas gotas; nem a flor, sem a mais humilde das suas pétalas.
É juntos, que todos os dias fazemos o percurso. E embora caiba a cada um varrer a frente da sua casa, é preciso que todos o façam, para que o mundo se torne mais limpo.
Uma ideia não é senão uma semente, que necessita ser plantada em solo fértil para que possa germinar. E são os vossos corações o solo generoso onde planto as minhas ideias.
Porque a ideia não é o archote, mas a centelha que o acende. E de nada servirá sem a mão que o empunha e eleva bem alto, para que possa iluminar o caminho.
Não são as ideias que transformam o mundo, mas as mentes que a acolhem; como não é o vento que tritura os grãos, mas as pás do moinho que ele põe em movimento.
Eu sou apenas uma voz que busca fazer-se ouvir. E a vossa generosidade traz serventia às minhas palavras, que sem os vossos corações se perderiam no limbo do esquecimento.
Deixai, pois, que hoje o meu coração vos agradeça; por todas as vezes em que as vossas palavras me fizeram companhia, por vossa presença constante ao meu lado.
Deixai-me dizer que sou grato, por tudo que me ensinais em cada dia; por vossa amizade que me ampara, por vosso carinho que me renova as forças e incentiva os meus passos.
Obrigado, por este tempo de amizade e comunhão. Obrigado por tudo que aprendemos juntos, e deixai que hoje eu vos abrace ainda mais apertado que em todos os outros dias.
Em nosso verdadeiro Eu. 
Hoje, o nosso oásis completa 7 anos. Graças a vocês!
Música:
http://ohassan.dominiotemporario.com/midi%20vocais/canto_gregoriano_imagine.mid

sexta-feira, 6 de junho de 2014

AS VOSSAS LÁGRIMAS

 
Por que tanto temeis as vossas lágrimas?
Acaso não vedes que elas fertilizam o coração, para que possam brotar os vossos sorrisos? E não sabeis que o homem incapaz de chorar, é também incapaz de sorrir?
Tende presente que a lágrima e o sorriso são faces da mesma moeda; e não raro têm as mesmas causas. Porque ninguém chora, senão pela mesmas coisas que o fariam sorrir.
Esta é a verdade. E tanto assim é, que o amor é a maior causa da vossa alegria, ou da vossa tristeza; dos vossos sorrisos mais doces e das vossas lágrimas mais sentidas.
É no amor, que encontrais o melhor de vós. É ele que vos torna generosos e sensíveis; que vos carrega na brisa suave da ternura, ou nas ondas quentes e  revoltas da paixão.
Mas também é ele que pode fazer aflorar o pior de vós. Bem ensina o ditado que não existe ódio mais violento do que o amor contrariado, ou fúria igual à do amante desprezado.   
É ele que faz nascer as vossas esperanças e vos faz seguir em frente; é ele que aquece as vossas noites, ainda que distante esteja o ser amado, apenas com a sua lembrança.  
Mas também é ele que vos traz os piores desenganos; que vos faz descrer da vida em cada desencanto e vos enregela a alma, com os ventos cortantes da solidão.
Eu vos tenho dito que a porta por onde entra a felicidade é a mesma que dá acesso ao sofrimento. E não conhecereis a uma, se ao outro não vos arriscardes a conhecer.
Pois as notas musicais que formam o madrigal da aleluia são as mesmas que sublinham a dor da perda, lamentada no réquiem; e as mesmas palavras falam de amor e de saudade.
Acostumai-vos, portanto, às vossas lágrimas. São elas que lavam a vossa alma e carregam a dor da desilusão, para que um novo sonho possa colorir mais uma vez a vossa vida.
Existe uma lágrima, na raiz de cada sorriso; e o sorriso não é senão a lágrima, antes de nascer. E o botão e a rosa são igualmente belos, cada um à sua maneira e no seu tempo.
Porque, eu vos asseguro, esta é, na maioria das vezes, a diferença entre o sorriso e a lágrima: o tempo. De cada vez que um deles se vai, o outro chega para ocupar o seu lugar.
Não deveis temer as vossas lágrimas. Porque não é inteligente temer o inevitável; nem fugir ao sorriso por temer o pranto. Acaso vos negais a viver, por que um dia a morte virá?
Aceitai as vossas lágrimas e desfrutai dos vossos sorrisos. 

É com umas e outros, que será escrita a história de vossas jornadas.

Música: 
   

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